C.M.O.
Cumpre-nos fazer mais alguns esclarecimentos complementares
importantes.
ERROS?
A inspiração, preservação e inerrância (a impossibilidade
de erros) das Escrituras, andam de mãos dadas. Uma Bíblia inspirada é uma
Bíblia que vence a erosão do tempo e não tem erros, doutro modo não seria
inspirada. Se Deus é eterno, e a Bíblia é a Sua Palavra, a Bíblia é eterna.
Se Deus não pode errar e a Bíblia é a Sua Palavra, a Bíblia não pode conter
erros. Dizer que alguma porção das Escrituras esteve omissa durante algum
tempo na história é pôr em causa a preservação das Escrituras e a sua
eternidade. Dizer que durante algum tempo - por pouco que fosse - as
Escrituras contiveram alguma porção espúria ou apócrifa é pôr em causa a sua
inerrância. Afirmar que há erros na Bíblia é o mesmo que dizer que Deus
revelou verdade e erro. A própria natureza de Deus seria posta em causa.
Atribuir erros à Palavra de Deus significa atribuir erros ao próprio Deus. À
semelhança da Palavra Viva (Cristo), a Palavra Escrita (a Bíblia) esteve
sempre isenta de qualquer erro. O menor erro que as Escrituras tivessem
destitui-las-ia da autoridade que são. O menor erro nelas tornaria suspeito
todo o seu conteúdo. Dizer que as Escrituras têm erros é querer roubar ao
crente a autoridade e fidelidade da Palavra de Deus. É colocar sobre o homem
a responsabilidade de determinar que partes são inspiradas e que partes não
são. É atribuir ao homem o direito de decidir o que ele quer crer e deseja
rejeitar, podendo rejeitar o que lhe desagrade e escolher para crença apenas
os ensinos que mais lhe agradem. É colocar o homem, com a sua falibilidade e
subjectividade, no trono judicial de decisão. É transformar o homem em
autoridade final. Aceitarmos tal heresia é entregarmo-nos às nossas
perversões pessoais ou às asserções incertas dos outros.
Como seres humanos fracos, finitos, e propensos ao
pecado, não queiramos nem aceitemos colocarmo-nos a nós ou a outrem como
tribunal de última instância em assuntos que envolvem o nosso destino
eterno.
Não constitui surpresa o facto dos ateus e dos
infiéis declarados questionarem e negarem a Palavra de Deus. Porém já não
diremos o mesmo a respeito dos que assim procedem igualmente e sobem aos
púlpitos nos cultos. Até agora este problema registava-se apenas nos
modernistas e liberais. Porém, hoje o problema é que a infecção se alastrou
ao chamado "Cristianismo Evangélico". Hoje há quem tenha feito
profissão de fé e negue o mais fundamental das verdades fundamentais das
Escrituras - a sua inspiração verbal e plenária.
TOMADA DE POSIÇÃO
Este assunto é vital, mais caro do que a própria
vida.
Como crentes no Senhor Jesus Cristo cremos que vamos
para o céu. Como sabemos isto? Pelas Escrituras. Elas são muito claras.
Porém, se a Bíblia contivesse erros que garantia teríamos nós de que toda ela
não seria um erro? Aos que negam a inerrância das Escrituras e ainda assim
professam as outras doutrinas fundamentais da fé Cristã, só lhes podemos
dizer que uma vez que capitulem na verdade da infalibilidade da Bíblia serão
inevitavelmente conduzidos às mais indesejáveis consequências, acabando na
apostasia. É completamente impossível suster o processo da deterioração
teológica, uma vez abandonada a inerrância das Escrituras. Poderá levar meses
ou anos, todavia o naufrágio será inevitável. Será impossível defender todos
os outros ensinos doutrinais da Palavra de Deus, se se abdicar da inerrância
das Escrituras. O muito conhecido e prestigiado Francis A. Schaeffer afirmou
certa ocasião que "se não se tomar uma posição clara a favor da
inerrância das Escrituras a próxima geração será completamente
arrasada".
LÍDERES INFIÉIS
Os crentes devem ter cuidado em não seguir a
liderança dos que negam a inspiração verbal e plenária das Escrituras.
As suas ideias perniciosas não são resultado do
estudo das Escrituras, mas de considerações gerais e vagas não provadas do
que leram ou ouviram da parte de infiéis.
Tudo quanto se possa descobrir só pode ser para
confirmar a veracidade das Escrituras. As Escrituras já deram, ao longo de
largos séculos, provas suficientes de que são dignas de confiança total.
Apesar da veracidade das Escrituras ser frequentemente questionada, é notável
como tem sido repetidas vezes confirmada. Os seus atacantes têm caído; elas
continuam inabalavelmente de pé. Muitos críticos têm ridicularizado certas
porções das Escrituras como sendo completamente contrárias aos
"factos", somente para ficarem depois envergonhados com as
descobertas que provam a falsidade do seu criticismo.
O que se tem sempre verificado como facto
sintomático é que a razão real de haver pessoas que rejeitam partes das
Escrituras deve-se não a estas se contradizerem, mas a estas os
contradizerem.
A incoerência de alguns crentes professos é
alarmante. Dizem que crêem na promessa que Deus fez acerca da preservação da
Bíblia, porém na prática ignoram esta promessa ao tratarem o texto sagrado
exactamente como o texto dum livro ordinário a respeito do qual nenhuma
promessa divina foi feita. Constituem-se assim culpados da infidelidade mais
básica e elementar. Ao darem ouvidos aos críticos infiéis da Bíblia,
mergulham na incredulidade. Permitem que a sua fé seja minada, privam-se do
fundamento básico principal para a confiança na infalibilidade da Bíblia, e,
mais grave que isso, abalam a fé de muitos outros crentes que até ali criam
confiadamente na fidelidade das Escrituras. Se a Bíblia fosse apenas um livro
ordinário, então a fidelidade do seu texto seria, na melhor das hipóteses,
apenas probabilidade, nunca uma certeza.
A autoria humana do texto sagrado é, nesta relação,
irrelevante. Para o crente é de pouca importância quem escreveu o livro de
Rute . Contudo é de toda a importância para o crente que foi inspirado por
Deus.
AS LOGIA
Debrucemo-nos um pouco, agora, sobre a história das
Escrituras, que decerto o ajudará a entender melhor toda a problemática
gerada em torno da inspiração do Novo Testamento.
As Logia, (como eram conhecidas as Escrituras)
correram de boca em boca em toda a Igreja. Antes de escrito, o Novo
Testamento foi transmitido oralmente. Quando um primeiro grupo eclesiástico
docente declarou canónico qualquer livro do N.T., já a consciência colectiva
o decidira.
Primeiro Deus deu à Sua Igreja os 27 livros do N.T.
por meio da inspiração do Espírito Santo, e depois, por Seu intermédio,
também guiou a Igreja no reconhecimento destes livros como canónicos. Durante
o segundo século, contudo, Satanás procurou confundir a Igreja levantando
homens enganadores que escreveram obras pseudónimas, reivindicando falsamente
serem apostólicas. Estes ataques satânicos visavam abalar o reconhecimento do
verdadeiro cânon. Todavia foram conduzidos ao insucesso. Sob a guia do
Espírito Santo a Igreja foi guiada a confirmar apenas os 27 livros do N.T.
integralmente como canónicos e a rejeitar todos os outros. A partir daí os
ataques do diabo passaram a incidir nos manuscritos, usando infiéis para os
corromper. Porém a Igreja foi uma vez mais guiada a aceitar os manuscritos
donde João Ferreira de Almeida traduziu a Bíblia.
Uma cuidadosa leitura de Actos 15 prova o cuidado
escrupuloso com que a igreja primitiva guardava os seus escritos sagrados.
MANUSCRITOS
Se cremos que Deus guiou a Igreja a respeito dos
livros do N.T. será lógico que Deus guiou semelhantemente a Igreja no texto
que estes livros continham. Seria incoerente crer numa coisa e não crer na outra.
Porém parece que os críticos não crêem nisto. Crêem que durante todo o
período medieval e ao longo da era da Reforma e pós-Reforma o verdadeiro
texto do N.T. se perdeu, tendo sido recuperado no meio do Séc. XIX quando
Tischendorf (1815-74) o descobriu nos manuscritos Sinaiticus e Westcott
(1815-1901) e Hort (1828-92) nos manuscritos Vaticanus.
Embora ouçamos com frequência de "manuscritos
originais", o facto é que de todos os escritos sagrados não há um único
manuscrito original - nem do V.T. nem do N.T. -, tanto quanto se saiba. Em
alguns casos quando estes preciosos documentos envelheciam, eram
reverentemente enterrados pelos Judeus, que usavam cópias fidedignas em seu
lugar; outros perderam-se em guerras e perseguições desencadeadas contra o povo
de Deus.
Vemos nisto a providência sábia de Deus, pois se
tivesse ficado algum dos documentos originais manuscrito por Moisés, David,
Isaías, Daniel, Paulo ou João, o coração dos homens é tão louco que decerto
seriam olhados supersticiosamente e até adorados, como sucedeu com a serpente
de metal nos dias de Ezequias (2 Reis 18.4), adorando assim o Livro e não o
seu Autor, que é bendito eternamente.
Apesar disto, não há, felizmente, motivo de alarme
para a base da nossa fé, pois hoje existem milhares de manuscritos Hebraicos
e Gregos que foram copiados dos originais por escribas Judeus muito
competentes.
Os copistas eram muito cuidadosos, contando, não
apenas as palavras mas até as letras, anotando mesmo quantas vezes cada letra
particular ocorria. Destruíam de imediato uma folha em que fosse detectada
alguma falha, para evitarem a introdução de qualquer erro nas Escrituras que
eles tanto prezavam e reverenciavam.
Cada nova cópia tinha de ser feita de um manuscrito
aprovado, escrita com uma tinta especial em folha de pele de animal que fosse
"puro". Os copistas também tinham que pronunciar em voz alta cada
palavra antes de a escrever e em nenhum caso havia palavra escrita de
memória. Limpavam reverentemente a pena antes de escreverem o nome de Deus
qualquer que fosse a forma e lavavam-se antes de escreverem "Jeová"
a fim deste santo nome não ser manchado nem na escrita. A nova cópia era por
fim cuidadosamente examinada em confronto com o original quase de imediato e
se alguma letra estivesse incorrecta toda a cópia era rejeitada e logo
destruída.
Um Rabi disse um dia a um Escriba, "Tem cuidado
como fazes o teu trabalho, pois a tua obra é obra do céu. Tem cuidado em não
tirares ou acrescentares uma letra que seja ao manuscrito, a fim de que não
te constituas dessa forma num destruidor do mundo".
No entanto, a despeito de todo este cuidado penoso
surgiram alguns (poucos, muito poucos, graças a Deus) manuscritos com erros,
como revelam alguns (poucos, muito poucos) documentos que chegaram até nós. É
claro que o diabo tinha que procurar destruir a Palavra de Deus usando
agentes seus.
Todavia os erros que foram introduzidos por alguns
copistas constituem um forte argumento a favor da inspiração verbal das
Escrituras.
Tendo nós, na boa providência de Deus, tantos
manuscritos para consultar, compreendemos facilmente que o erro dum copista
num manuscrito é, como regra, facilmente detectado pela caligrafia correcta
da mesma passagem em muitos outros documentos.
Assim, pode ser dito com segurança, com a posse dos
milhares de manuscritos que existem, apesar de cópias, que podemos ter acesso
às palavras exactas das Escrituras como elas vieram originalmente de Deus
através dos Seus servos. E a aditar a tudo isto acrescem ainda muitas
citações das Escrituras nos escritos dos chamados Pais da Igreja, datados
entre o segundo e o quinto séculos, que se provou que, sem qualquer
assistência doutra parte, todo o Novo testamento podia ser reproduzido apenas
a partir destes! Quão cuidadosamente o nosso Pai celestial guardou o Livro
que Ele deu aos filhos dos homens!
MANUSCRITOS CORROMPIDOS
A geração actual de crentes está a aceitar perigosamente as teorias de
Westcott e Hort sem lhe fazerem um exame crítico sério. Entre outras coisas,
que o espaço aqui não nos permite dizer, podemos assegurar que tais
manuscritos não oferecem a menor confiança. Revelam um assinalável descuido
por parte de quem os manuscreveu. Em numerosos lugares são encontrados erros.
Os escribas que os transcreveram repetiram a mesma palavra ou frase duas
vezes em sucessão repetidas vezes. Revelam marcas de 10 (dez) diferentes
correctores ao longo dos séculos - contêm dez tipos diferentes de
letra.
Tischendorf descobriu o Sinaiticus num cesto de papéis
no Convento de Stª Catarina situado na base do Monte Sinai. Westcott e Hort
foram heréticos que puseram em causa a inspiração das Escrituras e criam na
teoria da evolução. Em 21 de Outubro de 1858 o primeiro escreveu assim a
Rowland Williams: "Há sérias diferenças entre mim e os evangélicos em
questões de autoridade, especialmente a autoridade da Bíblia". Negaram a
inspiração de Marcos 16.9-20, João 7.53-8.11 e muitas outras porções das
Escrituras, eram Mariolatras (adoravam Maria), anti-Protestantes, evolucionistas,
ritualistas, criam na doutrina Católica da expiação, etc., etc.
Na balança dos Sete Testes da Verdade, que
normalmente se faz aos manuscritos a fim de testar a sua autenticidade, as
especulações da escola de Westcott e Hort, que têm enganado milhões, são
TEKEL - pesadas na balança e achadas em falta. Os Sete Testes da Verdade para
os manuscritos são: 1. Antiguidade; 2. Número ou concórdia de testemunhos; 3.
Catolicidade ou variedade de evidências; 4. Respeitabilidade dos testemunhos ou
peso; 5. Continuidade ou tradição não quebrada; 6. Evidência de todas as
passagens ou contexto; 7. Considerações internas ou rasoabilidade.
Como é que ao fim de cerca de 1800 anos 998 cópias
de 1000 são tidas como indignas de confiança e 2 completamente desconhecidas
até ao fim do século passado são aceites como fidedignas? Encontrar-se-ia em
profundo segredo durante tantos séculos o que o Espírito Santo inspirou? Quem
é que acredita nisso? Estes hereges ignoram o carácter único da Bíblia -
diferente de todos os outros livros, divinamente inspirada e
providencialmente preservada.
A falsificação destes manuscritos é atribuída a duas
causas principais: a primeira, à falsificação deliberada das Escrituras
Neotestamentárias por hereges durante os segundo e terceiro séculos; a
segunda, sem dúvida aos esforços desastrados de certos Cristãos, durante o
mesmo período, em "melhorar" o texto do Novo Testamento por
intermédio de "emendas conjecturais". Os escritos dos chamados Pais
da Igreja são disso testemunha.
Ora foi a apostasia verificada na Igreja primitiva
que preparou o caminho para a corrupção das cópias de manuscritos como o
Sinaiticus e o Vaticanus. A corrupção dos manuscritos da Bíblia remonta aos
dias de Eusébio e Orígenes (Pai do Arianismo) no ano 200 A.D., e a sua
influência estendeu-se até aos nossos dias com especial ênfase nos
manuscritos Sinaiticus e Vaticanus e nas modernas versões da Bíblia neles
baseadas, que têm vindo a invadir perigosamente as igrejas causando enorme
confusão.
Todas as versões da Bíblia que não concordam com o
Textus Receptus (Texto Tradicional por ter sido desde sempre usado, quer no
império Grego, Sírio, Norte de Itália, Sul de França, Ilhas Britânicas no
Séc. II, etc., algumas vezes chamado Texto Recebido ou ainda Bizantino, por
ter sido usado no período Bizantino 312-1453) donde foi traduzida a edição de
João Ferreira de Almeida e a esmagadora maioria das versões da Bíblia que
surgiram antes de meados do século passado, como a afamada versão inglesa King
James, baseiam-se certamente em manuscritos corruptos. Os defensores das
modernas versões corrompidas da Bíblia defendem-nas dizendo que elas se
baseiam nos manuscritos mais antigos e melhores; mas "melhores" e
"mais antigos" não andam necessariamente de mãos dadas. Ireneu
denunciou no início do Séc. II a tentativa de alguns mutilarem as Escrituras.
Epifanio, no seu tratado Panarion descreve cerca de 80 grupos heréticos com
planos para adulterar as Escrituras. E Paulo não falou de nos seus dias da
existência duma falsa epístola com o seu nome? (2 Tes. 2.2). É bom que se
saiba que existem versões (traduções) que são mais antigas que qualquer
manuscrito conhecido. Assim, desta forma, somos indirectamente capazes de ter
acesso a manuscritos muito mais antigos que os mais antigos que sobreviveram.
É suposto que Orígenes, sendo um crítico textual, tenha corrigido numerosas
porções de manuscritos sagrados. No entanto há evidências de que, pelo
contrário, alterou-os para os ajustar à sua muito própria filosofia humana de
ideias místicas e alegóricas. Francis Schaeffer disse que "a predilecção
dele por Platão (filósofo Grego) levou-o a cometer enormes erros".
Assim, por meio desta espécie de escolasticismo fraudulento certos
manuscritos foram corrompidos. E foi deles que vieram essas versões modernas
revistas e paráfrases da Bíblia que são um verdadeiro atentado contra a
integridade das Escrituras.
Hort e Westcott basearam-se na teologia de Orígenes
e nos escritos por ele adulterados. Basearam a sua investigação em
manuscritos fraudulentos. Podemos seguramente dizer que a superstrutura da
argumentação infiel de Hort e Westcott não assenta numa fundação insegura.
Não! Assenta em nenhuma fundação. Sabia que Orígenes ensinou que o Senhor
Jesus Cristo "é um ser criado que não teve existência eterna como
Deus"?
É verdade! Assistimos nos nossos dias à proliferação
do que somente pode ser denominado de versões corruptas que alimentam muitas
almas que não suspeitam de nada.
A VERSÃO DE ALMEIDA
Edição Revista e Corrigida (ERC)
A versão de João Ferreira de
Almeida, que desde sempre, durante séculos, serviu o povo de Deus em
Portugal, é digna do nosso maior respeito e dum trato muito mais reverente
que o que lhe estão a dar alguns. Esta versão «desde os ombros para cima»
sobressai sobre a esmagadora maioria das outras versões da Bíblia em
Português. E não foi sem merecimento e justiça que alcançou no meio da Igreja
em Portugal o lugar de texto padrão desde há praticamente 300 anos, tendo
sido a primeira versão da Bíblia a aparecer no nosso país em língua
Portuguesa. Nestes 300 anos ela já deu sobejas provas de que merece o nosso
respeito e confiança.
João Ferreira de Almeida iniciou a sua obra de
tradução do N.T. em 1644 aos 16 anos, usando as versões Italiana, Francesa,
Espanhola e Latina. Este trabalho, porém, perdeu-se. A tradução definitiva
foi publicada em 1681, feita directamente do Grego. Em 1681 começou a ser
publicado o N.T. de Almeida. A 1ª Edição foi feita em Amesterdam, por ordem
da Companhia Holandesa das Índias Orientais, com a finalidade de circular
entre as Igrejas Evangélicas Portuguesas que esta companhia estabelecera nas
suas feitorias asiáticas.
O trabalho tipográfico continha muitos erros,
principalmente devido a ter sido publicado por Holandeses, tendo a edição
sofrido uma revisão por Almeida em 1691.
Em 1748 foi publicado o Tomo I do V.T. traduzido por
Almeida e em 1753 o Tomo II. Almeida só traduziu até ao final do livro de
Ezequiel por, entretanto, o Senhor o ter chamado à Sua presença. O seu amigo
Holandês Jacobus Opden Akker conclui a obra tendo feito a tradução dos
Profetas Menores.
O Dr. Teófilo Braga, poeta, crítico, filósofo e
ex-Presidente da República Portuguesa, escreveu acerca desta obra: "É
esta tradução o maior e mais importante documento para se estudar o estado da
língua Portuguesa do Séc. XVII. É um magnífico monumento
literário".
Em 1809 a Sociedade Bíblica Britânica publicou uma
edição do N.T. em Português da versão de João Ferreira de Almeida.
Em 1819 a Bíblia completa da versão de Almeida foi
publicada em um só volume pela primeira vez em Londres.
Desde então esta versão sofreu algumas revisões
sofrendo a correcção de alguns erros e algumas modificações ortográficas e de
linguagem face à evolução da língua Portuguesa, tendo a última ocorrido em
1898 sob o nome Revista e Corrigida.
VERSÕES DE "ALMEIDA" INFIÉIS
Em 1902 as Sociedades Bíblicas do Brasil nomearam
uma comissão para traduzir do Grego e Hebraico uma versão - Edição Brasileira
(EB) - que se concluiu em 1917. Os Brasileiros pretendiam uma versão da
Bíblia que fosse deles. Ao optarem por traduzir directamente do Grego e do
Hebraico decidiram fazê-lo a partir dos manuscritos corrompidos
propagandeados por Hort e Westcott que o diabo tão bem foi capaz de tornar
facilmente aceites como melhores. Isso denotava como também pretendiam uma
versão da Bíblia diferente, e não apenas Brasileira. O veneno lançado pelo
diabo a esse respeito minara-os. Esta Bíblia, no entanto, não teve aceitação
entre o povo de Deus, que já estava habituado à velha Bíblia de Almeida que
vingou preferência.
Ardilosamente, os defensores de tais manuscritos,
como não conseguiram vingar através da Edição Brasileira fizeram a chamada
Edição Revista e Actualizada (ERA) na década de 40 com base na versão de
Almeida, que mais não foi do que usar o nome de Almeida para camuflar e
encobrir as alterações que pretendiam fazer tomando por base os falsos
manuscritos. Contudo, na operação de cosmética da mudança, a razão invocada
para o surgimento de tal operação foi a de se lhe conferir uma linguagem
actualizada. O que fizeram foi no mínimo desonestidade e mentira, pois
continuaram a chamar versão de Almeida a algo que nada tem com a obra de
Almeida. Almeida não traduziu a partir daqueles manuscritos fraudulentos.
Apreciamos, estimamos e temos em muita consideração aqueles que procuram
rever as versões da Bíblia no sentido de as fazer acompanhar a evolução da
língua, pois prestam um elevado serviço. Mas, infelizmente, não é isso que
temos verificado ultimamente com o surgimento de novas edições.
Na mesma década a Imprensa Bíblica Brasileira fez
exactamente o mesmo com a chamada Versão Revisada (VR). O mal sempre se
espalhou velozmente!
Talvez o leitor não saiba que no prefácio dos
editores da 1ª Edição em Português da Tradução do Novo Mundo das Escrituras
Gregas Cristãs (Versão corrupta da Bíblia usada pelas falsamente
autodenominadas Testemunhas de Jeová), se lê:
"No que se refere às Escrituras Cristãs, a
Tradução do Novo Mundo baseia-se principalmente no famoso texto Grego de
Westcott e Hort, que se harmoniza com os mais antigos manuscritos Gregos.
Esta é a razão de a Tradução do Novo Mundo não apresentar certos versículos e
partes de versículos contidos em versões da Bíblia feitas antes da publicação
do texto Grego de Westcott e Hort, pois não existem neste texto Grego
autorizado. Os versículos assim omitidos acham-se indicados por um travessão
após o número do versículo" (ênfase nossa).
Comentários? Para quê?
Griesbach, Lochmann, Tischendorf, Tregelles, Alford,
Wordsworth, Westcott e Hort, em notas de fundo de página e traduções,
alteraram o TEXTUS RECEPTUS em cerca de 6.000 lugares. Noutro artigo
anterior apresentámos mais de 200 alterações só no N.T.
O escolasticismo moderno e infiel tem feito uma
autêntica lavagem ao cérebro à maioria dos responsáveis pela publicação das
Bíblias, mas nós como povo de Deus devemos repudiar todas essas versões
infiéis.
O conteúdo do Textus Receptus começou com as igrejas
apostólicas e perdurou ao longo de todos os intervalos da era Cristã. A
presente controvérsia entre a Edição Revista e Corrigida de Almeida e as
versões modernas é a mesma velha batalha entre a igreja primitiva e as seitas
rivais; e mais tarde, entre os Valdenses e os Papistas do Séc. IV ao Séc.
XIII; e mais tarde ainda entre os Reformadores, que privilegiaram sempre e
tão somente o Textus Receptus e os Jesuítas no Séc. XVI que optaram antes
pelos manuscritos infiéis.
O Imperador Romano Constantino endossou ao Papado a
Bíblia editada por Eusébio e escrita por Orígenes. Essa Bíblia era bem
diferente da dos Valdenses (que ao contrário do que muitos pensam não tiveram
início com Pedro Valdo em 1175, mas remontam ao ano 120 A.D., sendo o seu
nome oriundo dos vales onde eles viviam). Como resultado dessa diferença os
Valdenses foram objecto de ódio e perseguição. Jerónimo, pai da Vulgata
Latina foi acérrimo defensor de Orígenes. O Origenismo invadiu a Igreja Católica
por meio de Jerónimo.
Será de admirar ver a Igreja Católica, não ter a
Bíblia como autoridade suprema e final em questões de fé e de prática, mas
reger-se pela Tradição que ofende inúmeros preceitos Bíblicos? Pois é, uma
Bíblia oriunda de tais manuscritos é uma Bíblia sem autoridade. O leitor já
avaliou bem o que subjaz a tais versões, e para onde elas conduzem?
Caro leitor, se crê que os escritos originais das
Escrituras foram verbalmente inspirados por Deus, então tinham que ser
necessariamente preservados providencialmente por Ele através dos séculos,
sem interrupções ou quebras. Assim sendo, só precisamos de saber qual a
versão mais fiel. Como vimos, a Edição Revista e Corrigida de João Ferreira
de Almeida (ERC) é a recomendável - a melhor de todas as versões em língua
Portuguesa. Quanto às outras versões, usemo-las apenas como livros de
referência para estudo.
Como Stuart E. McNair também nós dizemos: Prefiro
Almeida! Prefiro Almeida! E nós não preferimos a Edição Revista e Corrigida
(ERC) de João Ferreira de Almeida só porque é proveniente de manuscritos
fiéis, mas também porque é genuinamente uma versão Portuguesa, ao contrário
das outras versões que enfermam de brasileirismos que nada têm a ver com o
Português escrito e falado em Portugal.
Em conclusão: Se o leitor almejar ter a
reputação de sábio hoje e quiser arriscar-se a ser um louco daqui a algum
tempo, denuncie os "erros" que a Bíblia contém. Mas, como Charles
Haddon Spurgeon disse, e bem, "Se quiser ser considerado um louco agora,
sabendo que a sua posição daqui a algum tempo será justificada, então defenda
a inerrância deste Livro".
Oh, que o Senhor possa dizer de todo o Seu povo de
hoje naquele dia:
«Guardaste a Minha Palavra»!
-
C.M.O.
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