David
Baron
Tradução: Euclides Vilar de Azevedo
JEREMIAS
30:1-17:
A PALAVRA que do SENHOR veio a Jeremias, dizendo: - Assim
diz o SENHOR Deus de Israel: Escreve num livro todas as palavras que te tenho
falado. Porque eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que farei voltar do cativeiro
o meu povo Israel, e de Judá, diz o SENHOR; e tornarei a trazê-los à terra que
dei a seus pais, e a possuirão. E estas são as palavras que disse o SENHOR,
acerca de Israel e de Judá. Porque assim diz o SENHOR: Ouvimos uma voz de
tremor, de temor mas não de paz. Perguntai, pois, e vede, se um homem pode dar à
luz. Por que, pois, vejo a cada homem com as mãos sobre os lombos como a que
está dando à luz? e por que se tornaram pálidos todos os rostos? Ah! porque
aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante; e é tempo de angústia
para Jacó; ele, porém, será salvo dela. Porque será naquele dia, diz o SENHOR
dos Exércitos, que eu quebrarei o seu jugo de sobre o teu pescoço, e quebrarei
os teus grilhões; e nunca mais se servirão dele os estrangeiros. Mas servirão ao
SENHOR, seu Deus, como também a Davi, seu rei, que lhes levantarei. Não temas,
pois, tu, ó meu servo Jacó, diz o SENHOR, nem te espantes, ó Israel; porque eis
que te livrarei de terras de longe, e à tua descendência da terra do seu
cativeiro; e Jacó voltará, e descansará, e ficará em sossego, e não haverá quem
o atemorize. Porque eu sou contigo, diz o SENHOR, para te salvar; porquanto
darei fim a todas as nações entre as quais te espalhei; a ti, porém, não darei
fim, mas castigar-te-ei com medida, e de todo não te terei por inocente. Porque
assim diz o SENHOR: A tua ferida é incurável; a tua chaga é dolorosa. Não há
quem defenda a tua causa para te aplicar curativo; não tens remédios que possam
curar. Todos os teus amantes se esqueceram de ti, e não perguntam por ti; porque
te feri com ferida de inimigo, e com castigo de quem é cruel, pela grandeza da
tua maldade e multidão de teus pecados. Por que gritas por causa da tua ferida?
Tua dor é incurável. Pela grandeza de tua maldade, e multidão de teus pecados,
eu fiz estas coisas. Por isso todos os que te devoram serão devorados; e todos
os teus adversários irão, todos eles, para o cativeiro; e os que te roubam serão
roubados, e a todos os que te despojam entregarei ao saque. Porque te
restaurarei a saúde, e te curarei as tuas chagas, diz o SENHOR; porquanto te
chamaram a repudiada, dizendo: É Sião, já ninguém pergunta por ela.
Até que todos os
escritos deste profeta fossem compilados em um só livro, como o temos nos dias
de hoje, Jeremias 30 e 31 formavam uma profecia distinta, e sem dúvida circulava
no meio do povo num livro profético separado; e no verso 2 nós lemos que é um
"livro" dedicado pelo próprio Deus. Sendo assim, o assunto do qual ele trata
deve ser a respeito de pensamentos, que Ele estava ansioso para os revelar. Seja
lá o que for que o homem possa pensar a respeito deles, Ele considera esta
matéria de grande importância, de maneira que cada palavra haveria de ser
preservada.
"Escreve num livro
todas as palavras que te tenho falado".
Este livro, dedicado
pelo próprio Deus, é de grande importância; pois mesmo que trate de Israel, é
direcionado principalmente às nações gentílicas.
"Porque
assim diz o SENHOR: Cantai sobre Jacó com alegria, e exultai por causa do chefe
das nações; proclamai, cantai louvores, e dizei: Salva, SENHOR, ao teu povo, o
restante de Israel. Eis que os trarei da terra do norte, e os congregarei das
extremidades da terra; entre os quais haverá cegos e aleijados, grávidas e as de
parto juntamente; em grande congregação voltarão para aqui. Virão com choro, e
com súplicas os levarei; guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho direito,
no qual não tropeçarão, porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu
primogênito. Ouvi a palavra do SENHOR, ó nações, e anunciai-a nas ilhas
longínquas, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará,
como o pastor ao seu rebanho." Jr. 31:7-10
Trata-se, então, de
um testemunho não propriamente dirigido a Israel, mas às nações gentílicas
acerca de Israel. De igual modo na epístola aos Romanos, nós encontramos como se
fosse uma epístola dentro de outra epístola três capítulos - 9, 10, 11 -
expressamente colocados pelo Espírito de Deus, com o fim de esclarecer aos
cristãos gentios o propósito de Deus para com Israel. O apóstolo se preocupa com
a importância da Igreja ter uma visão correta deste assunto; e sente que ele não
pode deixá-la ignorando este mistério, para que não tivessem a visão errônea de
que Deus houvera rejeitado o Seu povo Israel que conhecera de antemão, e que as
especiais promessas e privilégios reservadas à nação de Israel na Palavra de
Deus, houvessem sido transferidos para a Igreja, fazendo-os cair no perigo da
vanglória.(Rm. 11:25)
Então, pelo profeta
Jeremias, há uma mensagem bem definida, uma proclamação, um aviso, dirigidos à
principal das nações gentílicas, e para as ilhas longínquas, do mesmo teor, isto
é, que Deus ainda não desistiu de Israel - que "Aquele que espalhou a Israel o
congregará e o guardará, como o pastor ao seu rebanho."
Neste livro
especial, escrito pelo expresso ditado de Deus, nós temos a única e verdadeira
solução da difícil questão judaica, aparentemente cada vez mais difícil. Fora da
revelação de Deus o judeu é um enigma, um problema vai além da capacidade humana
de solucioná-lo; e tentativas desta natureza, se não forem baseadas na Palavra
de Deus, são fúteis e ímpias. O futuro de Israel é um daqueles assuntos que o
grande Deus condescendeu falar; e por mais difícil ou improvável que possa
parecer ao homem este futuro, cabe-nos crer e receber, e não especular ou se
rebelar.
"Is.55:8 - Porque
os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os
meus caminhos, diz o SENHOR."
Vamos examinar esta
proclamação especial endereçada aos gentios com respeito a Israel. Ela contém,
creio eu, um programa de eventos em ordem cronológica, com respeito a esse povo
tão maravilhoso e "um povo terrível desde o seu princípio" (Is.18:2)
O primeiro item
desse programa é Restauração.
Jr. 30:3- Porque
eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que farei voltar do cativeiro o meu povo
Israel, e de Judá, diz o SENHOR; e tornarei a trazê-los à terra que dei a seus
pais, e a possuirão.
Note a freqüente
reiteração do SENHOR aqui, como em outros versículos desta profecia; como que
para dar credibilidade aos anúncios feitos, e para testar a nossa fé no
cumprimento das coisas pelas quais o nome eterno, imutável, de Deus fica
empenhado.
Agora, o que tem
esta e outras profecias acerca da Restauração de Israel à terra dos seus pais
haver conosco?
Existem vários
métodos de interpretação que não são satisfatórios, e são talvez responsáveis
por grande parte do descrédito tanto da parte de judeus como de gentios. Há, em
primeiro lugar, o modo antiquado de se espiritualizar as profecias - fazendo com
que ISRAEL e SIÃO signifiquem a Igreja, e A TERRA signifique o céu; mas quero
confessar que este sistema de interpretação não possui consistência, e faz da
Palavra de Deus o livro mais insignificante e incompreensível da terra. Por
exemplo, aqui lemos:
"farei voltar do
cativeiro o meu povo Israel, e de Judá, diz o SENHOR; e tornarei a trazê-los à
terra que dei a seus pais, e a possuirão."
Se Israel é a
Igreja, quem é Judá? Se Judá é a Igreja, quem é Israel? Que "cativeiro" a Igreja
suportou? e onde está "a terra" de onde a Igreja foi retirada e para onde
voltará? No fim da profecia lemos:
Jr. 31:38-40 - “Eis
que vêm dias, diz o SENHOR, em que esta cidade será reedificada para o SENHOR,
desde a torre de Hanameel até à porta da esquina. E a linha de medir
estender-se-á para diante dela, até ao outeiro de Garebe, e virar-se-á para Goa.
E todo o vale dos cadáveres e da cinza, e todos os campos até ao ribeiro de
Cedrom, até à esquina da porta dos cavalos para o oriente, serão consagrados ao
SENHOR; não se arrancará nem se derrubará mais eternamente.”
Em que lugar do céu
fica exatamente a torre de Hanameel e a porta de esquina? E o que farão os
intérpretes alegóricos com o outeiro de Garebe e de Goa, e com o ribeiro de
Cedrom? Todos estes, que eu saiba, estão nas cercanias da Jerusalém literal em
Canaã. Mas confesso ter dificuldades em localizá-los nos lugares celestiais. Se
Israel não significa Israel, e a "terra que Deus deu aos pais" não significa
Palestina, então eu não sei o que significam.
A proclamação é:
“Aquele que
espalhou a Israel o congregará” Jr. 31:10b.
Agora, quando trata-se de espalhar, certamente refere-se ao Israel literal, aos
judeus,
“povo de elevada estatura e de pele lisa”;
mas quando menciona-se na mesma frase o ajuntamento de Israel, oh, este
ajuntamento refere-se ao Israel espiritual!. Que consistência ou honestidade,
pergunto, há nestes tipos de interpretação?
A que podemos
atribuir o vago sistema de se interpretar a linguagem dos Salmos e dos profetas,
e a extravagante expectativa de uma conversão em massa, no mundo, pela pregação
do evangelho que podemos encontrar em muitos escritores cristãos? A nada menos
do que no hábito de interpretar erroneamente o termo ´Israel´, e a conseqüente
aplicação das promessas feitas a Israel às igrejas gentílicas, com as quais
estas não têm nada a ver. Os menores erros em teologia sempre dão os seus
frutos. Homem nenhum pode tomar um princípio incorreto de interpretação das
Escrituras sem que esse leve a conseqüências desastrosas, dando o tom à sua
religião.
Não quero negar que
Israel era um tipo de povo peculiar, e que a relação de Deus com Israel eram um
tipo de relação que Ele teria com os crentes do mundo inteiro. Não esqueço o que
está escrito: Pv. 27:19- “Como na
água o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem.”
; e que quaisquer que sejam as verdades espirituais ensinadas nas
profecias com relação a Israel, são também aplicáveis aos gentios. Gostaria de
deixar bem entendido que o tratamento individual que Deus dá a judeus e gentios,
é precisamente igual. Sem arrependimento, fé em Cristo, e santificação, nenhum
indivíduo, quer judeu quer gentio, será salvo. O que eu protesto é contra o
hábito de se alegorizar plenas declarações da Palavra de Deus concernentes à
futura história da nação de Israel, e dar explicações evasivas dos seus
conteúdos de modo a acomodá-las à Igreja gentílica. Creio que este hábito não se
apóia em nenhuma parte da Escritura, e que seguir após ele sofreremos uma longa
série de más conseqüências.("Scattered and Gathered" (Espalhados e Reunidos), do
antigo Dr. Ryle, Bispo de Liverpool).
Como milhares de outros,
este escritor foi tirado das trevas do judaísmo rabínico, e levado à maravilhosa
luz e liberdade do Evangelho de Cristo. Aceitou Jesus de Nazaré como o Messias
de Israel e Salvador do mundo, baseando-se numa interpretação literal das
profecias que falam a respeito d´Ele; e não pode de forma coerente, sem violar
suas convicções, aceitar um princípio de interpretação para um grupo de
profecias que já se cumpriram, e um outro princípio de interpretação para um
outro grupo de profecias que ainda não se cumpriram. Antes, honestamente crê o
modo de cumprimento daquelas profecias que hoje são história, fornece a única
base sólida de interpretação para aquelas profecias concernentes a Israel e o
reino que ainda aguardam os seus cumprimentos. “Se tardar, espera-o,” (Hc.2:3b); veremos que
embora os sistemas e princípios de interpretação do homem sejam diversos, o modo
de Deus cumprir as Suas promessas é um só.
Uma outra maneira de lidar-se com
estas profecias que falam acerca de uma Restauração é fazer com que elas se
refiram à união dos judeus à Igreja. Mas esta posição também é insustentável. Os
judeus não se unirão à Igreja, nacionalmente falando; porque no Novo Testamento
mesmo, temos os judeus e também os gentios, como nações, que[numa] hora andam
paralelamente, [noutra] hora continuam separados da Igreja por todo o seu período da
história sobre a face da terra (1Co10:32 - Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos
judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus); e em Romanos 11:25, o apóstolo
inspirado é encarregado de anunciar aos crentes gentios o fato de que nem todo o
Israel será salvo; que o “endurecimento veio em parte” para aquela nação, e
continuará até que a plenitude dos gentios haja
entrado.
“Aquele que
espalhou a Israel”: de onde? Da Igreja, ou das bênçãos do evangelho? Não, não;
espalhou a partir da Palestina. “O congregará”: aonde? Certamente na terra que
Ele deu aos seus pais, de onde Israel por motivo de desobediência foi banido e
espalhado. Mas talvez a maneira mais plausível de explicarmos tais predições é
colocando-as como se tivessem cumprido na restauração ocorrida na Babilônia, já
que estas foram feitas antes do cativeiro babilônico. A isto eu respondo que
esta e outras predições estão colocadas em termos tais que em vão procuraremos
um cumprimento adequado naquele período. É melhor darmos aqui algumas razões que
justifiquem a posição de que haverá uma futura Restauração do Israel literal à
terra, que por uma promessa e aliança incondicionais, foi-lhes dada como uma
possessão eterna. (Gênesis 15:7-21; 17:7, 8, 19, 21)
Jr. 30:3 -
“Porque eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que farei voltar do cativeiro o meu
povo Israel, e de Judá”; e o número que retornará será
“em grande congregação”
(Jr. 31:8c), de maneira que toda a terra prometida será pequena para eles;
“e
não se achará lugar bastante para eles.” (Zc10:10c);
“Porque nos teus desertos,
e nos teus lugares solitários, e na tua terra destruída, agora te verás apertada
de moradores, e os que te devoravam se afastarão para longe de ti. E até mesmo
os filhos da tua orfandade dirão aos teus ouvidos: Muito estreito é para mim
este lugar; aparta-te de mim, para que possa habitar nele." (Is. 49:19,20) O
mesmo aparece na notável profecia de Isaías 11, que seja qual for o sistema de
interpretação que adotemos, a sua aplicação é reconhecidamente futura, onde os
“os desterrados de Israel” e os
“dispersos de Judá” serão reunidos. O
mesmo aparece novamente em Ezequiel 37, onde há um anúncio futuro do total das
doze tribos reunidas em um só reino. Há muito mais passagens que podem ser
citadas que falam da completa Restauração de toda a nação em termos inequívocos
e exatos; que certamente não podem ser aplicados – comparativamente falando - a
apenas alguns que voltaram da Babilônia.
“Porque será naquele dia,
diz o SENHOR dos Exércitos, que eu quebrarei o seu jugo de sobre o teu pescoço,
e quebrarei os teus grilhões; e nunca mais se servirão dele os estrangeiros.”
(Jr.30:8)
A
apostasia de Israel, por não ter servido ao Senhor com alegria e gratidão de
coração pela abundância de todas as coisas, receberia uma lição; e a nação foi
entregue por Deus para servir aos gentios por um tempo.
“Porquanto não serviste
ao SENHOR teu Deus com alegria e bondade de coração, pela abundância de tudo.
Assim servirás aos teus inimigos, que o SENHOR enviará contra ti, com fome e com
sede, e com nudez, e com falta de tudo; e sobre o teu pescoço porá um jugo de
ferro, até que te tenha destruído.” (Dt.28:47-48)
Mas este jugo de
ferro e de opressão por parte dos gentios não era para durar para sempre. Isto
fica claro pelas solenes palavras do Senhor Jesus Cristo, quando, depois de
anunciar o fato de que Israel cairia
“ao fio da
espada, e para todas as nações serão levados cativos” (Lc.21:9). Ele faz brilhar
a estrela da esperança no meio da sombria ameaça de julgamento que fará dissipar
a escuridão, e na abundância da misericórdia esquece o julgamento; porquanto Ele
anuncia um limite de tempo para a servidão de Israel por parte dos
gentios:
“Jerusalém será pisada pelos
gentios, até que os tempos dos gentios se completem.” Lc.21:24
E quando o tempo se completar,
o julgo será quebrado, e Israel será mais uma vez não apenas livre e
independente, mas nacionalmente suprema entre as nações.
“Certamente as ilhas me
aguardarão, e primeiro os navios de Társis, para trazer teus filhos de longe, e
com eles a sua prata e o seu ouro, para o nome do SENHOR teu Deus, e para o
Santo de Israel, porquanto ele te glorificou. E os filhos dos estrangeiros
edificarão os teus muros, e os seus reis te servirão; porque no meu furor te
feri, mas na minha benignidade tive misericórdia de ti. E as tuas portas estarão
abertas de contínuo, nem de dia nem de noite se fecharão; para que tragam a ti
as riquezas dos gentios, e, conduzidos com elas, os seus reis. Porque a nação e
o reino que não te servirem perecerão; sim, essas nações serão de todo
assoladas. A glória do Líbano virá a ti; a faia, o pinheiro, e o álamo
conjuntamente, para ornarem o lugar do meu santuário, e glorificarei o lugar dos
meus pés. Também virão a ti, inclinando-se, os filhos dos que te oprimiram; e
prostrar-se-ão às plantas dos teus pés todos os que te desprezaram; e
chamar-te-ão a cidade do SENHOR, a Sião do Santo de Israel. Em lugar de seres
deixada, e odiada, de modo que ninguém passava por ti, far-te-ei uma excelência
perpétua, um gozo de geração em geração. E mamarás o leite dos gentios, e
alimentar-te-ás ao peito dos reis; e saberás que eu sou o SENHOR, o teu
Salvador, e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó.” (Is. 60:9-16)
Mas isto já
aconteceu? Deixemos que aqueles que apontam a restauração ocorrida no tempo da
Babilônia como cumprimento cabal dessas profecias comparem, por exemplo, com uma
passagem de Isaías 14:1-2 onde lemos que...
“PORQUE o SENHOR se compadecerá de Jacó, e ainda
escolherá a Israel e os porá na sua própria terra; e ajuntar-se-ão com eles os
estrangeiros, e se achegarão à casa de Jacó. E os povos os receberão, e os levarão aos seus
lugares, e a casa de Israel os possuirá por servos, e por servas, na terra do
SENHOR; e cativarão aqueles que os cativaram, e dominarão sobre os seus
opressores.”
Deixe-os comparar isto com
Neemias 9:36-37 que descreve a condição atual do povo depois de sua
restauração:
Ne.9:36-37 - “Eis que hoje somos servos;
e até na terra que deste a nossos pais, para comerem o seu fruto e o seu bem,
eis que somos servos nela. E ela multiplica os seus produtos para os reis, que
puseste sobre nós, por causa dos nossos pecados; e conforme a sua vontade
dominam sobre os nossos corpos e sobre o nosso gado; e estamos numa grande
angústia.”
Is. 11:11-12 - “E há de ser que
naquele dia o Senhor tornará a pôr a sua mão para adquirir outra vez o
remanescente do seu povo, que for deixado, da Assíria, e do Egito, e de Patros,
e da Etiópia, e de Elã, e de Sinar, e de Hamate, e das ilhas do mar. E levantará
um estandarte entre as nações, e ajuntará os desterrados de Israel, e os
dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra.”
Até agora não houve
qualquer segunda Restauração; nem o retorno da Babilônia pode ser dito como
sendo dos “quatro confins da terra.”; o cativeiro foi de caráter local, e de
curta duração. Antes da dispersão provocada por Tito, nunca podemos dizer que
esta foi de caráter universal;
conseqüentemente jamais os judeus poderiam ter sido congregados dos quatro
confins da terra.
Seus limites encontram-se em
Gênesis 15:18; Ezequiel 47:13 e 48:1. Dr. Alex Keith, autor de “Evidencies of
Profecy” (Evidências da Profecia), nos deu os resultados das suas investigações
pessoais e medidas no seu livro intitulado “The Land of Israel” (A Terra de
Israel), segundo os quais a extensão da terra prometida é de 300.000 milhas
quadradas. Fala-se que o irreligioso Voltaire comentando sobre Êxodo 3:8 com tom
de zombaria, - aonde Deus diz que desceu para livrar Israel da terra dos
egípcios, e os tiraria de lá para uma terra “boa e larga”, - que o Deus dos
judeus deveria ser um Deus mesquinho por ter dado uma terra menor em tamanho do
que o País de Gales, e chamou esta de uma grande terra. Mas isto geralmente só
faz o estilo de escarnecedores infiéis, que acham fácil ridicularizar coisas de
que entendem muito pouco. Somente a ignorância pode retratar a terra chamada em
Êxodo 3:8 de “larga terra”, como sendo menor em tamanho do que o País de Gales.
Porquanto esta é duas vezes e meia o tamanho da Grã-Bretanha e Irlanda juntos. E
ainda assim, cristãos que não acreditam numa futura possessão por parte de
Israel de toda a terra que Deus lhes prometeu, realmente dão ocasião à blasfêmia
por parte dos inimigos de Deus; porquanto se não houver ocupação futura da terra
por parte de Israel, a solene Palavra de Deus, onde é feito o juramento, não se
cumpriria em Gênesis 15:
8-18.
Embora passem gerações, e
em lugar dos pais venham os filhos: “O céu e a
terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (MT. 24:35), nem
tampouco as promessas de Deus. É muito significativo que quando viermos à futura
nova divisão da terra, nos últimos capítulos de Ezequiel, não é mais meramente
de Dã a Berseba que o profeta vai lidar; mas fé e inspiração unem-se para
reinvidicar toda a terra prometida contida dentro dos limites do pacto original
de Gênesis 15. Isto, a propósito, é uma resposta suficiente aos que perguntam se
há suficiente espaço na Palestina para os 12.000.000 de judeus que vivem no
mundo atualmente. Note também que de acordo com os mesmos últimos capítulos de
Ezequiel, há de ter uma localização diferente das doze tribos na nova
distribuição da terra. Que faremos então com isso se não houver qualquer
restauração futura de Israel à terra prometida?
Israel, nacionalmente falando, está para entrar na bênção da Nova
Aliança anunciada nesta profecia – Jeremias 31: 31-34 “Eis que dias vêm, diz o
SENHOR, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá.
Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão,
para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar
de eu os haver desposado, diz o SENHOR. Mas esta é a aliança que farei com a
casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: Porei a minha lei no seu
interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o
meu povo. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão,
dizendo: Conhecei ao SENHOR; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao
maior deles, diz o SENHOR; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me
lembrarei dos seus pecados.”; - Aliança da qual indivíduos eleitos de todas as
nações agora desfrutam, como que por antecipação. Isto é claramente anunciado em
Ezequiel 36:24-28:
“E vos tomarei dentre os
gentios, e vos congregarei de todas as terras, e vos trarei para a vossa terra.
Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas
imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E dar-vos-ei um coração
novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração
de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito,
e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os
observeis. E habitareis na terra que eu dei a vossos pais e vós sereis o meu
povo, e eu serei o vosso Deus.”
E ainda pelo mesmo profeta no
capítulo seguinte – 37: 21-23; e em muitas outras passagens das Escrituras.
Consideremos agora que esta conversão nacional certamente ainda não ocorreu. A
restauração ocorrida na saída da Babilônia foi seguida pela mais terrível
apostasia nacional, que culminou na rejeição do Filho de Deus, e na conseqüente
dispersão do povo para os quatro cantos da terra.
Isto é anunciado
nesta profecia mesmo, onde, no fim do capítulo 31 de Jeremias, depois de
descrever com riqueza de pormenores e exatidão geográfica a reconstrução da
Cidade Santa, encerra com a seguinte declaração: “não se arrancará nem se
derrubará mais eternamente.” O mesmo é dito novamente pelo profeta Amós:
“E
trarei do cativeiro meu povo Israel, e eles reedificarão as cidades assoladas, e
nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão pomares, e
lhes comerão o fruto. E plantá-los-ei na sua terra, e não serão mais arrancados
da sua terra que lhes dei, diz o SENHOR teu Deus." (Amós 9:14-15) Agora, supondo
que estas predições inspiradas de Amós e Jeremias já tenham ocorrido, digamos,
umas cem vezes, ainda assim seríamos justificados em crer que haverá ainda um
outro ajuntamento, depois do qual não haverá mais dispersão.
O segundo
item no programa Divino para o futuro de Israel, como está dito no seu “livro”
divinamente inspirado, é, usando a linguagem inspirada, o “tempo de angústia para
Jacó”.
“E estas são as palavras que disse o SENHOR, acerca de
Israel e de Judá.
Porque assim
diz o SENHOR: Ouvimos uma voz de tremor, de temor mas não de paz. Perguntai,
pois, e vede, se um homem pode dar à luz. Por que, pois, vejo a cada homem com
as mãos sobre os lombos como a que está dando à luz? e por que se tornaram
pálidos todos os rostos? Ah! porque aquele dia é tão grande, que não houve outro
semelhante; e é tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será salvo dela.”
(Jeremias 30:4-7)
“O que?”, você
exclama, “já não basta tanto sofrimento da parte de Israel por todos esses
séculos? Ainda haverá um futuro batismo de fogo, pelo qual deverá passar?” Sim,
isto está claro nesta profecia, como em tantas outras. Ouça esta declaração do
profeta Ezequiel:
“E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
Filho do homem, a casa de Israel
se tornou para mim em escórias; todos eles são bronze, e estanho, e ferro, e
chumbo no meio do forno; em escórias de prata se tornaram. Portanto assim diz o
Senhor DEUS: Pois que todos vós vos tornastes em escórias, por isso eis que eu
vos ajuntarei no meio de Jerusalém. Como se ajuntam a prata, e o bronze, e o
ferro, e o chumbo, e o estanho, no meio do forno, para assoprar o fogo sobre
eles, a fim de se fundirem, assim vos ajuntarei na minha ira e no meu furor, e
ali vos deixarei e fundirei. E congregar-vos-ei, e assoprarei sobre vós o fogo
do meu furor; e sereis fundidos no meio dela. Como se funde a prata no meio do
forno, assim sereis fundidos no meio dela; e sabereis que eu, o SENHOR, derramei
o meu furor sobre vós”. (Ezequiel 22: 17-22)
Aqui, também, a
terrível fornalha de fogo se dará imediatamente após ser congregado no meio de
Jerusalém. Mas esse “tempo de angústia de Jacó” não se refere porventura à
terrível calamidade que assolou a nação na destruição de Jerusalém imposta por
Tito, e que foi repetida com talvez maior severidade cerca de sessenta e cinco
anos mais tarde no tempo de Bar Kochba e Hadrian? Não! A provação anunciada
aqui, pela qual Israel haverá de passar, é terrivelmente severa, porém de curta
duração, como é sugerida pela figura empregada – a de uma mulher em dores de
parto; e finda na sua salvação: enquanto os sofrimentos na destruição de
Jerusalém comandada por Tito apenas inaugurou uma longa série de dispersões,
massacres, espoliações, e opressões, que se têm perpetuado por mais de dezoito
séculos. Certamente não podemos negar que esses tão longos sofrimentos foram
preditos na Palavra de Deus, e têm o seu lugar e relação com a apostasia de
Israel e seu glorioso futuro; e, de certa forma, “o tempo de angústia de Jacó” é
um somatório, o auge de tudo que aconteceu: mas está claro que haverá um tempo
de purificação através de um severo julgamento que aguarda Israel depois de seu
retorno à sua terra, que imediatamente precederá sua conversão nacional e a
revelação do seu Messias, que como nação, por tanto tempo tem sido rejeitado. O
que temos nos últimos capítulos de Zacarias? - Israel na sua terra; não
necessariamente a nação inteira, mas a maior parte dela, evidentemente
restaurada de um estado de descrença. Então vem esta terrível
proclamação:
“EIS que vem o dia do SENHOR, em que teus despojos se
repartirão no meio de ti.
Porque
eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será
tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade da cidade
sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será extirpado da cidade. E
acontecerá em toda a terra, diz o SENHOR, que as duas partes dela serão
extirpadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela. E farei passar esta
terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a
provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi:
É meu povo; e ela dirá: O SENHOR é o meu Deus.” (Zacarias 14:1,2; 13:8,9)
Esta é a perspectiva imediata depois da
restauração à Palestina de um povo que rebelou-se contra o Altíssimo, e rejeitou
o Seu Filho, e sempre resistiu ao Espírito Santo – uma fornalha sete vezes mais
quente e uma angústia tão grande como as dores de uma mulher quando em trabalho
de parto. Pobre Israel! Quem deseja o dia do Senhor, para que fim virá este dia
sobre vós? Não será o dia do Senhor trevas e não luz, escuridão sem qualquer
claridade? (Amós 5:18,20)
Mas louvado seja
Deus, pois a sua ira não dura para sempre; “O choro
pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”.
E mesmo quando Israel tiver de enfrentar densas trevas – trevas tais como antes
nunca viu, “o SENHOR será a sua luz” (Miquéias
7:8); e, embora a tribulação e
angústia sejam tão grandes como nunca houve antes, no meio da ira Deus lembrará
da misericórdia; e de acordo com a Sua promessa, Ele não destruirá completamente
a casa de Jacó. “Eis que os olhos do Senhor DEUS
estão contra este reino pecador, e eu o destruirei de sobre a face da terra; mas
não destruirei de todo a casa de Jacó, diz o SENHOR.” (Amós 9:8)
Repentinamente,
quando muito espessas forem as nuvens, e a angústia muito forte; mesmo quando o
pequeno remanescente de Israel que restar entrar em desespero e sumir toda a
esperança, e quando os inimigos de Israel estiverem certos de terem conseguido o
seu objetivo de exterminar completamente aquele povo que eles pensam ter sido
uma presa fácil que lhes foi entregue; quando o espírito orgulhoso do judeu for
quebrantado, e quando a arrogância e obstinação forem substituídos por humildade
e arrependimento; quando os sacerdotes e os ministros do altar chorarem entre o
alpendre e o altar dizendo, “Poupa a teu povo, ó SENHOR, e não entregues a tua
herança ao opróbrio" ,(Joel 2:17); e quando todo o povo, levado aos extremos da
dor, estiver querendo ajuda seja lá de onde vier, disser
“OH! se fendesses os
céus, e descesses, e os montes se escoassem de diante da tua face, - Não te
enfureças tanto, ó SENHOR, nem perpetuamente te lembres da iniqüidade; olha,
pois, nós te pedimos, todos nós somos o teu povo!”. (Isaías 64:1,9) – então, repentinamente,
com a velocidade de um relâmpago, e visto por todos os Seus santos e pela
multidão de anjos, o mesmo Jesus que subiu corporeamente e visivelmente, em uma
nuvem, no Monte das Oliveiras, será do mesmo modo revelado de novo; mas só que
desta vez, de uma forma toda especial, será revelado como o Rei de Israel e
Libertador. “ E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que
está defronte de Jerusalém para o oriente”, e de lá “o SENHOR sairá, e pelejará
contra estas nações (inimigas de Israel), como pelejou, sim, no dia da batalha.
(Zacarias 14:3,4)
“E o SENHOR
levantará a sua voz diante do seu exército” (Joel 2:11); “Porque, eis que o
SENHOR virá com fogo; e os seus carros como um torvelinho; para tornar a sua ira
em furor, e a sua repreensão em chamas de fogo. Porque com fogo e com a sua
espada entrará o SENHOR em juízo com toda a carne; e os mortos do SENHOR serão
multiplicados.” (Isaías 66:15,16)
“Assim como aquele pastor de ovelhas de Belém – este é um dos mais perfeitos e lindos tipos d´Aquele que veio como seu Filho e Senhor, - matou tanto o leão como o urso, e tirou de suas garras a ovelha que se tornara sua presa, assim o Pastor de Israel salvará o remanescente do Seu povo das garras daqueles que são mais poderosos que ele; e matará aqueles que devoraram, quebraram em pedaços, e pisaram com os pés os Seus escolhidos, com uma força ainda maior do que o urso e o leão.” (Rays of Messiah's Glory), de David Baron.
O terceiro ítem a
respeito do futuro de Israel que veremos neste capítulo, é a conversão de Israel
e o estabelecimento do trono de Davi.
“Eu quebrarei o seu jugo de sobre o teu
pescoço, e quebrarei os teus grilhões; e nunca mais se servirão dele os
estrangeiros. Mas servirão ao SENHOR, seu Deus, como também a Davi, seu rei, que
lhes levantarei.” (Jeremias 30:8,9)
É desnecessário
provar que “Davi, seu rei” refere-se ao Messias. Até mesmo o Talmude diz: “Davi
seu rei, que eu lhes levantarei (futuro)” e não “que eu levantei-lhes(passado)”
- mostrando que não se trata do rei Davi que reinou em Jerusalém cerca de
quatrocentos anos atrás, mas refere-se ao Messias que será da “raiz de Davi”. -
“Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que
levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e
praticará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará
seguro; e este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O SENHOR JUSTIÇA
NOSSA." (Jeremias 23:5,6) Na verdade, Ele é o verdadeiro Davi, o Amado, o Rei
segundo o coração de Deus, em quem as promessas de Deus se
centralizam.
Há um bom número de
passagens onde o nome de Davi é aplicado ao Rei Messias no Velho Testamento; mas
duas merecem destaque especial. Em Oséias 3, depois da maravilhosa profecia dada
quase oitocentos anos antes de Cristo, e que mostra exatamente a atual situação
de Israel, é dito o seguinte: - “Depois
tornarão os filhos de Israel” - isto é, quando a situação de banidos da sua
própria terra e da apostasia do seu Deus chegaram ao fim, então “buscarão ao
SENHOR seu Deus, e a Davi, seu rei; e temerão ao SENHOR, e à sua bondade, no fim
dos dias.”
“Eles buscarão ao
SENHOR seu Deus, e a Davi, seu rei”. “Eles servirão ao SENHOR seu Deus, e a
Davi, seu rei”: então não há nem verdadeiro buscar, nem verdadeiro servir ao
Deus Jeová, quando não procuramos buscar e servir a Davi (Messias) o Rei, apesar
de agora este pobre Israel pensar ao contrário. E notemos o caráter mais que
humano e a dignidade deste grande Davi. Ele clama para si a mesma obediência
devida somente a Deus. O que quer que seja subentendido por
“Eles servirão ao
SENHOR seu Deus”, deve também significar “eles servirão a Davi seu rei”. Mas há
uma gloriosa verdade envolvida nestas duas passagens, que não pode passar
despercebida. É predizer que haverá um tempo quando Israel nem servirá a Deus,
nem cairá em idolatria; o profeta diz que “os filhos de Israel ficarão por
muitos dias sem rei, e sem príncipe” - a expressão do idioma hebraico aqui
significa um longo e indefinido período de tempo. Esta tem sido provada uma
maravilhosa verdade; e que maravilhosa exatidão no cumprimento desta
proclamação! No tempo de Zedequias, o último príncipe que sentou no trono de
Davi, o profeta Ezequiel fez esta surpreendente proclamação:
“Tira a mitra (do sumo sacerdote)
e remove a coroa; esta não será a mesma; exalta ao humilde, e humilha ao soberbo
(ou, deixa que a anarquia e usurpação do trono de Davi continuem);
Ao revés, ao revés, ao revés porei aquela coroa, e ela não mais será, até que
venha aquele a quem pertence de direito; a ele a darei.” Ezequiel 21:26,27 (tradução mais literal do hebraico).
E assim tem-se
comprovado. Por todos aqueles séculos antes de Cristo, e por todos estes quase
dezenove séculos desde o nascimento de Cristo – um fato que só seria previsto
por inspiração – a despeito de todo o esforço e ambição dos judeus, não houve
qualquer reestabelecimento do trono de Davi. É verdade que no segundo século
A.C. existiu um reino por um pequeno espaço de tempo na Judéia; mas os reis não
eram da casa de Davi, nem mesmo da tribo de Judá, e não são reconhecidos por
Deus como reis, que por juramento designou Davi e sua semente para serem os
únicos reis legítimos em Sião. “Até vir Aquele a quem o reino pertence por
direito: a Ele será dado”. Quem é este senão Jesus de Nazaré? -
“o Rei os
Judeus”, sobre quem foi anunciado por ocasião do Seu nascimento:
“Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo;
e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente
na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.” (Lc. 1:32-33) De acordo com o
ponto de vista comumente adotado, não há na verdade qualquer importância no
título “Filho de Davi” quando refere-se a Cristo; exceto, talvez, para provar
que Ele era descendente de Davi, habilitando-nos assim a traçar a Sua
genealogia. Mas fica evidente que a proclamação do anjo vincula este título a
algo mais importante que isto, visto que ele reinvidica para Ele, como Filho de
Davi, “o trono de Davi, Seu pai”. “E que trono é este? Não é o trono do céu, nem
o trono do reino espiritual de Deus; porque nenhum destes foi ocupado ou poderia
ser sido ocupado por Davi, ou poderia ser herdado por Cristo como `filho de
Davi´. O referido trono, então, deverá ser o trono do reino de Israel, como
assim testifica as palavras do anjo; tendo dito “o Senhor Deus lhe dará o trono
de Davi, seu pai”, ele acrescenta: “E reinará eternamente na casa de Jacó, e o
seu reino não terá fim.” ( Rev. W. Burgh )
A
idéia geralmente cogitada é a de que o trono sobre o qual Cristo está sentado
agora à direita da Majestade nas alturas é o trono referido pelo anjo na
proclamação a Maria; mas este ponto de vista não está baseado num estudo
abrangente e cuidadoso da Palavra de Deus. Tomemos como exemplo
Apocalipse 3:21:
“Ao que vencer lhe concederei que
se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai
no seu trono.”
Aqui o
Senhor mesmo nos diz que o trono sobre o qual está sentado não é Seu, mas do seu
Pai, que O convidou para compartilhar consigo como sinal de Sua perfeita
satisfação pela obra consumada do seu Filho amado; e que Ele só ocupa este lugar
até tomar posse do Seu próprio trono, sobre o qual dará o privilégio de sentar
ali aqueles que foram fiéis neste mundo rebelde. Quando Cristo veio pela
primeira vez, se houvesse Israel conhecido o dia da Sua visitação, o reino teria
sido naquela mesma época restituído a eles; mas “os seus não O receberam”. Eles
o rejeitaram e enviaram um mensageiro após Ele, dizendo
“Não queremos que este
homem reine sobre nós”.
Mas a
incredulidade e rejeição de Israel para com o seu Rei frustrou os propósitos de
Deus? Esta atitude usurpou de Cristo aquilo que Ele tinha direito como Filho de
Davi, e que é preeminentemente o prêmio por Sua humilhação e morte?
“ Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de
Sião.” (Salmo 2:6) A incredulidade do homem pode retardar, para seu dano
próprio,o cumprimento dos propósitos de Deus; mas a incredulidade humana e até
mesmo as portas do inferno não podem frustrá-los.
“Há um
velho ditado que é muito apreciado por Bengel: “Deus habet horas et moras”
- Deus tem horas e caminhos próprios. Na história há pausas causadas por
incredulidade, por ignorância, e por desobediência do Seu próprio povo; porém
durante as mesmas, o grande Músico não esquece a melodia, e no tempo apropriado
dá o seu prosseguimento.” Dr. A. Saphir. O Rei que Israel insultou e entregou
para ser crucificado, partiu por um tempo dizendo estas tremendas
palavras:
“Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta;
Porque eu vos digo que desde
agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor.”
(Mateus 23:38,39)
Ou como está em
Oséias 5:15:
“ Irei e voltarei
ao meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando
eles angustiados, de madrugada me buscarão."
Entretanto, um
outro propósito encoberto de Deus, o mistério da Igreja, foi revelado; o qual
mais do que nunca torna manifesta a multiforme sabedoria de Deus. Mas que dizer
do “Tabernáculo de Davi”? E o relacionamento de Cristo com Israel? Ele
renunciou? Ele disse a Israel, “Não tenho mais nada a fazer convosco! Eis que a
vossa casa vai ficar-vos deserta. Porque eu vos digo que desde agora me não
vereis mais – e para sempre?” Ainda bem que não! Eis que também é erguida a
gloriosa estrela da esperança bem no meio do triste e iminente julgamento e
desolação.
O
afastamento do Rei, mesmo de longa duração, é por tempo limitado:
“até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor.”
(Mateus 23:39b) Até reconhecerem sua ofensa e buscarem a Minha face, então
correspondendo com o que foi dito acima, acrescenta-se:
“Na sua aflição – no
tempo de angústia de Jacó (a mesma palavra no original é usada em ambos lugares)
- de madrugada Me buscarão”. E quando enfim O buscarem, aquela face, que “Com um
pouco de ira escondi ... de ti por um momento” (Isaías 54:8), será levantada
sobre eles com todo o esplendor. “Naquele dia tornarei a levantar o tabernáculo
caído de Davi, e repararei as suas brechas” (Amós 9:11);
“quando o SENHOR dos Exércitos reinar no monte Sião e
em Jerusalém, e perante os seus anciãos gloriosamente.” (Isaías 24:23b). Até
então, e por todos estes muitos dias “os filhos de Israel ficarão por muitos
dias sem rei, e sem príncipe” (Oséias 3:4). Note que eles não estão apenas sem
rei, mas também sem príncipe.
Agora compare
isto com Ezequiel 37, e veja uma das mais lindas verdades acerca do Senhor Jesus
com relação ao futuro de Israel.
“Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu
tomarei os filhos de Israel dentre os gentios, para onde eles foram, e os
congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra. - E deles farei uma nação na terra, nos montes de
Israel, e um rei será rei de todos eles, e nunca mais serão duas nações; nunca
mais para o futuro se dividirão em dois reinos. - E nunca mais se contaminarão
com os seus ídolos, nem com as suas abominações, nem com as suas transgressões,
e os livrarei de todas as suas habitações, em que pecaram, e os purificarei.
Assim eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. - E meu servo Davi será rei
sobre eles, e todos eles terão um só pastor; e andarão nos meus juízos e
guardarão os meus estatutos, e os observarão. - E habitarão na terra que dei a
meu servo Jacó, em que habitaram vossos pais; e habitarão nela, eles e seus
filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre, e Davi, meu servo, será seu
príncipe eternamente." (Ezequiel 37:21-25) “ E meu servo Davi será rei sobre
eles; . . . e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente”. Aqui tanto o Rei
como o Príncipe de Israel são a mesma pessoa.
Mas você
pergunta: os dois termos substancialmente não significam a mesma coisa? Não; a
palavra no original traduzida como “príncipe” nesta passagem, não significa
príncipe no sentido hereditário da palavra. “Nassi”, o termo usado, significa
alguém exaltado, ou eleito por livre vontade do povo. Que vislumbre temos aqui
da mudança que virá sobre Israel na manifestação de Jesus Cristo! Na Sua
primeira vinda, Israel, como nação, deliberadamente O rejeitou. “Esse homem não,
queremos Barrabás!”, disseram; e quanto a Cristo, “Crucifiquem-No!
Crucifiquem-No!” “Não queremos que este homem reine sobre nós” foi o brado
deles. Mas o veredicto nacional que diz respeito a Jesus de Nazaré será
revogado; o grande erro do povo judeu será reconhecido e haverá arrependimento.
Em vez de “Crucifiquem-No!” eles gritarão “Hosana! Bendito O que vem no nome do
Senhor!”. Eles aceitarão Sua reivindicação, não apenas de “Rei”, aquele que tem
o direito de reinar sobre eles, mas deliberadamente O declararão como seu
“Nassi”, seu eleito ou exaltado.
Isto simplesmente
significa que Israel irá ratificar a escolha de Deus. Davi mesmo, cujo nome o
Messias carrega, é um lindo tipo de Cristo tanto neste como em muitos outros
aspectos. Em 1 Samuel 16, nós lemos da sua escolha e unção como rei de Israel
por ordem de Deus. Mas o que sucedeu-se? Ele começou a reinar imediatamente?
Durante quinze anos tornou-se um fugitivo; suas reinvidicações não foram
reconhecidas; sua casa era a caverna de Adulão, ou o deserto de Judá. Havia um
outro rei que detestava Davi, e disputava a sua soberania.
Entretanto, em vez de um trono no Monte Sião e os exércitos de Israel,
sua corte estava no campo, e seus seguidores consistiam de seus irmãos e toda a
casa de seu pai; “e todo o homem endividado, e
todo o homem de espírito desgostoso” - uma companhia muito estranha que não
contava com mais do que uns “quatrocentos homens. (1Sm. 22:1,2) Mas finalmente,
depois de todos aqueles anos de rejeição, o coração do povo voltou-se para ele,
“Então vieram os homens de Judá, e” - como se ele nunca houvesse sido ungido
antes - “ungiram ali [em Hebrom] a Davi rei sobre a casa de Judá”. (2 Sm. 2:4)
O restante das
tribos de Israel ainda se opunham a Davi sob a bandeira de Isbosete; até cerca
de sete anos mais tarde, o coração de todo o povo se voltou para ele, e
“todos
os anciãos de Israel vieram ao rei, em Hebrom; e o rei Davi fez com eles acordo
em Hebrom, perante o SENHOR; e ungiram a Davi rei sobre Israel”. (2Sm.
5:3)
Assim é com Cristo. Desde sua encarnação Ele foi designado Rei dos Judeus. Jeová mesmo O houvera ungido como Seu Rei no Monte Sião; e foi então anunciado que “o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.”(Lc. 1:32-33) Mas meu povo não conheceu o dia de sua visitação; e por todos estes séculos tem rejeitado firmemente, como nação, reconhecer as Suas prerrogativas. Entrementes também, o deus deste mundo, “o príncipe das potestades do ar”, tem sido permitido pela infinita sabedoria de Deus, usurpar a soberania de Cristo sobre as nações; e os seguidores do nosso bendito e glorioso Mestre são uma pequena porção de indivíduos, de todas as nações, que espiritualmente assemelham-se àquele grupo heterogêneo na caverna de Adulão, “endividados,... de espírito desgostoso” pelo sentimento de pecado e tristeza. Estes sentem um consciente pesar por saber que Jesus Cristo ainda não é aceito como Rei de toda a terra; em vez de uma coroa que mais tarde virá, temos que tomar a Sua cruz e segui-Lo, “fora do arraial, levando o seu vitupério.” (Hb. 13:13) Mas tão certo como havia uma cruz encravada para Ele no Gólgota, fora dos muros de Jerusalém, certamente haverá um trono glorioso para o nosso Redentor e Senhor – se é que a palavra e juramento do nosso Deus permanece. “A pedra que os edificadores reprovaram, Essa foi a principal da esquina”; e embora possa parecer maravilhoso e improvável aos nossos olhos, Israel ainda - “servirá a Jeová seu Deus, e Davi seu Rei”, e deliberadamente O elegerão, como o seu “Nassi”, seu livremente escolhido soberano e príncipe.
A atual situação de Israel, e o milagre da sua preservação. Este é o próximo ítem na mensagem divinamente ditada pelo profeta Jeremias.
Depois de proclamar
o fato da sua restauração, e descrever o agradável dia quando o remanescente de
Israel, depois de passar pela purificadora provação, invocarão
“nome do SENHOR, para que o sirvam com um mesmo
consenso” (Sofonias 3:9), lemos em Jeremias 30:10:
“Não temas, pois,
tu, ó meu servo Jacó, diz o SENHOR, nem te espantes, ó Israel; porque eis que te
livrarei de terras de longe, e à tua descendência da terra do seu cativeiro; e
Jacó voltará, e descansará, e ficará em sossego, e não haverá quem o
atemorize.”
É maravilhoso
notar como o povo é encorajado a retirar consolo e esperança do esplendor e
glória que ainda está por vir sobre eles, a despeito da desolação e sofrimento
presentes. Porisso – tendo em vista a gloriosa perspectiva minuciosamente
anunciada - “Não temas, pois, tu, ó meu servo Jacó”. “Pereceria sem dúvida, se
não cresse que veria a bondade do SENHOR na terra dos viventes”. (Sl 27:13)
Certamente é sombria a perspectiva atual do povo judeu na sua dispersão e
incredulidade, se vista à parte da promissora manhã tão claramente predita na
Palavra de Deus. Porém à luz do brilhante futuro, até mesmo as presentes trevas
e tristeza tornam-se menos intensas. Quão grande consolo é a certeza de que
“Jacó voltará, e descansará, e ficará em sossego, e não haverá quem o
atemorize”!
A presente
situação deste povo peculiar foi predita com minuciosa exatidão como a
seguinte:
“ Porque eis que
darei ordem, e sacudirei a casa de Israel entre todas as nações, assim como se
sacode grão no crivo, sem que caia na terra um só grão.” (Amós 9:9)
Ou
como nas palavras de Jeremias cap.24 ver.9:
“E entregá-los-ei para que sejam um prejuízo, uma
ofensa para todos os reinos da terra, um opróbrio e um provérbio, e um escárnio,
e uma maldição em todos os lugares para onde eu os
arrojar.”
Oh, vós que
duvidais da inspiração do Livro dos Livros, comparem estas profecias de milhares
de anos atrás com o que está acontecendo diante dos vossos olhos! Como podemos
explicar as repetidas dispersões, as contínuas escapadas e desassossego do
judeu, a não ser por estas antigas e inspiradas declarações -de que a Palestina
deveria ser conquistada, e que Israel deveria ser expulso de sua própria terra,
ou até mesmo seria disperso entre as nações. Estaria dentro da possibilidade
humana, ou talvez dentro da possibilidade de de um observador inteligente poder
prever estas coisas? Durante séculos e mais séculos um povo conquistado e
espalhado por terras afora, em vez de ser absorvido por elas – como aconteceu
com outros povos – e criar raízes e encontrar sossego no novo solo para onde
foram transplantados, mantiveram uma vida separada, ficando sozinhos, e não
reconhecidos por entre as nações. Mas em todos esses lugares não tiveram paz e
foram constantemente perturbados: quem, exceto Aquele cujas mãos têm produzido
esse duradouro milagre como testemunho entre as nações, pôde prever e predizer
esses acontecimentos?
Antes
mesmo do seu primeiro assentamento na Palestina, Moisés predisse o que
ocorreria, se Israel pecasse, e fosse desobediente: “E o SENHOR vos espalhará entre todos os povos, desde
uma extremidade da terra até à outra... e nem ainda entre estas nações
descansarás, nem a planta de teu pé terá repouso.” (Dt.28:64,65) E assim como
falou a boca de Deus, assim tem sido por todos esses séculos. O que é a lenda do
“Judeu Errante” contada pelos monges, senão uma parábola de toda a nação
judaica? A versão original da lenda é a seguinte:
José
Cartophilus, um judeu, era porteiro no Pretório de Pôncio Pilatos quando Jesus
foi levado para ser crucificado. Quando Jesus parou junto a soleira da porta do
Pretório, Cartophilus bateu nos ombros do Mestre e disse: “Anda mais rápido. Por
que paraste aqui?” Jesus voltou-se para ele e disse: “Eu irei, mas haverás de
esperar-me até o meu retorno”. Cartophilus que então tinha trinta anos de idade,
e que sempre voltava àquela idade quando atingia os cem anos, tem desde então
esperado a vinda do Senhor e o fim do mundo. Este pobre coitado que ainda deve
existir, apesar de desejar a morte, e fazer desesperados esforços para
consegui-la, dizem estar possuído de um espírito de inquietação que o faz de um
incessante andarilho pela face da terra.
Quem
não consegue ver a relação desta lenda com o povo de “pés errantes e fôlego
exausto?” Há mais de mil e oitocentos anos atrás, quando Israel insultou o seu
Messias, e O encaminhou para a cruz, Jesus, com um olhar piedoso mas
desapontado, voltou-se para eles e disse: “Em
verdade o Filho do homem vai, como acerca dele está escrito; em verdade vos digo
que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam; porque eu vos
digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em
nome do Senhor.” Desde então Israel foi possuído de uma inquietude de espírito
que o fez tomar a vara nas mãos, cingir seus lombos e começar a andar errante
entre as nações - “e errantes andarão entre as nações.” (Oséias 9:17) Eles ainda
estão na cansativa marcha que já se estende por um período de aproximadamente
dois milênios.
Quantas vezes o
meu povo fez um ninho para si e disse: “Descansemos aqui!” Mas quantas vezes
também Deus colocou a Sua mão por baixo do ninho e disse:
“Levanta e anda porque
este não é o teu lugar de descanso!”
“E o que veio à vossa mente de modo
algum sucederá, quando dizeis: Seremos como os gentios, como as outras famílias
da terra” (Ezequiel 20:32)
Se Deus tivesse lançado fora o seu povo
que Ele de antemão conheceu, Ele permitiria que eles entrassem num processo de
destruição nacional e se misturado com os demais povos, como eles almejavam; mas
não, mesmo nessas freqüentes dispersões e contínuo vaguear acompanhados de
correções várias, vemos a fidelidade de Deus às Suas alianças, e o Seu amor pelo
seu povo. Israel nos fornece o quadro, numa escala nacional, de como Deus lida
com a infidelidade do homem. Certamente é com amor e misericórdia que a paz e a
tranqüilidade são confiscados daqueles que se afastam de Deus. Se o filho
pródigo tivesse encontrado na terra distante o que o seu coração ansiava,
poderia ser que ele nunca houvesse voltado os seus pensamentos para o seu pai e
para o seu lar.
“Tu reduzes o homem à destruição; e dizes: Tornai-vos,
filhos dos homens.!” (Salmo 90:3)
Cada golpe sofrido;
cada vez que eram banidos de uma terra para outra, que era como se fosse a voz
de Deus dizendo ao povo para prosseguir na sua longa caminhada; cada calamidade,
e cada agravo sofrido pelo povo disperso, era um chamado de Deus dizendo:
“Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus
caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?” (Ezequiel 33:11)
“Se então o seu
coração incircunciso se humilhar, e então tomarem por bem o castigo da sua
iniqüidade, - Também eu me lembrarei da minha aliança com Jacó, e também da
minha aliança com Isaque, e também da minha aliança com Abraão me lembrarei, e
da terra me lembrarei.” (Levítico 26:41,42)
Mas o dia que Deus irá lidar
com a infidelidade de Israel não está longe -
“Eu sararei a sua
infidelidade, eu voluntariamente os amarei; porque a minha ira se apartou
deles.” (Oséias 14:4); e na
cruz, aonde este dia começou, o andar errante e as dispersões cessarão.
“E Jacó voltará,
e descansará, e sossegará, e não haverá quem o atemorize.” (Jeremias 46:27)
Enquanto isso, embora dispersos e desgarrados, lançados entre as nações, sem que
encontrem descanso par a sola dos seus pés, a preservação de Israel está
garantida.
“ Porque eu sou
contigo, diz o SENHOR, para te salvar; porquanto darei fim a todas as nações
entre as quais te espalhei; a ti, porém, não darei fim, mas castigar-te-ei com
medida, e de todo não te terei por inocente.” (Jeremias 30:11)
Isto concorda com o
que o mesmo profeta diz noutro lugar: “ Porque
assim diz o SENHOR: Toda esta terra será assolada; de todo, porém, não a
consumirei.” (Jeremias 4:27) E novamente quando ordena às nações:
“Subi aos seus
muros, e destruí-os” - porém Ele cuidadosamente adiciona uma cláusula restritiva
- “porém não façais uma destruição final” (Jeremias 5:10) Também lemos em
Amós
9:8
“Eis que os olhos
do Senhor DEUS estão contra este reino pecador, e eu o destruirei de sobre a
face da terra; mas não destruirei de todo a casa de Jacó, diz o SENHOR.”
Que a
contínua existência do povo judeu possa dar testemunho da fidelidade do SENHOR
às Suas próprias promessas, como também as suas ameaças. Pela palavra de Deus
esta nação veio à existência; e pela palavra de Deus continua a existir e
ninguém pode retirá-la.
Certamente não se
faz necessário lembrar ao mundo, nem especialmente ao cristianismo professo, que
não há gratidão por parte das nações gentílicas por haver sobre a face da terra
um ser humano como o judeu. Que poder ou influência jamais houve, que pensando
na possibilidade do sumo extermínio do povo judeu não o tratou com terrível
severidade ao longo de tantos séculos? Aonde quer que houvesse divergência de
opinião por parte das nações da terra, num ponto estavam unânimes: a perseguição
ao povo judeu. E para usar a linguagem do Salmo 83:4, que será o brado final da
grande confederação de nações que se unirá contra Jerusalém, é dito:
“Vinde, e desarraiguemo-los para que não sejam nação,
nem haja mais memória do nome de Israel.”
Papas, concílios,
bispos, monges, reis, e pessoas, pareceram igualmente enfurecidos contra o povo
de Israel, e igualmente determinados a levar a cabo o seu extermínio. Para
efetuar isto, tentaram todo tipo de expediente, mas todos igualmente falharam.
Deixe-me lembrar ao leitor algumas típicas ações por parte dos grandes
representantes do mundo gentílico, como ilustração de suas atitudes para com
Israel.
Faraó, o líder do
mundo gentílico da sua época, concebeu a idéia de uma política de extermínio
contra o povo escolhido, e ele tentou o recurso da água. “A todos os filhos que nascerem lançareis no rio”,
este era o decreto. Mas qual foi o resultado? Israel no final das contas passou
com segurança pela provação da água; não apenas do Rio Nilo, mas também do Mar
Vermelho. Mas note a justiça eqüitativa de Deus: o mesmíssimo meio que ele
planejou para a exterminação do povo de Deus foi escolhido para a sua própria
destruição. Faraó e suas hostes foram afogados!
Novamente Israel estava
cativo, embora por um curto período; e o grande líder do mundo gentílico naquela
época era Nabucodonosor – com quem preeminentemente começou o “tempo dos
gentios” - que fez pode para destruir estes judeus com fogo. Três jovens
hebreus, não querendo servir seus deuses, nem a imagem de ouro que ele havia
estabelecido, foram lançados dentro da “fornalha de fogo ardente”, aquecida sete
vezes mais que o usual; entretanto, o fogo não teve poder sobre os corpos desses
jovens judeus, nem mesmo seus cabelos foram chamuscados, mas as chamas devoraram
os homens que os haviam atirado ali na fornalha.
Dario, um outro
grande monarca do mundo gentílico, tentou o expediente de lançar um judeu,
representante do seu povo, às bestas selvagens. Mas Deus enviou o Seu anjo que
fechou as bocas dos leões, de maneira que não o feriram; embora esses mesmos
leões prevaleceram contra os inimigos de Daniel, e fizeram os seus ossos em
pedaços, quando atingiram o fundo do covil.
Tudo isso
aconteceu por mero acaso? Oh, não! Foram cumprimento daquela maravilhosa
promessa, a princípio dada a Israel como nação:
“Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando
pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te
queimarás, nem a chama arderá em ti.” (Isaías 43:2)
Passando para
tempos mais modernos, deve-se dizer que nenhuma arma forjada contra Israel
prosperou, e que toda língua que contra esta nação se levantou em juízo foi
condenada. Sempre que algum Hamã levantou-se planejando destruir os judeus,
havia uma Ester ou um Mordecai predeterminados. Eis que o vigia de Israel não
cochila nem dorme. Por esta razão, passados quase dois mil anos de dispersão,
sofrimentos que não se contaram, confiscos, violência, torturas, massacres,
desterros, e opressões sistemáticas, não foram suficientes para destruir a nação
judaica; e que insiste em existir em maior número hoje do que nos prósperos dias
de Davi ou Salomão, e a sua vida nacional não exibe sintomas de cansaço mas
força a partir do seu antigo vigor.
Note o apelo
eloqüente de um judeu: “Encarando com bravura todos os tipos de tormento – a
angústia da morte, e ainda as mais terríveis angústias da vida – temos resistido
às impetuosas tempestades do tempo que varre indiscriminadamente pela sua
frente, nações, religiões e países. Aonde foram parar aqueles célebres impérios,
cujos nomes ainda excitam nossa admiração pelas idéias do grande esplendor
vinculados a eles, e cujo poder alcançou toda a face conhecida do globo
terrestre? Hoje são lembrados apenas como monumentos da vaidade da grandeza
humana. As antigas Roma e Grécia não mais existem; seus descendentes, misturados
com outras nações perderam até mesmo os traços da sua origem; enquanto isso, uma
população de uns poucos milhões de homens, freqüentemente subjugados, resiste ao
teste do tempo, e da ardente provação de dezoito séculos de perseguição. Ainda
preservamos as leis que nos foram dadas nos primeiros dias do mundo, na infância
da natureza. Os últimos seguidores de uma religião que abrangia o universo
desapareceu ao longo desses dezoito séculos, enquanto isso nossos templos
permanecem. Somente nós fomos poupados pelas indiscriminantes mãos do tempo,
como uma coluna firme no meio do naufrágio de vários mundos e das ruínas da
natureza. A história do nosso povo une o presente com as primeiras eras da
humanidade, pelo testemunho que ela dá acerca da existência daqueles períodos
primitivos. Começa no berço da civilização; e será preservada até o dia da
universal destruição” (Michael
Beers. Appeal to the Justice of Kings.)
“Assim diz o SENHOR, que dá o sol para luz do dia, e
as ordenanças da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, bramando
as suas ondas; o SENHOR dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas ordenanças de diante de mim, diz o
SENHOR, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim
para sempre. Assim disse o SENHOR: Se puderem ser medidos os céus lá em cima, e
sondados os fundamentos da terra cá em baixo, também eu rejeitarei toda a
descendência de Israel, por tudo quanto fizeram, diz o SENHOR.” (Jeremias
31:35-37)
“Porque assim diz o SENHOR: A tua ferida é incurável;
a tua chaga é dolorosa. Não há
quem defenda a tua causa para te aplicar curativo; não tens remédios que possam
curar. Todos os teus amantes se esqueceram de ti, e não perguntam por ti; porque
te feri com ferida de inimigo, e com castigo de quem é cruel, pela grandeza da
tua maldade e multidão de teus pecados. Por que gritas por causa da tua ferida?
Tua dor é incurável. Pela grandeza de tua maldade, e multidão de teus pecados,
eu fiz estas coisas.” (Jeremias 30:12-15)
Mas para que os
gentios não se unam na controvérsia de Deus com o Seu povo, e diga, como têm
dito: “Deus os rejeitou; destruamos Israel como uma nação”, há um parênteses que
adverte:
“Por isso todos os que te devoram serão devorados; e
todos os teus adversários irão, todos eles, para o cativeiro; e os que te roubam
serão roubados, e a todos os que te despojam entregarei ao saque.
Porque te restaurarei a saúde, e
te curarei as tuas chagas, diz o SENHOR; porquanto te chamaram a repudiada,
dizendo: É Sião, já ninguém pergunta por ela.” (Jeremias 30:16,17)
Mas que quadro este
de Israel! Algumas pessoas gostam muito de traçar um esboço sombrio da presente
situação dos judeus, e isto agrada ao seu paladar; certamente não conseguem
apresentar um melhor do que este descrito pela própria mão de Deus. O judeu é
representado aqui como alguém desamparado e sem esperança. A figura é a de um
homem caído e doente; machucado e ferido, que não tem um remédio ao seu alcance.
Eu falo “um homem caído e doente”, porque as palavras traduzidas como “não tens remédios que possam curar”, literalmente
significam “Não tens remédios que te levantem”. Oh, igreja de Cristo, contempla
este homem machucado e ferido! Que possa Deus te dar o coração do Bom Samaritano
e a compaixão de Jesus! Podes perceber o desamparo do pobre Israel? Às vezes
ouvimos alguns tipos de cristãos falando dos judeus dessa maneira: “Além do mais
eles não são tão falidos como os gentios. São um povo cuja moral é temente a
Deus; eles possuem o Velho Testamento. Eles são inteligentes, talentosos,
influentes, e certamente não são tão vulgares e degenerados como os gentios”. A
resposta de Deus a tudo isso é: “não tens remédios que possam curar”. O judeu
tem as Escrituras; mas e se estas Escrituras não testificarem a ele a respeito
de Jesus Cristo, em quem somente há vida eterna, e esta vida não está nas meras
letras das Escrituras?
E pense nisso, quem quer que
sejas, e que trazes algumas das idéias acima na cabeça! O judeu não é um
pecador? Não disse Deus: “a alma que pecar, essa morrerá?” Não disse Jesus
Cristo: “se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados?” Deverá o Filho
de Deus descer do céu para morrer na cruz para te salvar, e poderá o judeu ser
salvo pela moralidade pessoal dele? Deverás ter um Salvador para te confortar no
sofrimento e na hora da morte, e poderá o judeu dispensá-Lo? Fora de Cristo, a
questão não é o que o homem tem; mas é o que ele não tem. Se um homem estivesse
numa sala cheia de prateleiras repletas de frascos de todo tipo de remédio, que
proveito ele teria se o único remédio que poderia salvar sua vida não estivesse
lá? “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus [seja de elevada
moral, douto, ou de influência] não tem a vida.” (1 João 5:12) Você diz: “Com
certeza Israel está desamparado; e não é dito que também está sem solução?”
Porventura não diz Deus: “A tua ferida é incurável; a tua chaga é dolorosa”; e
novamente no verso quinze: “Tua dor é incurável. Pela grandeza de tua maldade!”
(Jeremias 30:15)
Sim,
completamente desamparado e sem solução do ponto de vista humano; mas
averigüemos e vejamos: não encontraremos estas palavras no vocabulário de Deus.
Desamparado! Sem solução! -
“ Está a “mão do SENHOR não está encolhida, para
que não possa salvar?” (Isaías 59:1); Deus também diz
através do profeta Jeremias, a respeito deste assunto:
“Eis que eu sou o SENHOR, o Deus de toda a
carne; acaso haveria alguma coisa demasiado difícil para mim?” (Jeremias 32:27);
“Clama a mim, e responder-te-ei, e
anunciar-te-ei coisas grandes [ou escondidas, ou fortes,
ou inacessíveis] e firmes que não sabes.” (Jeremias
33:3) “A tua ferida é incurável; a tua chaga é dolorosa”, diz o
homem. “Porque te restaurarei a saúde, e te curarei as
tuas chagas, diz o SENHOR” (Jeremias 30:17)
Dessa forma não é
culpada a Igreja de Cristo de limitar o “Santo de Israel”? Ela não tem sido
culpada de ceticismo e descrença na declaração do Apóstolo dos Gentios, que “o
Evangelho é o poder de Deus para salvação. . . primeiro do judeu”? (Romanos
:1:16) Quem fala de falta de esperança por parte de Deus na questão de salvação
do pecador? Procure e veja! Jesus
porventura descartou algum caso que estivesse além do seu poder de curar? Muitos
casos sem esperanças de cura vieram a Jesus quando Ele esteve neste mundo.
Houveram muitos como o do Tanque de Betesda. Suponho que aquela mulher que tinha
um fluxo de sangue por doze anos, e gastou tudo que tinha com os médicos, e não
pode ser curada por nenhum deles, era um caso tão sem esperança quanto se possa
imaginar; mas ela apenas tocou a orla da Sua veste, e foi imediatamente sarada.
Olhe novamente para Israel. Neste capítulo que estamos considerando, é
considerado um homem doente e sem esperanças. Quando abrimos em
Ezequiel 37,
este homem morreu. E como Lázaro no seu túmulo, por esta ocasião não apenas
exalava mau cheiro, mas a sua carne já tinha se consumido e tudo que restava
dele era um amontoado de ossos secos espalhados pelo vale.
“ Filho do homem,
porventura viverão estes ossos?. . . Então profetizei como se me deu ordem;
então o espírito entrou neles, e viveram, e se puseram em pé, um exército grande
em extremo.”
Veja uma outra
figura do Israel incrédulo em Romanos 11. Eles são comparados a ramos quebrados
de uma frágil oliveira. Podem esses ramos quebrados voltar a ter vida e produzir
fruto? Sim,
“E também eles,
se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus
para os tornar a enxertar. Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e,
contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são
naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!” (Romanos 11:23,24)
“Porque te
restaurarei a saúde, e te curarei as tuas chagas, diz o SENHOR; porquanto te
chamaram a repudiada, dizendo: É Sião, já ninguém pergunta por ela.” (Jeremias
30:17)
Aqueles que não
estão familiarizados com a língua original perdem muito em compreender a força
deste último verso. Alguns cristãos gostam muito do termo “Sião” sendo aplicado
à Igreja, e eles falam da “nossa Sião”. Estes devem ficar surpresos em saber que
“Sião” em hebraico significa “deserto”, “aridez”, ou como é traduzido em Isaías
25:5 - “lugar seco”. Agora, perceba a força desta vergonhosa reprovação.
“Porquanto [os gentios] te chamaram a repudiada, dizendo: É Sião”,- um deserto
árido, que para nada serve, e que por isso - “já ninguém pergunta por ela.”
(Jeremias 30:17) E agora, por ser uma porção de terra nada promissora, Deus a
tomará na mão e dirá: “o ermo exultará e florescerá como a rosa.” (Isaías 35:1)
Louvado seja Deus; Ele é assim mesmo! Ele usa os meios menos promissores para
realizar os mais gloriosos propósitos.
Olhe para Israel
no passado. Por que Deus o escolheu? Era porque eram mais numerosos do que os
outros povos? Foi por causa da sua bondade ou retidão? Pelo contrário; eram os
menos numerosos de todos os povos; e como Moisés solenemente
testifica:
“Sabe, pois, que
não é por causa da tua justiça que o SENHOR teu Deus te dá esta boa terra para
possuí-la, pois tu és povo obstinado.” (Deuteronômio 9:6)
Mas a dureza e o
desprezo por parte de Israel deram ocasião para que Deus mostrasse o Seu poder e
a Sua infinita graça. Toda a glória e honra ao grande Agricultor, que fez com
que a pouco promissora vinha que Ele tirou do Egito florescesse de tal maneira
que:
“Os montes foram
cobertos da sua sombra, e os seus ramos se fizeram como os formosos cedros. Ela
estendeu a sua ramagem até ao mar, e os seus ramos até ao rio. (Salmo
80:10,11)
Pode
vir algo bom de Sião? Sim: um Abraão, um Moisés, um Davi, um Isaías, um Paulo –
um Cristo!
Céus! Num momento
de ira de Deus, este jardim do Senhor tornou-se murcho, como que castigado por
um forte vento. “O javali da selva a devasta, e
as feras do campo a devoram.” Chamaram-no de “rejeitado”, dizendo, “É Sião, já
ninguém pergunta por ela.”; mas o milagre do passado ainda se repetirá e com
maior intensidade. Sião está nas mãos de Deus, e ainda se tornará “a perfeição
da formosura” (Salmo 50:2); e a infrutífera figueira novamente “florescerá e
brotará Israel, e encherão de fruto a face do mundo.” (Isaías 27:6)
Mas, alguns dirão, a
restauração e a conversão de Israel, de acordo com o que vimos, é uma obra que
só será realizada pelo poder de Deus. Qual deve ser, então, a atitude da Igreja
em relação a isso? O que podemos fazer? É verdade, a restauração de Israel não
depende do que possa fazer o homem, “Aquele que espalhou a Israel o congregará e
o guardará, como o pastor ao seu rebanho.” Deixemos isso nas mãos Daquele em
cujo poder somente estão os tempos e as estações, e cujos conselhos e propósitos
permanecem para sempre, e não dependem do esforço nem dos meios do homem. Embora
Deus proclame especialmente o fato da restauração de Israel às nações
gentílicas, e às ilhas distantes, mostrando-lhes que é importante saber deste
fato, ainda assim em lugar nenhum Ele ordena que façam qualquer coisa a respeito
disso. Novamente, a conversão – seja de indivíduos, de nações, de judeus ou
gentios – é uma obra que só o poder de Deus pode realizar. Isso, porém, não
significa que a Igreja de Cristo tenha que cruzar os braços, como vem fazendo
por todos esses séculos, sem fazer quase nada. Qual deve ser a sua atitude para
com Israel, está plenamente mostrada na Palavra de Deus.
1.Deve ser uma
atitude de oração. Você que ser um dos que lembram ao SENHOR? Então ouça o
que ele manda:
“Vós, os que fazeis lembrar ao SENHOR, não haja
descanso em vós,
Nem deis a ele
descanso, até que confirme, e até que ponha a Jerusalém por louvor na terra.
(Isaías 6:6,7)
Que haja desejo no
coração e fervorosa oração a Deus em favor de Israel para que seja salvo. -
“Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração
a Deus por Israel é para sua salvação.” (Romanos 10:1) E se você não sabe como
orar sobre esta questão, Deus mesmo fornece um modelo de oração por
Israel:
“Porque assim diz
o SENHOR: Cantai sobre Jacó com alegria, e exultai por causa do chefe das
nações; proclamai, cantai louvores, e dizei: Salva, SENHOR, ao teu povo, o
restante de Israel.” (Jeremias 31:7)
Aqui vemos
compaixão e gratidão pelas maravilhosas bênçãos que recebemos através deles como
um canal. Este claro mandamento de Deus já fez seu coração orar desta maneira
pelo pobre Israel?
2. Deve
ser uma atitude de serviço. Quando Ezequiel foi levado pelo Espírito de Deus
até aos “ossos secos” na visão do vale, o Senhor lhe fez uma pergunta: “Filho do
homem, porventura viverão estes ossos?” E a resposta do profeta foi: “Senhor
DEUS, tu o sabes!”; como quem diz: “ Certamente está além do poder do homem
fazer o que quer que seja, nesta situação. A dádiva da vida, seja física ou
espiritual, é prerrogativa Tua e do Teu poder; somente Tu poderás fazê-lo – Oh,
Senhor DEUS, tu o sabes!”
Mas a seguir veio
uma ordem do grande Deus que deve ter parecido estranha ao profeta. Sim, disse
Jeová, a vida é prerrogativa Minha, e vou concedê-la: “Assim diz o Senhor DEUS:
Eis que eu abrirei os vossos sepulcros... E porei em vós o meu Espírito, e
vivereis.” Todavia, filho do homem, há algo que terás de fazer, para que a vida
que Eu somente posso conceder possa voltar para esses ossos secos: “Profetiza
sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do SENHOR.” É precisamente isso que a Igreja tem
tratado com negligência; e ainda assim fica admirada de que não haja ruído de
ossos, de que não haja nenhum mover poderoso, ou qualquer sinal de vida entre os
ossos secos.
Oh,
cristãos que gostam de falar da incredulidade dos judeus, e que possuem uma
piedosa aversão ao pobre Israel que não clama pelo nome de Cristo; “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e
como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?”
Não sabeis que “a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus?” Não sabeis
que por séculos e séculos o evangelho do seu próprio Messias lhes em sido
sonegado; que o nome do Bendito Salvador tem sido blasfemado entre eles através
das terríveis crueldades que lhes são perpetradas; que a imagem de Cristo lhes
tem sido apresentada por aqueles que professam o Seu nome tem terrível
aparência; e que até hoje, a despeito dos recentes esforços nem sempre adequados
e feitos com sabedoria, a grande massa da nação judaica é deixada em perfeita
ignorância a respeito do santo nome de Cristo, e da existência do livro chamado
de Novo Testamento?
Cremos que os
gentios só podem nascer de novo pelo Espírito de Deus; ainda assim esperamos que
aqueles a quem o evangelho não foi pregado venham a crer e clamar pelo nome de
Cristo! Aqueles que dentre Israel ouviram as maravilhosas novas da salvação
através do seu Messias crucificado e ressuscitado não deixaram de
crer.
Mas
como, alguns podem perguntar, esta defesa da evangelização dos judeus concorda
com o que foi demonstrado num capítulo antes – que Israel, como nação, não se
converterá até que seja restaurado e reapareça o seu Messias sobre quem eles
prantearão?
Porque, da mesma forma a evangelização de todas as nações gentílicas é
consistente com o pleno ensinamento da Palavra de Deus: que nenhuma delas, como
nação, será convertida antes da volta de Cristo, e da conversão de
Israel.
Nossa incumbência
não é converter qualquer povo ou nação, mas evangelizar a todos - “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda
criatura”; e os resultados desta obra de evangelização universal já foi predita.
Com respeito a Israel, “um remanescente, segundo a eleição da graça”, será
chamado para bendizer Jesus agora, enquanto todo o Israel será salvo depois,
quando o Redentor sair de Sião para desviar de Jacó as suas impiedades. (Romanos
11:5,26) E, quanto aos gentios, Deus os visitou nesta dispensação pela pregação
do evangelho, “para tomar deles um povo para o Seu nome”; enquanto isso “todos
os gentios” são deixados até o tempo quando o mesmo Jesus que foi levado ao céu
há de vir assim como para o céu o vistes ir.
Oh, meus
companheiros cristãos, resta pouco tempo! Já existem sinais abundantes de que o
disperso e negligenciado Israel estará voltando para a sua terra a fim de em
breve passar pela prova de fogo que o aguarda em Sião.
Quem estará pronto
e vigilante? Quem se levantará com o auxílio do Senhor contra os poderosos? Quem
através de orações e obediência ajudará a levar a mensagem do evangelho ao pobre
e disperso Israel? “E este evangelho do reino
será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o
fim.” (Mateus 24:14)
“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como
da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os
seus caminhos!
Porque, quem
compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu
primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para
ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” (Romanos
11:33-36).
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Este é um capítulo do livro "Israel in the Plan of God", do início do século XX.
Sobre o Autor:
David Baron (1855-1926) nasceu na Rússia e foi criado na sua família judaica.
Depois de sua conversão a Cristo, ele co-fundou "The Hebrew Testimony to
Israel", em Londres. Escreveu numerosos livros, incluindo "The Shepherd of
Israel and His Scattered Flock", "The Servant of Jehovah", "The Ancient
Scriptures and the Modern Jew", e "The Visions and Prophecies of Zechariah".
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.