Por C.R. Stam
Os que procuram manejar bem a Palavra da
Verdade e analisar as coisas que diferem cedo descobrem que “O REINO DOS CÉUS”
é distinto de “O CORPO DE CRISTO”.
No que concerne ao primeiro «Deus falou pela boca de todos os Seus santos
profetas, desde o princípio do mundo», ao passo que o último «esteve
oculto desde os tempos eternos» (Cf. Act. 3.21 com Rom. 16.25). Ou,
apresentando o caso doutra maneira: O primeiro era o tema da PROFECIA, enquanto
que o último era um MISTÉRIO, escondido em Deus, até Ele o revelar por meio do
Apóstolo Paulo (Cf. Dan. 2.44 com Col. 1.24-26). Ou ainda doutra: O reino
será o cumprimento dos CONCERTOS que Deus fez com Abraão, David e Israel, ao
passo que o Corpo de Cristo, a Igreja deste século, é o produto de «A
DISPENSAÇÃO DA GRAÇA DE DEUS» (Cf. Luc. 1.68-75 com Efé. 3.1-11).
Nós estamos convencidos de que a divisão mais importante na Bíblia não é a
existente entre “O Velho Testamento” e “O Novo Testamento”, mas a existente
entre a “PROFECIA” e “O MISTÉRIO”, entre aquilo que diz respeito ao Reino dos
Céus e o que diz respeito ao Corpo de Cristo.
Os que vêem esta distinção detêm nas suas mãos a chave para uma compreensão
mais clara e uma apreciação cada vez mais acrescida da maravilhosa Palavra de
Deus.
Contudo, ao se fazer esta distinção, é
preciso ter cuidado em não se cometer o erro de se supor que os membros do
Corpo de Cristo não têm qualquer relação com o reino, ou com Cristo como Rei.
Algumas perguntas e respostas simples provarão que existe uma relação muito vital:
Onde se encontra, actualmente, o Rei?
Encontra-se no céu, num Exílio Real, indesejado pelo mundo.
E onde se encontra, actualmente, o reino?
Também ele se encontra em exílio, como muitos governos. Encontra-se
incorporado no próprio Rei. Continua no céu enquanto o seu estabelecimento
terreno permanece suspenso.
E onde se encontra, actualmente, a cidadania espiritual do crente?
No céu! Paulo diz-nos claramente que «A NOSSA CIDADE ESTÁ NOS
CÉUS» e que Deus «nos tirou da potestade das trevas, E NOS TRANSPORTOU
PARA O REINO DO FILHO DO SEU AMOR» (Fil. 3.20, Col. 1.13).
Porque é que então somos deixados aqui, na carne?
Para precisamente um propósito: Representar CRISTO - e o próprio título
Cristo significa “o Ungido”, o Rei.
«DE SORTE QUE SOMOS EMBAIXADORES DA PARTE DE CRISTO» (2 Cor. 5.20).
Nas epístolas de Paulo encontramos a
palavra embaixador duas vezes.
Em 2 Cor. 5.20 o apóstolo diz-nos quem representa: «Somos
embaixadores DA PARTE DE CRISTO», enquanto que em Efé.6.19, 20 revela-nos o
peso da sua mensagem: «O MISTÉRIO DO EVANGELHO, pelo qual estou preso em
cadeias».
Paulo regozijava-se na sua posição nos celestiais, em, Cristo, mas também
estava consciente que ocupava uma posição importante na terra.
Assim como Cristo sofrera e morrera uma vez no lugar de Paulo, este regozijava-se
agora na sua comissão em se apresentar diante do mundo no lugar de Cristo,
instando com os homens para se reconciliarem com Deus.
O mundo não queria receber Cristo. Portanto Paulo, que o perseguira tão
tenazmente, avança em Seu lugar com uma oferta de graça e paz. Se Cristo queria
retardar o juízo das nações e continuar exilado do mundo, que era Seu por
direito, Paulo estava desejosíssimo de O representar aqui. Ele tinha por
alegria o sofrimento na carne e o cumprimento daquilo que restava dos
sofrimentos de Cristo. Ele considerava grande privilégio e honra «a comunhão
dos Seus sofrimentos» (Col. 1.24; Fil. 3.10).
Sim, Paulo estava em Cristo, mas Cristo também estava em Paulo, instando com os
pecadores para que se reconciliassem com Deus por meio dos Seus méritos.
E a posição que era de Paulo como embaixador de Cristo é igualmente nossa.
Em amor e misericórdia insondáveis o nosso bendito Senhor retardou o juízo dos
Seus inimigos por mais de 1900 anos enquanto ainda continua em exílio. Como a
rebelião do mundo continua Ele ainda nos deixa aqui a nós, Seus embaixadores,
para oferecermos termos de paz a todos os que os aceitarem. E que termos! «A
remissão dos pecados segundo as riquezas da Sua graça»! «Paz por meio do
sangue da Sua cruz»!
O mundo ainda blasfema e despreza este maravilhoso Salvador; porém Ele não leva
mais o sofrimento Consigo. O tempo dos Seus sofrimentos é já passado. É-nos
dado a nós, Seus embaixadores, o cumprimento do que ainda resta das Suas
aflições. Assim o apóstolo declara:
«PORQUE A VÓS VOS FOI CONCEDIDO, EM RELAÇÃO A CRISTO, NÃO SOMENTE CRER
NELE, COMO TAMBÉM PADECER POR ELE» (Fil. 1.29).
E notemos que Paulo acrescenta a estas palavras:
«TENDO O MESMO COMBATE QUE JÁ EM MIM TENDES VISTO E AGORA OUVIS ESTAR EM
MIM» (Ver. 30).
Para compreendermos melhor a nossa posição como embaixadores de Cristo,
consideremos a posição de embaixador.
1. Um embaixador é um representante oficial dum governo ou estado.
Far-nos-ia a todos bem estarmos de novo
conscientes que Deus nos tem deixado aqui para um grande propósito: representarmos
o Seu Filho.
A nossa responsabilidade prioritária não é a
edificação da Igreja ou até mesmo a salvação das almas, mas representarmos
Cristo e levarmos a Sua mensagem ao mundo.
Do mesmo modo que Deus nos vê em Cristo, o mundo
deve ver Cristo em nós. Assim como Cristo nos representa diante do Pai, assim
devemos representar Cristo diante do mundo.
Como se têm desviado disto até mesmo algumas
igrejas fundamentalistas! Imaginemos o Senhor Jesus, ou João Baptista, ou
Pedro, ou Paulo, usarem alguns dos métodos que os nossos evangelistas modernos
estão a usar para atraírem as multidões e levá-las a Cristo!
Registremos como princípio e nunca nos desviemos
dele: Nós somos EMBAIXADORES DE CRISTO neste mundo de pecado – os
representantes oficiais de Deus o Filho.
Se nós formos fiéis à nossa chamada as almas
serão salvas com toda a certeza, e não somente salvas mas estabelecidas e
unidas em amor. Não serão ganhas para Cristo meramente por meio duma história
emocional ou pela vibração duma multidão ou através de um prolongado
convite, mas por a Palavra do Deus vivo ter exercido nos seus corações o seu
grande poder.
Nós estamos cientes que isto é contrário à
opinião popular, mas “O que dizem as Escrituras?”. Onde é que nas suas páginas
encontramos lugar para entretenimentos fúteis, frívolos, como os que estão a ser
oferecidos hoje em dia em muitas igrejas fundamentalistas?
À nossa volta só se houve dizer: “A nossa
prioridade é evangelizarmos as almas”. A Igreja tem estado a colocar o homem,
em vez de Deus, em primeiro lugar. Como resultado desta filosofia muitos dos
nossos líderes estão a condescender com as práticas mais contrárias às
Escrituras a fim de tentarem ganhar almas de qualquer forma. E quando se
esquecem da dignidade da sua posição perdem o seu poder espiritual, como também
o respeito das pessoas inteligentes.
Não admira o apóstolo exortar-nos para andarmos «DIGNAMENTE
DIANTE DO SENHOR» (Col. 1.10).
Então, lembremo-nos e nunca nos esqueçamos: “Nós
representamos Deus neste mundo de pecado”.
Unamo-nos a Charles Wesley e digamos de todo o
coração:
O presente século servir;
A minha chamada cumprir;
Toda a minha força consagrar
P'ra vontade do Mestre praticar.
Um cuidado cioso me concede
Enquanto nesta vida labutar
E prepara Senhor, teu servo pede,
Para contas depois te prestar.
2. Um embaixador é sempre enviado a uma
outra nação, nunca à sua.
A princípio pode parecer desnecessário salientar
isto mas tal saliência reveste-se aqui de capital importância, pois o facto de
nosso Senhor estar a enviar embaixadores a todo o mundo implica que ele não tem
na terra nenhuma nação a que possa chamar de Sua. Toda a humanidade tem estado
separada de Deus pelo pecado.
Costumamos falar em termos de nações Cristãs,
mas na realidade não existe nenhum único governo na terra do qual possa ser
dito “Este é o reino de Deus. Cristo reina aqui”. Na verdade, o nosso bendito
Senhor é deixado bastante fora dos melhores governos da terra.
Israel já esteve em vias de se tornar reino de
Deus, mas recusou o Rei do céu e o reino dos céus e foi posta de parte do favor
de Deus até ao «dia do Seu poder» quando Ele a tornar
“voluntária” (Salmo 110).
3. Uma troca de embaixadores denuncia um
estado de paz.
Deverá ser lembrado que antes do reino ser
oferecido a Israel, a posição da nação diante de Deus era muito diferente da
dos Gentios. Como dissemos, toda a humanidade tem estado separada de Deus pelo
pecado, mas enquanto os Gentios eram inimigos alienados, Deus ainda
mantinha relações diplomáticas com Israel. Havia concertos efectuados entre
Deus e Israel e eles tinham trocado embaixadores. Haviam os sacerdotes
representando Israel diante de Deus e os profetas representando Deus
diante de Israel.
A Igreja de Roma tem invertido esta ordem, pois
os seus sacerdotes assumem a posição de profetas e presumem falar por Deus.
Contudo, nas Escrituras, o sacerdote é o
adorador, enquanto que o profeta é o pregador. Desde o princípio da existência
nacional de Israel que tinha sido assim. Aarão, o sacerdote, aparecia perante
Deus a favor do povo, enquanto que Moisés, o profeta, trazia a Palavra de Deus
ao povo.
Por maior que tenha sido a infidelidade de
Israel para com Deus durante os séculos que se seguiram, ainda havia um estado
de paz, um relacionamento concertual, isto enquanto houve permuta de
embaixadores.
4. Os embaixadores são removidos
quando é declarada guerra.
Precisamente quando parecia que o relacionamento
entre Israel e Deus se poderia tornar ainda mais estreito; precisamente quando
a nação de Israel se poderia tornar no reino do Messias, é que ela mostrou a
extensão da sua separação natural de Deus e recusou violentamente a bênção há
muito prometida.
Nós nunca devemos perder de vista a graciosa
condescendência de Deus na procura dum relacionamento mais estreito com Israel.
Na verdade, Cristo era Emmanuel – “Deus
conosco”, mas em que sentido era Ele “Deus conosco”? Temos que nos
lembrar que o Filho de Deus se tornou Filho do Homem – de facto, Filho
de Abraão, Filho de David. Paulo fala de Israel, «DE QUEM É
CRISTO SEGUNDO A CARNE» (Rom. 9.5).
O Senhor tinha condescendido em se tornar um com
o homem. Ele era realmente carne e ossos de Israel, de tal forma que como Rei,
Ele não somente seria Filho de Deus, mas um deles. Mas em vez do povo de Israel
se sentir honrado com isto, açoitaram-NO, bateram-Lhe, cuspiram-Lhe na face,
condenaram-NO à morte, como se tivesse sido um criminoso, e pregaram-NO à cruz.
E mesmo isto não foi o fim do seu ódio para com Ele, pois após a ressurreição e
ascensão eles ainda continuaram a revelar a sua ira para com Ele.
Ameaçaram os apóstolos, açoitaram-nos e lançaram-nos na prisão. Apedrejaram
Estêvão e finalmente desencadearam «uma grande perseguição contra a igreja
que estava em Jerusalém». Saulo de Tarso era o líder da perseguição. «E
Saulo assolava a igreja» (Act. 8.3). Ele próprio confessou mais tarde:
«... sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava» (Gál. 1.13).
Poderiam os actos de Israel ser interpretados
doutra forma senão como uma declaração de guerra contra Deus? –Eles estavam a
unir-se aos Gentios «contra o Senhor e contra o Seu Ungido», e depressa
se tornaram, não meramente separados, mas inimigos separados.
É interessante notar que no julgamento do Senhor
Jesus «O sumo sacerdote RASGOU OS SEUS VESTIDOS, dizendo: Blasfemou;
para que precisamos ainda de testemunhas?» (Mat. 26.65).
Deveríamos comparar este versículo com Lev. 10.6
onde Moisés dá instruções a respeito do sacerdócio: «E Moisés disse a Aarão,
e a seus filhos Eleazar e Itamar: Não descobrireis as vossas cabeças, NEM RASGAREIS
OS VOSSOS VESTIDOS, para que não morrais, nem venha grande indignação sobre
toda a congregação».
Isto confere significado ao acto de Caifás ter
rasgado os seus vestidos, pois quando Israel crucificou Cristo e se orgulhou
desse terrível feito; não meramente o sacerdote, mas o sacerdócio morreu, e a
ira veio sobre todo o povo. Israel tinha recolhido os seus embaixadores e
tinha-se unido aos Gentios numa declaração de guerra aberta contra Deus e
o Seu Ungido.
E Deus também nos recolherá a nós, Seus
embaixadores, quando declarar guerra a este mundo que rejeita Cristo.
«Porque vós mesmo sabeis muito bem que o dia
do Senhor virá como o ladrão de noite;
«Pois, que, quando (ELES) disserem: Há paz e
segurança; então LHES sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto
àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão» (I Tes. 5.2,3).
Mas «Deus não NOS destinou para a ira, mas
para aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós,
para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com Ele» (I Tes.
5.9,l0).
Antes de Deus derramar as taças da Sua ira sobre
as nações, «O mesmo Senhor descerá do céu com alarido e com voz de
arcanjo, e com trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão
primeiro.
«Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos
arrebatados juntamente com eles nas nuvens a encontrar o Senhor nos ares, e
assim estaremos sempre o Senhor.
«Portanto consolai-vos uns aos outros com
estas palavras» (I Tes. 4.16-18).
Há uns 1900 anos o homem declarou guerra a Deus.
Tanto Judeus como Gentios se mancomunaram «contra o Senhor e o Seu Ungido».
É claro que uma contra-declaração de guerra
seria inevitável, e é esse o passo seguinte no programa profético.
Salmo 2. 1-5
«Porque bramaram as
gentes (Gentios), e os povos (de Israel, Act.
4.25-27) imaginam coisas vãs?
«Os reis da terra se levantam e os príncipes
juntos se mancomunam contra o Senhor e o Seu Ungido, dizendo:
«Rompamos as Suas ataduras, e sacudamos de
nós as Suas cordas.
«AQUELE QUE HABITA NOS CÉUS SE RIRÁ; O SENHOR
ZOMBARÁ DELES.
«ENTÃO LHES FALARÁ NA SUA IRA E NO SEU FUROR
OS CONFUNDIRÁ».
Salmo 110.1
«Disse o Senhor ao Meu Senhor: ASSENTA-TE À
MINHA MÃO DIREITA, ATÉ QUE PONHA OS TEUS INIMIGOS POR ESCABELO DOS TEUS PÉS».
Deus estava em vias de responder à declaração de
guerra da parte do homem com uma contra-declaração de guerra. Este, como
dissemos, tratava-se do passo seguinte no
programa da profecia, e os Judeus e Gentios bem podiam esperar pelo juízo que
se seguiria aos actos de hostilidade por parte de Israel, pois agora o mundo
inteiro tinha-se voltado contra Deus.
«MAS ONDE O PECADO ABUNDOU SUPERABUNDOU A
GRAÇA; PARA QUE ASSIM COMO O PECADO REINOU NA MORTE, TAMBÉM A GRAÇA REINASSE
PELA JUSTIÇA PARA A VIDA ETERNA, POR CRISTO JESUS NOSSO SENHOR» (Rom. 5.20,21).
E assim foi adiado o juízo das nações.
Pedro, que tinha tanto a dizer a respeito do
retorno de Cristo para julgar e reinar, explica este adiamento na sua segunda epístola:
«O Senhor NÃO RETARDA a promessa, ainda que
alguns a têm por tardia; mas é LONGÂNIMO para convosco, não querendo que alguns
se percam, senão que todos venham a arrepender-se».
«E tende por SALVAÇÃO A LONGANIMIDADE DE
NOSSO SENHOR; (e notemos o que ele acrescenta:) COMO TAMBÉM O NOSSO AMADO IRMÃO
PAULO VOS ESCREVEU, SEGUNDO A SABEDORIA QUE LHE FOI DADA» (II Ped.3.9.15).
Sim, o homem declarou guerra a Deus, mas Deus
ainda não fez uma contra-declaração, apesar de ainda o vir a fazer. Os homens
recolheram os seus embaixadores, mas Ele ainda não recolheu os d’Ele. Ele ainda
não cortou relações completamente.
Apo. 19.11 retrata o retorno de nosso Senhor em
glória e poder para «JULGAR E PELEJAR», mas em incomensurável amor Ele
ainda retarda o juízo e envia embaixadores com uma mensagem de «GRAÇA
E PAZ» baseada nos méritos da Sua obra consumada.
«Jesus nosso Senhor ... por nossos pecados foi
entregue, e ressuscitou para nossa justificação».
«SENDO POIS JUSTIFICADOS PELA FÉ, TEMOS PAZ
COM DEUS POR NOSSO SENHOR JESUS CRISTO»
(Rom. 4.24-5.1).
Embaixadores! Que vocação! Que chamada!
Secretárias, adidos, criados! Que luxúria! As reuniões com outros grandes
diplomatas! Porém tudo isto ergue-se em profundo contraste com a pobreza,
humilhação e perseguição que os embaixadores de Cristo têm sido chamados a
suportar.
Mas, que supõe o leitor que um embaixador pode
esperar ao ser deixado numa nação que tenha declarado guerra ao seu governo?
Certamente que não pode esperar um tratamento muito cordial! Pode esperar por
sofrimento, aprisionamento e até mesmo morte. Com os embaixadores de Cristo é
assim.
Uma das provas mais claras que a dispensação da graça
começou com Paulo, é o facto de ele ter sido por muitos anos um «embaixador
em cadeias». Ele sofreu tribulações como um malfeitor, em cadeias. Se representarmos
fielmente o nosso Senhor rejeitado poderemos esperar tratamento semelhante.
Porém o sofrimento será doce, pois será o cumprimento do que ainda resta das
Suas aflições - «a comunhão dos Seus sofrimentos». E Deus dará graça e
coragem: Porque «Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza e
amor, e de moderação». (II Tim. 1.7).
(II Cor. 5.14-21)
«O AMOR DE CRISTO NOS CONSTRANGE» (Ver. 14). Se Ele quer adiar o juízo e enviar uma
mensagem de paz, nós estamos desejosíssimos de ser os mensageiros, pois não nos
podemos esquecer que nós próprios já fomos inimigos e fomos reconciliados com
Deus por graça, por meio da morte do Seu Filho.
«ASSIM QUE DAQUI POR DIANTE A NINGUÉM
CONHECEMOS SEGUNDO A CARNE» (Ver.16).
Agora não há diferença entre Israel e os Gentios, pois «Deus encerrou a
todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia» (Rom.
11.32).
«E AINDA QUE TAMBÉM TENHAMOS CONHECIDO A
CRISTO SEGUNDO A CARNE, CONTUDO AGORA JÁ O NÃO CONHECEMOS DESTE MODO» (Ver.16) É verdade que Ele é «Filho de David e
Filho de Abraão» (Mat. 1.1), e que um dia reinará como Rei de Israel, mas
agora temos uma discussão vital muito maior a discutir. Todos nós
estávamos mortos em pecados. Ele morreu por TODOS - Ele o Filho de Deus. «O
qual Se deu a si mesmo em preço de redenção por TODOS, para servir de
testemunho a seu tempo» por meio de Paulo. (Ver I Tim. 2.6,7). Ele
agora está exaltado acima de todo o principado e poder à mão direita de
Deus, poderoso para salvar. Ele tomou o lugar do pecador para que este pudesse
comparecer diante de Deus «Completo NELE», «Aceite no Amado».
«ASSIM QUE, SE ALGUÉM ESTÁ EM CRISTO, NOVA
CRIATURA É» (Ver. 17). «E
TUDO ISTO PROVÉM DE DEUS QUE NOS RECONCILIOU CONSIGO MESMO POR JESUS CRISTO» (Ver.
18). O próprio Deus fez uma provisão plena,
de modo que pode oferecer aos Seus inimigos os termos mais generosos de paz:
reconciliação por graça. Ele não lhes imputa os seus pecados, por o Seu
Filho os ter levado sobre Si no Calvário. «ÀQUELE QUE NÃO CONHECEU PECADO
O FEZ PECADO POR NÓS; PARA QUE NELE FOSSEMOS FEITOS JUSTIÇA DE DEUS» (Ver. 21).
«DE SORTE QUE SOMOS EMBAIXADORES DA PARTE DE CRISTO,COMO
SE DEUS POR NÓS ROGASSE. ROGAMO-VOS POIS DA PARTE DE CRISTO QUE VOS
RECONCILIEIS COM DEUS». Deus «PÔS EM NÓS A PALAVRA DA RECONCILIAÇÃO». É esta a
nossa grande comissão (Ver. 19). Estamos aqui no lugar de Cristo como
Seus embaixadores, a instar com os homens para que recebam e aceitem os Seus
graciosos termos de paz, e se reconciliem com Deus por
meio dos Seus méritos.
Imaginem! Deus Pai e Deus Filho pedindo aos pecadores que aceitem o
perdão e se reconciliem!
Como esta mensagem de graça abundante ultrapassa
a do arrependimento e baptismo que os doze (temporariamente onze) foram
enviados a proclamar sob a chamada “grande comissão” (Lu. 24.47; Mar. 16.15,16;
Act. 2. 38)!
Tanto antes da presente dispensarão da graça,
como depois, temos declarações de guerra. Precedendo-a, temos o homem a
declarar guerra a Deus; seguindo-a, temos Deus a declarar guerra ao homem, como
o Livro de Apocalipse prediz tão claramente. Nós vivemos no parêntese
intermédio. Vivemos os momentos tensos entre a declaração de guerra dada por
uma nação e a contra-declaração dada por outra.
Passaram-se já 1900 anos desde que o mundo se
aprontou para o juízo; desde então, Deus, em cumprimento da profecia, tem
estado em vias de declarar guerra aos Seus inimigos. Mas ainda retarda o
juízo, em misericórdia.
Certamente que todo o momento de demora é um
momento de graça. Podemos, descuidadamente, desperdiçar o tempo e tomarmos a
graça de Deus como coisa certa; podemos, é certo, no entanto não está correcto.
ELE esta profundamente cioso com a passagem de cada momento. «UM DIA PARA O
SENHOR É COMO MIL ANOS».
Não admira Paulo terminar o seu discurso sobre a
nossa embaixada, dizendo:
«E NÓS, COOPERANDO TAMBÉM
COM ELE, VOS EXORTAMOS A QUE NÃO RECEBAIS A GRAÇA DE
DEUS EM VÃO», e acrescenta: «EIS
AQUI AGORA O TEMPO ACEITÁVEL, EIS AQUI AGORA O DIA DA SALVAÇÃO» (II Cor.
6.1,2).
Não admira também ele exortar os crentes a «REMIREM
(APROVEITAREM BEM) O TEMPO, PORQUE OS DIAS SÃO MAUS» (Efé. 5.16).
A Igreja em Quinta do Conde,
http://www.iqc.pt.vu/
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.