Norbert Lieth
“1 ¶ Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo, e pela nossa reunião com ele, 2 Que não vos movais facilmente do vosso
entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra,
quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo {1} estivesse já
perto {2}. 3 ¶ Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não
será assim sem que antes venha a apostasia {3}, e se manifeste o homem do
pecado, o filho da perdição, 4 O qual se opõe, e se levanta contra tudo o
que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo
de Deus, querendo parecer Deus. 5 Não vos lembrais de que estas coisas vos
dizia quando ainda estava convosco? 6 E agora vós sabeis o que o detém, para
que a seu próprio tempo seja manifestado. 7 Porque já o mistério da injustiça
opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; 8 E então
será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e
aniquilará pelo esplendor da sua vinda;” (2Ts 2:1-8 ACF).
Este trecho da Segunda Epístola de Paulo aos Tessalonicenses é um apelo
consolador e tranquilizador feito pelo apóstolo à igreja de Tessalônica.
Entretanto, pelo poder do Espírito Santo, essa carta também transmite firmeza e
certeza às igrejas de todas as épocas até chegar o arrebatamento. Mas essa
carta também pode ser entendida como um alerta do apóstolo em relação
a todos aqueles que querem abafar a esperança viva dos filhos de Deus, ou
seja, a esperança de serem arrebatados antes da Grande Tribulação. Ela é
um "libelo" contra aqueles que querem arrancar os filhos de Deus da
graça plena de nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, também Pedro diz aos seus
leitores crentes: “14 ... E não temais com medo
deles, nem vos turbeis; 15 Antes, santificai ao SENHOR Deus em vossos
corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a
qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós,” (1Pe 3:14-15
ACF)
“Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele,” (2Ts 2:1 ACF)
Para melhor entendimento e interpretação da palavra profética, é importante
conhecer exatamente a diferença entre "o Dia de Jesus", "o Dia
do Senhor" e "o Dia de Deus".
Em 2 Tessalonicenses 2.1 Paulo menciona a "vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo" e a “nossa reunião com ele". Com
isso Ele se refere ao dia do arrebatamento. ... O "Dia do Senhor" se
refere à Grande Tribulação, ao juízo de Deus sobre a terra com a subsequente
vinda de Jesus Cristo para o estabelecimento do Seu reino. Esse sistema de
ensino e essa diferenciação são encontrados em toda a Bíblia. Um autor diz:
"Segundo a revelação do Antigo Testamento, o Dia do Senhor será um período
de juízo que terá seu ponto culminante na vinda de Cristo e será seguido por um
período de bênçãos divinas especiais no Milênio". (Hal Lindsey, "O
Arrebatamento")
Na primeira carta aos tessalonicenses o apóstolo Paulo fala principalmente do
"Dia de Cristo", e na segunda carta ele fala [principalmente] do
"Dia do Senhor". Agora vamos analisar mais de perto estes dois
conceitos e também o terceiro período, o "Dia de Deus":
O "Dia de Cristo" foi revelado somente no Novo Testamento e se
aplica unicamente à Igreja de Jesus. Por isso, ele está relacionado quase
sempre com bênçãos, com promessas e com a esperança da glória de Cristo. Ele
diz respeito ao retorno dos crentes renascidos para o reino do Pai (a casa do
Pai), mas também ao tribunal de Cristo que vai acontecer nessa ocasião.
Seguem alguns exemplos:
• "...aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus
Cristo,
o qual também vos confirmará até ao fim,
para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo"
(1 Co 1.7-8).
• "Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em
vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus" (Fp 1.6).
• "porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com
Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória" (Cl 3.3-4).
• Encontramos outras passagens bíblicas sobre o assunto em 1 Coríntios 5.5; 1
Tessalonicenses 4.15-18; Filipenses 1.10; 2.16; 2 Coríntios 1.14; 5.10; 1
Timóteo 6.14; 2 Timóteo 4.8; 1 Pedro 1.7; 4.13 e 1 João 2.28.
O "Dia do Senhor", pelo contrário, não é uma nova revelação, mas já
era conhecido no Antigo Testamento. Esse "dia" tem a ver com o
justo juízo de Deus que cairá sobre o mundo incrédulo e castigará a rebelião
contra Ele. Nesse dia igualmente acontecerá o juízo sobre o povo de
Israel e seu restabelecimento espiritual. Trata-se da intervenção evidente
e visível de Deus nos acontecimentos deste mundo.
Esse dia é o dia da Grande Tribulação e começa depois do "Dia de
Cristo", ou seja, depois do arrebatamento. Ele resultará, finalmente,
na vinda de Jesus em poder e glória juntamente com os Seus santos. Por isso
ele também é chamado de "as dores" ou "dores de parto" (1
Ts 5.3). Em sua abrangência mais ampla, o "Dia do Senhor" [também]
se refere ao estabelecimento do reino de Jesus (Milênio) e conduz à derradeira
destruição do antigo céu e da antiga terra. Também a esse respeito seguem
alguns exemplos:
• “12 Porque o dia do SENHOR dos Exércitos será
contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja
abatido;” ... “19 Então os homens entrarão nas cavernas das rochas, e
nas covas da terra, do terror do SENHOR, e da glória da sua majestade, quando
ele se levantar para assombrar a terra.” (Is 2:12, 19 ACF; compare Ap
6.15-17).
• “19 E farei aparecer prodígios em cima, no céu; E sinais em
baixo na terra, Sangue, fogo e vapor de fumo. 20 O sol se converterá em trevas,
E a lua em sangue, Antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor;”
(At 2:19-20 ACF)
• “6 Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos
que vos atribulam, 7 E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se
manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, 8 Como
labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não
obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo;” (2Ts 1:6-8 ACF;
compare 2 Ts 2.10-12).
• Outras passagens bíblicas sobre o "Dia do Senhor" são encontradas
em Joel 1.15; 2.1-2; Ezequiel 30.3; Sofonias 1.14; Zacarias 14.4-5 e 8; 1
Tessalonicenses 5.1-5; 2 Pedro 1.16; 3.10 e Judas 14-15.
O "Dia de Deus" é – após todos os acontecimentos mencionados
anteriormente – o dia em que o próprio Deus triunfará definitivamente;
depois que todo o mal tiver sido afastado e tudo estiver implantado na nova
situação eterna e permanente, quando Deus será tudo em todos. “25 Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos
debaixo de seus pés. 26 Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a
morte. 27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz
que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que
lhe sujeitou todas as coisas. 28 E, quando todas as coisas lhe estiverem
sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas
lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.” (1Co 15:25-28 ACF). Nesse contexto a Palavra diz aos crentes: “12 Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus,
em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? 13
Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que
habita a justiça.” (2Pe 3:12-13 ACF).
"1 ¶ Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo,
e pela nossa reunião com ele, " (2 Ts 2.1 ACF). A primeira parte dessa
frase sem dúvida trata do arrebatamento da Igreja de Jesus, pois por intermédio
dele ocorrerá a união visível do Noivo com a Noiva (compare também João 14.1-3
nesse contexto). “1 ¶ NÃO se turbe o vosso coração;
credes em Deus, crede também em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitas moradas; se
não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. 3 E quando eu
for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para
que onde eu estiver estejais vós também.” (Jo 14:1-3 ACF)
Nesse versículo lemos em outras versões:
“Rogamos vos porem, irmaõs, pela vinda de nosso Senhor Jesu
Christo, e nosso recolhimento a elle,” (2Ts 2:1 A1693)
“Os rogamos, pues, hermanos, en cuanto a la venida de nuestro Señor Jesucristo,
y nuestra reunión con Él,” (2Th 2:1 RVG_R)
• "Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo,
e pela nossa reunião com ele..." (Edição Revista e Corrigida).
Torna-se evidente que em 2 Tessalonicenses 2.1 Paulo se
refere à primeira carta aos tessalonicenses, na qual explicou o arrebatamento
em detalhes. Quando ele escreve na segunda carta (2.1): "... pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa
reunião com ele,...", somos forçosamente
levados a pensar em 1 Tessalonicenses 4.17: "...e,
assim estaremos sempre com o Senhor", ou na palavra
de nosso Senhor Jesus em João 14.3: "... e vos
levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.
Em relação ao arrebatamento da Igreja para junto de seu Senhor, está sempre em
primeiro plano a consolação e não o temor. Quando a Bíblia fala do
arrebatamento, constantemente menciona que a Igreja não precisa ficar entristecida,
pois tem uma consolação maravilhoso na volta de Jesus.
Em João 14.1, onde o Senhor fala pela primeira vez sobre o arrebatamento dos
Seus, Ele enfatiza claramente: " Não se
turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim."
O Senhor disse isso depois do sermão no Monte das Oliveiras,
onde falou sobre a Grande Tribulação ("Dia do Senhor") que virá sobre
toda a terra com angústia que nunca houve, e que antecederá Sua vinda em glória
(Mt 24.21-22; Lc 21.11). O que o Senhor disse poderia ser traduzido [ou melhor,
parafraseado,] com estas palavras: "A terra será visitada por um período
de juízos, uma grande aflição, e depois Eu voltarei em glória. Mas tenham
confiança, não fiquem com o coração pesado. Virei separadamente para vocês
[antes de vir para os outros] e os buscarei para Mim, para que vocês estejam
onde eu estiver".
Em 1 Tessalonicenses 4.13 e 18 o apóstolo também fala sobre essa
consolação: “13 Não quero, porém, irmãos, que
sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais,
como os demais, que não têm esperança. ... 18 Portanto, consolai-vos uns
aos outros com estas palavras.” (1Ts 4:13, 18 ACF) A Igreja recebeu essa consolação e esta esperança viva pela
graça e pelo poder do Senhor Jesus.
Em 1 Coríntios 15.51 e versículos seguintes, onde é descrito esse mistério,
lemos na finalização “Portanto, meus amados irmãos, sede
firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o
vosso trabalho não é vão no Senhor.” (1Co 15:58 ACF).
Paulo também conclui o segundo capítulo da segunda carta aos tessalonicenses
com esta profunda consolação para a Igreja: “15 Então,
irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por
palavra, seja por epístola nossa. 16 ¶ E o próprio nosso Senhor Jesus Cristo
e nosso Deus e Pai, que nos amou, e em graça nos deu uma eterna consolação e
boa esperança, 17 Console os vossos corações, e vos confirme em toda a boa
palavra e obra.” (2Ts 2:15-17 ACF)
“4 Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia
vos surpreenda como um ladrão; ... 9 Porque Deus não nos destinou para a
ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo,” (1Ts
5:4-5,9 ACF).
Na primeira carta aos tessalonicenses nos é mostrado claramente que a
consolação da Igreja consiste do fato que o arrebatamento nos livrará do dia
da ira de Deus (do "Dia do Senhor"): “... 10 E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre
os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura.” (1Ts 1:10 ACF). William McDonald diz:
Aquele por quem esperamos é “Jesus, que nos
livra da ira vindoura". Essa descrição de
nosso Senhor que voltará pode ser entendida de duas maneiras:
1. Ele nos livra do castigo eterno que merecemos pelos nossos
pecados. Na cruz Ele suportou a ira de Deus por nossos pecados. Pela fé em
Jesus, o valor da Sua obra na cruz é creditado a nós. Daqui por diante não há
mais condenação para nós, por estarmos em Cristo (Rm 8.1).
2. Ele nos livra igualmente da era de juízo que virá sobre
esta terra, quando a "ira" de Deus será derramada sobre um mundo
que rejeitou Seu Filho. Esse tempo é conhecido como "a Grande
Tribulação", ou também o “tempo da angústia de Jacó" (Dn
9.27; Mt 24.4-28; 1 Ts 5.1-11; 2 Ts 2.1-12; Ap 6.1-17 e 10).
Essa "ira de Deus" começará na Grande Tribulação, como se vê
claramente em Apocalipse 6.15-17. Também em 1 Tessalonicenses 5 é nitidamente
do "Dia do Senhor" que o texto fala, dia que virá como ladrão de
noite (vv. 2-3). Mas nesse contexto de juízo e castigo é dito à Igreja que
ela será poupada desse dia: “4 Mas vós, irmãos,
já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; ...
9 Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação,
por nosso Senhor Jesus Cristo,” (1Ts 5:4-5,9 ACF). ...
Portanto, em resumo, podemos dizer: sempre que o Espírito Santo nos recorda
o tema do arrebatamento, somos lembrados de toda a consolação do Evangelho de
Jesus, da esperança da nossa vocação.
Os tessalonicenses foram bem instruídos sobre esse assunto. Por isso eles
ficaram tão preocupados quando repentinamente surgiram rumores de que "o
Dia do Senhor" (a Grande Tribulação) já está perto” [em
grego, “já tem se tornado presente [completa e definitivamente]”]. Pois estaria acontecendo justamente o contrário do que
eles haviam ouvido do apóstolo [isto é, o arrebatamento já houve, os
verdadeiros crentes já estão no céu, e eles não foram arrebatados]. Eles
logo se preocuparam, ficaram com medo, abalados, surpresos, tristes, e
começaram a vacilar. Por quê? Porque haviam abandonado a palavra da graça.
Uma vez que os tessalonicenses estavam tão frustrados, Paulo
escreveu-lhes: “Que não vos movais facilmente do
vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por
palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse
já perto.” (2Ts 2:2 ACF). Os tessalonicenses haviam
permitido que falsos pregadores roubassem sua consolação .
A jovem igreja de Tessalônica vivia num tempo de dura perseguição. Sua fé
estava sendo posta à prova. Eles foram afligidos da maneira mais cruel e
tiveram que suportar muita aflição e tribulação (2 Ts 1.4-7). Além disso, nessa
situação apareceram homens que ensinavam que o "Dia do Senhor" já
havia chegado, que eles, portanto, já se encontravam na Grande Tribulação
[Hélio diria: falsos mestres ensinavam que o dia do Cristo já tinha chegado,
os verdadeiros crentes, salvos, já se encontravam no céu, e os tessalonicenses
não foram arrebatados]. Já que [os crentes de Tessalônica] tinham sido
ensinados ... [o contrário], podemos entender sua inquietação. Os
tessalonicenses estavam [confusos, perplexos,] fora de si de susto e cheios
de repentina insegurança. Será que o "Dia de Cristo" realmente já
teria chegado? Mas, nesse caso, onde estaria a promessa de que antes deveriam
esperar o Filho de Deus vindo do céu para livrá-los da ira vindoura (1 Ts 1.10;
5.9)? Teriam eles esperado em vão pelo arrebatamento? Será que realmente eles
estavam sob a ira de Deus por passarem por perseguições e angústias? Pois eles
haviam sido instruídos que não passariam pela ira de Deus, que o Dia do Senhor
não os surpreenderia como um ladrão de noite, e que o dia do juízo seria para
os outros, que estão fora, não para a Igreja de Jesus. Em 1 Tessalonicenses
5.1-5 havia sido dito a eles: “1 ¶ Mas, irmãos,
acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva; 2
Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de
noite; 3 Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá
repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo
nenhum escaparão. 4 Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que
aquele dia vos surpreenda como um ladrão; Porque todos vós sois filhos
da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. 5” (1Ts
5:1-5 ACF)
Os cristãos de Tessalônica haviam sido confundidos totalmente pelas cartas
falsificadas. Pretendia-se roubar deles a esperança contida na primeira
carta de Paulo [para eles]. Por isso o apóstolo lhes escreveu em sua segunda
carta: “Então, irmãos, estai firmes e retende as
tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.”
(2Ts 2:15 ACF).
Reflitamos sobre isto: se o apóstolo lhes tivesse ensinado que de qualquer
maneira eles entrariam no "Dia do Senhor" e a qualquer dia seriam
arrebatados em meio à Grande Tribulação, eles não precisariam ter ficado
preocupados. Então tudo, apesar de grandes angústias, tentações e perseguições
que deveriam esperar, estaria "na mais perfeita ordem". Então teria
sido perfeitamente normal para eles que a Grande Tribulação e o "Dia do
Senhor" já houvessem chegado, e que assim o arrebatamento já estaria às
portas [Hélio diria: o dia do Cristo já tinha se tornado presente]. Então eles
até poderiam alegrar-se que a situação já tinha chegado a esse ponto. Mas,
conforme meu entendimento, [exatamente] por terem sido instruídos que o
arrebatamento aconteceria antes da Grande Tribulação, eles estavam
tão frustrados e inseguros.
Paulo disse claramente que o "Dia do Senhor" só diz respeito
àqueles que não aceitaram o amor à verdade (que é Jesus), àqueles que não
creram e que por isso perecem “9 A esse {isto é, o
iníquo, o anticristo} cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o
poder, e sinais e prodígios de mentira, 10 E com todo o engano da injustiça
para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem.
11 E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira;
12 Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram
prazer na iniqüidade.” (2Ts 2:9-12 ACF) Mas referindo-se à Igreja, ele escreveu: “13 ¶ Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos
amados do SENHOR, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação,
em santificação do Espírito, e fé da verdade; 14 Para o que pelo nosso
evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso SENHOR Jesus Cristo.
15 Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas,
seja por palavra, seja por epístola nossa. 16 ¶ E o próprio nosso Senhor
Jesus Cristo e nosso Deus e Pai, que nos amou, e em graça nos deu uma eterna
consolação e boa esperança, 17 Console os vossos corações, e vos confirme
em toda a boa palavra e obra.” (2Ts 2:13-17 ACF). Existe,
portanto, uma clara diferença entre "eles", que serão condenados no
"Dia do Senhor", porque rejeitaram a verdade – e aqueles
("vós") que são escolhidos para alcançar a glória em Jesus Cristo,
porque creram na verdade.
Evidentemente foi objetivo do inimigo roubar essa esperança dessa nova igreja
de Tessalônica. Por isso ele espalhou sementes falsas entre eles em uma época
quando realmente estavam sendo provados duramente, colocando dúvidas em seus
corações e tentando derrubá-los totalmente da base da fé que haviam recebido.
Isso chegou aos ouvidos do apóstolo Paulo, que por essa razão escreveu
uma segunda carta aos tessalonicenses, carta que deveria ministrar-lhes
segurança numa época de insegurança. Uma mensagem falsificada havia sido
propagada entre os membros da igreja, que dizia justamente o contrário daquilo
que eles haviam aprendido do apóstolo. Aqui estava operando – ao contrário do
Espírito Santo – um espírito enganador. Aqui estava sendo transmitida uma falsa
palavra, diferente da Palavra de Deus. E em contraste com as cartas de Paulo,
tentou-se introduzir entre os membros dessa igreja uma falsa carta, talvez até
com assinatura falsa. Surgiram falsos mestres, que diziam que o "Dia do Senhor"
[Hélio diria “o dia do Cristo”] já havia chegado,
que a Grande Tribulação, portanto, [Hélio diria: que a presença, no céu, dos
santos já em seus corpos glorificados] já havia começado. Eles até diziam
apoiar-se no apóstolo Paulo. Por isso Paulo advertiu os tessalonicenses: “1 ¶ Ora, irmãos, rogamo-vos, ... 2 Que não vos movais
facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito,
quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo
estivesse já perto.” (2Ts 2:1-2 ACF)
Assim procede o inimigo quando aparece como "anjo de luz": ele
adapta sua mentira à verdade da Palavra de Deus. Seus servos, os falsos
apóstolos, que se fazem passar por mensageiros de Jesus, anunciam a assim
chamada "sã doutrina", mas que é pura heresia. É dessa maneira
que Satanás semeia sua semente daninha, que num primeiro momento é muito
semelhante à boa semente, mas que no fim nasce como fruto da dúvida (comp. 2 Co
11.13-15).
Por ser tão grande o perigo da falsificação, Paulo advertiu a respeito (2 Ts
2.2) e disse com ênfase no versículo 3: "Ninguém
de maneira alguma vos engane; ..." Além
disso, ele voltou a chamar a atenção a respeito no versículo 15 “Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram
ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.” e no final da carta (3.17) mencionou a característica da sua
própria assinatura: “Saudação da minha própria mão, de
mim, Paulo, que é o sinal em todas as epístolas; assim escrevo.”.
A pregação de que a Igreja ainda terá de passar pela Grande Tribulação
rouba-lhe a expectativa de que o arrebatamento poderá acontecer a
qualquer momento (1 Co 1.7-8; 1 Ts 1.10; Tg 5.7-8; 1 Pe 4.7; 5.1).
Essa doutrina é inimiga da espera pela volta iminente de Jesus, e por
isso ensina que o Senhor ainda não voltará ou não pode voltar [hoje, ou
amanhã, logo], porque a Igreja terá que passar primeiro pela Grande Tribulação.
Erroneamente as pessoas que ensinam isso ainda esperam pelo cumprimento de
certos sinais dos tempos do fim, antes que o arrebatamento
possa ocorrer. Mas não é assim. O arrebatamento pode ocorrer a qualquer
momento, pois os sinais do tempo do fim (Mt 24; Mc 13; Lc 21.7ss etc.)
referem-se à vinda de Jesus Cristo em glória no "Dia do Senhor" e na
maioria dizem respeito a Israel. Aqueles que esperam que antes do
arrebatamento deve ter início a Grande Tribulação e a revelação do anticristo,
são pessoas que raramente têm uma visão da graça plena que nos foi dada por
intermédio da salvação que Jesus realizou na cruz do Calvário e que nos é
anunciada no Evangelho de Cristo.
Naturalmente também a verdadeira cristandade pode passar por tribulações,
perseguições e catástrofes. Também ela pode ser atingida por guerras, miséria,
fome, enfermidade e aflição. Sempre foi assim e também hoje esse ainda é o caso
em muitas partes do mundo. A maior parte da Igreja de Jesus sobre a terra é
perseguida, como acontece nos países dominados pelo comunismo e pelo islamismo.
E isso continuará sendo assim até o arrebatamento. Os cristãos também tiveram
que passar pela Primeira e pela Segunda Guerra Mundial. A qualquer tempo
pode-se aplicar à Igreja as palavras do Senhor a Pedro: “Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu
para vos cirandar como trigo;” (Lc 22:31 ACF), mas
igualmente a verdade: "Eu, porém, roguei por ti,
para que a tua fé não desfaleça" (v.32a). Jesus,
como o Eterno Sumo Sacerdote, intercede pelos Seus diante de Deus e ora por
eles (Jo 17.1; 1 Jo 2.1-2; Hb 6.17-20; 10.19-25). Segundo o meu entendimento, o
Senhor não fará a Sua Igreja passar pelos sinais dos juízos, que dizem respeito
à Grande Tribulação e ao "Dia do Senhor". “Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o
princípio do mundo até agora, nem tampouco há de haver.” (Mt 24:21 ACF) que é determinada como juízo para um mundo de incredulidade e
rebelião contra Deus. É o que se expressa de
maneira muito clara em 2 Tessalonicenses 2.10-12; “10 E com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque
não receberam o amor da verdade para se salvarem. 11 E por isso Deus
lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; 12 Para que
sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade.”
(2Ts 2:10-12 ACF) (compare também 1 Ts 1.9-12).
Se a Igreja tivesse que esperar primeiro a revelação do anticristo e passasse
pela Grande Tribulação, ela poderia calcular a época do arrebatamento [7 anos =
84 meses de 30 dias cada um = 2520 dias] de maneira bastante precisa, e poderia
ter a certeza de que o Senhor ainda não teria vindo. Por isso: não nos
deixemos roubar, de maneira nenhuma, da consolação [que existe na expectativa
cheia de absoluta certeza] de sermos arrebatados para junto de Jesus antes da
Grande Tribulação! Mais uma vez digo a todos os crentes renascidos: “14 ... E não temais com medo deles, nem vos turbeis; 15
Antes, santificai ao SENHOR Deus em vossos corações; e estai sempre
preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão
da esperança que há em vós,” (1Pe 3:14-15 ACF)
(Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br)
Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, novembro de
1999.
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(Hélio de M. Silva recopiou os versos das bíblias para os da ACF)
{1
Nota de Hélio: “dia de Cristo”, não “dia do Senhor”.
Dia do Cristo: milhares de manuscritos bizantinos; dezenas de
"pais"; algumas traduções antigas.
Dia do Senhor: apenas 3 manuscritos Sinaiticus, Vaticanus (ambos da pior
qualidade no mundo, cheios de rasuras feitas por uma dezena de caligrafias de
diferentes pessoas, em cada manuscrito, e com muitos milhares de diferenças
entre si!!), Alexandrinus. Devem ter modificado para ficarem semelhantes com o
V.Testamento.}
{2 Nota de Hélio: Grego “já tem se tornado presente [completa e
definitivamente]. Perfeito do indicativo, aconteceu completamente, com efeitos
definitivos, eternos.}
{3 Nota de Hélio: “apostasia” significa “afastamento de estado ou lugar onde se
estava”. Aqui é o Arrebatamento, a Retirada dos verdadeiros salvos da
dispensação das igrejas locais}
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
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Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.