Porque Eu Sou Um Batista


por
Clarence Larkin
 



Tradução
Pr. Miguel Ângelo Luiz Maciel
Revisão 00. Julho. 2015.








No entanto bem quiséramos ouvir de ti o que sentes; porque, quanto a esta seita, notório nos é que em toda a parte se fala contra ela. - Atos 28:22 (ACF)






Introduzido de acordo com uma Lei do Congresso no ano de 1887, pela SOCIEDADE AMERICANA DE PUBLICAÇÕES BATISTAS no escritório da Biblioteca do Congresso de Washington DC.




Publicado em Outubro de 1902

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ÍNDICE

 

PREFÁCIO......................................................................................................................04

I. ORIGEM DOS BATISTAS.........................................................................................05

II. HISTÓRIA DOS BATISTAS.....................................................................................05

III. NÚMERO E POSIÇÃO DOS BATISTAS...............................................................08

IV. AS DOUTRINAS DA IGREJA................................................................................10

CREDO BATISTA............................................................................................................10

V. BATISMO..................................................................................................................11

ÁGUA, ESSENCIAL PARA O BATISMO......................................................................11

O SIGNIFICADO DA PALAVRA BAPTIZO..................................................................11

A PRÁTICA DAS IGREJAS PRIMITIVAS.....................................................................13

DEPOIMENTOS MODERNOS........................................................................................14

O OBJETIVO DO BATISMO...........................................................................................15

BATISMO NÃO É ESSENCIAL PARA A SALVAÇÃO................................................15

IMERSÃO EM ÁGUA É ESSENCIAL À OBEDIÊNCIA...............................................16

OBJEÇÕES À IMERSÃO..................................................................................................17

OBJEÇÕES A SER RE-BATIZADO.................................................................................17

“MAS EU NÃO DESEJO TORNAR-ME UM BATISTA”...............................................18

VI. BATISTÉRIOS.........................................................................................................18

VII. BATISMO INFANTIL............................................................................................19

RAZÕES APRESENTADAS PARA O BATISMO INFANTIL...................................20

A PROMESSA É PARA VÓS E VOSSOS FILHOS.....................................................21

MALES DO BATISMO INFANTIL..............................................................................21

1. Secularização das igrejas...............................................................................21

2. União entre Igreja e Estado...........................................................................22

3. Incentiva falsas ideias sobre o batismo..........................................................22

4. Ele fere nossos filhos......................................................................................23

5. O Batismo infantil promove preconceitos......................................................23

VIII. A CEIA DO SENHOR...........................................................................................24

PRÉ-REQUISITOS À CEIA DO SENHOR.............................................................25

1. Pregar o evangelho a todos os homens .....................................................25

2. Batizar todos os que creem.......................................................................25

3. Em seguida, ensina-los a guardar todas as coisas que Cristo ordenou........25

“MAS ESTA É A MESA DO SENHOR”.................................................................26

QUEM IMPÕE BARREIRAS? ..............................................................................27

MALES DA “CEIA LIVRE”..................................................................................27

ALGUMAS PERGUNTAS RESPONDIDAS...........................................................28

“MAS PROMOVERÁ O CRESCIMENTO E A UNIÃO”........................................28

IX. A IGREJA.................................................................................................................30

O CULTO NA IGREJA..........................................................................................32

X. O BATISMO NO NOVO TESTAMENTO...............................................................33

1. Passagens relativas à missão, pregação e batismo de João, o Batista.....................33

2. O batismo de Jesus a partir dos Quatro Evangelhos..............................................33

3. Cristo batizando, por meio de seus discípulos.......................................................33

4. O que Jesus pensou de João e seu batismo...........................................................33

5. Cristo fala de seus sofrimentos sob a figura de um "batismo"................................33

6. Comissão de Cristo aos seus discípulos................................................................33

7. Batismo nos Atos dos Apóstolos...........................................................................33

8. Batismo nas Epístolas.........................................................................................33

           

 

 

 

 

 

 

 


 

PREFÁCIO

 

_______________________

 

 

 

 

 

Este trabalho não é uma história pessoal. Por quinze anos eu fui um leigo na Igreja Protestante Episcopal, e tendo sido chamada a minha atenção para o assunto e o modo de batismo, após dois anos de cuidadoso estudo sobre o assunto, eu considere que era meu dever unir-me com os Batistas.

Na minha análise do assunto eu achei necessário ler um grande número de folhetos, panfletos e livros, nenhum dos quais cobriam completamente todo o terreno. Sentindo a necessidade de um trabalho um pouco mais abrangente para colocar nas mãos dos jovens convertidos, e daqueles que desejam conhecer os princípios distintivos dos Batistas, eu preparei o presente volume. Eu não reivindico para ele nenhuma originalidade. Ele é simplesmente uma compilação de fatos, e dos argumentos dos outros, tomados a partir de várias fontes, após leitura atenta e volumosa. Mas, como aquele que poderia obter crédito para a construção de um novo edifício, em grande parte de material antigo, com a adição de um pouco de novo, deve ser compreendido que o material antigo não é muito visível; e como eu me recordo que a Classe de pessoas para a qual este material é cuidadosamente escrito, mais para que vejam o edifício acabado do que o método, a forma e o material da sua construção, eu mesmo arranjei os fatos e os argumentos obtidos de modo que a sua fonte e autoria não é evidente.

Ao mesmo tempo eu tenho reconhecido minha dívida para com todos os que podem identificar seus próprios filhos na feição de um estrangeiro.

 

 

 

 

O AUTOR

01 de Setembro de 1887

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POR QUE EU SOU UM BATISTA

 

 

I. ORIGEM DOS BATISTAS.

 

Quase todas as denominações Antipapistas datam, direta ou indiretamente, a partir da Reforma do século XVI. As Igrejas Episcopal Protestante, Luterana e Presbiteriana vieram da Igreja Católica Romana, e a Igreja Metodista Episcopal veio da Igreja Protestante Episcopal.

Os Batistas, no entanto, não datam a partir da Reforma. Embora Antipapistas, eles não são, no sentido técnico e histórico da palavra, “protestantes”, embora eles já protestassem, e até agora protestam, contra as heresias e abominações da Igreja de Roma.

Pouco antes de sua ascensão, Jesus disse aos seus discípulos:

E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém. Mateus 28: 18-20; e Marcos acrescenta Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. Marcos 16: 16.

Os requisitos desta Comissão Divina são –

1. Pregar o evangelho a todas as nações.

2. Batizar aqueles que creem.

3. Ensinar aqueles que creem a guardar todas as coisas que Cristo ordenou.

Foi isto que os apóstolos fizeram. Que aquelas igrejas que eles fundaram acreditavam que deveriam ser compostas de pessoas regeneradas fica evidente a partir do fato de que eles se dirigem ou se referem a elas como “crentes”, “santos”, “vivificados”, “os fiéis”, “redimidos”, “os santificados”, “os salvos”, etc. As igrejas apostólicas eram também entidades independentes; isto é, separadas do Estado e umas das outras, autorreguladas. Elas são chamadas de forma individual como, “a igreja em Jerusalém”, “a igreja de Antioquia”, “a igreja de Esmirna”. Elas são chamadas coletivamente como “as igrejas”, “as igrejas da Macedônia”, “as igrejas da Ásia”, “todas as igrejas”.

Elas são representadas como elegendo seus próprios oficiais, admitindo, excluindo, e restaurando membros, e atuando como órgãos independentes, distintas.

Há uma semelhança notável entre as igrejas apostólicas e as igrejas Batistas de hoje, nos seus modos e formas de adoração.

As igrejas apostólicas se distinguiram pela clareza e simplicidade de seu culto. “Eles não possuíam magníficas catedrais, sacerdotes maravilhosamente vestidos, nenhum ritual prescrito, não há esplêndidos espetáculos religiosos, nenhuma pompa de música, nenhum desfile de imagens e pinturas”.

Calmamente, e sem ostentação, eles se encontravam em algum “cenáculo”, ou em outro humilde santuário, para cantar, orar, ler e expor as Escrituras e se exortarem mutuamente à fidelidade na vida cristã.

 

II. HISTÓRIA DOS BATISTAS.

 

Os Batistas afirmam terem descendido dos apóstolos.

É verdade que a linha de descendência nem sempre pode ser rastreada. Como um rio, que de vez em quando em seu curso se perde sob a superfície da terra e, em seguida, faz a sua aparição novamente, os Batistas afirmam que, desde os dias dos apóstolos até o presente momento, não tendo desejado estas pessoas, vivendo tanto isoladamente ou reunidas em igrejas e conhecidos sob diferentes nomes e que, se vivessem agora, seriam universalmente reconhecidos como Batistas.

Desde a origem dos Batistas, longas e movimentadas eras tem decorrido. Algumas delas foram eras de ignorância e escuridão. Homens tinham medo de falar ou escrever - quase de pensar. Os princípios pelos quais os Batistas lutavam fortemente foram denunciados como heresia e traição. Falar era ser silenciado pela morte. Se não tivessem sido imortais, todos os vestígios deles, salvo os registros de tribunais e conselhos, teriam perecido. A sua existência e continuidade pode ser rastreada ao longo dos séculos pelas “manchas de sangue de seus mártires, e à luz das fogueiras de seus mártires”.

Desde os tempos dos apóstolos, eles vieram à superfície nos Novacianos, nos Donatistas, nos Paulicianos, os Paterinos, nas várias comunidades de Valdenses, nos chamados Anabatistas da Alemanha, nos Menonitas ou Batistas holandeses, nos Batistas da Inglaterra; e são vistos hoje nos Batistas distribuídos por todo o mundo.

O Dr. Cramp diz: “Quando Lutero tocou a trombeta da liberdade religiosa, os Batistas saíram de seus esconderijos para confraternizar com a alegria geral, e para tomar parte no conflito”.

Os Batistas têm sofrido, em comum com outras denominações cristãs, nas mãos de governantes ímpios, e da hierarquia romana. Eles também têm sofrido por eles mesmos por suas visões peculiares como Batistas, nas mãos dos Luteranos, Anglicanos ou Episcopais, Presbiterianos e Congregacionais; e por nenhuma outra coisa mais do que por sua rejeição ao batismo infantil. Na Alemanha, eles foram saqueados, empurrados às masmorras, banidos e inúmeros deles decapitados ou queimados vivos. Tortura era frequentemente usada para arrancar das pessoas que as sofriam os nomes e os endereços dos seus associados, ou para forçá-los a renunciar à fé. Na Suíça, em 1526, foi ordenado que quem houvesse batizado outros, ou submetido ao batismo (rebatismo, eles o chamavam), eles deveriam ser afogados sem piedade. Muitos ministros Batistas foram afogados; e eles realizaram suas reuniões em segredo, na floresta, e sob a cobertura da noite. Finalmente, eles deixaram o país em grandes números, indo para a Moravia, onde, por algum tempo, eles foram tolerados; mas finalmente foi aprovada uma lei para expulsá-los, e eles se foram, alguns indo para a Hungria, alguns para a Transilvânia, uns para a Valáquia, e outros para a Polónia.

Na Holanda, a mão da opressão pesava sobre os Batistas. Em 1532, três foram queimados em Haia. Por editais, publicados no ano seguinte, todas as pessoas eram proibidas de abrigar pregadores Batistas na Holanda; Batistas que se recusassem a retratar-se deviam ser mortos. Constantemente se recorria à tortura. As vítimas eram esticadas na cremalheira, pregos ou parafusos utilizados, um instrumento similar aplicada aos tornozelos. Não importava o sexo, classe social, ou idade. Sob Bloody Mary[1], uma boa parte do sangue mártir derramado saiu das veias dos Batistas; e muitos partiram para o céu através do fogo.

Nos primeiros assentamentos da América, a Igreja e o Estado estavam unidos por lei, e a Igreja sustentada por doações de tributação e estatais em Massachusetts, Connecticut e Virgínia; e perseguições contra dissidentes eram violentas e severas.

Em 1620 (20 de Dezembro), os Peregrinos desembarcaram em Plymouth Rock, e fundaram a primeira colônia da Nova Inglaterra. Eles eram Independentes, ou Congregacionalistas; e a bordo do “Mayflower”, eles tinham feito uma provisão para o apoio da igreja e do ministério pela tributação. Os Peregrinos ou Puritanos, não vieram para este país a fim de estabelecer a liberdade religiosa; eles vieram para estabelecer a sua própria fé, e para excluir todos os outros de suas colônias; e eles foram mais intolerantes em seus decretos coloniais contra dissidentes do que a Inglaterra ou a Holanda, de onde tinham fugido da perseguição.

Roger Williams desembarcou em Boston em 05 de fevereiro de 1631. Ele tinha sido um ministro da Igreja da Inglaterra; Mas tendo se aborrecido com suas corrupções, ele procurou uma residência na colônia puritana de Massachusetts. Mas quando ele descobriu que a Igreja Puritana em Boston ainda mantinha comunhão com a Igreja da Inglaterra, ele se recusou a se unir com ela, e foi para Salem. Mas seus sentimentos eram bem mais avançados que o dos puritanos. Ele ousadamente pregava a liberdade religiosa, a liberdade de consciência, a liberdade de culto, e declarou que o magistrado civil não tinha o direito de coagir as consciências dos homens, nem infligir penas civis aos homens por suas formas de fé religiosa e de culto. Em janeiro de 1636, ele foi banido; mas seus perseguidores, temendo que ele estabelecesse outra colônia, determinaram-se mandá-lo de volta para a Inglaterra; mas quando os oficiais passaram à sua casa para prendê-lo, ele já havia partido. Ele fugiu para o deserto entre os selvagens, que lhe equiparam com uma casa. “Por 14 semanas”, diz ele, “eu não soube o que cama ou pão queriam dizer”. Ele tinha se familiarizado e garantido a amizade do Massasoit[2], e com os chefes dos Narraganset, Canonicus e Miantonomoh[3]. Ele foi recebido pelos dois últimos em Narraganset Bay, onde fundou a cidade de Providence. Em março de 1639, ele se tornou um Batista, e foi batizado por um de seus próprios membros; e, em seguida, ele por sua vez batizou outros. Assim, foi organizada a primeira Igreja Batista na América. Mas, o método não foi repetido.

Apesar de perseguido por outros, os Batistas nunca perseguiram. Eles sempre se opuseram à união da Igreja e do Estado. Na Virgínia, em 1784, quando eles tinham quase alcançado a vitória em sua luta pela liberdade religiosa, um compromisso foi proposto na forma da famosa “Avaliação de Contas”. Cada um devia ser tributado para apoiar a religião; mas teriam a liberdade de dizer em qual denominação seu imposto deveria ser aplicado. Os Batistas viram que se tratava de uma aliança entre a Igreja e o Estado, e se opondo a ela, asseguraram a sua derrota.

Na Geórgia, em 1785, uma lei para o estabelecimento e apoio de religião foi efetivamente aprovada, através da influência dos episcopais. Ela abraçou todas as denominações, e concedeu a todos privilégios iguais; mas no mesmo ano, os Batistas protestaram contra isso, enviaram dois mensageiros para o Legislativo, e a lei foi prontamente revogada. O primeiro tratado moderno sobre “Liberdade Religiosa” foi escrito por Leonard Busher, um Batista, em 1614.

Os Batistas foram não somente os firmes amigos da "Liberdade Religiosa", mas da "Liberdade Civil" também.

Thomas Jefferson muito realizou na formação do governo de Virginia, e dos Estados Unidos. Ele não era um Batista, mas ele foi levado a ter relações estreitas com eles; e cerca de dez anos antes da Revolução, ele participou, durante vários meses, das reuniões um de uma pequena Igreja Batista perto de Monticello, sua base no país, e tornou-se muito interessado em sua forma governo da Igreja; ele declarou que era a única verdadeira democracia existente no mundo; e que ele acreditava que seria o melhor plano de governo para as colônias americanas.

A Constituição Nacional dos Estados Unidos foi aprovada em 1787. As suas disposições foram satisfatórias até onde elas puderam ir; mas muitos sentiram que a “Liberdade Religiosa” não foi suficientemente protegida. A Comissão Geral Batista da Virginia, em 1788, expressou sua desaprovação a esta importante omissão, e, após consulta com James Madison, que escreveu ao presidente Washington, dizendo que eles temiam que a liberdade de consciência, mais cara para eles do que a propriedade ou a vida, não havia sido suficientemente protegida na Constituição. Washington enviou uma resposta gentil e encorajadora e, no mês seguinte, Virginia propôs a imortal “Primeira Emenda” à Constituição dos Estados Unidos:

O Congresso não fará nenhuma lei a respeito do estabelecimento de uma religião, ou proibindo o livre exercício dela; ou cerceando a liberdade de expressão ou de imprensa; ou o direito do povo se reunir pacificamente e dirigir petições ao governo para a reparação de injustiças.

 

 

III. POSIÇÃO E NÚMERO DOS BATISTAS.

 

Às vezes, é desdenhosamente dito que os Batistas são pobres, iletrados, poucos em número, desprovidos de refinamento social e ocupando uma posição sem importância no mundo. Nem a riqueza, a aprendizagem, os números, a posição social, a afetação das boas maneiras e nem a influência mundana tem alguma conexão necessária com a piedade ou com o favor de Deus. Se eles não as têm, nem os apóstolos e nem os outros cristãos primitivos tampouco as possuíam. Eles estavam em menor número, eram mais deficientes em poder, mais analfabetos e mais desprezados socialmente do que os Batistas o são agora.

Quanto aos números, os Batistas não podem agora ser chamados de um “mero punhado”. Nos Estados Unidos, eles aumentaram de um a cada sessenta em 1790, para um a cada vinte em 1885. No ano de 1700, havia somente 15 Igrejas Batistas na América. Em 1750, havia 58, um aumento de quase uma por ano. Em 1790, havia 872, com uma adesão de 64.975, um ganho de 20 igrejas por ano. A população dos Estados Unidos em 1790 era de 3.290.000, um em cada sessenta era membro de uma Igreja Batista.

Em 1830, havia mais de 5.000 igrejas, com mais de 300.000 membros, um crescimento de mais de 100 novas igrejas por ano. Em 1870, havia 17.445 igrejas, um crescimento médio de uma por dia durante os 20 anos anteriores. No final do ano de 1886, havia 30.522 igrejas e 2.732.570 membros, um crescimento médio de uma e meia nova igreja por dia.

Se nós incluíssemos nos números acima as denominações que consideram como Batismo bíblico apenas a imersão – os Batistas “Livre Arbítrio”, (ceia livre), 82.323; Discípulos, ou Campbellitas, 850.000; Batistas do Sétimo Dia, 8733; Os Irmãos - Batistas Alemães, 100,000; [Seita dos] Adventistas, 100.000; Batistas dos Seis Princípios, 2200; Igreja de Deus, ou Winebrennarians, 45.000; Ao todo, 1.188.256 * (* Livro do Ano Batista, 1887. Página 198.). - Devemos ter (com os Batistas Regulares, 2.732.570), um total de 3.920.826 - um número maior do que a população deste país na época da Guerra da Independência. Enquanto os Batistas nos Estados Unidos são iguais, numericamente, aos metodistas, contando estritamente, eles superam os presbiterianos em dois para um, e os Episcopais em sete para um.

Eles são encontrados na Grã-Bretanha, na França, Itália, Espanha, Alemanha, Holanda, Dinamarca, Noruega, Suécia, Áustria, Rússia e Suíça. Na Índia, os Batistas têm muitas igrejas, compostas exclusivamente de crentes batizados. Eles se estabeleceram na China e no Japão, no Brasil e das Índias Ocidentais, entre os índios, e na Austrália; e agora estão abrindo caminho rapidamente para a África Central.

Tampouco podem ser os Batistas acusados ​​de falta de inteligência e aprendizagem. Milton e Bunyan foram Batistas. Um dos estudiosos orientais mais realizados, bem como um dos expositores mais hábeis das Sagradas Escrituras durante o século passado, foi John Gill, um Batista.

William Carey, que durante os 40 anos de seu trabalho na Índia em conexão com seus associados, tendo publicado duzentos e doze mil volumes da Bíblia, em quarenta idiomas diferentes, foi um Batista. Também o foi Adoniram Judson, cuja versão da Bíblia em birmanês, é considerada por estudiosos birmaneses, como “Uma obra literária perfeita”.

Aquele perfeito orador púlpito, Robert Hall, era um Batista; e nós podemos hoje apontar para C. H. Spurgeon, de Londres, e muitos outros, que não estão nem um pouco atrás dos homens mais eminentes em outras denominações e estilos de vida.

Além de suas realizações em traduzir e publicar a palavra de Deus, os missionários da Sociedade Inglesa Batista tem escrito e publicado quatorze gramáticas e nove dicionários, muitos deles em línguas nas quais nenhuma dessas obras existia anteriormente. A Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira deve sua origem a Joseph Hughes, um Batista. E a um diácono Batista, William Fox, deveu-se a organização da primeira grande Sociedade Nacional na Inglaterra, em nome das escolas Dominicais.

A Sociedade Americana de Publicações Batistas Americana foi organizada em Washington, DC, em 1824. Em 1826, ela foi transferida para Philadelphia; e, depois de várias mudanças, finalmente localizada na Chestnut Street, número 1420, onde um edifício, 983m2, cinco andares de altura e com um porão, foi erguido, custeado junto com o terreno em US$258,586.86, o qual foi saldado, livre de dívidas, em 1876. As receitas da Sociedade, em seu primeiro ano (1824), foram US$373,80; em 1886, eles foram de US$624,140.43. As receitas dos primeiros dez anos foram de US$34,702.30; dos dez anos anteriores ao ano 1887, US$4,712,120.25. Durante os cinco anos que terminou 01 de abril de 1885, a Sociedade doou 334.893 exemplares da Bíblia ou Testamento. Os Colportores da Sociedade e os missionários da Escola Dominical organizaram mais de 7.154 escolas dominicais. Ela publica mais de 1.212 periódicos, e somente de um único livro – “O Sangue de Jesus” - foram impressas 119 mil cópias. Ela imprime 12 periódicos da escola dominical distintas, com uma circulação em 1886 de mais de 28 milhões de cópias, consumindo mais de 12.000 resmas de papel, pesando mais de 330 toneladas.

A Sociedade tem impresso, desde a sua organização (1824-1885), 330.087.724 exemplares de livros, folhetos e periódicos, uma média de mais de 14.354 exemplares diários. Se tudo o que a Sociedade tem impresso fosse disposto em formato de livro, ela teria publicado 21.861.177 livros, de 300 páginas cada um.

 

 

 

 

 

 

IV. AS DOUTRINAS DA IGREJA.

 

A frase, doutrinas de uma igreja, é um pouco duvidosa em seu significado. Pode significar o que uma igreja ensina, ou o que a igreja crê que a Bíblia ensina. Ela é usada aqui no último sentido.

A compreensão Batista da Doutrina Bíblica pode ser brevemente resumida como se segue.

 

CREDO BATISTA.

 

Nós cremos em um Deus vivo e verdadeiro, o Criador e Supremo Governador do céu e da terra; que na unidade da Divindade, há três pessoas, o Pai, o Filho, e o Espírito Santo, iguais em perfeição divina e execução de distintos, mas harmoniosos, ofícios; que o homem foi criado em santidade, mas, por transgressão voluntária, caiu; em consequência do qual toda a humanidade é pecadora, não por constrangimento, mas escolha, e estão sob justa condenação de morte eterna, sem defesa ou desculpas; que a salvação dos pecadores é inteiramente de graça, através do serviço mediador do Filho de Deus; que esta salvação está condicionada ao arrependimento e fé; que nada impede a salvação do maior pecador na terra, a não ser sua própria depravação inerente e rejeição voluntária do evangelho; que a fé no momento em que o pecador exercita fé salvífica (que é confiar e depender, verdadeiramente e exclusivamente, no Senhor Jesus Cristo, e n’Ele sozinho, como seu todo-suficiente Salvador), ele é justificado; que esta justificação é tanto um perdão para o pecado, quanto uma absolvição da culpa pela imputação da justiça de Cristo; que a justificação leva à plena certeza de fé; que a regeneração, ou o “novo nascimento”, é simultânea à fé salvífica e à justificação, e consiste em dar uma santa disposição à mente; que a santificação é um crescimento na graça, iniciado na regeneração, progressivamente exercida pelo Espírito Santo, e concluída com a morte; que os verdadeiros crentes irão perseverar até o fim, guardados pelo poder de Deus através da fé para a salvação; que os mortos permanecem em um estado consciente, embora sem corpo, até a ressurreição; que Cristo virá pessoalmente para ressuscitar os mortos e transladar os vivos; e, no julgamento final, os justos e os ímpios serão separados para sempre.

Os Batistas concordam no essencial com todos os Cristãos evangélicos na descrição acima. A imersão em água não é a única coisa que os distingue de outras denominações. Existem certos princípios fundamentais que eles mantêm, e tem sempre mantido:

“Cristo Jesus, o único Legislador nas coisas espirituais; a Palavra de Deus, o único guia oficial na fé e na prática religiosa; a responsabilidade de cada indivíduo para com Deus, e somente a Ele, em todas as questões de consciência e de culto religioso; separação plena entre Igreja e Estado; a restrição de membros da igreja às pessoas que fazem profissão pessoal e crível de fé em Cristo, isso pode incluir crianças, mas não lactantes; a restrição da Ceia do Senhor aos crentes batizados; e a independência das igrejas de Cristo”.

Vamos agora proceder dando mais detalhadamente as razões para essa diferença de crença e prática.

 

 

 

 

 

 

V. BATISMO.

Cristo instituiu, ou determinou, por seus discípulos um rito externo, chamado batismo. Se ele deu origem ao rito ou não, não faz diferença. O Congresso dos Estados Unidos pode promulgar uma lei que tem estado em vigor em algum outro país, se ele vê que ela irá atender às necessidades de nosso próprio país. É, portanto, sem importância, se existia entre ou não os judeus, antes da Era Cristã, aquilo que é conhecido como Batismo de Prosélitos, e que a partir dele o rito cristão foi derivado. Basta saber que Cristo fez do rito, existisse ele antes ou não, uma ordenança para a igreja cristã, e que ela permaneceria até o fim dos tempos.

Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém. – Mateus 28:19-20

E, como uma lei não pode ser revogada, exceto pelo poder que a promulgou, e Cristo em lugar algum previu sua revogação é, portanto, presunção da parte de qualquer igreja ou conselho definir que o rito seja deixado de lado, ou alterar o ato prescrito pelo Senhor.

 

ÁGUA ESSENCIAL AO BATISMO.

 

Que a água era e é essencial para o rito é a crença comum, e o fundamento dessa crença é a menção muitas vezes repetida de água no âmbito da sua administração no Novo Testamento. O eunuco disse: “Eis aqui água; que impede que eu seja batizado?”

O mais apropriado emblema do pecado é a poluição, e o mais adequado emblema para indicar a sua remoção seria algum elemento de limpeza como a água; e como a água foi universalmente usada no Oriente como um símbolo de purificação moral, o Salvador, sem dúvida, a escolheu para seu significado.

É verdade que existem aqueles que sustentam que o batismo ordenado por Cristo é um batismo do Espírito, mas isso não pode ser o batismo ordenado na Grande Comissão (Matt 28:19, 20) pois este batismo é em nome do Espírito. Nem pode aqueles que sentem que tenham recebido o batismo do Espírito se justificar em negligenciar o batismo com água, por terem recebido o batismo do Espírito; tão longe de ser uma razão para que eles não sejam batizados com água, é a razão por que eles deveriam.

“Respondeu, então, Pedro: Pode alguém porventura recusar a água, para que não sejam batizados estes, que também receberam como nós o Espírito Santo?” – Atos 10:47.

 

O SIGNIFICADO DA PALAVRA BAPTIZO

 

 

Na versão em Inglês das Escrituras[4], as palavras gregas “baptizo” e “baptisma”, foram Anglicanizadas, não traduzidas. Ou seja, sua terminação foi feita para corresponder com a terminação das palavras em inglês. Em "baptizo", a letra final é alterada para “e”, e em "baptisma", a última letra é descartada completamente[5].

O significado básico e comum [primário] da palavra “baptizo” é mergulhar, afundar, submergir, imergir em líquido, inundar cobrindo completamente, e seu significado secundário e figurativo envolve seu significado primário. Desta forma testemunham trinta e quatro dos mais comuns e melhores Léxicos autorizados do Grego, tanto quanto todas as enciclopédias padrões, dezenas de expositores e comentaristas, centenas de faculdades, universidades, professores de teologia, e incontáveis ​​números dos escritores mais eruditos de diferentes denominações.

O Prof. Moisés Stuart, um Congregacionalista, enquanto escutava uma leitura da classe da tradução do Novo Testamento grego, ficou surpreso ao ouvir um aluno traduzir de Marcos 16:16 –  “Quem crer e for aspergido, será salvo.”

“Aspergido”, respondeu o professor, “não está correto”.

“Não está em conformidade com a prática da denominação?”, perguntou o estudante.

“Essa não é a questão”, respondeu o professor. “Você agora está traduzindo o Novo Testamento Grego, e a palavra significa imergir”.

Se Cristo tinha a intenção de nos dizer “aspergir”, ele teria usado a palavra grega “rhantizo”[6]; e se fosse derramar, a palavra usada seria “ekcheo”[7].

Homens sãos e inteligentes, quando sobriamente discursando em uma linguagem com a qual eles estão familiarizados, utilizarão as palavras em seu sentido próprio. Eles não vão usar uma palavra que significa “chorar”, quando eles pretendem transmitir a ideia de “rir”.

Se cinco testemunhas oculares confiáveis ​​forem relacionar a destruição de uma determinada cidade por um grande incêndio, poderia haver qualquer coisa mais perversa do que afirmar que foi uma inundação que eles queriam dizer?

Mateus estabelece (Mateus 3:6), que as pessoas foram batizadas por João “na Jordânia”; e Marcos acrescenta (Marcos 1:5), “no rio Jordão”; e João diz (João 3:23), “em Enon, junto a Salim, porque havia ali muitas águas”; e Lucas, em Atos 8:35-39, relatando sobre Filipe e o eunuco, que “E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água”, e que “desceram ambos à água”[8], “E, quando saíram da água,”.

Mas muitas vezes é dito que a preposição grega “eis”, traduzida “dentro”, significa “para”, e que Filipe e o eunuco desceram apenas para a água. Se isso fosse verdade, então os “magos” não acharam o menino “entrando na casa”, e não voltaram “para sua própria terra”[9], e os demônios (Mateus 8:31-33) não entraram "nos porcos"[10], e os porcos não se precipitou para dentro do mar. Mais uma vez, o Salvador (Mat. 9:17) não falou de deitar vinho dentro dos odres, mas apenas sobre eles. Questão: “Como poderia o ‘vinho novo’ romper ‘os odres velhos’ sem ser colocado dentro deles”[11]?

Mais uma vez – “E irão estes para [PARA DENTRO DE] o tormento eterno, mas os justos para [DENTRO DE] a vida eterna”.  Aqui, a palavra “eis” é usada; e se isso significa simplesmente “sobre” [sentido de “proximidade”, não “dentro de”], então a passagem deveria ser lida: “E irão estes irão ficar por perto (não dentro de) o castigo eterno, mas os justos irão ficar por perto (não dentro de) a vida eterna”[12].

Mas os Pedobatistas admitem que “eis”, “nas passagens acima, significa dentro de. Por que, então limitar o seu significado, quando o batismo é o assunto em questão?” Como o Dr. Pendleton diz - de quem o trecho acima é citado – “A pequena palavra 'eis' é uma palavra estranha. Ela leva um homem para dentro de um país, para dentro de uma cidade, para dentro de uma casa, para dentro de um navio, para dentro do inferno, para dentro do CÉU - para dentro de qualquer lugar no universo, exceto para dentro d’água”.

Diz-se que João não batizou no rio Jordão, mas na Jordânia. Episcopais e Metodistas estão impedidos de recorrerem a essa objeção; para o “Livro de Oração Comum”, e o livro “Disciplina”, ambos ensinam que Jesus foi batizado “no rio Jordão”. Em toda a gama de literatura grega, a preposição “en” [εν], usada em Mateus 3:6[13], e traduzida “dentro”, significa “no”.

Mas diz-se que há textos, em que a palavra “batizar” ocorre, onde não somente não significa, mas também onde não poderia significar “imersão”. Assim nos é dito que os israelitas foram “batizados em Moisés, na nuvem e no mar”, (1 Cor 10: 2; Êx 14:.. 16-22); e ainda que os israelitas estavam em “terra seca”, e “sob a nuvem” - como poderia um tal batismo, de pé em terra seca, ser uma imersão? Nós simplesmente perguntamos, já que eles caminharam pelo meio do mar em terra seca, com uma parede de água de cada lado e uma nuvem sobre suas cabeças, com qual modo isso mais se assemelha - aspersão, derramamento ou imersão?

Mais uma vez, tem sido dito que o próprio Cristo disse aos seus discípulos: “Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias”. (Atos 1:5), e que, quando que o batismo veio, Pedro disse: “Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel:... meu Espírito derramarei sobre toda a carne...”. Pedro não está afirmando aqui que o batismo deve ser um derramamento, como alguns afirmam; ele simplesmente cita as palavras do profeta. Que aquilo foi uma imersão fica evidente pelo fato de que o Espírito Santo encheu toda a casa. (Atos 2:2.)

 

A PRÁTICA DAS IGREJAS PRIMITIVAS.

 

A imersão continuou a ser a prática geral entre os Cristãos por TREZE SÉCULOS. O primeiro relato que temos de aspersão, ou derramamento, é o caso de  Cornélio, cerca de meados do século III. Enquanto ainda não havia sido batizado, ele contraiu uma doença perigosa; e, porque ele estava propenso a morrer, foi batizado na cama onde estava, por meio de água aspergida ou derramada por cima dele por inteiro. Ele se recuperou, e depois foi eleito Bispo [de Roma]; mas a eleição foi contestada, com o fundamento de que ele não havia sido “batizado legalmente[14].

A partir desse momento, 250 d.C., foi permitida a aspersão, mas apenas em caso de necessidade, sendo a morte iminente. Isso não foi considerado como batismo regular, mas foi chamado de “batismos clínico” ou “batismo de doente”[15].

A França parece ter sido o primeiro país do mundo onde o batismo por derramamento foi usado para aqueles com problemas de saúde. A Igreja de Roma primeiramente tolerou-o no século VIII; e no século XVI, ela ao adotou de forma geral.

No ano de 1549, a Igreja da Inglaterra fez uma exceção em favor da aspersão para as crianças “fracas”; e cerca de meio século depois, a aspersão começou a ser o mais geral, como é agora quase a única, maneira de batizar naquela igreja.

Mas alguns Pedobatistas sustentam que o batismo de João não era o batismo cristão, e, portanto, a imersão em água não é o batismo cristão. Eles citam, em defesa deste argumento, Atos 18:25 e Atos 19:3-5:

 

Perguntou-lhes (Paulo), então: Em que sois batizados então? E eles disseram: No batismo de João. Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus.

 

Qual era a diferença então entre o batismo de João e o batismo cristão? Simplesmente, o batismo de João era “para o arrependimento”; O batismo cristão para “depois do arrependimento”, e feito em nome do Senhor Jesus.

Cristo diz: “batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;”.[16] O ato era o mesmo - imersão em água. Isto fica evidente a partir do significado da palavra “baptizo”, da prática dos apóstolos, e [até mesmo] pelo testemunho dos [assim chamados] antigos pais da Igreja[17].

BARNABÉ, um escritor da era apostólica, diz: “Nós de fato descemos dentro da água”.

TERTULIANO, 200 d. C. : “Nós somos imersos”.

CIRILO, bispo de Jerusalém, 348 d. C. : “O corpo é mergulhado na água”.

VITRINGA: “O ato de batismo é a imersão dos crentes em água. Assim, também, foi realizada por Cristo e seus apóstolos”.

 

DEPOIMENTOS MODERNOS.

 

JOÃO CALVINO, o fundador do Presbiterianismo. “- Entre os antigos eles imergiam todo o corpo imerso na água. É certo que a imersão foi a prática da igreja primitiva”.

MARTINHO LUTERO, o líder da Reforma. – “Aqueles que são batizados devem ser completamente imersos”.

DEÃO STANLEY. – “O batismo não era apenas um banho, mas um mergulho, uma submersão inteira na água profunda. Naquela era primitiva a cena da ordenança ocorria ou em alguma nascente natural ou manancial, como para o etíope, ou em algum rio de águas correntes, como a Jordânia, ou em algum vasto reservatório como em Jericó ou em Jerusalém. Tal era o batismo apostólico. Nós somos capazes de traçar em detalhes a sua história através dos próximos três séculos”.

 

 

 

O OBJETIVO DO BATISMO.

 

O que é o batismo? Não é a maneira pela qual deve ser administrado, mas o ato a ser realizado?

Com Batistas é uma mera questão de gosto e conveniência, se o batismo deve ser administrado em um local com águas correntes, ou em um batistério; se para trás, ou para frente; se apenas uma vez, ou três vezes, uma vez cada um no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; mas eles insistem em uma imersão em água. Por quê?

Porque representa as verdades salvadoras do evangelho - a morte, o sepultamento e ressurreição de Cristo.

Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; - Romanos 6: 3-5.

 

BATISMO NÃO É ESSENCIAL PARA A SALVAÇÃO.

 

Os Batistas não acreditam que o batismo é essencial para a salvação, pois o batismo é mencionado no Novo Testamento como distinto do evangelho da salvação.

Aqueles que sustentam que o batismo é essencial para a salvação, citam João 3:5: “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”, e acrescentam, “O que, então, há de ser então daqueles que estão doentes demais para serem imersos? Eles deverão ser excluídos do reino dos céus?”

Se as palavras – “nascer da água” - significa o batismo, como é argumentado, o fato de que a falta do batismo não vai manter qualquer um fora do céu, se as circunstâncias proibirem que ele esteja sendo administrado, é claramente demonstrado nas palavras de Cristo ao ladrão moribundo: “E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23: 43.). O ladrão não foi batizado, e foi salvo; e por tudo que sabemos, Simão, que foi batizado, estava perdido.

“E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado... Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus” (cf. Atos 8: 13-20.). E o mesmo se deu com Judas Iscariotes.

Em 1 Pedro 3:21, lemos – “Que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo...” Que o batismo “AGORA nos salva”, é certamente uma linguagem forte, e é uma tradução correta. Mas como nos salva? Olhe para o verso anterior, e você vai ver que Pedro faz referência à analogia entre a salvação pela arca e a salvação pelo batismo. Ambos eram dependentes de fé; um da fé na arca, o outro da fé em Cristo.

Ananias disse a Saulo: “E agora por que te deténs? Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor.” (Atos 22:16).

Que o batismo é uma ordenança de salvação, na medida em que limpa o pecado, está aqui implícita. Mas como ele lava o pecado? Não por realmente lavar o pecado da alma; mas por expressar a fé na morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, que é o que nos leva à nossa justificação.

 

 

 

IMERSÃO EM ÁGUA É ESSENCIAL PARA A OBEDIÊNCIA.

 

Aos Batistas é muitas vezes dito – “Tudo o que você diz pode ser bastante verdadeiro; mas apesar de tudo, não é de nenhuma consequência. Não importa se nós tivemos um pouco de água aspergida sobre nós, ou que tenhamos sido imersos no oceano. Algumas gotas, mais ou menos, não tem qualquer importância”.

Se seu pai lhe disse para ir e tomar um banho, e você disse para si mesmo: “Oh, isso não é conveniente - Vou apenas lavar as mãos e o rosto, e é isto que fazeres” - isso seria obediência?

Quando Deus instituiu a Páscoa, ele ilustrou claramente aquela máxima da lei, que a expressão de uma coisa é a exclusão de outra. Um cordeiro deveria ser morto – não uma novilha; ele deveria ser morto em seu primeiro ano de vida – não em seu segundo ano; um macho – não uma fêmea; sem mácula – não com um defeito; ao décimo quarto dia do mês - não em qualquer outro dia; o sangue deveria ser aplicado aos umbrais e às vergas das portas - não em qualquer outro lugar.

Eles que substituiriam pela aspersão, ou por qualquer outro ato, o que deveria ser imersão, para o batismo, não devem esquecer o terrível destino dos filhos de Arão, quando tomaram fogo comum, em vez de fogo do altar, para queimar incenso. (Levítico 10: 1-2).

Que nenhum homem chame de cerimônia inútil e sem sentido, aquela pela qual o Filho de Deus sem pecado se submeteu, para que pudesse “ASSIM cumprir toda a justiça”[18]. Nunca houve uma ordenança tão honrada. Cada pessoa da Trindade estava presente. O bendito Redentor submetendo-se a ser batizado; o Pai aprovou, dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.”[19]; e o Espírito Santo, como uma pomba, desceu e pousou sobre Cristo.

Vejamos se ela não é de nenhuma consequência! “Se me amais, guardareis os meus mandamentos.” (João 14: 5) “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.” (João 14:21)

Agora Cristo ordenou-nos que sejamos batizados (Mat. 28:18-20); e ser batizado denota um ato em particular; e aquele gesto particular é apontado pela palavra “baptizo”, cujo significado comum, ordinário, literal é imergir; e como a imersão é típica do enterro do nosso Senhor e a aspersão não o é, é uma questão de grande importância qual destes atos nós praticamos; porque um é obediência, o outro desobediência; um exibe amor, o outro indiferença.

A indiferença para com o ordem de um rei terreno deve com justiça ser considerado como algo criminoso - uma falha a ser rápida e severamente punida – e ainda nos dizem que é uma questão indiferente se obedecemos a Cristo, nosso Rei Celestial!

A Marinha dos Estados Unidos tem o seu “serviço de sinais”, por meio do qual os movimentos de uma frota podem ser dirigidos, e as questões de uma batalha decidida. Se o “Livro de Sinais” prescreve que uma bandeira de uma determinada forma terá um determinado sentido, é a forma nada?

Deixe o oficial de sinais ignorar o formulário e exibir uma bandeira de um outro padrão, o resultado será mal-entendido, acompanhado do desastre. É então a forma não-essencial?

Mas, você diz, dificilmente pode ser que a grande maioria dos Cristãos que pratique a aspersão esteja errada, e os poucos que mergulhem estejam certos. Os números não são argumentos para a verdade. Os pagãos são muito mais numerosos do que os Cristãos, e os Católicos Romanos são mais numerosos que os protestantes.

 

OBJEÇÕES À IMERSÃO.

 

Aqueles que estigmatizam a imersão como indelicada, imprópria e indevida, inapta para os refinamentos da nossa civilização moderna, e, portanto, a ser deixada de lado por algo mais suave e elegante, são, talvez, honestos; mas sua objeção é tola, ou pior. Definir o seu gosto acima da lei de Cristo, seria pecado. Não saberia Cristo da maior conveniência da aspersão? Será que Ele não sabe tudo sobre os rigores de um inverno do norte, e a necessidade que haveria de se cortar o gelo?

Quanto à impossibilidade de imersão, ela às vezes existe; como no caso de doença, ou debilidade contínua. Qual é a visão racional a se ter em tais casos? Evidentemente que a pessoa que assim se encontra, nesta situação, for dispensada de realizar o ato externo, a disposição interior deve ser aceita; mas substituí-lo por um rito diferente, como a aspersão, não só muda o ato, e acaba com o significado da ordenança, mas abre o caminho para a sua utilização abusiva; alguns diriam que, se aspersão pode ser justificada em alguns casos, por que não em todos?

Mas diz-se que há países muito frios para se permitir a imersão; e, como a religião cristã é destinada para o mundo inteiro, Cristo deve ter previsto que o rito teria de ser alterado para os climas mais frios; e neste ponto de vista, eles veem a permissão para alterar o rito. Mais uma vez eu digo, se o rito não pode ser administrado como Cristo orientou, então, justificados estaremos em omiti-lo; pois nunca se exigiria indispensável aquilo que é IMPOSSÍVEL. Alterar o rito em climas mais frios, mais uma vez abre a porta para seu abuso; pois quem dirá qual o grau de temperatura que se deve justificar uma alteração do ato que a lei especifica; as mudanças de temperatura ocorrem, não só com as estações do ano, mas também de uma hora para outra. Essa autorização permitiria uma mudança de rito em praticamente todos os climas. Como ilustração, se o candidato devesse ser imerso apenas quando a temperatura é de 38°C ou superior, e deve ser aspergido quando abaixo, e um anúncio tenha sido feito para um “batismo por imersão” numa noite de um dia quente de setembro, e com pôr-do-sol a temperatura caísse para 36°, o batismo por imersão teria que ser adiado, ou ele deveria ser substituído pela aspersão.

Mas onde estão às regiões cujo frio torna impraticável a imersão? A prática (imersão) da Igreja Grega, em meio ao frio da Rússia e da Sibéria, mostra que eles não fazem parte habitável da Terra.

Quanto à objecção de que três mil não poderiam ser imersos em um dia - a Bíblia não diz que eles foram batizados em um dia, mas que eles foram adicionados à igreja; e se foram batizados, os doze discípulos, assistidos pelos setenta, poderiam facilmente ter realizado isso.

Quanto às outras acusações, como a de que o carcereiro de Filipos não foi imerso, etc., ela recai sobre aqueles que negam, pois eles é que devem provar que lhes foi impossível.

 

 

OBJEÇÕES A SER REBATIZADO.

 

“Mas eu já fui batizado em minha infância, e é desnecessário agora a repeti-lo”. O que foi feito à você quando criança, e sem o seu consentimento, não é vinculativo à você. Não foi você que fez isso, mas outros que fizeram por você. É seu DEVER obedecer à ordem divina. O Batismo Escriturístico ou Cristão, instituído por Cristo, é uma imersão em água e uma confissão de fé n’Ele; e se destina a ser uma profissão pública de sua própria em Cristo; daí, segue-se que qualquer outro ato não é um batismo bíblico, como Cristo requer; e uma pessoa aspergida na infância, quando a fé e uma confissão de fé são impossíveis, é alguém não-batizado.

É um princípio da Lei Americana Comum que se a um menor se dá um vínculo penal, esse vínculo não é de nenhum valor quando ele atinge a maioridade, a menos que ele o substitua por outro. Quanto mais se permite vínculos, mais então estes devem ser assinados, não pelo próprio menor, mas por seu tutor. Para aplicar a ilustração ao batismo de uma criança, que não é senão um voto da aliança de seus patrocinadores, não é vinculativo sobre ele; e se ele for torná-lo vinculativo sobre si mesmo, e deseja garantir seus benefícios, ele deve ratificá-lo; não por afirmar um Velho Vínculo (como no da Confirmação[20]), que não será assegurado pela lei, mas por um novo vínculo - por ser realmente batizado em confissão de sua fé.

 

 

“MAS EU NÃO DESEJO TORNAR-ME UM BATISTA”.

 

“Eles são um povo intolerante, e uma divisões sectárias em verdades menores devem ser evitadas. Os cristãos devem ser mais caridosos, e fazer sacrifícios para promover a união nas igrejas de Cristo”. Raciocínio plausível, mas doentio. Nós não pedimos que você se torne um batista, ou que seja induzido a sentimento sectário, mas apenas obedeça também a Cristo, e permita que sua influência e exemplo induzam outros a fazerem o mesmo.

Faça qualquer sacrifício pessoal que lhe agrade para promover a união entre os cristãos; mas nunca tente assegurá-los à custa da fidelidade ao Mestre. Lembre-se – “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros.”. (1 Samuel 15: 22b) Se os Cristãos de todas as denominações observassem a ordenança como o Senhor ordenou, isso seria promover a harmonia e união entre Seus discípulos. A verdade é que a imersão, como batismo, é, como uma moeda de ouro, corrente em todas as igrejas. Todas elas o aceitam como batismo válido. E a culpa pela falta de harmonia repousa sobre aqueles que são ignorantes da ordenança de Cristo ou indiferentes a ela.

Para aqueles que sabem o que é o batismo que Jesus recebeu e ordenou, mas ainda não foram submetidos ao mesmo, deixemos que as palavras de Ananias venham com ênfase especial – “E agora por que te deténs? Levanta-te, e batiza-te...” (Atos 22:16a)

 

 

 

 

VI. BATISTÉRIOS.

 

No princípio, o batismo foi administrado em rios, piscinas, banheiras - onde quer que uma quantidade suficiente de água pudesse ser convenientemente obtida. Cisternas e piscinas foram abundantes em Jerusalém, e o fornecimento de água era abundante, não só para beber, mas para o banho. Na verdade, todas as casas de bom tamanho tinham uma banheira[21] no centro de tudo; e a tradição diz que o carcereiro foi batizado em uma banheira nos jardins da prisão. No século IV, batistérios começaram a ser erguido. Eles eram grandes edifícios adjacentes às igrejas. Normalmente, em uma cidade, havia pelo menos uma ligada à casa do bispo, ou ao prédio da igreja. Na antiga Catedral de Mayence, o antigo batistério é uma piscina encaixotada de mármore, de oito a dez pés de diâmetro, e quatro ou cinco pés de profundidade[22], com degraus no lado pelo qual os candidatos desciam para o batismo. O batistério estava geralmente localizado no centro do edifício, e aos lados estavam numerosos apartamentos para a acomodação dos candidatos.

Sem entrar em um relato detalhado desses antigos batistérios, será suficiente dizer que muitos deles podem ser vistos pelos modernos viajantes nos países da Europa.

 

 

VII. BATISMO INFANTIL.

 

A primeira menção já feita de “batismo infantil” por qualquer autor conhecido, foi feita por Tertuliano, da África por volta do ano 204 d.C., em seu trabalho, “De Baptismo”; e ele não fala dela como algo previamente desconhecido, e protesta contra ele. Nem uma palavra é dita sobre “batismo infantil”, nem qualquer alusão a isso na Bíblia; enquanto o ensino claro e positivo da Bíblia, de que somente crentes foram batizados em tempos apostólicos, e que hoje somente tais são apropriadamente sujeitos ao batismo, praticamente proíbe o batismo de crianças.

O batismo infantil, e aspersão, e derramamento, todos tiveram a sua origem quase ao mesmo tempo - durante o terceiro século - e foram consequências daquela heresia, a “Regeneração Batismal” - isto é, que o “novo nascimento” acompanha o batismo; daí a necessidade do batismo para a salvação. Assim Augustinho, em 410 d.C., diz: “A Igreja Católica sempre considerou que crianças não batizadas vão perder, não só o reino dos céus, mas também a vida eterna”.

O Concílio de Cartago, que se reuniu no ano 253 d.C., foi composto de sessenta e seis bispos, ou pastores, e foi presidido por Cipriano.

Uma das questões submetidas à sua decisão foi: “Deve uma criança ser batizada antes dos oito anos de idade?”. O fato de que tal questão foi enviada ao Conselho, mostra que o batismo infantil era uma coisa nova. Se tivesse sido praticada desde os dias dos apóstolos, essa questão teria sido decidida muito antes de d.C. 253. O Conselho decidiu pelo “Sim!”, atribuindo à decisão esta razão de peso: “Em todos aqueles entre nós em que não reside nenhuma alma, possivelmente, devem estar perdidos”. Questão: Por que eles não decidiram batizá-las no momento em que nascem?

Mas a Igreja Católica Romana é consistente. Ela não afirma que o batismo infantil é ensinado na Bíblia, ou foi administrado pelos apóstolos; mas afirma que essa igreja é representativa e vice regente de Deus sobre a terra, e tem o direito de alterar ou instituir ordenanças.

Quando crianças são incapazes de exercer a fé, “padrinhos”, em número de dois a cem, são engenhosamente fornecidos, os quais professavam, em nome da criança, o arrependimento, renúncia ao diabo e a todas as suas obras, e fé nas doutrinas do evangelho. A “comunhão” infantil começou quase ao mesmo tempo como o batismo infantil, e continuou até cerca de 1000 d.C..

 

 

 

 

RAZÕES APRESENTADAS PARA BATISMO INFANTIL.

 

1. Batismo em lugar da circuncisão. - Alguns sustentam que, como as crianças judias foram circuncidadas, da mesma maneira os filhos de pais cristãos devem ser batizados. Deus ordenou o primeiro, ele jamais ordenou o segundo.

Se o batismo toma o lugar da circuncisão, seus servos e escravos do sexo masculino, bem como crianças do sexo masculino, devem ser batizados; a todos foi ordenado serem circuncidados. As meninas não devem ser batizadas, já que elas não deveriam ser circuncidadas. Todas as crianças do sexo masculino de membros da Igreja devem ser batizadas no oitavo dia; e todos os que não foram batizados desta forma, estão perdidos para sempre; pois a criança do sexo masculino que não era circuncidada, deveria ser extirpada do seu povo. (Os defensores do batismo de crianças no oitavo dia, não têm o cuidado de salientar a condição de uma morte antes da data fixada para o seu batismo. Logicamente, se o batismo é o único meio de garantir-lhes a salvação, eles estão irremediavelmente perdidos).

Há dois fatos que militam contra o pressuposto de que o “batismo” toma o lugar da circuncisão.

Primeiro - Quando os apóstolos e os anciãos estavam reunidos em Jerusalém para analisar a questão, “se os convertidos Gentios deveriam ser circuncidados” (Atos 15), nem uma palavra foi dita sobre qualquer doutrina como esta, o que naturalmente, e quase necessariamente, teria sido mencionada, e teria sido uma resposta eficaz para a questão em apreço; porque, se os gentios convertidos tinham sido batizados, e o batismo toma o lugar da circuncisão, por que então os cristãos judeus queriam que eles fossem circuncidados?

Segundo - A circuncisão foi observada pelos cristãos judeus por muito tempo após o batismo ter sido ordenado, e ter estado em uso; e até mesmo Paulo circuncidou Timóteo, depois de ele ter sido batizado (Atos 16:3), que foi totalmente “fora de ordem”, se o batismo tinha tomado seu lugar. A circuncisão era um mandamento para pais e mestres (Gn. 17:12). O batismo é uma ordenança para cada indivíduo, a ser obedecido por ele mesmo.

2. O batismo das famílias. - Que os apóstolos geralmente batizaram famílias inteiras, não é uma prova de que eles batizaram bebês; pois quem pode provar que aquelas famílias continham bebês? Multidões de famílias não contém nenhum.

Mas, felizmente, em quatro dos cinco casos de batismo de famílias mencionado no Novo Testamento, nos foram deixadas provas de inferência. O Espírito de Deus deixou mencionado expressamente que as famílias de Cornélio, do Carcereiro, de Crispo, e de Estéfanas, eram compostas de crentes; de pessoas capazes de acreditar, de se alegrar, de falarem em línguas, e de ministrar aos santos. Quanto à quinta, a casa de Lídia, é impossível provar que Lídia tinha filhos, ou mesmo que ela era uma mulher casada.

É verdade que Cristo abençoou as criancinhas, e disse: “dos tais é o reino dos céus[23]; mas o fato de que Ele as abençoou não é, sem dúvida nenhuma, razão pela qual deve-se batizá-las. Ele só as abençoou, e seu exemplo não nos autoriza a fazer mais nada; e quando Ele disse: “dos tais é o reino dos céus”, ele quis dizer que todos aqueles que pertencem ao reino dos céus tornam-se como crianças, isto é, pueris, obedientes, confiantes.

Este ato de abençoar as criancinhas, que ocorreu perto do fim do ministério terreno de Cristo, em vez de provar o batismo de crianças infantis, prova o contrário; pois, se o batismo infantil tivesse sido conhecido dos discípulos, eles teriam entendido o objetivo dos pais em trazerem seus filhos a Cristo, e não os teriam repreendeu por fazê-lo. (Marcos 10: 13-16.)

 

A PROMESSA É PARA VÓS E VOSSOS FILHOS.

 

Os defensores do batismo infantil, por vezes, citam Atos 2:39a – “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos,”. Leia a passagem inteira, e ela exporá o fundamento, tirado de uma citação truncada:

E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas; - Atos 2:38-41

 

Qual é a promessa aqui mencionada? No versículo 16 (Atos 2), nos é dito que é o dom do Espírito Santo. Para quem é esta promessa feita? “A vós” (Judeus), “a vossos filhos” (a palavra traduzida “filhos” significa posteridade). Como Joel diz: “Os vossos filhos e vossas filhas” (não bebês, mas os filhos, os descendentes), “profetizarão”. “E a todos os que estão longe” - isto é, os gentios - como Joel diz: “toda a carne” – “a tantos quantos o Senhor nosso Deus chamar”. As palavras restantes resolvem a questão: “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra;”. Em outras palavras, a promessa é para vós, sob a condição de arrependimento; e para seus filhos diante da mesma condição.

Mas os pais não devem dedicar seus filhos a Deus? Certamente! Um cristão deve consagrar a si mesmo e a tudo quanto tem a Deus. Mas isso deve ser feito pelos próprios pais, não por padres ou ministros. A dedicação e o batismo são duas coisas diferentes. Sim, pais e mães, devem levar seus pequeninos a Jesus, nos braços da oração e da fé. Quando eles tiverem idade suficiente, orar com eles, enviá-los para a escola dominical, treiná-los para o céu, e deixar-lhes seus exemplos lhes mostrar o caminho.

 

MALES DO BATISMO INFANTIL.

 

1. Secularização das igrejas - O mal do batismo infantil é visto em sua tendência de secularizar a Igreja. Ele oblitera e suprime a linha de separação entre a igreja e o mundo. Quando toda a comunidade é uma comunidade batizada, o que é isto de fato, senão a tomada do mundo para dentro do corpo da igreja? Isto é visto na Igreja Católica Romana.

Nos dias de Jonathan Edwards (1751), nenhum homem poderia exercer qualquer ofício a menos que ele tivesse sido batizado. O resultado foi que a igreja estava cheia de hipócritas e homens ímpios; e quando o Sr. Edwards recusou-se a receber os tais na Mesa do Senhor, isto levou à sua demissão da igreja por um voto de mais de duas centenas contra menos de vinte.

A igreja, portanto, sendo em grande parte composta de pessoas não regeneradas, têm muito a dizer no que se diz respeito à sua administração, e estará apta a favorecer quaisquer inovações que irão satisfazer as tendências mundanas, frívolas e sensuais de seus membros e, assim, fazer com que a igreja esteja muito longe do padrão de fé e prática dos tempos apostólicos.

2. União da Igreja e do Estado. – Outro dos males resultantes do batismo infantil tem sido a união entre a Igreja e o Estado, como se tem visto na Igreja Católica Romana e na Igreja da Inglaterra.

3. Incentiva falsas ideias sobre do batismo. – Os Batistas acreditam que quando uma criança morre na infância, antes que ele tenha chegado a um conhecimento do bem e do mal, ela será salva. O rei Davi disse de seu filho recém-nascido – “Eu irei a ela”[24]. Deixamos aqueles que não atingiram uma idade que os torna capazes de aceitar ou rejeitar o Salvador dos pecadores, onde a Bíblia nos dia para deixa-los - nas mãos de um Deus misericordioso e gracioso.

É um fato que a firme convicção que os Batistas tomaram contra o batismo infantil fez com que ele tenha sido extremamente negligenciado nas antigas igrejas pedobatistas.

O Rev. F. M. Iams, em seu livro intitulado “Por Detrás das Cenas”, menciona a seguinte experiência pessoal:

“Um dia, enquanto caminhava no interior, há várias milhas de casa, enquanto passava a porta de uma simples e asseada casa-fazenda, uma mulher saiu e me saudou. Ela era a esposa do fazendeiro, uma mulher Alemã bem arrumada, com quem me encontrei não muito tempo antes em um casamento no interior. Vindo em direção ao portão, ela disse [com sotaque alemão bem acentuado]: ‘Vozê ser ministra em T...?’ Eu confessei que eu era. Em seguida, ela perguntou, ansiosamente: ‘Serrá que vozê batpizarr bebês pequenas?’. Eu reconheci que eu tinha o hábito de fazê-lo. Então ela foi direto ao assunto de uma só vez, com estas palavras: ‘Muita bem, eu querrer que vozê vir em caza, e batpizarr minhas três pequenas bebês’. Eu disse a ela o quão feliz eu ficaria em cumprir com seu pedido, se fosse adequado fazê-lo. Eu, então, cuidadosamente lhe expliquei a natureza da cerimônia; que era uma aliança entre os pais das crianças e a Igreja, em que, juntos, dariam os filhos para o Senhor, e concordariam em treiná-los “na doutrina e admoestação do Senhor”, onde seria necessário que ela fosse observada na presença da igreja, e que pelo menos um dos pais deveria ser um membro da igreja  (O Sr. Iams era nessa época um Congregacionalista, mas depois se tornou um Batista). Eu a convidei a trazer seus filhos para nossas reuniões, a unir-se com a própria Igreja, e depois de ter seus pequeninos batizados”.

“Fiquei surpreso com o efeito da minha calma, e das palavras com que abordei o assunto. ‘Ah, nein’, ela chorou; ‘é muita longa caminha prrar cidade, e não terr muita tempo; e poderr serr que estas pequenas bebês morram, sem a baptismo; entom elas van perrecerr, e van morrem como os ferras da campo, ficarrão sem alma, sem imortalidade, e sem vida eterrna; PORRQUE NÃO FORRAM BAPTIZADAS!’ ”

“Foi um grito de angústia. Todo o seu coração de mãe parecia comprimida em suas pobres e alquebradas palavras. A voz dela estava trêmula cheia de sentimentos, e cada palavra parecia banhada em lágrimas”.

“Evidentemente, ela estava falando muito sério, e considerado o batismo de seus filhos como um assunto da mais alta necessidade, envolvendo seu destino eterno. Foi uma revelação terrível para mim. Eu tinha lido sobre tais entendimentos distorcidos a respeito do batismo; mas eles sempre me pareceram exagerados e impossíveis. Fiquei espantado, chocado, e, por alguns momentos, completamente transtornado. Assim que eu pude recobrar meu juízo em meio à perplexidade, eu tentei convencê-la de que ela superestimou enormemente o batismo; que não tinha a virtude salvífica, e que seus filhos não se perderiam por falta dele, mesmo que eles morressem sem ele. Mas a formação e os preconceitos de uma vida não poderiam ser superados em uma hora”.

“Por fim, em muito desespero, gritei: ‘Você realmente acha que eu posso dar imortalidade às suas crianças, a vida eterna, por colocar um pouco de água sobre eles?”

“Sua resposta veio rápida, forte e confundindo totalmente a todos os meios e argumentos Pedobatistas – ‘Eu estarr certa que vozê poderr; e se vozê nom poderr, QUE BEM HAVERR NISTO?”

A partir desta ilustração, vemos que o batismo infantil é enganoso, e tem uma tendência a fazer a classe menos inteligente das pessoas acreditarem que ele tem um poder real de salvação.

Que o batismo infantil não regenera é evidente pelo fato de que muitas pessoas, que foram batizados na infância, mostram pela sua conduta que eles nunca nasceram de novo. Nossas prisões contêm muitos deles; e o estado moral da Itália, da França e da Espanha, onde a prática é quase universal, comprova o fato.

4. Ele fere os nossos filhos. - Mais uma vez, o batismo infantil traz um grave prejuízo aos nossos filhos. Ela nutre neles uma vaga ideia de que algo foi realizado para a sua salvação, e que de alguma forma eles serão salvos, porque eles estão dentro dos limites da igreja. Na descrição para o “Batismo de Público de Infantes”, no Livro de Oração Comum da Igreja Protestante Episcopal, descobrimos que, depois que a criança foi batizada, o ministro dirá:

“Vemos agora, queridos e amados irmãos, que esta criança foi: regenerada e enxertada no corpo da Igreja de Cristo, etc”.

E no Catecismo, que deve ser aprendido antes que uma pessoa possa ser confirmada[25] pelo Bispo, ao candidato tendo sido solicitado o seu nome, é, então, questionado:

“Quem lhe deu esse nome? RES.: - Meus padrinhos no batismo, no qual fui feito membro de Cristo, o filho de Deus, e um herdeiro do reino dos céus”.

Do exposto se vê claramente que a Igreja Protestante Episcopal ensina que o batismo infantil é uma ordenança de salvação; e as crianças são levadas a confiar nele para a salvação; e os membros da igreja que, quando questionados sobre seu fundamento de esperança, muitas vezes dizem: “Oh! E fui recebido na igreja pelo batismo, e eu fui feito um membro de Cristo, filho de Deus, e um herdeiro do reino dos céus”.

5. O batismo infantil promove preconceitos. - Isso faz com que as crianças estejam repelindo o pensamento de que seus pais poderiam ter-se enganado, e assim eles se recusam a examinar as Escrituras por si mesmas quando eles crescerem. Ou pode ser que, quando elas são convertidas, e contemplem alegria de outros no batismo, elas podem desejar elas mesmas serem batizadas; mas lhes é dito: “Vocês já foram batizadas”.

Quanto mais eles perguntarem e pesquisarem as Escrituras, maior é o seu desejo, e mais parece o seu dever, de professar a fé em Cristo pelo batismo.

O que elas devem fazer? Elas devem aviltar o rito que seus pais pensaram terem realizado de maneira adequada, e assim refletirem sobre suas crenças? Há um terrível conflito entre aquilo que parece ser obediência a seus pais e aquilo que parece ser obediência a Cristo.

Mas como elas ousam desobedecer a Seu comando? Ela está assumindo uma responsabilidade terrível; e o cristão que assume esta posição deve ter esquecido o que Senhor diz de quem ama o pai ou a mãe mais do que a Ele.

Seu dever pleno, e sua única segurança, é fazer o que você acredita ser, na sua totalidade, o mais compatível com a Palavra e a Vontade de Cristo, e sacrificar qualquer que seja de seus mais ternos e terrenos sentimentos. Ao fazer isso você não estará desonrando seus pais; mas você honrará a sinceridade com que eles agiram, e você fará disso um dever para com seus próprios filhos em dar o exemplo de realizar o que você crê que é certo.

A mensagem do Senhor para você é: “E agora por que te deténs? Levanta-te, e batiza-te...” (Atos 22:16a)

 

VIII. A CEIA DO SENHOR.

 

Os Batistas não denominam a “Ceia do Senhor”, como sendo um “sacramento”. Para eles, é um “alegre festival”, como a “Páscoa” era para os judeus, em grata memória de nosso Libertador, e pela libertação que Ele operou por nós, e nada mais. “Fazei isto em memória de mim”. (1 Cor. 11: 24, 25.)

Não há o menor mandamento nas Escrituras para a crença de que o Senhor Jesus está, em qualquer sentido, presente no pão e no vinho, ou que a sua presença no coração do crente durante a “Ceia” é diferente em tipo da forma de sua presença nEle em oração, ou em qualquer outro exercício espiritual.

A doutrina da “TRANSUBSTANCIAÇÃO”, que ensina que o pão o vinho são alterados pelas palavras da consagração na substância [real] do corpo e do sangue de Cristo, foi ensinada pela primeira vez no século IX por Paschasius Radbert. Depois de três séculos de oposição foi proclamada um dogma da Igreja Católica Romana pelo “IV Concílio de Latrão” (1215 d.C.) e no século XVI foi reafirmado com mais ampla declaração, e maior solenidade, pelo Concílio de Trento.

Este milagre, que, pela palavra de um mero homem, transmuta uma bolacha em Deus, é afirmada [pela Igreja Católica Romana] sobre a força de duas passagens:

Primeiro. Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. João 6:53.

Isto é inadmissível; pois Cristo falou estas palavras antes da Ceia do Senhor ter sido instituída.

Segundo: Isto é o meu corpo[26]. Este é o meu sangue[27].

Como poderia isto ser literalmente verdade, quando Cristo ainda estava sentado com eles na carne? Estas palavras são para serem tomadas da mesma forma em que nós tomamos as palavras:. “Eu sou a porta”[28],  “E essa rocha era Cristo”[29]

Lutero negou a “transubstanciação”, mas insistiu na presença real e corporal de Cristo na Ceia; de modo que, embora o pão e o vinho não sejam alterados pelas palavras da consagração, mas o corpo e o sangue de Cristo são misticamente unidos a eles. Esta doutrina é defendida pelos luteranos, e é chamada de “consubstanciação”.

Os Batistas afirmam que essas ideias não podem ser acolhidas [de maneira Bíblica] e que, portanto, o pão e o vinho são [apenas] símbolos, mas divinamente designados para representar o corpo e o sangue de Cristo, e através do uso destes símbolos o sacrifício de Cristo é vividamente apresentada à mente, e participando deles o crente expressa, em um ato externo visível e significativo, a sua nesse sacrifício.

Episcopais e Metodistas, bem como Romanistas e Luteranos, recebem o pão e o vinho da Ceia do Senhor de joelhos. Essa postura é pouco natural, e sem dúvida teve a sua origem na doutrina romana da transubstanciação, onde o pão e o vinho são considerados objetos de adoração.

Que os Episcopais e Metodistas, que não acreditam na doutrina da transubstanciação, devam usar as seguintes palavras quando entregam o pão de cada pessoa, parece estranho – “O corpo de nosso Senhor Jesus Cristo, que foi dado por ti, preserve teu corpo e alma para a vida eterna”; e na entrega da taça – “O sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, que foi derramado por ti, preserve teu corpo e alma para a vida eterna”. Se essas expressões não ensinam a doutrina da transubstanciação, será difícil encontrar outras palavras no idioma Inglês que o façam.

 

PRÉ-REQUISITOS PARA A CEIA DO SENHOR.

 

Todos os Pedobatistas admitem que o batismo e a membresia da igreja são pré-requisitos para a Ceia do Senhor; e isso pela ordem indicada. Assim como os Batistas.

Que o batismo precede a Ceia do Senhor é evidente a partir da Grande Comissão. (Mateus 28:19,20; Marcos 16:15,16.) A ordem é:

1. Pregar o evangelho a todos os homens.

2. Batizar todo aquele que crê.

3. Em seguida, ensine-os a guardar todas as coisas que Cristo ordenou.

Que esta era a prática dos apóstolos é evidente a partir de Atos 2:41-42.

1. Conversão.- “...os que de bom grado receberam a sua palavra;”

2. Batismo. – “De sorte que foram batizados”

3. Adições à Igreja [local]. –Aqueles que foram batizados foram agregados a eles, “...e naquele dia agregaram-se quase três mil almas;”.

4. Comunhão da Igreja [local], incluindo a Ceia do Senhor. - Aqueles que foram acrescentados perseveravam na doutrina e na comunhão dos apóstolos, e no partir do pão e nas orações. “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.”

Um estrangeiro não pode se tornar um cidadão deste país até que ele passe pelas formas prescritas que o ligam à fidelidade. Ele pode estar mais bem equipado para a cidadania do que muitos que já são cidadãos, mas ele não pode desfrutar de seus privilégios até que ele passe por estas formas; e não há outras formas que aquelas prescritas deverão ser atendidas.

Seguindo o mesmo princípio, ao passo que todas as denominações admitem que há verdadeiros cristãos e ministros cristãos entre os Quakers, mesmo os Pedobatistas, assim como Batistas, não permitirão que eles tomem parte da Mesa do Senhor, porque eles não foram batizados; em outras palavras, passaram pela forma prescrita ou rito de iniciação (Batismo) da Igreja Cristã.

A única diferença entre Batistas e Pedobatistas na questão da Ceia do Senhor é aquilo o que constitui o batismo Bíblico.

Os Pedobatistas sustentam que seja aspersão, derramamento ou imersão, estes batismos são válidos; portanto, podem consistentemente convidar a todas as pessoas que passaram pela aspersão, pelo derramamento, ou pela imersão, à Mesa do Senhor.

Eles dizem – “Nós consideramos vocês Batistas como crentes batizados, e gostaríamos de recebê-los na Mesa do Senhor em nosso meio; por que vocês não nos recebem à Mesa do Senhor em suas igrejas?”

Ah! Aqui está precisamente o ponto. Mas eu penso que os nossos amigos Pedobatistas podem responder a essa pergunta por si mesmos. Suponha que você, meu amigo Pedobatista, tenha acordo em uma manhã brilhante, mantendo precisamente os mesmos pontos de vista a respeito da admissão à mesa do Senhor como você faz agora - que somente aqueles que têm sido batizados são membros da igreja e devem ser convidados – mas firmemente convencido de que a imersão em água que estabelece uma profissão pública da sua fé no Senhor Jesus, é o ÚNICO BATISMO ESCRITURÍSTICO, o que você faria então? O que você poderia fazer, a não ser o que é chamada de “comunhão restrita” Batista?

Os Batistas não estão sujeitos à cobrança de “comunhão restrita” mais do que os Pedobatistas. Eles estão firmemente convencidos de que a imersão em água é o único batismo Bíblico, e, portanto, como cristãos honestos e coerentes, eles não podem convidar para a Mesa do Senhor qualquer um que não tenha sido imerso.

 

 

 

 

 

MAS ESSA É A MESA DO SENHOR”.

 

Aqueles que pleiteiam por “ceia livre” [ou aberta], no assunto da “Comunhão Cristã", se esquecem de que existem três tipos de comunhão - Cristã, Ministerial e Comunhão da igreja [local].

A comunhão Cristã é orar e cantar louvores juntos, falar da bondade e da graça do Senhor, e relatar nossas experiências das Suas misericórdias e do Seu Amor; e trabalhar em conjunto para edificar cristãos e ganhar almas para Cristo.

Este tipo de comunhão todas as denominações podem ter umas com as outras[30]. Mas a Comunhão da igreja [local] é uma coisa totalmente diferente, e é tão somente para os membros de uma igreja local [individual].

A Ceia do Senhor não foi instituída para, e nem a intenção de, expressar a comunhão ou o amor dos cristãos de uns para com os outros.

Jesus não disse – “Fazei isto em memória de uns aos outros”, mas “todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciais...” – o quê?. “Comunhão uns com os outros?” Não! – “a morte do Senhor”. “O cálice que abençoamos, não é a comunhão” do quê? “Dos cristãos uns com os outros?” Não – “da comunhão do (ou, participação no) sangue de Cristo”.[31]

Quando nos reunimos para participar solenemente da Ceia do Senhor, é para que meditemos sobre as excelências de nossos irmãos cristãos, ou nos “SEUS” sofrimentos? Se um irmão se inclinar em sua direção para assegurar-lhe o seu amor e comunhão, enquanto o pão estiver em sua mão, ou o copo em seus lábios, você iria se afastar dele, expressando por sua ação que tal manifestação de sentimento estava fora do lugar. Você não vem para a mesa comungar com o seu irmão, mas para meditar sobre o seu Redentor, e de “anunciar a sua morte”.

Uma visão errônea do desígnio da Ceia do Senhor muitas vezes faz com que os cristãos professos fiquem longe da mesa do Senhor. Homens e mulheres podem não estar de acordo uns com os outros; mas se eles estão de acordo com o Mestre, e desejam demonstrar seu amor por Ele, o dever exige que não eles não devem negligenciá-LO e nem negligenciar a Sua mesa.

Em referência às palavras de Paulo – “Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor”. - (1 Cor 11:29) - Não devemos esquecer que os coríntios tinham o hábito de fazer uma festa da Ceia do Senhor (I Cor. 11:20-22), e se comportavam de maneira imprópria; e foi para reprovar tal conduta que Paulo escreveu assim. Mas é possível para pessoas em nosso dia-a-dia trazem sobre si mesmas a condenação. Por exemplo, uma pessoa, que não é um cristão, que entra em uma comunidade e se aproveita da ignorância do povo a respeito de seu caráter, vai à mesa do Senhor apenas para fins comerciais; ou qualquer professo cristão, que no fundo é um hipócrita, e está usando a religião como um manto. Como pode um cristão professo, que está envolvido em transações questionáveis, “anunciar a morte do Senhor até que ele venha”, que, por sua conduta, mostra que ele não tem interesse na morte de Cristo – que ele precisa nascer de novo?

Sim, é a Mesa do Senhor. Às nossas próprias mesas podemos convidar quem quisermos; mas os servos não podem convidar à mesa do seu Mestre, exceto de acordo com as instruções do seu Mestre. Se um cristão tem o direito, como tal, à mesa, porque é a Mesa do Senhor, ele tem o mesmo direito de reivindicar a adesão em sua igreja [local], porque é a Igreja do Senhor, quer ele concorde com seus artigos de fé ou não.

 

QUEM É QUE IMPÕE BARREIRAS?

 

Todas as denominações Pedobatistas admitem que a imersão em água é o batismo bíblico. Por que então eles não a adotam, e assim resolvem a questão?

Mas por que eles assim não o fazem, são eles que estão impondo barreiras; são eles que fazem a diferença, e o problema surge a partir da conduta deles. No entanto, eles querem colocar o estigma sobre os Batistas.

Os Pedobatistas afirmam: “Nós somos tão sinceros em nosso entendimento do batismo como vocês são; e na força desta sinceridade vocês devem nos admitir à mesa do Senhor”. Que doutrina estranha! Será que a sinceridade fará com que todas as nossas ações estejam certas? Se assim for, então Saulo de Tarso era um homem tão bom tanto quando perseguia a Igreja de Deus, como ele era quando, como o apóstolo Paulo, trabalhou para construir a fé que uma vez ele procurou destruir?

Nenhum Pedobatista deveria se sentir mal se não for convidado para a Mesa do Senhor pelos Batistas; porque, conhecendo seus pontos de vista, a cortesia comum exige que ele deva respeitá-los. Os Pedobatistas afirmam que devemos respeitar suas consciências quando eles estão em nossas igrejas, em especial sobre a questão do batismo, e convidá-los à mesa do Senhor. Se você veio à minha casa, sabendo que sou um homem temperante, eu deveria respeitar sua consciência, como a de um bebedor moderado, à custa do minha própria, servindo a você bebidas alcoólicas?

 

 

 

MALES DA “CEIA LIVRE”.

 

Aa “Ceia Livre” é uma inovação moderna, não tendo nenhuma sanção na Escritura, na história da igreja, ou na razão; e é cercada por muitas inconsistências e perigos.

Por meio dela, os homens ou as mulheres com os quais teríamos comunhão em nossas casas, nem em nossos locais de trabalho, ou mesmo nas ruas, podem entrar em nossas igrejas, e ali, sem nem mesmo um questionamento, serem autorizados a utilizar a sua co-participação como um meio de enganar os outros, que lhes vendo ali na mesa do Senhor, e não conhecendo-os como nós, recebê-los para o seu próprio mal.

Será que não temos o dever com nosso Senhor e Mestre de proteger sua mesa? E podemos fazê-lo melhor do que ao convidar à Mesa do Senhor somente aqueles a quem nós sabemos que são consistentemente seus – ou seja, Bíblicos - seguidores?

 

 

ALGUMAS PERGUNTAS RESPONDIDAS.

 

Como devemos tratar um membro imergido[32] de uma igreja Pedobatista? Membros imergidos de uma igreja Pedobatista, por terem insistido em imersão, dão testemunho contra o batismo infantil e a aspersão, ainda que se unindo a uma igreja Pedobatista, eles concedem sua influência àquelas coisas que eles negam na prática. Tal conduta é inconsistente, pelo menos, com o que é realizado pelos Batistas; e essas pessoas não podem razoavelmente esperar serem reconhecidos como Batistas, ou terem reconhecidos os privilégios de uma Igreja Batista.

Deveriam os Batistas a sentar-se à mesa do Senhor em igrejas Pedobatistas? Não; pois assim fazendo, eles tacitamente admitem que os membros da igreja Pedobatista com quem eles se sentam foram batizados de forma Bíblica. Tal conduta é inconsistente. E mais, não é de direito de aceitar uma cortesia que não podemos retribuir; pois não podemos em lealdade ao nosso Senhor convidá-los à Mesa do Senhor em nossas próprias igrejas.

Os Batistas que vivem fora do alcance de qualquer igreja Batista, e que não têm oportunidade de participar da Ceia do Senhor, exceto com Pedobatistas, devem permanecer firme ao princípio; pois se é inconsistente, desta forma, se unirem aos Pedobatistas na mesma cidade, onde há uma igreja Batista, é inconsistente para fazê-lo em qualquer lugar.

Mas se diz: “Os Batistas tem esperança de ter comunhão com Pedobatistas no céu. Por que não aqui?”

Há um tipo de impressão de que a “comunhão com” qualquer um, significa sempre sentar-se à Mesa do Senhor com ele. Certamente, porém, os nossos amigos Pedobatistas não querem dizer, “Você espera sentar-se à mesa do Senhor comigo no céu; por que você se recusa a fazê-lo aqui na terra?”. A Ceia do Senhor e a Mesa do Senhor no Novo Testamento pertencem às igrejas [locais] aqui na terra. As próprias palavras, usadas na sua instituição – “Fazei isto em memória de mim” - indicam que, “quando ele vier”, ela deve, pelo menos como uma ordenança, ser aniquilada. Comer e beber em memória de alguém que está realmente presente é um absurdo.

Mas esperamos “comungar”, (isto é, desfrutar de comunhão) no céu, não só com muitos Pedobatistas, mas também com Protestantes e Católicos Romanos, com muitos que nunca foram batizados, e que não têm aqui o direito à Ceia do Senhor, como os Quakers, com uma multidão de incapacitados mentalmente, e crianças, com muitos que agora vivem em pecado, e com todos que aqui na terra serão ainda levados ao arrependimento[33]. Devemos convidar todos estes para a Mesa do Senhor aqui?

 

“MAS VAI PROMOVER O CRESCIMENTO E A UNIÃO”.

 

Tem sido sugerido que, se os Batistas se tornassem “abertos a outros” [Ceia Livre ou Aberta], iriam crescer mais rapidamente em números.

Na Inglaterra, onde esta prática tem sido amplamente adotada, o crescimento da denominação Batista foi retardado à proporção do crescimento da população, quase trinta e três por cento; enquanto nos Estados Unidos, onde os Batistas convidar para a Mesa do Senhor somente os crentes batizados e em boas condições de testemunho, o crescimento foi aumentado em cinquenta por cento na proporção do crescimento da população.

Os Batistas “Livre Arbítrio” dos Estados Unidos, que praticavam “Ceia Livre”, nos 14 anos entre 1844 e 1858, reduziram em número de 322, enquanto os Batistas Regulares adquiriram durante o mesmo período 300.000 membros.

Presbiterianos, Episcopais, Metodistas são “Ceia Livre”, ao ponto de permitirem que os outros se sentem à Mesa do Senhor em suas respectivas igrejas; mas quem já ouviu falar de um presbiteriano administrando a Ceia do Senhor em uma Igreja Episcopal, ou um Episcopal presidindo a Mesa do Senhor em uma Igreja Presbiteriana?

Por que não? Será que eles não reconhecem uns aos outros como homens regenerados? Certamente eles o fazem. Será que eles não consideram o outro como batizado? Certamente eles o fazem. O fato é que as várias denominações Pedobatistas, como organismos distintos, acham que é uma impossibilidade moral se sentarem à mesa do Senhor uns com os outros, até que eles possam resolver os pontos sobre os quais eles têm proclamado em suas várias existências como corpos distintos.

O fato é que a “Ceia Livre” é uma teoria, mas pouco realizada na prática.

Por que, então, como “Ceia Livre” não causa a união cristã entre Pedobatistas, eles devem exigi-lo dos Batistas, e acusá-los de que se interpõem no caminho da união cristã?

Os Batistas da Inglaterra são, na sua maior parte, praticantes da “Ceia Livre”, e ainda é um fato conhecido, que os outros corpos religiosos da Inglaterra não estão mais intimamente unidos a eles, do que estão os Pedobatistas dos Estados Unidos com sua “Ceia Livre” aos irmãos Batistas. São Presbiterianos e Metodistas mais afetuosos uns com os outros, e eles trabalham juntos com maior harmonia, do que Presbiterianos e Batistas? Se assim for, é provocada pela “Ceia Livre” entre eles?

Que a “Ceia Ultra Restrita” não está em harmonia com o espírito do liberalismo, do racionalismo e do ceticismo que marca esta era, isso nós não negamos; e, portanto, como Batistas, nós sentimos o dever de guardarmos com vigilância insone essas instituições e princípios que o Senhor confiou aos nossos cuidados, para que, resistindo à forte corrente dos tempos, o Mestre, quando vier, não nos encontre dormindo.

Trata-se de intolerância a obediência à Cristo? É fraqueza observar a ordenança do batismo como Ele a observou? É falta de caridade aderir à ordem instituída por Ele próprio?

Quem é excluído por ela? Apenas aqueles que preferem o seu próprio caminho ao caminho de Cristo. Igrejas Batistas estão abertas a todos os cristãos que estejam dispostos a entrar, na maneira de Cristo – por imersão em água, por meio da profissão de sua fé no Senhor Jesus.

E ainda dizem que nós os excluímos. Eles estão enganados; excluem-se a si mesmos.

Se nós lhes mostramos a lei de Cristo, e eles se recusam a obedecê-la, é isto culpa nossa? Devemos abandonar a maneira de Cristo, e adotar a deles, a fim de ganhá-los de volta? Não teremos sucesso se nós assim fizermos. Nós amamos muito aos nossos irmãos, mas nós amamos a Cristo muito mais. Temos pavor de suas duras, amargas, e injustas palavras, pois elas machucam; mas nós tememos o desprazer de nosso Rei muito mais.

Os Batistas não são antissociais, ou intolerantes. Eles compartilham púlpitos, se misturam no círculo social e de oração, trabalham juntos para o avanço da causa de Deus, e se alegram na prosperidade das igrejas Pedobatistas; mas quando você pedir-lhes para sancionar práticas que eles não acreditam que sejam confirmadas pela Escritura, todo verdadeiro Batista será encontrado em seu posto.

Eles não irão coagir a consciência de ninguém, mas eles exigem liberdade para a sua própria. “E agora por que te deténs? Levanta-te, e batiza-te...” (Atos 22:16a)

 

IX. A IGREJA.

 

O termo Grego “ekklesia”, traduzido como “igreja” mais de cem vezes no Novo Testamento, é composta de duas palavras, que significa “chamado para fora”.

Os Batistas afirmam que uma “igreja Bíblica” é uma congregação local de crentes batizados, independente do Estado, e de todas as outras igrejas, tendo em si mesmo autoridade para fazer o que a Igreja pode por direito fazer, e cujos membros são voluntariamente associados sob o convênio especial de manter a adoração, as verdades, as ordenanças, e a disciplina do evangelho.

As igrejas são organizações visíveis, cuja qualificação cerimonial visível para a adesão é o batismo. Que a adesão das igrejas apostólicas foi composta de crentes batizados, isto fica claro em todo o teor dos Atos dos Apóstolos, e das Epístolas Apostólica. Sobre este ponto não há controvérsia entre Batistas e Pedobatistas. A diferença entre eles é – “O que é o batismo?”. Os Batistas afirmam que qualquer igreja, cujos membros ainda não foram batizados, ou seja, imersos em água após uma profissão de fé, embora possam ser crentes, não é uma igreja Neo Testamentária Biblicamente constituída.

A igreja é uma congregação “local”, e pode consistir em muitos ou poucos membros. Lemos sobre “a igreja em Jerusalém”, “a igreja em Éfeso”, e Paulo se refere à Áquila e à Priscila, e à “igreja que está em sua casa”[34].

Há três formas importantes de governo da igreja, indicados pelos termos, Episcopado, Presbiterianismo, e Independente. O Episcopado reconhece a superioridade oficial de um “bispo diocesano” sobre os “clérigos inferiores”, bem como sobre “os leigos”.

Em tempos apostólicos, “bispo” e “pastor” eram termos que significam o mesmo cargo, o superintendente de uma única igreja, não de uma diocese composta por certo número de igrejas.

O Presbiterianismo reconhece duas classes de anciãos – presbíteros pregadores e presbíteros governantes [ou dirigentes][35]. O pastor e os presbíteros governantes [ou dirigentes] de uma congregação constituem o que é chamado de a “Sessão da Igreja”. A “Sessão” movimenta os negócios da igreja; recebe, disciplina, e exclui os membros. Os membros individuais da congregação não têm voz. A partir da decisão de uma sessão há um apelo ao Presbitério, que é composto de presbíteros pregadores e regentes de várias igrejas. A partir do Presbitério uma apelação pode ser feita ao Sínodo, e do Sínodo à Assembléia Geral, cujas decisões são finais.

Do exposto, vê-se que Episcopado e Presbiterianismo implica que seja necessário que várias congregações locais façam parte do que é chamada “a igreja”. Nós, portanto, ouvimos muitas vezes a respeito de “A Igreja Episcopal dos Estados Unidos, “A Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos”. Essa forma de governo da Igreja pode ser considerado conveniente, mas não é bíblica. Quando Paulo teve ocasião de falar de mais de uma igreja, ele sempre usou a palavra “igrejas”, como, “as igrejas da Galácia”[36], “as igrejas da Ásia”[37]. É, portanto, imprópria falarmos das trinta mil igrejas Batistas nos Estados Unidos como sendo “A Igreja Batista dos Estados Unidos”; devemos dizer: “As Igrejas Batistas dos Estados Unidos"; pois todas elas são independentes umas das outras, suas “associações”[38] de igrejas sendo apenas para simpatia mútua e ajuda; e suas decisões não são vinculativas a nenhuma igreja.

Cada igreja batista é uma organização independente e uma “democracia” pura, e é perfeitamente competente para fazer o que uma igreja pode de direito fazer. É tão completo como se fosse a única igreja no mundo. Uma igreja auto-organizada, sem um concílio, seria uma igreja; mas não teria direito de chamar-se com o nome de qualquer uma das denominações – como as Batistas - sem o seu consentimento, pela simples razão de que esta igreja poderia vir a defender ideias e práticas doutrinárias que trariam descrédito sobre essa denominação.

Segundo o entendimento Batista, o poder de governo das igrejas descansa com os membros (incluindo o pastor e diáconos), e deve ser administrado em conformidade com as práticas do Novo Testamento. Os oficiais da igreja não podem fazer nada sem o consentimento de todos os membros. O poder de uma igreja não pode ser delegada, quer para os seus oficiais, ou para quaisquer delegados enviados a todas às “associações” de igrejas, que de qualquer forma que irá prejudicar a sua independência[39]. Que tal entendimento é Escriturístico, isso pode ser facilmente visto a partir da conduta de igrejas do Novo Testamento, que, como igrejas individuais, recebiam, excluíam, e restauravam membros, nomeavam seus próprios oficiais, e cuja decisão em todos os casos era final. Daí segue-se que se uma igreja batista fosse chamar um conselho de igrejas irmãs para considerar a conveniência de ordenar uma determinada pessoa para ser seu pastor, e se este conselho considerara-se isto desaconselhável, a igreja conclamando este conselho não estaria vinculada pela ação do próprio conselho, e pode ordenar ou não seu pastor, uma vez que pode escolher por si mesma. A independência da igreja não iria, assim, ser prejudicada pela ação do conselho; mas, ao mesmo tempo, a cortesia e a situação de ambos, igreja e pastor, torna aconselhável submeter-se a ação do conselho.

As vantagens de tal forma de governo da igreja são muitas. Ele dá a cada membro voz na igreja em sua administração; o rico e influente não podem assenhorear-se dos pobres. Desta forma, cada igreja sabe quais dos seus membros estão mais bem preparados, tanto espiritualmente quanto em um sentido de negócios, para realizar com sucesso seus negócios como oficiais da igreja. E quem é mais competente para escolher um pastor do que aqueles sobre os quais ele está presidindo? Quantas vezes vemos ou ouvimos de igrejas aleijadas, e sua utilidade prejudicada, por pastores que foram colocados sobre eles, não tendo sido da sua própria escolha?

Mais uma vez, isso previne a circulação de erros de doutrina. “Um pouco de fermento leveda toda a massa”[40]. Mas entre as igrejas Batistas independentes, eles não têm a oportunidade de se espalhar; para uma igreja local, no âmbito do senso de sua responsabilidade, é rápido detectar, e mais rápido acabar com uma heresia. O erro não teria de ser transportado do Presbitério, para o Sínodo, à Assembleia Geral, como na Igreja Presbiteriana, até que toda a denominação fique dividida sobre ele. Foi em grande parte por um único caso de disciplina que a denominação Presbiteriana no país foi dividida em Escolas Antiga e Nova; e uma disputa mesquinha em uma pequena paróquia tem sido conhecida, enredando toda a hierarquia Inglesa.

A uniformidade maravilhosa entre os ministros Batistas quanto a questões de doutrina, apesar da independência das igrejas, tem sido, e é, uma questão surpreendente, e só pode ser explicada pelo fato de que eles derivam seus pontos de vistas doutrinários diretamente das Escrituras do Novo Testamento.

A disciplina corretiva mais satisfatória também pode ser obtida pelo método de “independente” de governo da igreja. Um membro é tranquilamente abordado de acordo com a regra mencionada por Cristo (Mateus 18:15,17); cada oportunidade é dada aqui para se explicar e confessar; e se, após uma audiência completa, considera-se melhor para a glória de Deus e o bem da igreja excluí-lo, ele é excluído; e no mundo em geral não se sabe nada sobre ele, e a denominação não se escandaliza, ou entra em cisão por sua má conduta.

 

O CULTO NA IGREJA.

 

Isto é para a congregação, e deve ter uma ordem, uma maneira, um tempo, um lugar, e uma forma ou outra. Não seria ordeiro para os membros individuais de uma congregação levantar, ficar de pé, sentar, cantar, ler, ou orar, como eles se sentirem inclinados. Mas há um ponto em que o culto natural e espontâneo dá lugar a certas regras gerais, cuidadosamente selecionadas e estabelecidas, de modo que todas as coisas podem ser feito “decentemente e com ordem”[41]. O evangelho não prescreve nenhuma forma invariável. Não há nenhum sinal de qualquer cerimonial fixado, revestido, escrito ou oração repetida, ou qualquer modo de adoração estabelecido no Novo Testamento. Se as igrejas primitivas tinham algum modo, eles não encontraram lugar no Novo Testamento, pela razão sábia que para nós, vê-los lá, poderia nos levar a sermos tentados a considerá-los como instrução divina.

As liturgias das igrejas são um resultado da Idade das Trevas, quando muito do clero eram incapazes de realizar o culto religioso sem um livro. A “Liturgia Inglesa” é uma edição depurada das missas e dos breviários Romanistas, acomodadas às polêmicas e preconceitos meio-reformados dos tempos de Henrique VIII. A tendência de adoração ritualística é fazer com que a forma seja em si mesma a própria adoração, e não aquilo [que encontra] o significado pela forma; onde isso ocorre, o caráter religioso do povo torna-se superficial e raso, e eles pensam mais em observar um conjunto cerimonial, do que eles fazerem pela pureza e santidade de vida.

 

 

 

 

 

 

X. BATISMO NO NOVO TESTAMENTO.

 

1. – Passagens relativas à missão, pregação e batismo de João, o Batista.

 

MISSÃO. – Mateus 3:3, Marcos 1:1-2, Lucas 1:16-17, João 1:6-7.

PREGAÇÃO. – Mateus 3:1, Lucas 3:3, João 1:19-33, Atos 19:4.

 

BATISMO. – Mateus 3:5-12; Mark 1:4-5; João 3:23,26; Lucas 3:16.

 

2. – O batismo de Jesus a partir dos Quatro Evangelhos: Mateus 3:13-16; Marcos 1:9,10; Lucas 3:21-23; João 1:28-36.

 

3. – Cristo batizando, por seus discípulos: João 3:22; João 4:1-3; João 10:40-42.

 

4. – O que Jesus pensou de João e seu batismo: Mateus 11:11; Marcos 11:29-33; Lucas 7:26-30; Lucas 20:3-6; João 5:35.

 

5. – Cristo fala de seus sofrimentos sob a figura de “um batismo”: Mateus 20:22-23; Lucas 12:50; Marcos 10:38-39.

 

6. – A comissão de Cristo aos seus discípulos: Mateus 28:16-20; Marcos 1615-16.

 

7. – O Batismo nos Atos dos Apóstolos:

No dia de Pentecostes. Atos 2:37-47.

Filipe em Samaria. Atos 8:5-13.

O Eunuco Etíope. Atos 8:35-39.

O batismo de Paulo. Atos 9:18; Atos 22:16.

O batismo de Cornélio. Atos 10:44-48.

O batismo de Lídia. Atos 16:13-15.

O batismo do carcereiro. Atos 16:29-34.

Paulo batizando em Corinto. Atos 18:4-8.

Certos discípulos em Éfeso. Atos 19:1-7.

 

8. – Batismo nas Epístolas.

 

Seu desígnio espiritual. Romanos 6:3-5; Colossenses 2:12.

Outras referências. Efésios 4:5; 1 Coríntios 12:13; Gálatas 3:27; 1 Coríntios 15:29; 1 Coríntios 1:13-17.

Ilustrado por eventos do Velho Testamento de uma forma figurativa. 1 Coríntios 10:1-2; 1 Pedro 3:20-21

As referências acima são todas ao batismo com água; a seguir referem-se ao batismo do Espírito Santo.

Mateus 3:11; Lucas 3:16; João 1:33. Atos 1:5; Atos 11:16.

Mas que o batismo do Espírito Santo não é o que é conhecido como o batismo Cristão, o batismo que os discípulos foram ordenados a realizar na Grande Comissão, fica evidente a partir do fato de que os discípulos não tinham poder para batizar com o Espírito Santo, e que eles batizaram com água APÓS os crentes haverem recebido o batismo do Espírito Santo.

 

FIM.



[1]Nota do Tradutor: Maria I, Rainha da Inglaterra e da Irlanda (18 de fevereiro de 1516 – 17 de novembro de 1558). Ocupou o trono de julho de 1553 até sua morte. Sua fúria contra os crentes ingleses levou seus oponentes a lhe chamarem de “Maria Sanguinária”. Foi a única descendente do rei e de sua primeira esposa Catarina de Aragão a chegar à idade adulta.  “Maria Sanguinária” é mais lembrada por restaurar o Catolicismo Romano em cruento derramamento de sangue.  Sob seu reinado, mais de 280 crentes foram para a fogueira. Um de seus mais conhecidos perseguidos foi John Foxe, autor de “O Livro dos Mártires”.

 

[2] O “Massasoit” era o líder da tribo Wampanoag.

[3] Tribos indígenas nativas dos Estados Unidos.

[4] NT.: Bíblia Rei Tiago 1611 (King James Bible).

[5] NT.: Em língua portuguesa, a transliteração das palavras gregas a que o autor se refere, ocorrem  da seguinte forma: Baptizo no grego (baptize em inglês) para “batizar” em português – como em João 1:33 e I Coríntios 1:17;  Baptisma no grego (baptism em inglês) para “batismo” em português – como em Mateus 3:7 e Marcos 11:30. Derivaram também de baptizo as transliterações “batizados” (como em Mateus 3:6) , “batizando” ( como em Marcos 1:4) e “batizado” (como em Atos2:38 e 8:36).

[6] NT.: Como, por exemplo, em Hebreus 9:19, 21.

[7] NT.: Como, por exemplo, em Mateus 23:35, 26:28; Marcos 14:24; Lucas 11:50, 22:20; Atos 22:20; Romanos 3:15, 5:5; Tito 3:6, Apocalipse16:6.

[8] NT.: Na King James a frase é traduzida “went down both INTO THE water” (desceram ambos DENTRO da água), que apresenta uma tradução mais próxima ao literal ao grego.

[9] NT.: O autor menciona aqui Mateus 2:11 e 12, onde o versículo 12 na King James 1611 é: “they departed INTO their own country”, que seria literalmente algo como “eles partiram para DENTRO de seu próprio país”.

[10] N.T.: Na King James as frases foram traduzidas: “...suffer us to go away INTO THE herd of swine.” (cf. 31) e “…they went INTO THE herd of swine: and, behold, the whole herd of swine ran violently down a steep place INTO THE sea...” (cf.32).

[11] N.T.: Na King James: “Neither do men put new wine INTO old bottlesbut they put new wine INTO new bottles…” (cf. Mat. 9:17)

[12] N.T.: Na King James: “And these shall go away INTO everlasting punishment: but the righteous INTO life eternal”. (cf. Mat 25:46)

[13] N.T.: Na King James: “And were baptized of him in [εν] Jordan, confessing their sins”.

[14] Cornélio foi eleito bispo de Roma em 251 d.C., depois do martírio de Fabiano em 250 d.C.; como vários rejeitaram Cornélio, separaram-se e escolheram Novaciano como bispo; várias igrejas locais permaneceram separadas, sendo que seus membro foram chamados “novacianos”.

[15] N.T.: Novaciano (237-258): Após a eleição de Cornélio em 251 d.C., auxiliou várias igrejas locais a permanecerem independentes. Era teólogo, apoiador da Doutrina da Trindade, de ambas as naturezas de Cristo (divina e humana) e foi mártir da perseguição valeriana. Sofreu grande oposição do romanista e nicolaíta Cipriano, bispo de Cartago. Cornélio tanto apoiava como “o bispo romano verdadeiro”, quanto acusava os que permaneciam “fora da Igreja de Roma” como impenitentes perdidos. É de Cipriano a frase: “Não pode ter a DEUS por Pai quem não tem a Igreja por mãe”.

[16] cf. Mateus 28:19.

[17] N.T.: Aqui não devemos crer que o autor dá ênfase aos chamados “Padres” (ou pais) da Igreja Romana, mas sim demonstrar que mesmo pelo testemunho deles, foi reconhecida que a forma correta de batismo era a imersão.

[18] Cf. Mateus 3:5

[19] Cf. Mateus 3:7

[20] N.T.: No Brasil os Romanistas o chamam “Sacramento de Crisma”, confirmação dos votos à igreja romana do pedobatismo.

[21] N.T.: Todas as salas de banho possuíam uma banheira, suficientemente larga e profunda, que permitia imersão completa do corpo.

[22] N.T.: Ou seja, com 2,4 a 3,0 metros de largura e com 1,2 a 1,5 metros de profundidade.

[23] N.T.: Cf. Mateus 19:14; Marcos 10:14; Lucas 18:16.

[24] N.T.: Cf. II Samuel 12:23.

[25] No Brasil a Igreja Católica Romana obriga os pais a enviarem seus filhos para “catequeses” a fim de que sejam instruídos e recebam a “crisma” (confirmação).

[26] N.T.: Ver Mateus 26:26; Marcos 14:22; Lucas 22:19; I Cor. 11:24.

[27] N.T.: Ver Mateus 26:28; Marcos 14:24; I Cor. 11:25.

[28] N.T.: Ver João 10:7 e 9.

[29] N.T.: Ver I Cor. 10:4. A palavra grega aqui utilizada é πετρα (petra), traduzida na King James Bible (1611): “And did all drink the same spiritual drink: for they drank of that spiritual Rock that followed them: and that Rock was Christ”. E desta forma fica mais correta, conforme o texto original.

[30] N.T.: Aqui o autor não está defendendo Ecumenismo, mas menciona a Autonomia que cada igreja possui de escolher sua comunhão, e o nível desta comunhão, mesmo que de outras denominações.

[31] N.T.: Ver I Coríntios 10:16.

[32] N.T.: Isto é, batizado por imersão.

[33] N.T.: Novamente, o autor aqui não está pregando ecumenismo, mas explica que nós temos esperança que muitos sejam salvos antes de morrerem e partirem para a eternidade e que, com certeza, desfrutaremos de comunhão com eles no Céu, mesmo que aqui na Terra não tenhamos jamais  a possibilidade de desfrutá-la na membresia da igreja local visível.

[34] N.T.: Ver I Coríntios 16:19.

[35] N.T.: O termo grego πρεσβυτερος (presbuteros ou presbíteros) foi traduzido na ACF como “ancião”, e na King James 1611 por “elder”. O termo indica apenas uma das funções do ofício de pastor, que é o de “conselheiro experiente”, não estando de forma alguma designando um ofício novo ou diferente dele.

[36] NT.: Ver I Coríntios 16:1; Galátas 1:2.

[37] N.T.: Ver I Coríntios 16:19.

[38] N.T.: Certamente no tempo em que o autor vivia as assim chamadas “associações” entre as igrejas pouco tinham do formato anti-bíblico e autoritário dos dias atuais, formando um corpo externo que rege sobre seus “associados” suas próprias determinações.

[39] N.T.: Como na nota anterior, confirma a diferença entre nosso tempo e o do autor, pois isto é exatamente o que acontece na atualidade.

[40] N.T.: Ver Gálatas 5:9.

[41] N.T.: Ver I Coríntios 14:40



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