Devemos nos acautelar com relação à escolha da versão da Bíblia Sagrada que
vamos utilizar.
Quando visitamos qualquer livraria evangélica podemos verificar a grande
quantidade de diferentes traduções da Bíblia, as quais têm aparecido nos
últimos anos. E não somente a multiplicidade de traduções se torna evidente,
como também existem diferentes edições nas quais cada editor incorpora variadas
“ajudas” com as quais ele obteve os próprios direitos autorais. Na maioria
dessas Bíblias esses editores têm incorporado introduções, comentários e notas,
os quais evidenciam e ensejam variadas correntes doutrinárias, interpretativas
e denominacionais.
Por isso, quando se pede uma Bíblia, logo vem a pergunta: “Que tipo de Bíblia?”
Por esse motivo é que resolvi escrever estas páginas a fim de facilitar a
resposta a essa pergunta, a qual que é feita comumente, antes de se tomar uma
decisão.
As comparações entre as Bíblias que vamos fazer, referem-se às versões
protestantes ou àquelas, nas quais os “protestantes” tenham participado.
Detalhar exaustiva e diferentemente as traduções hoje existentes, não será uma
tarefa muito fácil.
Oremos ao Senhor para que estas linhas possam realmente ajudar ao cristão de
boa vontade que as estiver lendo, para que haja uma aproximação mais direta
dele com a legitima palavra de Deus, as Sagradas Escrituras.
O mesmo texto pode ser vertido para outra língua, seguindo diferentes critérios
de tradução. Segundo a correspondência entre os textos a serem traduzidos e a
tradução resultante, estamos falando de “equivalência dinâmica” ou
funcional, e “equivalência formal”. Estes são dois extremos dentro de um
continuum que permite múltiplas alternativas.
O principio da equivalência dinâmica, também chamada, ultimamente, de equivalência
funcional, é o que busca transmitir o significado que seguramente
deveria ter o texto que se traduz, deixando em segundo lugar o significado
concreto das palavras. Os tradutores e editores que apóiam a equivalência
dinâmica têm uma definição da inspiração divina que tem colocado em dúvida a
inerrância da Bíblia.
Taber e Nida definem o seu método, a equivalência dinâmica, colocando as
seguintes prioridade (1):
1.- A coerência textual tem prioridade sobre a concordância da palavra
por palavra.
2.- A equivalência dinâmica tem prioridade sobre a correspondência
formal.
3.- A audição de um texto tem prioridade sobre a leitura silenciosa.
4.- As formas lingüísticas comumente empregadas e admitidas pelos
leitores, aos quais se destina a tradução, têm prioridade sobre as formas
tradicionais mais prestigiadas.
Definindo o método, eles dizem: “A qualidade de uma tradução na qual a mensagem
do texto original foi transferida à língua receptora, deve ser de tal maneira
que a reação dos receptores seja essencialmente a mesma que a dos receptores do
texto original”.
Este método parece muito “racional”, porém faz parte de um
conceito de inspiração que não corresponde à plena e verbal inspiração das
Sagradas Escrituras. Ele fala da “mensagem do texto original” esquecendo,
contudo, as palavras com as quais a mensagem nos é transmitida; ou então só
crêem na inspiração da mensagem e não das palavras. E, mesmo assim, os próprios
defensores deste método reconhecem as limitações e perigos que nele existem (2).
O cúmulo das traduções segundo o princípio da equivalência dinâmica ou
funcional, é a chamada “Bíblia em Francês Fluente”, a qual foi feita na
base de um vocabulário básico e limitado. Próximas a esta tradução temos as
chamadas “Versões Populares ”, como a conhecida BLH. Existem também as
chamadas “Versões Confessionais ou Ecumênicas”, a partir da equivalência
dinâmica ou funcional.
O princípio da equivalência formal procura manter, o mais próximo
possível, a tradução do exato significado das palavras do texto que está sendo
traduzido. Os que apóiam este princípio acreditam piamente na inspiração plena
e verbal das Sagradas Escrituras, crendo na inspiração divina, não só da
mensagem como também das palavras pelas qual a mensagem está sendo transmitida.
A verdade é que toda tradução contém uma parte de interpretação. Contudo,
também é certo que, dependendo daquilo em que o tradutor ou tradutores realmente
creiam sobre a inspiração das Sagradas Escrituras, a tradução resultante será
mais ou menos fiel às palavras originais.
O princípio da equivalência formal foi o que orientou a maioria das
traduções bíblicas, até pouco tempo, e sobre ele foram embasadas as traduções
da Reforma Protestante do século 16. Até então, os tradutores acreditavam na
inspiração plena e verbal das Sagradas Escrituras.
Conforme é bem conhecido, os idiomas originais da Bíblia foram: o Hebraico
- para o Velho Testamento - contendo algumas breves seções em Aramaico
- e o Grego, para o Novo Testamento.
Muitíssimas das traduções Bíblicas atuais afirmam ser traduções dos idiomas
originais; quando não se menciona tal fato sob o nome de tradução, é necessário
colocar as notas introdutórias que encontramos em quase todas as versões
modernas. A única exceção atual encontrada é a versão “Novo Mundo”, da
seita das “Testemunhas de Jeová”, a qual afirma ser traduzida da tradução
Inglesa de 1961,portanto a tradução de uma tradução. Em outros tempos, as
versões da Bíblia realizadas e autorizadas pela Igreja Católica Romana também
eram traduções de uma tradução, ou seja, da Vulgata Latina, porém na atualidade
é difícil encontrar-se uma tradução desse tipo.
Neste caso, de onde procedem as diferenças importantes entre as diversas
traduções atuais da Bíblia? Já consideramos que elas podem vir dos princípios
que originam estas traduções. Outra coisa é que nem todas as traduções da
Bíblia, em especial as modernas, foram feitas a partir dos mesmos textos
Hebraicos, Aramaicos e Gregos.
O Texto Massorético é o texto hebraico/aramaico do VT. As diferenças entre os
diversos textos existentes referem-se basicamente ao aparato critico (as
diferentes alternativas que se apresentam ao texto básico).
A questão relativa ao VT não é tanto em relação às línguas originais, mas à
importância que se dá à tradução judaica do VT, conhecida como Septuaginta,
ou Versão dos Setenta.
Ainda assim, não podemos negar a primazia que se tem dado aos códigos mais
modernos, como o Sinaiticus e o Vaticanus.
Os textos existentes podem ser classificados em dois grandes grupos: o Texto
Alexandrino e o Texto Bizantino. Maiores divisões normalmente têm a
intenção de dar peso ao Texto Bizantino. O chamado “Texto
Majoritário” segue a mesma linha do Texto Bizantino. A linha de
preservação textual, através dos tempos, encontra-se no que hoje é conhecido
como Textus Receptus, o qual corresponde ao texto do Novo Testamento, o
qual foi passado de geração em geração, até a Reforma do século 16, e em cuja
base iriam se realizar as clássicas traduções protestantes: Reina-Valera, Diodati,
Almeida, Lutero, BKJ King James Bible, de 161), etc. Este texto teve diversas
edições, com pequenas diferenças.
Durante o século 19 e inicio do século 20, foram apresentados novos textos
alternativos, conhecidos como “textos críticos”, produzidos a partir de
descobertas arqueológicas que se distanciaram do texto tradicional, o Textus
Receptus, e formaram o grupo de Textos Alexandrinos, os quais são
sumamente heterogêneos; entre eles estão os textos confeccionados por Westcott
e Hort e Nestle-Alland...
Atualmente, em relação aos textos usados para a sua tradução, as traduções
bíblicas podem ser catalogadas em três grupos: Traduções de traduções,
traduções segundo os textos tradicionais, e traduções segundo os textos
alternativos ou críticos. O quadro que vamos apresentar em continuação ao que
já foi dito, refere-se às traduções protestantes, ou às que colaboram com os
protestantes.
A questão a ser resolvida é se cremos ou não na preservação do texto bíblico,
através dos séculos, pela ação do Espírito Santo. Se Deus inspirou verbal e
plenamente as Escrituras Sagradas, tendo preservado de erros os escritores
humanos. Porventura não poderia Ele também manter o texto inspirado, através
dos séculos, para a salvação dos incrédulos e orientação do Seu povo? Será que
teríamos de esperar até o advento da crítica destrutiva da Bíblia, para que
pudéssemos ter os textos mais fidedignos, e que o movimento de Deusque surgiu
no século 16, de volta à plena palavra de Deus, houvesse colocado à
disposição somente os textos corrompidos e inferiores aos atuais?
Quem crê na inspiração plena e verbal das Sagradas Escrituras e na preservação
fiel do texto bíblico, através dos séculos, deve optar por uma tradução
realizada na base da equivalência formal, e de acordo com o Texto
Massorético no Velho Testamento, e o Textus Receptus, no Novo
Testamento.
Exclusivamente o texto bíblico ou outros texto, com adições de palavras e
pensamentos humanos... Por qual deles devemos optar? Até alguns anos
atrás, uma das características fundamentais das traduções bíblicas feitas pelos
protestantes era que estas não continham notas, nem comentários, o que as
diferenciava das traduções realizadas sob os auspícios da Igreja de Roma.
Contudo, este panorama mudou muito nas ultimas décadas, a ponto de, em alguns
casos, as traduções protestantes trazerem mais notas e comentários que
as bíblias católicas. Contudo, esta expressão é mais do que retórica, visto
como já faz tempo que as novas traduções da Bíblia estão sendo feitas a
partir do tipo ecumênico ou inter-denominacional, o que dá no mesmo.
Está cada vez mais difícil conseguir uma Bíblia que contenha apenas o texto
bíblico, - os sessenta e seis livros inspirados, que formam as Sagradas
Escrituras. As edições que têm aparecido como “Bíblias de Estudo” chegam
repletas de notas e comentários, o que não passa de uma desculpa geralmente
usada para respaldar as opiniões de homens.
O problema é que as notas e comentários, inclusive certas informações
entregues, influenciam a mente humana sobre o acesso direto à palavra de Deus e
à dependência da orientação do Espírito Santo, para entender as Sagradas
Escrituras.
Não nego que algumas destas notas e comentários sejam corretas e
proveitosas, porém jamais deveriam ocupar uma parte do LIVRO SANTO, a BÍBLIA
SAGRADA ou simplesmente a BÍBLIA. É preciso que haja uma clara distinção entre
as opiniões de homens (por mais santos e eruditos que eles sejam) e a palavra
de Deus, a única e infalível, inerrante e eterna. Que sejam eliminados as notas
e comentários dentro do LIVRO. O mal já está feito e o pior é que as
livrarias estão cada vez mais saturadas de Bíblias, as quais apresentam em suas
páginas peculiares doutrinas denominacionais, com os respectivos erros
doutrinários que possam conter os ensinos destrutivos da crítica, que nega a
plena inspiração da palavra de Deus, de forma subreptícia. [N.T. - Aqui no Brasil
temos a BLH, a Viva, a NVI, a Bíblia Pentecostal e outras versões desse tipo]. Desse modo, através das Bíblias que os crentes usam,
a palavra de Deus tem sido introduzida nas igrejas bíblicas e fundamentalistas,
com erros doutrinários que jamais seriam pregados nos púlpitos, contendo
afirmações e sugestões que dão autoridade ao texto que afirmam estar
representando. Que contradição maior é a de que dentro de um livro, que é
apresentado como sendo a Bíblia Sagrada, possam estar contidas afirmações,
sugestões, comentários e/ou notas que negam o seu meridiano e correto sentido,
questionando e emendando o que diz o texto sagrado! Indagamos neste espaço:
cremos realmente, que a Bíblia é a única e absoluta autoridade do cristão em
tudo que ela diz e afirma? Se a resposta é “sim”, devemos optar por uma
Bíblia que seja somente a Bíblia Sagrada, sem qualquer acréscimo de notas e
comentários de homens, a fim de permitir que a palavra de Deus fale com a
autoridade, dependendo exclusivamente da ação do Espírito Santo, para ser
perfeitamente compreendida.
Se um cristão crê na plena e verbal inspiração da Escritura Sagrada; na
preservação fiel do texto bíblico através dos séculos, e na soberana Autoridade
da Palavra de Deus, ele deve optar por uma tradução feita a partir do Texto
Massorético, no Velho Testamento, e do Textus Receptus, no Novo
Testamento, e que seja uma Bíblia sem notas e comentários.
Existem atualmente muitas traduções em nossa língua, e de muitas delas podemos
encontrar várias edições, cada uma com as suas peculiaridades. Existem edições
para homens, mulheres, casais, jovens, moças, crianças, etc. [só faltando mesmo
uma edição para o papagaio da casa]. Por isso, antes de decidir qual a Bíblia
que você vai adquirir e usar, responda as perguntas supra apresentadas. [A tradutora destas
páginas optou pela BKJ (King James Bible de 1611), em Inglês, pela Reina-Valera
(de 1609), em Espanhol, e pela FIEL (isto é, ACF, a Almeida Corrigida Fiel,
edição 2007), em Português].
As traduções mais confiáveis são aquelas que foram preparadas no final do
século 19, como a Almeida Revista e Corrigida de 1894, da qual a ACF é digna
herdeira, ou no início do século 20, quando a contaminação com o Westcott &
Hort ainda era pouca não há representante perfeita no Brasil, somente na ACF de
1995-temos uma Bíblia de Português perfeito, moderno, fluido, livre de
arcaísmos, porém conservando 100% da fidelidade e pureza da Almeida 1984 e
anteriores. De fato, nas edições mais antigas podemos encontrar palavra ou
expressões que nos parecem obsoletas; mesmo assim estas são muito melhores do
que as versões modernas, as quais, a pretexto de uma atualização da linguagem,
contêm erros doutrinários bem disfarçados. A letra gótica e a monotype corsiva
[itálicas] antes usadas, desapareceram, para dar lugar à Times New Roman...
A historicidade e literalidade do próprio texto bíblico é o que deve contar;
portanto, voltemos às nossas Bíblias protestantes, as quais trazem simplesmente
a palavra de Deus inspirada, com os 66 Livros da Sagrada Escritura, traduzidos conforme
os textos originais, inspirados plena e verbalmente por DEUS, sem quaisquer notas
e comentários feitos por homens. [Que o Espírito Santo tenha plena
liberdade, através do que Ele mesmo inspirou, para nos fazer crescer na graça e
no conhecimento de Cristo, dando-nos a certeza de que existe um só Deus
verdadeiro e que Jesus Cristo foi enviado pelo Pai, como o único Mediador e
Salvador da humanidade, através do Seu sangue derramado na cruz do Calvário].
“Uma Biblia, muchas versiones”
Antoni Mendoza i Miralles
E-mail: ecb.edicions@wanadoo.es
URL: http://www.ecbministeris.org
Traduzido e comentado por Mary Schultze
www.cpr.org.br/Mary.htm
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.