https://youtu.be/tMAHz6zzEeI
Você perguntou qual livro deve ler para entender melhor a distinção que Deus
faz entre Israel, Igreja e Gentios. Segundo o seu relato, por ter vindo de uma
religião protestante fundamentalista, você aprendeu que hoje Israel já não
teria mais lugar no plano de Deus e teria sido substituído pela Igreja, com o
que você já não concorda. Este é um erro clássico de muitas denominações
provenientes da Reforma Protestante, principalmente as que seguem a Teologia
do Pacto.
Dentre estas estão as igrejas Católica, Ortodoxa, Luterana, Anglicana,
Episcopal, Congregacional, Presbiteriana, Menonita, Cristã Reformada etc.
Alguns ramos de outras denominações também professam a Teologia do Pacto, como
Metodista, Batista, Nazareno, Adventista etc. Outras adotam a Teologia
Dispensacionalista (que é como creio), embora mesmo entre essas existam
distorções, como o pentecostalismo, e erros como os da série "Deixados
para trás" de Tim LaHaye, que acredita na possibilidade de alguém
ouvir o evangelho antes e ser salvo depois do arrebatamento, e também C. I.
Scofield, que dividiu as dispensações mais por épocas do que por padrões
governamentais e não abriu mão do clericalismo (ele próprio era
"Reverendo"). Mais sobre isto aqui:
http://www.respondi.com.br/2005/11/o-que-acha-do-livro-deixados-para-trs.html
http://www.respondi.com.br/2012/03/o-que-voce-acha-da-biblia-anotada-por.html
Mas a maioria das pessoas nem sequer sabe com certeza o que a denominação que
seguem crê a respeito do assunto, já que muitos pregadores dedicam-se mais a
evangelizar do que a falar sobre o que realmente creem com respeito aos
acontecimentos futuros, assunto geralmente chamado de "escatologia".
Muitos pregadores do evangelho que hoje são bem conhecidos na Internet seguem a
Teologia do Pacto, mas raramente você os vê tocar no assunto. Dentre eles estão John Piper, David
Platt, Tim Keller, Paul Washer, Tim Conway, Kevin Williams etc. Porém mesmo entre esses pregadores há erros que
considero graves na forma como enxergam alguns pontos das Escrituras.
Por exemplo, John Piper deixa implícito em um de seus vídeos que seria possível
Jesus pecar quando esteve no mundo. David Platt, jovem pastor de uma
mega-church, prega um evangelho conhecido como "Salvação por
Senhorio", insistindo na caridade. No fundo é muito parecido com a"Teologia
da Libertação" que a Igreja Católica patrocinava nos anos 70 e 80 [no
Brasil, através do Frei Leonardo Boff]. David Platt lançou um best-seller
chamado "Radical", que é basicamente um resumo do que Tim
Keller apresenta em seu livro "Ministries of Mercy", que
inclusive tem um capítulo chamado "Radical Ministries" e é
todo voltado ao estabelecimento do Reino de Cristo no mundo mediante o esforço
dos cristãos, individualmente, e da Igreja como uma instituição beneficente.
Quem já ouviu falar de "Teologia do Domínio" percebe aonde
essas ideias levam. Em um de seus sermões David Platt diz que "Deus
mede a integridade de nossa fé por nossa preocupação para com os pobres... Se
não existe preocupação com os pobres, não existe integridade de fé; as duas
coisas andam juntas... Se você não alimenta o faminto e não veste o despido
você vai para o inferno. É o que Jesus ensina".
Paul Washer tem um evangelho misturado com arrependimento e aperfeiçoamento
pessoal que não dá segurança nenhuma ao crente, ao contrário, faz com que fique
o tempo todo olhando para si mesmo e não para Cristo. Ele prega uma espécie de
evolução espiritual (é uma doutrina bem sutil, mas está lá no meio de seus
textos e pregações). De Tim Conway eu vi um vídeo onde ele tentava refutar as
dispensações e nem sequer entende o estado eterno. Alguém deixou na página o
seguinte comentário sobre o vídeo:
"Ele não entende eternidade, ele pensa que ela tem um início e segue
para sempre. Mas eternidade não é um lugar com tempo de sobra, eternidade é um
lugar que não tem tempo e é o lugar da habitação de Deus. Se eternidade tivesse
tempo Deus, que habita na eternidade, não seria eterno. Ele é um amilenialista
professo e por isso é obrigado a espiritualizar tanto as escrituras para
adequá-la ao seu pensamento que chega a ser insano. Se você perguntar a ele
sobre Israel, a coisa fica ainda pior. O fato de ter sido necessária uma
reforma do catolicismo romano não significa que todos os resultados da reforma
foram corretos. Não foram. Na verdade, a doutrina reformada precisa ser
reformada outra vez".
Bob Jennings segue a mesma linha da teologia do pacto ou da aliança, que não vê
mais um futuro para Israel e "espiritualiza" as promessas feitas por
Deus a Israel no Antigo Testamento tentando encaixá-las na igreja. Kevin
Williams não foge à regra. O anúncio de um de seus áudios resume em poucos
tópicos o que creem os pregadores e as denominações que adotam a "Teologia
do Pacto", obviamente com algumas variantes:
"Neste sermão mostramos como as Escrituras ensinam claramente que:
- Deus não tem duas esposas, Israel e Igreja, mas um povo em Jesus Cristo.
- Quando Cristo voltar iniciará a era eterna e não um reino temporário de
1000 anos.
- Quaisquer judeus que estejam fora de Jesus Cristo NÃO SÃO povo de
Deus."
Não me entenda mal: não estou julgando as PESSOAS, pois esses pregadores são
servos de Deus e têm sido usados como instrumentos na salvação de muitas
pessoas. Eu mesmo gosto de ouvir alguns deles quando se limitam a pregar o
evangelho da graça. O que estou julgando é a DOUTRINA deles, o que a Bíblia diz
claramente para fazermos, e você fará bem se julgar também as coisas que eu
digo.
1Co_14:29 E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
Mas acabei me distanciando de sua pergunta, que foi que livro ler para entender
a distinção entre Israel, Igreja e Gentios. Bem, não conheço um livro melhor
para isso do que a própria Bíblia. Ela é tão clara sobre essas distinções que
chega a ser vergonhoso alguém contestar tais diferenças.
A razão dos desvios criados pela Teologia do Pacto (às vezes chamada de Teologia
da Substituição por substituir Israel por Igreja) se deve muito à maneira
como interpretam as Escrituras. No que diz respeito às profecias já cumpridas,
todos concordam mais ou menos que elas se cumpriram literalmente. Ou seja, o
que Deus disse que faria, Ele fez. Mas quando o assunto são as profecias ainda
a serem cumpridas, a maioria deles acredita que sejam alegóricas ou simbólicas,
e não literais.
Assim adotam um método de interpretação bíblica que dá margem a tirar qualquer
conclusão [que se queira tirar]. Um teólogo do Pacto lhe dirá, obviamente com
linguagem mais rebuscada, que quando você encontrar na Bíblia a palavra "Israel",
deverá [substituir, na sua mente, por] "Igreja", pois esta
seria a sucessora legal de Israel na terra. A dificuldade de tal interpretação
está em como espiritualizar a reconstrução do templo de Jerusalém que é
profetizada em detalhes pelos profetas do Antigo Testamento, inclusive com
instruções sobre o sacrifício de animais, e qual seria o objetivo de a Igreja
ter um templo em Jerusalém. Até algumas edições da Bíblia Almeida Corrigida em
português trazem um subtítulo em Isaías 54 que diz: "O progresso e a
glória da Igreja", ignorando completamente que a Igreja era um
mistério oculto até dos profetas do Antigo Testamento e só revelado muito mais
tarde a Paulo.
Já um dispensacionalista lhe dirá que quando ler"Israel" deve
entender "Israel" e quando ler "Igreja" deve
entender "Igreja". Simples assim. Vou dar um exemplo das
implicações da Teologia do Pacto. Imagine o Antigo Testamento como um
Testamento mesmo, de alguém que deixou bens e promessas para seus familiares.
Então vem um advogado e insiste que os bens que foram prometidos ao João deverão
ficar com a Maria, porque agora o nome"João" deve ser
lido como "Maria". É o que a Teologia do Pacto tenta fazer com
Israel, alegando que Israel só terá direito às promessas que foram dadas àquela
nação no Antigo Testamento se contrair matrimônio com Maria, isto é, se aceitar
fazer parte da Igreja do Novo Testamento.
Eu entendo que -- a menos que o contexto esteja mostrando claramente tratar-se
de uma parábola, alegoria ou símbolo -- devemos ler a Bíblia de forma literal.
Obviamente quando Jesus diz "eu sou a porta", não é literal,
pois está usando linguagem alegórica ou poética, mas quando fala em Apocalipse
7 de uma multidão de 144 mil de todas as tribos de Israel, só pode ser literal,
pois mais específico e literal do que citar tribo por tribo é impossível. O
reino de mil anos de Apocalipse 20 também deve ser interpretado literalmente
como um período de tempo, e não de forma alegórica como querem os teólogos do
Pacto.
E o céu? Bem eu vou morar lá, mas muitos da Teologia do Pacto acreditam que
não, pois estão tentando melhorar o mundo, expandir o evangelho, converter
todas as nações ao ponto de um dia Cristo poder voltar. Em todas as épocas, quaisquer
responsabilidades dadas por Deus aos homens acabaram em ruína. É uma
ingenuidade acreditar que os cristãos irão conseguir transformar este mundo em
um paraíso cristão e convencer os muçulmanos a se batizarem. Eu estou é mais
aguardando a vinda do Senhor para tirar sua Igreja da terra antes da
tribulação, para depois voltar, com Ele, para cá quando vier julgar as nações e
estabelecer seu Reino de justiça que durará mil anos, antes que venha o Grande
Trono Branco e o Estado Eterno.
por Mario Persona
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em http://BibliaLTT.org, com ou sem notas.
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