Por Que A Atualizada Tem O Direito De Usar O Nome Almeida? Por Que A ACF Demorou Tanto?

Hélio de Menezes Silva




Pergunta:

Por que a Almeida Revista e Atualizada (ARA) tem o direito de usar o nome Almeida, se nem sequer traduz a partir do texto grego usado por tal tradutor??? E por que a Trinitarian Bible Society (TBS) saiu do Brasil e voltou tão atrasada?




Resposta de Hélio:

Suas perguntas são muito pertinentes, irmão. Eu sempre me fiz essas mesmas perguntas, acho que todos se perguntam isso. Mas as respostas são complexas e difíceis, há meandros históricos e jurídicos, temos que considerá-los.

Na verdade, acho que a Almeida Revista e Atualizada (ARA) não tem o menor direito ético de usar o nome do autor, pois acho que substancialmente difere dos escritos de Almeida em DEZENAS DE MILHARES de palavras e construções, somente contando no Novo Testamento. A meu ver, a ARA pode ser melhor vista como uma "amenização" e atualização da bíblia Tradução Brasileira (TB) (que foi rejeitada pela massa de crentes, e que se baseava somente no Texto Crítico grego, e agradou somente aos Testemunhas de Jeová): os locais onde João Ferreira de Almeida é seguido mais de perto na ARA são nos textos colocados entre colchetes "[]" (que são a convenção dos editores que não fazem parte daquilo que eles consideram "melhores textos", portanto ninguém pode deixar de entender que a convenção "[]" significa que, no mínimo, põem em dúvida se o que está entre colchetes é a Palavra de Deus). A meu ver, a ARA é uma reedição levemente "Almeidaizada" da Tradução Brasileira (a qual só agradou aos Testemunhas de Jeová). Comparando lado a lado a TB e a ARA, a meu ver é como se o Novo Testamento da ARA tivesse partido da TB, a atualizado gramatical e ortograficamente, tirado algumas coisas que agradavam somente aos Testemunhas de Jeová, depois colocado uma pitada de tempero de mais 5 ou 10% de Almeida (particularmente os 5% que os editores põem entre colchetes).

Se alguém modificasse 30% da letra do Hino Nacional, todos diriam "Êpa! Você não tem o direito de continuar dando a isso o nome de Joaquim Osório Duque-Estrada! Você está sendo infiel a ele, ele não escreveu assim! Isso é falta de ética, é crime!" Aliás, acho até que seria processado e punido, se mudasse 1 só palavra do Hino Nacional!

Idem se alguém mudasse 5% da Ilíada de Homero, em grego; ou 5% de Hamlet, em inglês, de William Shakespeare; ou 5% de As Lusíadas, de Luís de Camões, em português; etc.
Quão infinitamente superior a todas essas obras é a Bíblia de Deus, e quão infinitamente superior deveria ser a ética praticada pelos crentes! Acho que, se João Ferreira de Almeida estivesse vivo e visse seu nome posto em algumas bíblias de hoje, ficaria indignado e exigiria uma de duas coisas: ou tirassem seu nome, ou refizessem a bíblia baseada no texto grego que ele tinha usado (diferente em MILHARES de palavras de tais pseudo- Almeida's ), e, no caso de alguma palavra por ele usada ter ficado em total desuso e desconhecimento, substituí-la para a mais exata equivalente dos dias de hoje, todas as outras palavras continuando como ele tinha escrito, apenas atualizando a gramática e a ortografia, como mudando "baptismo" para "batismo", etc. Só isso.

Não conheço a parte histórica (particularmente da 2ª metade do século XX) das Almeida's nem tão de perto nem tão completamente nem tão bem quanto desejaria. Pr. Thomas Gilmer uma vez, e Pr. Wilbur Pickering outra vez, e Pr. Silas Evangelista ainda outra vez, voluntariamente me contaram alguns detalhes, sempre por telefone, mas foram só algumas coisas e eu não sei se as guardei bem, você teria que perguntar detalhes a eles. Só me lembro de que, de modo resumido e esquemático, pelo que entendi e lembro, na minha humilde opinião (que pode ser incompleta e falha) me parece que os principais eventos podem ser assim sumariamente resumidos:

- até a primeira metade do século XX, eram sociedades bíblicas de outros países que editavam e imprimiam as Almeida's (sendo todas as impressões basicamente iguais): a Sociedade Bíblica Trinitariana, a Sociedade Bíblica Americana, e a Sociedade Bíblica Inglesa.

- por causa da 2ª Guerra Mundial, o suprimento de Almeida's ficou precário, às vezes chegavam, às vezes não chegavam. Surgiu o desejo das Bíblias começarem a ser impressas aqui.

- depois da guerra, os batistas brasileiros (mais ligados à Sociedade Americana) organizaram a Imprensa Bíblica Brasileira (IBB), e a Sociedade Inglesa organizou a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB), mas a Sociedade Trinitariana de Londres caiu na tolice de pensar que, no Brasil e demais países de fala portuguesa, passara a estar para sempre assegurada a ampla oferta de Bíblias razoavelmente fieis a João Ferreira de Almeida, portanto ela saiu daqui e passou a imprimir Bíblias para outros países. Restaram apenas a IBB e a SBB com o direito de imprimir a Bíblia de Almeida, chamada de Almeida Revista e Corrigida (ARC). Ela já tinha ou se introduziram alguns poucos desvios para longe do TR (um pouco mais na ARC da SBB que na da IBB), mas ainda relativamente poucos.

- um erro (não sei se proposital ou não) foi que as três sociedades bíblicas não atenderem logo os anseios da população para modernização de umas poucas palavras arcaicas. Por exemplo, ninguém entendia mais o que era "redenho" (ou "enxúndia"), deviam ter trocado para "membrana gordurosa cobrindo o intestino" (ou "gordura, banha"), e podiam e deviam ter feito isso na metade do século XX, com suprema fidelidade ao TR e ao tradutor Almeida, assim evitando a entrada e crescimento de todos os tipos de bíblias "atualizadas na gramática e ortografia e no vocabulário, mas também falsificadas."

- SBB e IBB demoraram demais. Mas, por fim, na SBB surgiu um comitê para atualizar a ARC, dizendo que ia ser extremamente fiel, e muitos acreditaram e durante anos apoiaram tudo. Lá para tantas, alguns fieis pastores membros da comissão de revisão descobriram que, com a legítima atualização das palavras obsoletas, também estavam adulterando a Bíblia, mudando-a para o Texto Crítico grego. Pr Sinésio Lira (um eminente Congregacionalista) denunciou isso e saiu da comissão.

- Em 1955, a SBB lançou a Almeida Revista e Atualizada, anunciada como apenas modernizando o português (mas, na realidade, passando a seguir basicamente o adulterado Texto Crítico grego e a refletir muito de perto a Tradução Brasileira), e ela, pela atualização do Português, começou a ganhar o coração de milhares de pastores desavisados de que ela mudou radicalmente e passou a seguir basicamente o Texto Crítico grego, o qual difere do Textus Receptus grego em vários MILHARES de palavras!!!

Em 1967, a
IBB publicou o que ficou conhecida como "Almeida Revisada de Acordo com os Melhores Textos", na realidade baseada nos 2 piores e mais rasurados dos mais de 5000 manuscritos, sendo tal pseudo-Almeida 7% Texto Crítico (por isso, também não deveria ter usado o nome Almeida), e com extensivo uso de variantes e de destrutivos colchetes e notas de rodapé.

- Pouco depois disso, Pr. Thomas Gilmer, missionário batista para a evangelização de judeus em São Paulo, corretamente interpretou certas evidências como sinais da possibilidade da SBB e IBB se uniram e planejarem interromper a produção da Almeida Revista e Corrigida, podendo proibir qualquer pessoa de a imprimir, pois a Trinitariana estava fora, portanto ninguém mais que a IBB e SBB tinha o direito de imprimir a ARC. Elas poderiam passar a não imprimi-las, e impedir que ninguém mais as imprimisse. Havia a possibilidade do Brasil e demais países de fala portuguesa ficarem totalmente restritas a bíblias do Texto Crítico grego, sem nenhuma Bíblia do Textus Receptus grego.

- Pr. Thomas Gilmer ficou extremamente preocupado com isso, contatou alguns fiéis pastores brasileiros, e foi e contatou a Trinitariana em Londres, e a convenceu a voltar a editar e imprimir o texto de Almeida dela, com as necessárias atualizações ortográficas e as necessárias substituições das palavras arcaicas por suas exatas equivalentes mais conhecidas por todos, nos dias de hoje.

- Infelizmente, não sei por que motivos, a Trinitariana demorou muito (acho que quase 30 anos) no processo visando voltar a imprimir a Bíblia Almeida que fosse fiel tanto ao Textus Receptus grego quanto ao tradutor Almeida, e a sua ACF veio a lume somente em 1994/1995. Hoje, com a mais recente reforma ortográfica, a ACF-2011 é a Bíblia em impressão em português que é tanto mais fiel ao Textus Receptus grego, como mais fiel ao tradutor Almeida, como a Bíblia mais fácil de ser entendida em português atualizado, nobre, solene, digno e, acima de tudo, preciso e fiel ao Textus Receptus grego.


Hélio, nov.2013

 





Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).



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