Dentre todos os tópicos da Bíblia, talvez a marca [ou sinal] da besta seja o que mais tem suscitado especulações e argumentações ridículas e bombásticas. Cristãos e não-cristãos debatem o significado de seu valor numérico. Mas o que diz, realmente, o texto bíblico?
Thomas Ice
A questão central da Tribulação é: Quem tem o direito de governar: Deus ou
Satanás? Deus vai provar que é Ele quem tem esse direito. Pela primeira e
única vez na história, as pessoas terão uma data limite para aceitarem o
Evangelho. Por enquanto, todos podem aceitar ou rejeitar essa mensagem em
diferentes momentos da vida; alguns o fazem na infância, outros no início da
fase adulta, outros na meia-idade, e alguns até na velhice. Mas, quando vier a
Tribulação, as pessoas terão que tomar essa decisão de forma imediata ou
compulsória por causa da marca da besta, de modo que toda a humanidade será
deliberadamente dividida em dois segmentos. O elemento polarizador será
precisamente a marca da besta.
A
Bíblia ensina que o líder da campanha em defesa da marca da besta será o falso
profeta, que está ligado à falsa religião (Ap 13.11-18). Apocalipse 13.15 deixa
claro que o ponto-chave em tudo isso é adorar "a imagem da besta". A
marca da besta é simplesmente um meio de forçar as pessoas a declararem do lado
de quem estão: do Anticristo ou de Jesus Cristo. Todos terão que escolher um
dos lados. Será impossível manter uma posição neutra ou ficar indeciso com
relação a esse assunto. A Escritura é muito clara ao afirmar que os que não
aceitarem a marca serão mortos.
Toda a
humanidade será forçada a escolher um dos lados: "...todos,
pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos" (Ap 13.16 ACF).
O Dr. Robert Thomas comenta que essa construção retórica "abrange todas as
pessoas, de todas as classes sociais, [...] ordenadas segundo sua condição
financeira, [...] abrangendo todas as categorias culturais [...]. As três
expressões são um recurso estilístico que traduz universalidade".[1] A
Escritura é muito específica. O falso profeta vai exigir uma "marca"
em sinal de lealdade e devoção à besta, e essa marca será "na sua mão direita" – não a
esquerda – "ou nas suas testas" (Ap
13.16 ACF).
A
palavra "marca" aparece em muitas passagens da Bíblia. Por exemplo,
ela é usada várias vezes em Levítico, referindo-se a um sinal que torna o
indivíduo cerimonialmente impuro, e está geralmente relacionada à lepra. É
interessante notar que o modo como Ezequiel 9.4 usa a idéia de
"marca" é semelhante ao de Apocalipse: "E disse-lhe o SENHOR:
Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as
testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações
que se cometem no meio dela." Nessa passagem, o sinal serve para
preservação, assim como o sangue espalhado nas ombreiras das portas livrou os
hebreus durante a passagem do anjo da morte, como relata o Livro do Êxodo. Em
Ezequiel, a marca é colocada na fronte, semelhantemente à do Apocalipse. Todas
as sete ocorrências da palavra "marca" ou "sinal" (gr.
charagma) no Novo Testamento em grego, encontram-se no Livro do Apocalipse,
e todas se referem à "marca da besta" (Ap 13.16,17; 14.9,11; 16.2;
19.20; 20.4). O Dr. Thomas explica o significado desse termo na Antigüidade:
“A
marca deve ser algum tipo de tatuagem ou estigma, semelhante às que recebiam os
soldados, escravos e devotos dos templos na época de João. Na Ásia Menor, os
seguidores das religiões pagãs tinham prazer em exibir essas tatuagens para
mostrar que serviam a um determinado deus. No Egito, Ptolomeu IV Filopátor
(221- 203 a.C.) marcava com o desenho de uma folha de trevo os judeus que se
submetiam ao cadastramento, simbolizando a servidão ao deus Dionísio (cf. 3
Macabeus 2.29). Esse significado lembra a antiga prática de usar marcas para
tornar pública a fé religiosa do seu portador (cf. Isaías 44.5), e também a
prática de marcar os escravos a fogo com o nome ou símbolo de seu proprietário
(cf. Gl 6.17). O termo charagma ("marca") também era usado para
designar as imagens ou nomes dos imperadores, cunhadas nas moedas romanas e,
portanto, poderia muito bem aplicar-se ao emblema da besta colocado sobre as
pessoas.” [2]
Alguns
se perguntam por que foi usado um termo tão específico para designar a marca do
Anticristo. Essa marca parece ser uma paródia do plano de Deus, principalmente
no que se refere aos 144.000 "selados" de Apocalipse 7. O selo de
Deus sobre Suas testemunhas muito provavelmente é invisível e tem o propósito
de protegê-las do Anticristo. Por outro lado, o Anticristo oferece proteção
contra a ira de Deus – uma promessa que ele não tem condições de cumprir – e
sua marca é visível e externa. Como os que receberem a marca da besta o farão
voluntariamente, é de supor que as pessoas sentirão um certo orgulho de terem,
em essência, a Satanás como seu dono. O Dr. Thomas afirma: "A marca será
visível e identificará todos os que se sujeitarem à besta".[3]
Além de servir como indicador visível da
devoção ao Anticristo, a marca será a identificação obrigatória em qualquer
transação comercial na última metade da Tribulação (Ap 13.17). Este sempre foi
o sonho de todos os tiranos da história – exercer um controle tão absoluto
sobre seus vassalos a ponto de decidir quem pode comprar e quem pode vender. O
historiador Sir William Ramsay comenta que Domiciano, imperador romano no primeiro
século, "levou a teoria da divindade Imperial ao extremo e encorajou ao
máximo a ‘delação’; [...] de modo que, de uma forma ou de outra, cada habitante
das províncias da Ásia precisava demonstrar sua lealdade de modo claro e
visível, ou então era imediatamente denunciado e ficava impossibilitado de
participar da vida social e de exercer seu ofício". [4] No futuro, o
Anticristo aperfeiçoará esse sistema com o auxílio da moderna tecnologia.
Ao
longo da história, muitos têm tentado marcar certos grupos de pessoas para o
extermínio, mas sempre houve alguns que conseguiram achar um meio de escapar.
Porém, à medida que a tecnologia avança, parece haver uma possibilidade cada
vez maior de bloquear praticamente todas as saídas. Essa hipótese é reforçada
pelo emprego da palavra grega dunétai – "possa" (Ap 13.17),
que é usada para transmitir a idéia do que "pode" ou "não
pode" ser feito. O Anticristo não permitirá que alguém compre ou venda se
não tiver a marca, e o que possibilitará a implantação desta política será o
fato da sociedade do futuro não usar mais o dinheiro vivo como meio de troca. O
controle da economia, ao nível individual, através da marca, encaixa-se
perfeitamente no que a Bíblia diz a respeito do controle do comércio global
pelo Anticristo, delineado em Apocalipse 17 e 18.
A
segunda metade de Apocalipse 13.17 descreve a marca como "o nome da besta ou o número do seu nome".
Isso significa que "o número do nome da besta é absolutamente equivalente
ao nome, [...]. Essa equivalência indica que, como nome, ele é escrito com
letras; mas, como número, é o análogo do nome escrito com algarismos". [5]
O nome do Anticristo será expresso numericamente como "666".
Nesse ponto da profecia (Ap 13.18), o
apóstolo João interrompe momentaneamente a narrativa da visão profética e passa
a ensinar a seus leitores a maneira correta de interpretar o que havia dito.
Uma leitura do Apocalipse demonstra claramente que os maus não entenderão o
significado, porque rejeitaram a Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Por outro
lado, os demais que estiverem atravessando a Tribulação receberão sabedoria e
entendimento para que possam discernir quem é o Anticristo e recusar a sua
marca. A Bíblia deixa claro que aqueles que receberem a marca da besta não
poderão ser salvos (Ap 14.9-11; 16.2; 19.20; 20.4) e passarão a eternidade no
lago de fogo. O fato de João usar essa passagem crucial para transmitir
sabedoria e entendimento aos crentes, com relação a um assunto de conseqüências
eternas, mostra que Deus proverá o conhecimento necessário para que o Seu povo
possa segui-lO fielmente.
Mas o
que essa sabedoria e esse conhecimento permitem que os crentes façam? A
passagem diz que podemos "calcular". Calcular o quê? Podemos calcular
o número da besta.
O
principal propósito de alertar os crentes sobre a marca é permitir que eles
saibam que, quando em forma de número, o "nome" da besta será 666.
Assim, os crentes que estiverem passando pela Tribulação [não a Igreja, pois
essa já estará com Cristo no Céu], quando lhes for sugerido que recebam o
número 666 na fronte ou na mão direita, deverão rejeitá-lo, mesmo que isso
signifique a morte. Outra conclusão que podemos tirar é que qualquer marca ou
dispositivo oferecido antes dessa época não é a marca da besta que deve ser
evitada.
Portanto,
não há motivo para os cristãos de hoje encararem o número 666 de forma
supersticiosa. Se o nosso endereço, número de telefone ou código postal incluem
esse número, não precisamos ter medo de que algum poder satânico ou místico nos
atingirá. Por outro lado, temos que reconhecer que muitos ocultistas e
satanistas são atraídos por esse número por sua conexão com a futura
manifestação do mal. Porém, o número em si não tem poderes sobrenaturais.
Quando um crente acredita nisso, já caiu na armadilha da superstição. A Bíblia
ensina que não há nenhum motivo para atribuir poderes místicos ao número 666.
Muitos têm tentado descobrir a identidade do
Anticristo através de cálculos numéricos. Isso é pura perda de tempo. A lista
telefônica está cheia de nomes que poderiam ser a solução do enigma, mas a
sabedoria para "calcular" o nome não é para ser aplicada agora, pois
isso seria colocar a carroça adiante dos bois. Esse conhecimento é para ser
usado pelos crentes durante a Tribulação.
Em 2
Tessalonicenses 2, Paulo ensina que, durante a presente era da Igreja, o
Anticristo está sendo detido. Ele será "revelado no próprio tempo
dele" (v.6b LTT-Hélio). Ao escolher a palavra
"revelado", o Espírito Santo quis indicar que a identidade do
Anticristo estará oculta até a hora de sua revelação, que ocorrerá em algum
momento após o Arrebatamento da Igreja. Portanto, não é possível saber quem é o
Anticristo antes da "ocasião própria". O Apocalipse deixa bem claro
que os crentes saberão na hora certa quem é o Anticristo.
Como
apontamos acima, o Apocalipse não deixa dúvida de que durante a Tribulação
todos os crentes saberão que receber a marca da besta será o mesmo que rejeitar
a Cristo. Durante a Tribulação, todos os cristãos terão plena consciência disso
onde quer que estejam. Nenhuma das hipóteses levantadas no passado, ou que
venham a ser propostas antes da Tribulação, merece crédito.
Apocalipse
13.17-18 diz claramente que o número 666 será a marca que as pessoas terão que
usar na fronte ou na mão direita. Em toda a história, ninguém jamais propôs a
utilização desse número em condições semelhantes às da Tribulação, de modo que
todas as hipóteses já levantadas a respeito da identidade do Anticristo podem
ser descartadas.
O mais
importante nessa passagem é que podemos nos alegrar em saber que a
identificação do futuro falso Cristo ainda não é possível, mas o será quando
ele ascender ao trono. Com certeza, aquele a quem o número 666 se aplica é
alguém que pertence a uma época posterior ao período em que João viveu, pois ele
deixa claro que alguém iria reconhecer esse número. Se nem a geração de João
nem a seguinte foi capaz de discerni-lo, isso significa que a geração que
poderá identificar o Anticristo forçosamente estava (e ainda está) no futuro.
No passado, houve várias figuras políticas que tipificaram características e
ações desse futuro personagem, mas nenhum dos anticristos anteriores se encaixa
perfeitamente no retrato e no contexto do Anticristo do final dos tempos.[6]
Muitos têm feito as mais variadas hipóteses
sobre a marca da besta. Alguns dizem que ela será como o código de barras
utilizado para identificação universal de produtos. Outros imaginam que seja um
chip implantado sob a pele, ou uma marca invisível que possa ser lida por um scanner.
Contudo, essas conjeturas não estão de acordo com o que a Bíblia diz.
A marca
da besta – 666 – não é a tecnologia do dinheiro virtual nem um dispositivo de
biometria. A Bíblia afirma de forma precisa que ela será:
Talvez na história ou na Bíblia nenhum outro número tenha atraído tanto a
atenção de cristãos e não-cristãos quanto o "666". Até mesmo os que
ignoram totalmente os planos de Deus para o futuro, conforme a revelação
bíblica, sabem que esse número tem um significado importante. Escritores religiosos
ou seculares, cineastas, artistas e críticos de arte fazem menção, exibem ou
discorrem a respeito dele. Ele tem sido usado e abusado por evangélicos e por
membros de todos os credos, tendo sido objeto de muita especulação inútil.
Freqüentemente, pessoas que se dedicam com sinceridade ao estudo da profecia
bíblica associam esse número à tecnologia disponível em sua época, com o
intuito de demonstrar a relevância de sua interpretação. Mas, fazer isso é
colocar "a carroça na frente dos bois", pois a profecia e a Bíblia
não ganham credibilidade ou legitimidade em função da cultura ou da tecnologia.
O fato da sociedade do futuro não utilizar mais o dinheiro vivo será usado pelo Anticristo. Entretanto, seja qual for o meio de troca substituto, ele não será a marca do 666. A tecnologia disponível na época da ascensão do Anticristo será aplicada com propósitos malignos. Ela será empregada, juntamente com a marca, para controlar o comércio (como afirma Apocalipse 13.17). Sendo assim, é possível que se usem implantes de chips, tecnologias de escaneamento de imagens e biometria para implementar a sociedade amonetária do Anticristo, como um meio de implantar a política que impedirá qualquer pessoa de comprar ou vender se não tiver a marca da besta. O avanço da tecnologia é mais um dos aspectos que mostram que o cenário para a ascensão do Anticristo está sendo preparado. Maranata! (Thomas Ice - Pre-Trib Perspectives - http://www.chamada.com.br )
Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2004.
Fonte: http://www.chamada.com.br/mensagens/marca_da_besta.html
(Enviado em julho.2010, por João Eduardo, para Hélio, que o encaminhou ao
boletim solascripturatt)
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
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