O VALOR DE UMA MULHER

Capítulo 13 do livro "A Mulher no Novo Testamento"

Elaine Stedman




"O anjo Gabriel foi enviado por Deus para uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma virgem... e o nome da virgem era Maria... e disse:

“... Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres. ... Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. ... Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus." Luc 1:28,30,35.

E Maria disse:

"..." A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; porque atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque me fez grandes coisas o Poderoso; e santo é seu nome... Depôs dos tronos os poderosos, e elevou os humildes... Auxiliou a Israel seu servo... como falou a nossos pais, para com Abraão e a sua posteridade, para sempre. (Extraídos de Luc 1)

Seguramente, a maior honra conferida a um ser humano foi o privilégio de dar à luz ao próprio Filho de Deus. Mesmo em toda a literatura feminista que tenho examinado, nem uma só vez eu  vi uma referência significativa a esta passagem das Escrituras, embora muitas outras tenham sido citadas ou citadas incorretamente. Veremos um pouco das muitas maneiras nas quais [esta passagem] é relevante para um entendimento e apreciação de feminilidade.

Primeiramente, creio que necessito ver Deus em ação. Deus intervindo em favor de seu povo, em seu próprio caminho, em seu próprio tempo. Deus escolheu a nação de Israel para demonstrar ao mundo seus caminhos com seu povo. Esta nação estava com problemas. Desde 586 AC, quando Jerusalém foi abatida pela Babilônia e o templo foi destruído, Israel tinha tido uma independência não real. De acordo com Josephus, nenhuma vida de homem, nem nenhuma honra de mulher foi salva sob Herodes, o Grande. Dentro da nação, o sumo sacerdote tornou-se um objeto de barganha, o ofício sagrado, algumas vezes, ia para quem fizesse a maior oferta de dinheiro [a Herodes]. Victor Buksbazell diz em seu livro, "Miriam a Virgem de Israel":

"Foi uma trágica ironia que a dinastia Hasmoneana, que começou com uma revolta contra a idolatria e o domínio estrangeiros, no fim sucumbiu [e curvou-se] à cultura e aos caminhos dos estrangeiros."

Neste contexto, a condição das mulheres foi menos do que desejável. O sacerdócio, a chave de Israel para a saúde nacional, tinha sido infiltrado com ideologias pagãs e adoração contemporizada. Subordinado a isto estava uma visão distorcida do valor da mulher. Os verdadeiros pontos na lei que foram dispostos para garantir que a mulher gozasse da liderança espiritual e da fidelidade marital dos homens, foram mudadas para concluir que as mulheres eram inferiores, e eram usadas para permitir poligamia ou promiscuidade para homens. De acordo com a maioria dos costumes rabínicos do tempo de Jesus, não era permitido às mulheres estudarem o Torá. Eliezer, um rabino do primeiro século, declarou: "As palavras do Torá deveriam ser queimadas ao invés de confiadas a uma mulher... Qualquer que ensina a sua filha o Torá é como um que ensina a ela luxúria." O Talmude declara: "Que a maldição venha sobre o homem que (tem necessita permite) sua esposa ou filhos exprimem a oração de agradecimento [pelas refeições] em lugar dele." Havia um tríplice agradecimento nas orações diárias dos judeus: "Louvado seja Deus que não me fez um gentio; louvado seja Deus que não me fez uma mulher; louvado seja Deus que não me fez um homem ignorante."

No grande templo de Jerusalém, mulheres eram limitadas a uma área externa que era cinco degraus abaixo da área dos homens. Nas sinagogas, as mulheres eram separadas dos homens, e não eram permitidas ler alto ou ter nenhuma função de liderança. Um rabino considerava como além de sua dignidade falar com uma mulher em público. Não era permitido às mulheres dar testemunho em uma corte da lei.

Podemos admitir que as mulheres, também como agora, rebelaram-se tanto exteriormente como interiormente contra tais atitudes e tratamento. Por exemplo, quando alguém ler sobre mulheres sendo permitidas colocar suas mãos em animal sacrificial, é acrescentado o seguinte: "Não que isto fosse costume para mulheres, mas era para apaziguar as mulheres." Dizeres rabínicos sobre mulheres, tais como "elas são vorazes no alimento delas, ansiosas para fofocar, preguiçosas e invejosas," indicam, não somente, uma atitude deplorável com respeito às mulheres, mas uma deficiência de respeito próprio entre as mulheres. Nossas ações são governadas por nossas opiniões sobre nós mesmos.

Mas, então, como agora, Deus sabia sobre a má condição de Israel , ele cuidou dos homens errados e das mulheres feridas.

“4 Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, 5 Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.” (Gál 4:4-5)

Deus, que conheceu e cuidou de cada indivíduo, também tinha uma visão do mundo. Deus amou tanto o mundo (e todas a pessoas que o compõem) que Ele deu Seu Filho unigênito para ser o Cabeça espiritual de uma humanidade na qual [quanto à salvação]:

“Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gál 3:28)

O Senhor Jesus Cristo, nascido homem indicando a autoridade de Sua divindade, nascido de mulher e, portanto, livre do pecado de Adão, nascido sob a lei que Ele podia cumprir perfeitamente em espírito e em verdade, foi a solução de Deus para o dilema humano. Ele revelou que o plano de redenção não era para os rebeldes que lutavam por seus direitos, mas para os santificados que esperavam diante d'Ele em humildade e fé.

Veja a qualidade de feminilidade em Maria, mãe de Jesus, cujo noivo, José, a respeitava muito e, embora, a lei requeresse a pena de morte por infidelidade, ele "como era um homem justo e não a queria infamar, intentou deixá-la secretamente" (Mat 1:19). Para esta qualidade de feminilidade, Deus respondeu com a revelação de seu plano pelo nascimento de Jesus.

Similarmente, veja a santidade e o respeito mútuo de ambos Zacarias, o sacerdote, e sua mulher Isabel, que eram "ambos justos perante Deus, andando sem repreensão em todos os mandamentos e preceitos do Senhor". Enquanto era costume se divorciar de uma esposa que não era fértil, este homem e mulher tinham uma unidade espiritual que transcendia as práticas e expectações culturais. Deus honrou a confiança mútua deles com o nascimento de João, o Batista, embora Isabel fosse estéril e ambos eram avançados em idade" (veja Lucas capítulo 1).

Lucas, capítulo 2, também nos fala de um homem santo chamado Simeão, correto e devoto e "procurando a consolação de Israel," para quem o Espírito Santo revelou o nascimento de Jesus. E havia uma profetisa, Ana, que "não se afastava do templo, servindo [a Deus] em jejuns e orações, de dia e de noite". Foram ambos, Simeão e Ana, trazidos pelo Espírito de Deus para o templo na hora exata quando o menino Jesus foi trazido para lá, para o costumeiro ritual infantil, para testemunhar o cumprimento da esperança e fé Messiânica deles.

A característica destes homens e mulheres santos foi a integridade da adoração deles, a submissão deles à maneira de livramento de Deus, nos quais eles evidenciaram a igualdade espiritual e respeito mútuo. Singularmente ausente de todos eles estava qualquer preocupação com direitos pessoais, mas todos tinham investido suas esperanças e orações no plano maior de Deus, a redenção de Israel e dos gentios. Preocupados com o que Deus estava fazendo para satisfazer as [reais] necessidades da humanidade, e desejando serem usados e gastos para este fim, eles foram satisfeitos individualmente e foram unidos em torno da Pessoa de Seu Filho. Era o envolvimento deles com Ele que lhes deu dignidade e honra diante um do outro; eles estavam desejosos de render a autonomia pessoal deles para a maior estrutura do mundo de Deus. Esta é a perspectiva que livra a todos nós das preocupações nervosas e ameaçadoras com nossos direitos e status.

Se nós tivermos nossos dedos dos pés pisados pela ação do insensível e inconsciente, podemos certamente dizer "ai," e falar a verdade em amor; mas uma cruzada retaliativa viola cada ética cristã. Podemos, seguramente, deixar nosso caso com "Aquele" que, quando foi ultrajado, não ultrajou de volta, mas confiou nAquele que julga justamente. Este é o Jesus de Nazaré que era tão completamente livre de todos os preconceitos culturais de Seu tempo na terra, que alguns escritores contemporâneos se referem sobre Sua "posição feminista" com respeito às mulheres.

Lucas 8:2,3 e Marcos 15 registraram que muitas mulheres seguiram Jesus, algumas das quais são identificadas. O padrão cultural no qual estas mulheres viviam as teria proibido de estudos religiosos e, de fato, de deixar suas casas. Sobre Maria de Betânia, os escritores dos Evangelhos registraram um ato de devoção terno e precioso, o qual o Senhor imortalizou em um duradouro tributo à sua profundidade espiritual dela. À Maria Madalena foi concedido a honra de ser a primeira pessoa a ver o Senhor ressurreto. Ela foi, então, incumbida por Ele de testemunhar a Sua ressurreição aos discípulos, embora fosse costume invalidar o testemunho de uma mulher.
 
Jesus Cristo tocou no corpo sem vida da filha de Jairo, e louvou a fé da mulher cerimonialmente impura que tocou Sua roupa (Mateus 9:20-22). Em ambos os casos, Ele estava distinguindo entre o simbolismo espiritual e/ou exigências da lei e o valor essencial do indivíduo. Ele estava ensinando que o valor essencial de uma pessoa diante de Deus não é mudado pela função dele ou dela. Contrariamente à interpretação rabínica, Deus não está descontente com uma mulher que está menstruada; era simplesmente uma função que necessitava ser reconhecida com propósitos sanitários. Também, simbolicamente, tanto o fluxo de sangue como um corpo morto nos lembram quanto o ser humano é finito.

Jesus iniciou uma conversação com a mulher samaritana no poço de Jacó (João 4:7-42) e Seus discípulos "se maravilharam de que Ele estivesse falando com uma mulher." Neste momento, também, Ele reforçou o testemunho de uma mulher, e a confirmou como uma pessoa redimível e válida.

Na casa de Maria e Marta, Maria foi elogiada por fazer o que era considerado uma função cultural masculina, enquanto Marta, que estava trabalhando na típica função de mulher, foi gentilmente repreendida por ter as suas prioridades invertidas. Assim, como com homens, mulheres devem primeiro dar prioridade ao adorar para que assim a função não se torne uma distração (Lucas 10:38-42).

Lucas também registra um incidente interessante no capítulo 11, versículos 27,28.

“27 ¶ E aconteceu que, dizendo ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. 28 Mas ele disse: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam.” (Luc 11:27-28)

É manifesto que não foi a função biológica de Maria que deu a ela distinção (embora, através desta função, ela carregou o próprio Jesus), mas, ao invés, a sua identificação como mulher de Deus devota e obediente. Esta identificação deu a ela uma boa posição com Deus. E, embora o nascimento da Criança deu dignidade e sentido à função de dar à luz (como o apóstolo Paulo pode bem dizer em 1Timóteo 2:15), a posição de Maria como uma pessoa não foi considerada nem inferior, nem superior. Ela foi simplesmente e profundamente uma pessoa de Deus!

Jesus também, cuidadosamente, ensinou monogamia e casamento vitalício, e a alternativa de celibato (Mateus 19:3-12). Igualdade espiritual não é somente um dado na relação matrimonial, mas necessário para sua coesão. [O matrimônio] é para ser uma relação inquebrável, com o comprometimento total de cada um. Jesus repete este tema em Marcos 10:6-9: “6 Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. 7 Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, 8 E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne. 9 Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.” Casamento é um símbolo, símbolo da unidade de macho e fêmea, do valor igual de ambos.

É interessante notar, porém, que embora o respeito de Jesus por mulheres como totalmente humanas e iguais em identidade com homens é inquestionável, os doze apóstolos, a quem Ele pessoalmente selecionou, eram todos homens. Certamente, não vamos acusar nosso Senhor de preconceito cultural! Nem é mesmo pensável, como alguns têm sugerido, que Ele estava relutante em anular costumes culturais como teria sido necessário na indicação de mulheres [para o apostolado]. O ministério inteiro de Jesus foi caracterizado por abalar escrúpulos tradicionais. Temos já esboçado as numerosas maneiras nas quais Ele fez assim por causa do modo como eles se relacionavam com as mulheres.

Parece que nenhuma das mulheres que O seguiram, profundamente envolvidas com Sua vida e ministério desde o Seu nascimento até Sua morte, jamais clamou por direitos iguais com os apóstolos. A mãe dos filhos de Zebedeu que requisitou posições de proeminência para seus filhos no reino de Jesus, com isso deu uma boa oportunidade para Jesus observar:

“25 Então Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles. 26 Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal; 27 E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo; 28 Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mt 20:25-28)

Somos novamente lembrados que masculinidade é o símbolo de autoridade a qual, finalmente, tem suas fontes na soberania de Deus Pai. Autoridade masculina, em qualquer dimensão de vida, não é um sinal de superioridade mas um complemento para a função de submissão feminina. Nenhum destes modos funcionais afeta a identidade essencial ou o valor da pessoa. Ambos [o homem e a mulher crentes] são "filhos de Deus" (indicando nossa sexualidade neutra em Cristo), servindo a Ele e a outros no contexto de nossa função sexual determinada por Deus, contando a Sua história, não a nossa.!

Pode não haver conflito entre a doutrina de Jesus e a de Paulo. Paulo, simplesmente, tomou os princípios ensinados pelo nosso Senhor e, estando inspirado, os usou em seu próprio ensinamento. Desta premissa, nós consideraremos as passagens maiores e mais contestadas concernentes às mulheres, nas epístolas.

Há, parece-me, impressionante similaridade entre o relacionamento de Jesus com as mulheres e o de Paulo. Paulo seguiu o exemplo do seu Senhor encorajando e recomendando mulheres a violarem a tradição cultural onde a tradição cultural negava o exercício próprio dos seus dons espirituais. Priscila (ou Prisca), esposa de Àquila, em cuja casa os crentes romanos se ajuntavam, é cumprimentada juntamente com seu esposo como "cooperadores" de Paulo (Romanos 16:3). Ela também fez tendas, viajou, arriscou seu pescoço e expôs o Caminho com seu esposo e na companhia do apóstolo Paulo (Atos 18 e Romanos 16). Dificilmente alguém pode pensar de Priscila como uma crente passiva!

Febe, por quem o apóstolo Paulo enviou sua carta para os crentes em Roma, foi uma serva da igreja de Cencréia. Paulo pediu para ela uma recepção "como própria dos santos," expressando sua gratidão porque "ela tem sido uma ajudadora tanto de muitos como de mim mesmo." Lídia foi a primeira convertida na Europa. Ela era uma mulher de negócios e uma "adoradora de Deus." "E depois que foi batizada, ela e a sua casa, nos rogou dizendo: 'Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso" (Atos 16:13-15).

A conversão dela resultou de um apelo evangelístico dirigido, especificamente,  para uma reunião de oração de mulheres! Veja, ela era uma mulher que podia conseguir uma reação dos homens mas ela fez assim com um apelo próprio para a autoridade deles. "Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor."

Eu creio que isto ilustra a diferença sutil entre a função masculina e a função feminina, diferença indicada pelo apóstolo Paulo em 1Coríntios 11:7-12: 

“7 O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem. 8 Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem. 9 Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. 10 Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos. 11 Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no Senhor. 12 Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem provém da mulher, mas tudo vem de Deus.” (1Co 11:7-12)

Paulo está tratando da visão do véu cultural como símbolo de autoridade do marido sobre a mulher. Paulo está usando um padrão cultural do sei tempo para firmar um princípio espiritual. A mulher de Deus tem a liberdade de se adaptar aos costumes culturais se eles são um veículo de expressar a verdade (como neste caso), ou desprezar normas culturais se elas deturpam sua vida em Cristo (como no caso de vestuário indecente e insinuante).

Esta passagem é, algumas vezes, usada para demonstrar um alegado preconceito de Paulo contra as mulheres; entretanto, eu não compreendo a base de tal interpretação. Que a mulher é a glória do homem é para mim uma das coisas mais bonitas que pode ser dita sobre a mulher! É o propósito supremo da mulher como "ajudadora" do homem. É o total complemento do feminino com o masculino, a totalidade completa de nossa humanidade, para que juntos proclamemos a glória de Deus.

Repare que ele não diz que ela é a imagem e glória do homem. Ela é a imagem de Deus e isto é o porque e o como ela pode ser a glória do homem. Paulo sabe que é nossa semelhança com Deus que nos faz verdadeira e completamente mulher. É em possuir Sua imagem que nós encontramos nossa identidade e segurança. Se Paulo tivesse dito que nós temos que ser a imagem e a glória do homem ele teria sido inconsistente com sua afirmação de nossa igualdade espiritual em outras passagens. Nesta passagem ele não está procedendo com o valor igual de nossa humanidade básica, mas com nossa função feminina. Para usarmos o velho argumento filosófico sobre a galinha e o ovo: quando Deus já determinou que foi a galinha que veio primeiro, Ele, por essa razão, não sugere que o ovo perdeu o valor. O fato de que o homem foi criado primeiro providencia a ordem mas não estabelece proeminência!

É interessante como as Escrituras colocam a mulher no mesmo relacionamento para com o homem como o Filho é relacionado para com o Pai. O Filho é dito ser a glória do Pai. Hebreus 3:1 nos diz que Jesus Cristo reflete a glória da imagem do Pai. Isto nos ajuda a entender a importância de nossa função para a humanidade. Se todos os crentes são para refletir a glória de Deus através da relação deles com o Senhor Jesus Cristo, parece, então, que a imparidade da relação masculino-feminina pode somente ser reconhecida em termos de sujeição pela mulher à responsabilidade governamental do homem no casamento e na igreja, cujos efeitos afetarão profundamente toda a sociedade.

O ponto de vista de Paulo sobre o casamento harmoniza perfeitamente com o do nosso Senhor. Cada parceiro no prescrito casamento monogâmico e vitalício é para submeter-se aos direitos conjugais um do outro como companheiros-crentes, mas:

“21 ¶ Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus. 22 Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; 23 Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. 24 De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.” (Ef 5:21-24)

De acordo com a ordem de Deus, o homem é para estabelecer o padrão espiritual [do lar], dirigir a questões da casa de tal maneira que Deus seja louvado e glorificado (desta maneira o homem é a glória de Deus). Sua esposa é para auxiliar e manter este compromisso (desta maneira ela é a glória de Deus). Uma marido é para doar-se à sua esposa assim como Cristo amou e deu de Si mesmo à igreja; ele é para amá-la como a seu próprio corpo. Esta é a razão para um casamento cristão: demonstrar a relação misteriosa entre Cristo e Sua noiva, a igreja (Efésios 5:25-33). Longe de ser uma relação sufocante para cada parceiro casado, este desígnio para o casamento cristão liberta cada um para ser uma pessoa de Deus, consistente com seus diferentes sexos assim como a igualdade espiritual deles.

O mesmo padrão pertence aos relacionamentos dentro da igreja, onde como irmãos e irmãs respeitamos os dons espirituais uns dos outros e as mulheres são sujeitas à responsabilidade de posição de homens na função daqueles dons. O homem que compreende propriamente sua responsabilidade para alimentar e cuidar do corpo de sua esposa como o seu próprio, irá se relacionar com sensibilidade à função espiritual da mulher dentro do corpo de Cristo. Culturalmente, uma mulher judaica não casada estava sob vergonha, uma mulher grega não casada era uma devassa suspeita. Paulo encoraja as mulheres a não se casarem, para que possam cuidar "das coisas do Senhor, para ser[em] santa[s], tanto no corpo como no espírito" (1Coríntios 7:34). Homens santos na igreja são para prover a estas mulheres oportunidades de servir apropriadas aos dons e submissão delas.

1Coríntios 11:5 diz: "... toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria a cabeça" e deste modo estabelece que as mulheres não são inteiramente proibidas de falar na igreja. As passagens proibitivas pertencem a: (1) falar línguas (1Coríntios14:20-40), (2) falar durante o tempo de ensinamento (1Timóteo 2:11,12) e (3) ensinar de tal maneira a usurpar a autoridade dos homens (1Timóteo 2:12). Por esta razão, dificilmente alguém pode imaginar uma mulher num longo tempo no ministério do ensino sobre a congregação. Isto, quase inevitavelmente, a coloca em uma posição de líder responsável, a qual é, claramente, proibida por estas passagens.

Parece evidente que o propósito da declaração de Paulo de impedimento às mulheres era para preservar e encorajar a liderança espiritual masculina, em casa e na igreja, e para manter a ordem na igreja e facilitar o ensino das Escrituras tanto para homens como para mulheres. Seguramente, não é sua intenção amordaçar os dons espirituais em ambos os sexos.

Creio que a igreja de hoje necessita ser confrontada com um desafio de usar criativamente os dons espirituais investidos em mulheres. Em muitas igrejas a única tarefa que as mulheres são consideradas aptas é o trabalho da cozinha e o ministério com as crianças. Talvez isto seja certo para a falsa desculpa de que os homens são impróprios para tais ministérios. Pode ser que necessitemos esquivarmo-nos de algumas "posições" e assim descobrir novas aptidões tanto para homens como para mulheres! Atos 6:1-6 registra que a tarefa de servir às mesas foi atribuída a "sete homens de boa reputação," que foram comissionados para este trabalho com orações e o impor das mãos. Isto sugere tanto a possibilidade de homens servirem neste ofício como a dignidade deste tipo de ministério. Não há trabalhos pequenos na igreja de Jesus Cristo! Homens que são livres para compartilhar tais trabalhos em casa serão menos inibidos de servir nestes ofícios na igreja.

Contudo, nunca, em nenhuma época, será tampouco apropriado para mulheres crentes clamarem por seus direitos. Tal atitude é, de fato, evidência de que não somos qualificadas para ministrar. Por todo o Novo Testamento, a mulher madura e santa é caracterizada por um espírito manso e tranqüilo (nota: mansidão e tranqüilidade não devem ser um fingimento mas uma qualidade de espírito) que formam a base e motivo impulsionador de sua vida. Além disso, todos os crentes são encarregados de considerar nossa própria vulnerabilidade à tentação (Gálatas 6:1), restaurando um irmão crente surpreendido em alguma ofensa. A restauração é para ser feita em espírito de mansidão. Quão irônico seria para a mulher tornar-se dominante nas ocupações da igreja através de pleitear direito de exercitar os seus dons espirituais! Aqui, faríamos bem a nós mesmas de:

“7 ¶ E ao anjo da igreja que está em Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre: 8 Conheço as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome.” (Apo 3:7-8)

Seguramente, necessitamos colocar nas mãos dAquele que é santo a responsabilidade de abrir e fechar portas para o ministério e, então alegremente, submetermo-nos às suas escolhas soberanas.

Pode bem ser que um grande uso da subjetividade feminina dirigida pelo Espírito na aplicação da doutrina da igreja poderia ter alertado a igreja para uma aproximação relacional mais sensitiva e prevenido a ascensão do existencialismo. Temos que aprender disto e de outros movimentos reacionários tais como: Liberação de Mulheres  e, então, termos que, em oração, nos guardarmos de corrigirmos demasiadamente nossos próprios erros [caindo no erro oposto]. 

Um outro aspecto do feminismo persistentemente tratado pelas Escrituras é a sedução feminina.

“3 As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem; 4 Para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, 5 A serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada.” (Tt 2:3-5)

Modéstia de decoro no vestir e no comportamento são prescritos pelos apóstolos. Em contraste, o desenhista Leo Narducci diz que a mulher que veste o estilo revelador dele é aquela que está "segura de si mesma, que pensa mais abertamente sobre sexo... ela não está preocupada com nudez. Ela tem um corpo e ela sabe disto." (Citado na revista Eternity, junho, 1970). E para mais citação Kerry Elliot no artigo intitulado "O Que A Mulher Bem Vestida Não Está Vestindo":

"O' querida," você diz, ajustando suas alças para deixá-la de repente mais em forma, "mas eu não penso de apelo sexual quando eu visto meus shorts e coletes."

Talvez você não. Mas os homens sim. E eu não quero dizer apenas os homens velhos sujos, a  não ser que você coloque a maioria da população masculina da puberdade para a senilidade nesta categoria. Se você não acredita em mim, leia as suas revistas para mulheres. Os escritores da moda sabem que palavras usar: "impróprio, ousado, sedutivo, negligentemente pecaminoso..." (Veja que a data desta citação é 1970. Shorts e coletes são agora considerados ultra-conservadores. A nudez é tão comumente aceita como é virtualmente peculiar na sociedade de hoje. Parece menos do que coincidência que o estupro está crescentemente prevalente).

Para colocá-lo mais positivamente, a mulher deve ser considerada uma parte da forma de arte de Deus, a beleza externa, simplesmente dando testemunho de um bonito espírito interior pela rendição ao domínio de Jesus Cristo. Deste modo, as características físicas são menos importantes para um homem rendido a seu domínio. A mulher que irradia a glória de seu caráter é preciosa à vista de Deus e induziu a usar seu corpo como um meio de comunicar quem Deus é para o mundo. Observando, nossos corpos como templo do Espírito Santo encorajarão limpeza, ordem, criatividade e beleza honesta. Beleza cristã é uma forma de arte.

O Novo Testamento fecha com uma passagem significante usando a mulher como um símbolo:

“... E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. ... a esposa, a mulher do Cordeiro. ... a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu. 11 E tinha a glória de Deus; e a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente. ...” (Extraídos de Apocalipse 21.)

Consistentemente, através das Escrituras, a mulher é usada para simbolizar o povo de Deus -- no Velho Testamento ela é Israel, no Novo ela é a igreja, a Noiva de Cristo. Ela é a glória do homem, a flor da humanidade como Deus intencionou que fosse. Que contraste para nossas fantasias superficiais, nosso romantismo esfarrapado, nosso feminismo manipulado. É o contraste entre uma vida dedicada ao egoísmo e uma vida consagrada para a glória de Deus.

“24 Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. 25 Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.” (Jo 12:24-25)

Como o leproso que foi declarado cerimonialmente imundo, e "habitará só; a sua habitação será fora do arraial" (Levítico 13:46), nosso egoísmo nos separa de Deus e do homem. Sigamos nosso Deus para a morte de nossas exigências egoístas e ressuscitemos com Ele uma vida abundante. Porque Ele vive, nós viveremos também.



Traduzido por Valdenira N. M. Silva, ago 2004.


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