Pr. Cleverson de Abreu Faria
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
I. O ENSINO BÍBLICO
1. No Velho Testamento
2. No Novo Testamento
3. O Corpo da Ressurreição
4. As Duas Ressurreições
II. OS TIPOS DE RESSURREIÇÃO
1. A Ressurreição para a Vida
2. A Ressurreição para o Juízo
III. A HORA DAS RESSURREIÇÕES
IV. PROBLEMAS SOLUCIONADOS
1. O Velho Testamento Ensina
uma Ressurreição Geral?
2. Jesus Cristo Ensinou uma
Ressurreição Geral?
3. Jesus Cristo foi Realmente
o Primeiro a ser Ressuscitado de Entre os Mortos?
4. Conheceremos Nossos Entes
Queridos na Vida futura?
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ressurreição: um assunto fascinante que nos enche de esperanças. Ela nos é
descrita de forma singular nas páginas das Escrituras Sagradas e por isso
recebe atenção especial, honra especial; bem como discussões e controvérsias
por parte dos mais liberais.
Quero apresentar neste pequeno estudo os seguintes fatos: O que vem a ser a
ressurreição? Quais suas implicações e quais suas finalidades? Qual o tipo de
corpo que a pessoa terá ao passar pela ressurreição? Qual o destino do
ressuscitado?
Infelizmente essa doutrina das Escrituras é por vezes negligenciada por
líderes. O que me causa tremenda insatisfação, pois, destes é que deveriam vir
estes ensinamentos, e com uma freqüência muito maior do que a que estamos
acostumados a ouvir, se é que em alguns lugares é ouvido. Por isso, o ensino da
Doutrina da Ressurreição se torna um dever para com todos os crentes em Jesus
Cristo. O ensino fiel, claro, fundamentalista, deve ser o alvo de todo aquele
que ministra, bem como de todo aquele que procura compreender um pouco mais da
Palavra de Deus. Esse é o nosso privilégio e será a nossa tentativa neste
estudo, tornar claro um ensino cheio de esperança para aquele que crê em Jesus
Cristo.
Ressurreição, a palavra significa: ação de ressurgir; vida nova; renovação;
surgir novamente; voltar à vida; tornar a manifestar-se; viver de novo.
No Novo Testamento, as palavras gregas para ressurreição: Anastasis,
ressurreição; Anazao, voltar à vida, viver de novo; Egeiro,
acordar, despertar, levantar.
A primeira coisa que virá a acontecer quando da Volta de Nosso Senhor Jesus
Cristo, será a ressurreição dos mortos em Cristo, isso deverá acontecer num
momento antes do arrebatamento da Igreja (“Dizemo-vos, pois, isto pela palavra
do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não
precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e
com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo
ressuscitarão primeiro” 1Tessalonicenses 4.15,16). “Quando Cristo retornar,
nosso corpo original será levantado e transformado; nossa forma humana será
mantida e também glorificada”.[1]
Vamos notar uma coisa importante aqui: a Volta de Jesus Cristo, não é um
acontecimento, mas sim um processo. Como assim? Um acontecimento ocorre todo de
uma vez, mesmo em se tratando de um acontecimento longo. Um processo leva
várias etapas para ser concluído. Por que considero a volta de Cristo como um
processo? Porque primeiramente Jesus Cristo virá nas nuvens para os Seus, a
Igreja. Os mortos em Cristo são ressuscitados primeiro, acontece o
arrebatamento da Igreja, tudo isso simultaneamente, num abrir e piscar de
olhos, a Igreja no céu é julgada no chamado Tribunal de Cristo, o Bema, e após
acontece o casamento da noiva, a Igreja, com Seu Noivo, Jesus Cristo. Enquanto
isso, aqueles que ficarem na terra estarão passando pelo período chamado de
Tribulação, sete anos nos quais o domínio do Anticristo se fará manifesto por
intermédio de Satanás. Terminado este período, Jesus Cristo retorna para este
mundo, agora sim “todo olho O verá” e a Igreja o acompanha nessa volta. O
Anticristo, o Falso Profeta são mandados para o inferno, Satanás é preso por
mil anos, e começa o milênio. Por causa disso, chamo a Segunda Vinda de Cristo,
como um processo.
Muito embora encontremos no Velho Testamento e nos Evangelhos Sinóticos um
vasto ensino sobre a Segunda Vinda de Cristo, apenas uma única vez foi
esclarecido de forma explícita que este retorno seria para levar a Sua Igreja
deste mundo (incluindo aqui tanto os mortos em Cristo como os crentes vivos
nesta ocasião). Essa ocasião solene foi na noite antes de Sua crucificação (“Não
se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu
Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou
preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos
levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também” João
14.1-3). Muito embora, não tivesse acontecido qualquer tipo de explicação para
este ensino, enquanto nosso Senhor Jesus Cristo esteve aqui nesta terra.
1. No Velho Testamento
Um dos ensinamentos mais importantes do Velho Testamento era a ressurreição dos
mortos, conforme entendemos por Hebreus 6.2 (“e da doutrina dos batismos, e da
imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno”).
No Velho Testamento, encontramos a promessa da ressurreição (“Porque eu sei que
o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de
consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim
mesmo, e os meus olhos, e não outros, o verão; e, por isso, o meu coração se
consome dentro de mim” Jó 19.25-27; “Os teus mortos viverão, os teus mortos
ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó, porque o teu
orvalho, ó Deus, será como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si os
mortos” Isaías 26.19; “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão,
uns para a vida eterna e outros para vergonha e desprezo eterno. Os sábios,
pois, resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam
a justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente” Daniel 12.2,3).
Há uma promessa de Cristo, o Messias, de que este iria ressuscitar da morte (“Portanto,
está alegre o meu coração e se regozija a minha glória; também a minha carne
repousará segura. Pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que
o teu Santo {ou amado} veja corrupção. Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua
presença há abundância de alegrias; à tua mão direita há delícias
perpetuamente” Salmo 16.9-11 cf. “Sendo, pois, ele profeta e sabendo que Deus
lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne,
levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono, nesta previsão, disse
da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no Hades, nem a sua
carne viu a corrupção” Atos 2.30,31; “A pedra que os edificadores rejeitaram
tornou-se cabeça de esquina. Foi o SENHOR que fez isto, e é coisa maravilhosa
aos nossos olhos. Este é o dia que fez o SENHOR; regozijemo-nos e alegremo-nos
nele” Salmo 118.22-24).
No Velho Testamento encontramos exemplos de ressurreição:
Elias ressuscitou a filha da viúva de Sarepta (1Reis 17.17-22);
Eliseu ressuscitou o filho da Sunamita (2Reis 4.18-37);
Um homem que fora lançado apressadamente no sepulcro de Eliseu ressuscitou (2Reis
13.20,21).
A ressurreição também é exemplificada pela descrição do vale dos ossos secos
(Ezequiel 37.1-17). Aqui é apenas uma analogia para ressurreição, pois o texto
se refere ao ressurgimento da nação de Israel, a sua restauração.
2. No Novo Testamento
No Novo Testamento, a promessa torna-se cumprimento, pois Jesus Cristo
ressuscita dentre os mortos (“Porque dele disse Davi: Sempre via diante de mim
o Senhor, porque está à minha direita, para que eu não seja comovido; por isso,
se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; e ainda a minha carne há de
repousar em esperança. Pois não deixarás a minha alma no Hades, nem permitirás
que o teu Santo veja a corrupção. Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida;
com a tua face me encherás de júbilo. Varões irmãos, seja-me lícito dizer-vos
livremente acerca do patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e entre nós
está até hoje a sua sepultura. Sendo, pois, ele profeta e sabendo que Deus lhe
havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne,
levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono, nesta previsão, disse
da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no Hades, nem a sua
carne viu a corrupção” Atos 2.25-31). Ele se entregou à morte por causa de
nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação (“o qual por nossos
pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação” Romanos 4.25).
Semelhantemente, no Novo Testamento, temos vários exemplos de ressurreição:
O Maior exemplo é o do próprio Senhor Jesus Cristo (Mateus 28.6,7; Lucas 24.34;
João 2.22);
Alguns corpos de certas pessoas não identificadas saíram de seus sepulcros após
a ressurreição de Jesus Cristo (Mateus 27.53);
Lázaro foi ressuscitado por Jesus Cristo (João 11.43,44);
Jesus Cristo também ressuscitou a filha de Jairo, chefe da sinagoga (Mateus
9.23-26);
Jesus Cristo também ressuscitou o filho de uma viúva de Naim (Lucas 7.12-15);
O apóstolo Pedro ressuscitou a Dorcas ou Tabita (Atos 9.36-43);
O apóstolo Paulo ressuscitou a Êutico (Atos 20.9-12);
A ressurreição das Duas Testemunhas, no período da Tribulação (Apocalipse
11.3-13).
“Em mais de quarenta referências à ressurreição do Novo Testamento, com a
possível exceção de Lucas 2.34, o termo é sempre usado em referência a uma
ressurreição literal, jamais em sentido espiritual ou não-literal, e
relaciona-se ao soerguimento do corpo físico”.[2]
Nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou por meio de Seu próprio poder, isso foi uma
demonstração de Sua Divindade (“Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a
dou; tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la. Esse mandamento
recebi de meu Pai” João 10.18). Portanto, por meio disto, recebemos a
confirmação de que o espírito continua sua existência após o ser humano passar
pela morte física (“esus respondeu e disse-lhes: Derribai este templo, e em
três dias o levantarei. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos, foi
edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? Mas ele falava do templo
do seu corpo” João 2.19-21; “E eles, espantados e atemorizados, pensavam que
viam algum espírito. E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que
sobem tais pensamentos ao vosso coração? Vede as minhas mãos e os meus pés, que
sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como
vedes que eu tenho. E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, não o
crendo eles ainda por causa da alegria e estando maravilhados, disse-lhes:
Tendes aqui alguma coisa que comer? Então, eles apresentaram-lhe parte de um
peixe assado e um favo de mel, o que ele tomou e comeu diante deles” Lucas
24.37-43; “e que é manifesta, agora, pela aparição de nosso Salvador Jesus
Cristo, o qual aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, pelo
evangelho” 2Timóteo 1.10).
Notemos aspectos importantíssimos referentes ao ensino bíblico:
Primeiro, vem a ressurreição dos mortos;
Segundo, a ressurreição é de caráter universal, portanto, está destinada a
todos os homens;
Terceiro, é mencionado dois tipos de ressurreição: a ressurreição para a vida
ou ressurreição do justo e a ressurreição para a morte ou ressurreição para o
injusto.
3. O Corpo da Ressurreição
Pela Palavra de Deus entendemos um ensino claro: todos os crentes serão
transformados, mas nem todos serão ressuscitados (“Dizemo-vos, pois, isto
pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor,
não precederemos os que dormem” 1Tessalonicenses 4.15; “Eis aqui vos digo um
mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados” 1Coríntios
15.51). Você consegue entender isso? Em outras palavras: todos aqueles que são
crentes, já confessaram seus pecados e aceitaram a Cristo como Único e
Suficiente Senhor e Salvador pessoal de suas vidas terão seus corpos
transformados por meio da ressurreição. Porém nem todos serão ressuscitados,
pois aqueles que estiverem aqui quando do retorno de Jesus Cristo não passarão
pela morte e por isso não serão ressuscitados, mas mesmo assim terão seus
corpos transformados.
Notamos uma outra coisa aqui: a ordem natural para todo ser humano é viver,
morrer e depois disto esperar pela ressurreição de seu corpo, conforme
aprendemos em Hebreus 9.27 – “E, como aos homens está ordenado morrerem uma
vez, vindo, depois disso, o juízo” – nós encontramos uma exceção para esta
ordem no final dos tempos. Temos nas páginas das Escrituras Sagradas dois
exemplos dessa exceção que já ocorreram: Enoque e Elias. Eles foram levados
para o céu sem ver a morte (“E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis
que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias
subiu ao céu num redemoinho” 2Reis 2.11; “Pela fé, Enoque foi trasladado para
não ver a morte e não foi achado, porque Deus o trasladara, visto como, antes
da sua trasladação, alcançou testemunho de que agradara a Deus” Hebreus 11.5).
A próxima exceção a esta regra da morte e ressurreição acontecerá com uma
geração inteira de crentes e dar-se-á quando do arrebatamento da Igreja
As Escrituras falam de forma clara com respeito a uma ressurreição do corpo,
quer seja do crente, quer seja do incrédulo. Cerca ocasião, os saduceus (que
negavam haver ressurreição), questionaram o Senhor Jesus Cristo a respeito do
fato da ressurreição. Ele simplesmente os acusou e os repreendeu por serem
ignorantes com respeito a sua falta de conhecimento sobre o que nos diz as
Escrituras e o poder de Deus (“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Porventura,
não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder de Deus?” Marcos
12.24). Feito isso, Jesus passou a fazer a sua defesa da ressurreição citando
os escritos do Velho Testamento (“E, acerca dos mortos que houverem de
ressuscitar, não tendes lido no livro de Moisés como Deus lhe falou na sarça,
dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora,
Deus não é de mortos, mas sim é Deus de vivos. Por isso, vós errais muito” Marcos
12.26,27). Semelhantemente, os mesmos saduceus faziam suas objeções quanto a
pregação dos apóstolos, pois estes estavam proclamando que a ressurreição dos
mortos deu-se por meio do Senhor Jesus Cristo (“doendo-se muito de que
ensinassem o povo e anunciassem em Jesus a ressurreição dos mortos” Atos 4.2).
“Isto significava que o domínio da morte já fora invadido e que em Jesus os
homens poderiam comprovar a doutrina da ressurreição”.[3]
Na ressurreição recebemos um novo corpo, eterno e glorificado (“Porque sabemos
que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um
edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus” 2Coríntios 5.1). Este
corpo “glorificado” ou ressurrecto somente será dado ao crente quando ocorrer o
arrebatamento da Igreja (“num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a
última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão
incorruptíveis, e nós seremos transformados” 1Coríntios 15.52; “Porque o mesmo
Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de
Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro” 1Tessalonicenses 4.16).
A universalidade da ressurreição é visto em 1 Coríntios 15.21,22 (“Eis aqui vos
digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última
trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e
nós seremos transformados”).
O corpo mortal está relacionado com o corpo da ressurreição (“E, quando
semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de
trigo ou doutra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer e a cada
semente, o seu próprio corpo” 1Co 15.37,38); é dito que este corpo será incorruptível,
glorioso, poderoso e espiritual (“Mas Deus dá-lhe o corpo como quer e a cada
semente, o seu próprio corpo. Nem toda carne é uma mesma carne; mas uma é a
carne dos homens, e outra, a carne dos animais, e outra, a dos peixes, e outra,
a das aves. E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos
celestes, e outra, a dos terrestres. Uma é a glória do sol, e outra, a glória
da lua, e outra, a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de
outra estrela. Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em
corrupção, ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em
glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo animal,
ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual
Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o
último Adão, em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o
animal; depois, o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo
homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrenos; e, qual
o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do
terreno, assim traremos também a imagem do celestial.” 1Coríntios 15.38-49).
Os corpos dos crentes vivos serão instantaneamente transformados (“E, agora,
digo isto, irmãos: que carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a
corrupção herda a incorrupção. Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem
todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e
fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que
isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal
se revista da imortalidade” 1Coríntios 15.50-53; “Mas a nossa cidade está nos
céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que
transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso,
segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” Filipenses
3.20,21).
O apóstolo Paulo nos ensina que esta mudança dos vivos e a ressurreição dos
mortos em Cristo, chamam-se de “redenção do nosso corpo” (“E não só ela, mas
nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos,
esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” Romanos 8.23; “em quem
também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da
vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo
da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de
Deus, para louvor da sua glória” Efésios 1.13,14).
As Escrituras ficam totalmente em silêncio no sentido de falar da ressurreição
do corpo do incrédulo. Não se sabe o propósito de ignorar os ímpios nesse
sentido. Até mesmo na história do rico e Lázaro, o ímpio, no caso, o rico, seu
nome não é mencionado, por quê será que acontece isso?
4. As Duas Ressurreições
A ressurreição para a vida é chamada de Primeira Ressurreição. A
ressurreição que é para a morte, é chamada de Segunda Ressurreição (“E
muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e
outros para vergonha e desprezo eterno” Daniel 12.2; “Não vos maravilheis
disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua
voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que
fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” João 5.28-29).
Portanto, duas ressurreições estão no futuro: a primeira para a vida e a
segunda para o juízo (“Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que
todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem
sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição
da condenação” João 5.28,29; “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim
também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo, as
primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda” 1Coríntios 15.22,23; “Porque,
se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem
Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do
Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos
os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de
arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão
primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente
com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre
com o Senhor” 1Tessalonicenses 4.14-17; “E vi tronos; e assentaram-se sobre
eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que
foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não
adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão;
e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não
reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição.
Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre
estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e
reinarão com ele mil anos” Apocalipse 20.4-6; “E vi um grande trono branco e o
que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não
se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam
diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da
vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros,
segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o
inferno [Gr. Hades] deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um
segundo as suas obras” Apocalipse 20.11-13) e estas estão separadas por um
período de mil anos.
A primeira ressurreição, para a vida, deverá acontecer na Segunda Vinda de
Cristo, no arrebatamento (“Mas cada um por sua ordem: Cristo, as primícias;
depois, os que são de Cristo, na sua vinda” 1Coríntios 15.23; “Porque o mesmo
Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de
Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que
ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar
o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” 1Tessalonicenses
4.16,17), sendo que os mártires da tribulação deverão ser ressuscitados no
final da tribulação quando Cristo retornar a esta terra para inaugurar o
milênio, o Seu Reino. Juntamente com eles, os santos do Velho Testamento
deverão ser ressuscitados aqui.
Depois de mil anos haverá a ressurreição para o julgamento, o que nas
Escrituras é comumente chamada de Segunda Ressurreição (“E os que fizeram o bem
sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição
da condenação” João 5.29).
I
Temos nas Escrituras a menção de dois tipos de ressurreição: a ressurreição
para a vida, que também é chamada de primeira ressurreição (os salvos em
Cristo) e a ressurreição para o juízo, também chamada de segunda ressurreição
(os incrédulos).
1. A Ressurreição para a Vida
Várias passagens nos são dadas para comprovar a ressurreição para a vida, ou a
chamada primeira ressurreição:
“Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos e
serás bem-aventurado; porque eles não têm com que to recompensar; mas
recompensado serás na ressurreição dos justos” (Lucas 14.13,14);
“Para conhecê-lo, e a virtude da sua ressurreição, e a comunicação de suas
aflições, sendo feito conforme a sua morte; para ver se, de alguma maneira, eu
possa chegar à ressurreição dos mortos. Não que já a tenha alcançado ou que
seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso
{ou alcançado} por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja
alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás
ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo
prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3.10-14);
“As mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos; uns foram
torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor
ressurreição” (Hebreus 11.35);
“Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos
sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição
da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” (João 5.28,29);
“Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre
estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e
reinarão com ele mil anos” (Apocalipse 20.6).
Para podermos entender um pouco melhor do que vem a ser a primeira ressurreição
ou a ressurreição para a vida (“E os que fizeram o bem sairão para a
ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação”
João 5.29), precisamos ter em mente que ela é um processo, pois não acontecerá
que todos aqueles que são destinados a esta ressurreição, ressuscitem no mesmo
instante. Há um pequeno período de tempo entre o processo como um todo.
Vejamos:
Quando da volta de Jesus Cristo, os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro,
isso dar-se-á antes que ocorra o arrebatamento da Igreja (“Dizemo-vos, pois,
isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do
Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu
com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram
em Cristo ressuscitarão primeiro” 1Tessalonicenses 4.15,16).
Os santos da tribulação deverão ser ressuscitados no final da mesma (“E
lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que mais não
engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja
solto por um pouco de tempo. E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a
quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados
pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem
a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram
com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil
anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição” Apocalipse 20.3-5).
Os santos do Velho Testamento também deverão ser ressuscitados no final da
tribulação (“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a
vida eterna e outros para vergonha e desprezo eterno” Daniel 12.2; “Os teus
mortos viverão, os teus mortos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que
habitais no pó, porque o teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho das ervas, e
a terra lançará de si os mortos” Isaías 26.19).
Portanto, os santos da tribulação e do Velho Testamento somente deverão ser
ressuscitados depois da Segunda Vinda de Cristo a esta terra.
Cada um destes estágios descrito acima faz parte da primeira ressurreição, a
ressurreição para a vida, pois todos os envolvidos recebem a vida eterna. Isso
significa que não importa a ocasião, ou o tempo que estes venham a participar
da ressurreição, todos são partes do processo e todos recebem a bem-aventurança
eterna.
Alguns esclarecimentos maiores sobre os santos do Velho Testamento: João
Batista nos ajuda em muito neste caso, vejamos: “Aquele que tem a esposa é o
esposo; mas o amigo {Gr. filho} do esposo, que lhe assiste e o ouve, alegra-se
muito com a voz do esposo. Assim, pois, já essa minha alegria está cumprida.”
(João 3.29). A noiva é a Igreja, o noivo é Jesus Cristo e o amigo do noivo são
os santos do Velho Testamento (todos aqueles que morreram desde Adão até o
Pentecostes). Dois dos principais versículos do Velho Testamento sobre
ressurreição ensinam que fica mais harmonioso eles ressuscitarem no final da
tribulação, juntamente com os mártires da tribulação (“SENHOR, no aperto, te
visitaram; vindo sobre eles a tua correção, derramaram a sua oração secreta.
Como a mulher grávida, quando está próxima a sua hora, tem dores de parto e dá
gritos nas suas dores, assim fomos nós por causa da tua face, ó SENHOR! Bem
concebemos nós e tivemos dores de parto, mas isso não foi senão vento;
livramento não trouxemos à terra, nem caíram os moradores do mundo. Os teus
mortos viverão, os teus mortos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais
no pó, porque o teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho das ervas, e a terra
lançará de si os mortos. Vai, pois, povo meu, entra nos teus quartos e fecha as
tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a ira. Porque
eis que o SENHOR sairá do seu lugar para castigar os moradores da terra, por
causa da sua iniqüidade; e a terra descobrirá o seu sangue e não encobrirá mais
aqueles que foram mortos” Is 26.16-21; “E, naquele tempo, se levantará Miguel,
o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo
de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas,
naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no
livro. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida
eterna e outros para vergonha e desprezo eterno. Os sábios, pois,
resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a
justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente” Daniel 12.1-3).
2. A Ressurreição para o Juízo
Esta é a chamada segunda ressurreição, a parte da ressurreição que trata de
incrédulos (“E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os
que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação” João 5.29; “Mas os outros
mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira
ressurreição... E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele,
de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E vi os
mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os
livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados
pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o
mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno [Gr. Hades] deram os mortos
que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras” Apocalipse
20.5,11-13).
A ocasião desta ressurreição dar-se-á mil anos após ter sido completada a
primeira ressurreição, ou logo após o chamado Reino Milenar de Cristo nesta
terra. Concluímos isso da declaração feita por João de que “mas os outros
mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram” (Apocalipse 20.5).
Ainda temos mais esclarecimentos em Apocalipse 20.11,12, onde percebemos que os
“mortos” são aqueles que são mortos espiritualmente, aqueles que não aceitaram
a o Senhor Jesus Cristo como Único e suficiente Senhor e Salvador pessoal de
suas vidas. Estes são todos os mortos ímpios, os incrédulos desde o começo da
história da humanidade até o fim dos tempos. São aqueles que foram deixados,
aqueles que não participaram da primeira ressurreição, nem um sequer irá
escapar.
Estes são aqueles que irão receber a ressurreição do juízo ou a condenação
eterna, “banidos da face do Senhor” (2Tessalonicenses 1.9). São vivificados
para participar do julgamento eterno. “Não é a cronologia que determina quem
participa da segunda ressurreição, mas sim o destino do ressurrecto”.[4]
A cena descrita em Apocalipse é celestial. Um trono é estabelecido no céu.
Jesus Cristo é o Juiz (“E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o
juízo “ João 5.22). Todos os mortos de todos os tempos comparecem perante o
Juiz, não importa sua raça, sua idade, seu status social, pois entendemos que
Deus não faz acepção de pessoas e isso principalmente em duas áreas: salvação e
condenação. Estes receberão graus de castigo (“E o servo que soube a vontade do
seu senhor e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado
com muitos açoites. Mas o que a não soube e fez coisas dignas de açoites com
poucos açoites será castigado. E a qualquer que muito for dado, muito se lhe
pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá” Lucas
12.47,48) e todos serão julgados conforme as suas obras.
É chamada de segunda morte, porque já passaram pela morte física e agora
estarão passando para a segunda morte, a eterna separação de Cristo.
Esta segunda morte não é o aniquilamento das almas dessas pessoas de forma
alguma. Como provamos isso? Muito fácil. Note que mesmo depois de mil anos, o
anticristo e o falso profeta ainda estão lá no lago de fogo para onde serão
mandados todos os incrédulos e a existência deles é dita de forma pessoal.
Portanto, não existe o tal de aniquilamento (Apocalipse 20.10), pois a Palavra
de Deus é enfática: “e de dia e de noite serão atormentados para todo o
sempre”.
Uma pergunta que deve ser respondida é: Os justos e os injustos serão
ressuscitados na mesma ocasião?
Para respondermos essa pergunta devemos nos apossar do Novo Testamento, pois,
caso essa doutrina não tivesse sido claramente explanada em suas linhas,
teríamos a impressão de que haveria de ocorrer uma ressurreição geral, e isso
as Escrituras nos comprovam que não acontecerá no sentido de que todos serão
ressuscitados ao mesmo tempo.
Os ensinos mais claros sobre ressurreição encontrados no Velho Testamento estão
em Daniel 12.1-3 (E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, que
se levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca
houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, livrar-se-á
o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro. E muitos dos que dormem
no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para vergonha e
desprezo eterno. Os sábios, pois, resplandecerão como o resplendor do
firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas,
sempre e eternamente”) e Isaías 26.16-21 (“SENHOR, no aperto, te visitaram;
vindo sobre eles a tua correção, derramaram a sua oração secreta. Como a mulher
grávida, quando está próxima a sua hora, tem dores de parto e dá gritos nas
suas dores, assim fomos nós por causa da tua face, ó SENHOR! Bem concebemos nós
e tivemos dores de parto, mas isso não foi senão vento; livramento não
trouxemos à terra, nem caíram os moradores do mundo. Os teus mortos viverão, os
teus mortos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó, porque
o teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si
os mortos. Vai, pois, povo meu, entra nos teus quartos e fecha as tuas portas
sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a ira. Porque eis que o
SENHOR sairá do seu lugar para castigar os moradores da terra, por causa da sua
iniqüidade; e a terra descobrirá o seu sangue e não encobrirá mais aqueles que
foram mortos”).
Se olhássemos apenas em Daniel acharíamos que haveria de ter uma ressurreição
geral, ou seja, todos ressuscitarão num mesmo dia, pois nenhum intervalo nos é
informado por parte do profeta. Ele apenas está mencionando o fato de que
realmente existe a ressurreição e não determina o fator tempo.
A mesma coisa podemos deduzir em alguns versículos do Novo Testamento, como por
exemplo, João 5.28,29 (Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos
os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão
para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da
condenação). Ali Jesus Cristo também está enfatizando a realidade das duas
ressurreições, para a vida e para a morte, porém não está declarando o fator
tempo novamente. Aparentemente ambas irão acontecer num mesmo determinado
momento.
Encontramos no Novo Testamento a declaração da existência de duas ressurreições
que estão destinadas para o futuro da humanidade, sendo elas: a ressurreição
para a vida e a ressurreição para a morte, ou como também são conhecidas de a
primeira ressurreição e a segunda ressurreição, respectivamente. Mas
encontramos finalmente a revelação de que não acontecem num mesmo determinado
dia ou momento. Ambas são separadas por um período de mil anos (“E vi tronos; e
assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as
almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de
Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na
testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os
outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira
ressurreição” Apocalipse 20.4,5). Caso não existisse esse versículo na Palavra
de Deus uma grande incógnita estaria sobre este ensino. Graças a Deus por esta
revelação!
Em primeiro lugar acontecerá a ressurreição para a vida. Esse acontecimento se
dará na Segunda Vinda do Senhor Jesus Cristo (“Dizemo-vos, pois, isto pela
palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não
precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e
com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo
ressuscitarão primeiro” 1Tessalonicenses 4.15,16). Participarão desta
ressurreição somente os que são salvos em Cristo Jesus.
Após esse acontecimento estará ocorrendo na terra a chamada tribulação.
Logo em seguida ocorrerá o reino milenar de Cristo nesta terra.
Finalmente, em segundo lugar, a ressurreição para a morte, ou ressurreição para
a condenação, ou a segunda ressurreição, mil anos depois de haver ocorrido a
primeira ressurreição, a dos justos (“E os que fizeram o bem sairão para a
ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação”
João 5.29; “E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e
sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e
Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. E
subiram sobre a largura da terra e cercaram o arraial dos santos e a cidade
amada; mas desceu fogo do céu e os devorou. E o diabo, que os enganava, foi
lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de
dia e de noite serão atormentados para todo o sempre. E vi um grande trono
branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o
céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que
estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é
o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos
livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte
e o inferno [Gr. Hades] deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada
um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo.
Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida
foi lançado no lago de fogo” Apocalipse 20.7-15). Os participantes desta
segunda ressurreição são todos os incrédulos de todas as dispensações, de todas
as eras, desde o início da humanidade até a consumação dos tempos.
Esclarecendo Apocalipse 20.4,5 (“E vi tronos; e assentaram-se sobre eles
aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram
degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a
besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram
e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até
que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição”) notamos: aqui nos
é informado que tronos são colocados no espaço celestial e assentados nestes
tronos aqueles a quem foram dados tal autoridade. Jesus Cristo será o juiz (“E
também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo” João 5.22) e os
demais tronos caberão a Igreja também julgará nesta oportunidade (Não sabeis
vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por
vós, sois, porventura, indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que
havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?” 1Coríntios
6.2,3). As “almas dos decapitados” são os mártires da tribulação. Estes viveram
e reinaram com Cristo por mil anos. Todos aqueles que não ressuscitaram nesta
ocasião, ou seja, todos os mortos incrédulos, somente seriam ressuscitados após
o período de mil anos. Então o escritor declara: “Esta é a primeira
ressurreição”, ou seja, ele está se referindo não aos mortos depois dos mil
anos, mas sim àqueles que viveram e reinaram com Cristo os mil anos, a saber, a
Igreja, os mártires da tribulação e os crentes do Velho Testamento.
Muitos alegam haver problemas no ensino das ressurreições e para tal apontam
para certos versículos da Palavra de Deus e dizem ser incoerente para com os
demais escritos. Vamos verificar alguns destes versículos e responder algumas
das perguntas mais difíceis apontadas por eles.
1. O Velho Testamento Ensina uma Ressurreição Geral?
Não encontramos nas páginas do Velho Testamento nenhuma referência relacionada
ao elemento tempo referente nas ressurreições. Esse elemento só nos vem por
meio da revelação do Novo Testamento. Aqueles que ensinam ou defendem a
doutrina de uma ressurreição geral usam certas passagens para isso. Vejamos o
que realmente elas nos ensinam com respeito a pergunta levantada:
“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida
eterna e outros para vergonha e desprezo eterno. Os sábios, pois,
resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a
justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente” (Daniel 12.2,3).
Por meio destes versos aparentemente nenhuma distinção de tempo é feita.
Baseados nisso, defendem que uma ressurreição geral é ensinada neste trecho.
Há, porém, alguns detalhes que devem ser esclarecidos quanto a estes
versículos. Notemos: os versos apontam para “muitos dentre”, isso
significa que alguns serão deixados, pois esses “muitos” ressuscitarão
para a vida eterna. Mas aqueles que não fizerem parte desses “muitos”,
ou seja, o resto dos que dormem, todos os que não ressuscitarem nessa hora,
receberão a ressurreição para “vergonha e horror eterno”. Percebemos
nitidamente que aqui não acontece uma ressurreição geral, pois quando se usa as
palavras no sentido de “muitos dentre” significa que aqueles que não
ressuscitaram continuam dormindo no pó da terra. O profeta Daniel está apenas
nos informando que a ressurreição irá acontecer, fala da sua universalidade,
não especificando, porém, o momento exato ou as horas de tais acontecimentos.
Como seria uma melhor tradução desta passagem que aparentemente nos apresenta
ser tão difícil? Alguns dos mais conhecidos mestres do hebraico traduzem esta
passagem da seguinte maneira:
“E (nessa ocasião) muitos (do teu povo) despertarão (ou
serão separados) de entre os que dormem no pó da terra. Esses (que
despertarem) serão para a vida eterna, mas aqueles (que não despertarem
nessa ocasião) serão para o desprezo e vergonha eternos”.
Torna-se claro para nós, então, que nem todos serão ressuscitados nesta
ocasião, mas apenas “todo aquele que se achar escrito
no livro” (Daniel 12.1).
Agora, olhando o versículo de forma mais literal temos uma conclusão do fato:
“Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns (literalmente
aqueles que despertarem nesta ocasião) para a vida eterna, e outros (literalmente
aqueles que não despertarem nesta ocasião) para vergonha e horror eterno”.
2. Jesus Cristo Ensinou uma Ressurreição Geral?
“Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em
que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem
sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição
da condenação” (João 5.28,29).
Aqui, argumentam que Jesus Cristo usa a palavra “hora” indicando que
isso exige a ressurreição geral, tanto de crentes como de incrédulos.
Jesus simplesmente usa a palavra “hora” não se importando com o período
de tempo descrito, da mesma forma que faziam os vários escritores do Velho
Testamento. Eles descreviam os acontecimentos futuros todos juntos, sem fazer
tal diferenciação. Ele não está se referindo a hora em que as ressurreições
acontecerão, está falando sim, da universalidade da mesma, e as diferenças
entre uma e outra. A Bíblia é clara quanto a haver um intervalo de mil anos
entre as duas ressurreições (“E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a
quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados
pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem
a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram
com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil
anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele
que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda
morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos” Apocalipse
20.4-6).
Alguns objetam que a primeira ressurreição mencionada aqui é espiritual. Agora,
afirmar isso é distorcer totalmente o sentido das Escrituras, pois elas nos
declaram que certas pessoas ressuscitarão e viverão e reinarão com Cristo por
mil anos e que o restante dessas pessoas não ressuscitará até que se complete
esse período de mil anos. Se esta passagem está no sentido espiritual, então a
segunda ressurreição também tem que estar nesse mesmo sentido. Ninguém
concordaria que a segunda parte é espiritual, logo a primeira parte também não
o é.
Sabemos que haverá um julgamento final, escatológico, para fazer a separação
entre os bons e os maus, entre os justos e os injustos (“E vi tronos; e
assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas
daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e
que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem
na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos
não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição.
Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre
estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e
reinarão com ele mil ano... E vi um grande trono branco e o que estava
assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou
lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do
trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os
mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as
suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno [Gr.
Hades] deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as
suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a
segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado
no lago de fogo” Apocalipse 20.4-6,11-15).
3. Jesus Cristo foi Realmente o Primeiro a ser
Ressuscitado de Entre os Mortos?
“Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito
as primícias dos que dormem” (1Coríntios 15.20).
Aqueles que querem dizer que há uma contradição nesta passagem objetam que
existem muitas outras ressurreições mencionadas na própria Bíblia e que estas
aconteceram bem antes da ressurreição de Cristo. como é que isso pode ser
solucionado?
Antes de responder, temos que entender o significado da palavra usada pelo
apóstolo Paulo aqui, “primícias”, o que isso vem a ver?
Esta expressão nos faz lembrar do ensino do Velho Testamento, sobre a chamada
“Festa das Primícias”. Esta festa que os judeus celebravam tinha a finalidade
de celebrar a consagração de toda a colheita a Deus e serviam como um penhor,
ou mesmo uma garantia, da totalidade da colheita que ainda haveria de ser
ceifada (“E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel e
dize-lhes: Quando houverdes entrado na terra, que vos hei de dar, e segardes a
sua sega, então, trareis um molho das primícias da vossa sega ao sacerdote; e
ele moverá o molho perante o SENHOR, para que sejais aceitos; ao seguinte dia
do sábado, o moverá o sacerdote. E, no dia em que moverdes o molho, preparareis
um cordeiro sem mancha, de um ano, em holocausto ao SENHOR. E sua oferta de
manjares serão duas dízimas de flor de farinha, amassada com azeite, para
oferta queimada em cheiro suave ao SENHOR, e a sua libação de vinho, o quarto
de um him. E não comereis pão, nem trigo tostado, nem espigas verdes, até
àquele mesmo dia em que trouxerdes a oferta do vosso Deus; estatuto perpétuo é
por vossas gerações, em todas as vossas habitações” Levítico 23.9-14). Os
judeus tinham, portanto, ofereciam os primeiros frutos a Deus antes mesmo que
eles pudessem se aproveitar e apossar da colheita. O que ocorria era que em
geral as primeiras espigas eram as mais bonitas e as maiores e pelo ensino
encontrado em Levítico, elas pertenciam a Deus, primeiramente. Mais tarde,
quando a colheita toda fosse completa, eles poderiam utilizar-se da mesma.
Primícias quer dizer primeiro; os primeiros frutos colhidos; as primeiras
produções.
Segundo o ensino encontrado em Levítico entregando as primícias a Deus, era
sinal de que uma colheita certa, maior ainda haveria de vir. Da mesma forma,
encontramos o significado disto nas páginas do Novo Testamento que nos dão uma
compreensão melhor:
“Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que
fôssemos como primícias das suas criaturas” (Tiago 1.18). “Estes são os
que não estão contaminados com mulheres, porque são virgens. Estes são os que
seguem o Cordeiro para onde quer que vai. Estes são os que dentre os homens
foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro” (Apocalipse
14.4).
Pelos versículos acima percebemos ou somos informados de que um grupo maior virá
ainda. Se tem as primícias, tem colheita. Se tem as primícias de entre os
mortos, ainda teria mais pessoas, um grupo muito maior ainda para ser colhido.
E a ressurreição de Cristo se tornou como um sinal, se tornou uma garantia, ou
um protótipo da ressurreição vindoura de todos os crentes. Percebemos com isso
que Jesus Cristo foi o Primeiro a ser levantado dentre os mortos para nunca
mais vir a morrer (“sabendo que, havendo Cristo ressuscitado dos mortos, já não
morre; a morte não mais terá domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de
uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus” Romanos
6.9-10). A ressurreição de Cristo, portanto, garante a ressurreição de todos
nós, mas é claro que no tempo certo designado por Deus.
Vamos agora esclarecer e responder a pergunta. No versículo citado acima como
sendo contraditório encontra-se a expressão “dentre os mortos”. A
ressurreição de Jesus Cristo foi a primeira ressurreição real. As demais
ressurreições foram apenas casos de ressuscitamento ou revivificação de um
corpo que estava morto. Todos aqueles que passaram por este processo vieram
finalmente a morrer novamente. Isso não aconteceu com o Senhor Jesus Cristo,
pois a Sua ressurreição é referida como a de quem “vive pelos séculos dos
séculos” (Apocalipse 1.18). Os corpos daqueles que foram ressuscitados
morreram novamente, em contraste com o corpo de Jesus Cristo, o qual é imortal.
Ele recebeu um corpo glorioso, onde podia aparecer e desaparecer diante das
pessoas ou até mesmo vir a entrar num local fechado (“Abriram-se-lhes, então,
os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes” Lucas 24.31; “Chegada, pois, a
tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os
discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no
meio, e disse-lhes: Paz seja convosco!” João 20.19). Nesse sentido, vemos que
Jesus Cristo foi o Primeiro a ser ressuscitado dentre os mortos para possuir
uma existência glorificada, existência essa que nunca mais poderá passar pela
morte novamente como castigo pelo pecado (“sto é, que o Cristo devia padecer e,
sendo o primeiro da ressurreição dos mortos, devia anunciar a luz a este povo e
aos gentios” Atos 26.23).
4. Conheceremos Nossos Entes Queridos na Vida futura?
Primeiramente devemos entender que cada crente será semelhante a Cristo, ou
seja, nossos corpos serão semelhantes ao corpo glorificado e ressuscitado de
nosso Senhor Jesus Cristo.
Da mesma forma que o corpo de Cristo era um corpo literal, real (Lucas 24.39),
físico ou reconhecível (Lucas 24.31; João 20.16) e poderoso (João 20.19), assim
será o nosso corpo.[5]
Vejamos: a primeira pessoa a ver Jesus ressuscitado foi Maria Madalena (“E
Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu
primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios” Marcos
16.9; “E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois,
chorando, abaixou-se para o sepulcro e viu dois anjos vestidos de branco,
assentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. E
disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu
Senhor, e não sei onde o puseram. E, tendo dito isso, voltou-se para trás e viu
Jesus em pé, mas não sabia que era Jesus. Disse-lhe Jesus: Mulher, por que
choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu
o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela,
voltando-se, disse-lhe: Raboni [que quer dizer Mestre]!” João 20.11.-16).
Como ela O reconheceu? Por meio de uma simples, mas poderosa palavra. O Mestre
chamou seu nome! Isso mesmo, ela O reconheceu em Seu corpo glorificado por Sua
Voz. Ela se lembrou do timbre da voz do Mestre que era o mesmo, também tinha o
mesmo tom, a mesma maneira própria de falar e pronunciar as palavras. Assim
reconheceremos nossos entes queridos em seus corpos glorificados por meio de
suas vozes também.
No período da tarde nesse mesmo dia outras mulheres viram a Jesus ressuscitado
e o reconheceram pela audição, visão e pelo tato. Jesus Cristo falou com elas e
elas “abraçaram os seus pés e o adoraram” (Mateus 28.8-10).
Como Cléopas e o outro discípulo de Emaús reconheceram a Jesus Cristo depois de
ressuscitado? De uma maneira muito peculiar. Todos nós temos as nossas maneiras
de fazer as coisas, de andar, de falar, ninguém faz a mesma coisa exatamente
igual ao outro. Temos peculiaridades pessoais que são reconhecidas por nossos
amigos. E estes dois discípulos de Emaús reconheceram o Mestre em Seu corpo
glorificado por meio do Seu partir do pão. Ora, aqui em nossa cultura nós
cortamos o pão e não partimos. Eles por certo já tinham visto várias vezes a
Jesus Cristo partir o pão em diversas ocasiões, por exemplo, quando alimentou
os cinco mil homens e em outra vez quando alimentou a quatro mil. Provavelmente
Jesus Cristo tinha uma maneira própria de partir o pão e eles O reconheceram
assim. (“E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como deles
foi conhecido no partir do pão” Lucas 24.35). Da mesma forma, reconheceremos
nossos entes queridos não apenas pela voz, mas pela maneira particular, própria
que cada um realiza as coisas.
Os dez discípulos também reconheceram a Jesus quando Tomé estava ausente, como
foi isso? Eles O reconheceram por suas feridas, nas mãos e nos pés, suas
cicatrizes. Também Ele comeu na presença deles provando ter verdadeiramente um
corpo glorificado que era real, físico e literal (“E eles, espantados e
atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele lhes disse: Por que
estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos ao vosso coração? Vede as
minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito
não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. E, dizendo isso, mostrou-lhes
as mãos e os pés. E, não o crendo eles ainda por causa da alegria e estando
maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer? Então, eles
apresentaram-lhe parte de um peixe assado e um favo de mel, o que ele tomou e
comeu diante deles” Lucas 24.37-43). Assim também, da mesma forma,
reconheceremos nossos entes queridos.
E o que dizer dos muitos corpos de pessoas que foram ressuscitadas quando Jesus
Cristo ressuscitou? O que aconteceu ali? Esses corpos entraram na cidade e
apareceram a muitos, ou seja, várias pessoas viram estes corpos e foram
reconhecidos por seus amigos. Como podemos saber que eles foram reconhecidos
por seus amigos? Ora, como o escritor saberia que eles eram “santos” e
não pessoas comuns? (“E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a
baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras {ou rochas}. E abriram-se os
sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; E, saindo
dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na Cidade Santa e
apareceram a muitos” Mateus 27.51-53). Assim, reconheceremos os nossos entes
queridos.
Passados muitos dias Tomé também viu a Cristo. E o que provou ser Cristo mesmo?
Ele apareceu no meio deles, pois estavam num local fechado e pediu para que
Tomé apontasse para Suas cicatrizes e Seu lado ferido pela lança. Jesus tinha
um corpo real, um corpo que podia ser tocado, um corpo de carne e ossos, ainda
com as cicatrizes, as marcas da Cruz (“Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo,
não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos:
Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas
mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu
lado, de maneira nenhuma o crerei. E, oito dias depois, estavam outra vez os
seus discípulos dentro, e, com eles, Tomé. Chegou Jesus, estando as portas
fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco! Depois, disse a
Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega a tua mão e põe-na no meu
lado; não sejas incrédulo, mas crente. Tomé respondeu e disse-lhe: Senhor meu,
e Deus meu!” João 20.24-28). Foi imediatamente reconhecido por Tomé e nós
também reconheceremos nossos entes queridos.
Elias subiu ao céu com seu corpo (“E sucedeu que, indo eles andando e falando,
eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias
subiu ao céu num redemoinho. O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai,
carros de Israel e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, tomando das suas
vestes, as rasgou em duas partes. Também levantou a capa de Elias, que lhe
caíra; e voltou-se e parou à borda do Jordão. E tomou a capa de Elias, que lhe
caíra, e feriu as águas, e disse: Onde está o SENHOR, Deus de Elias? Então,
feriu as águas, e se dividiram elas para uma e outra banda; e Eliseu passou.
Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte em Jericó, disseram:
O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E vieram-lhe ao encontro e se
prostraram diante dele em terra. E disseram-lhe: Eis que, com teus servos, há
cinqüenta homens valentes; ora, deixa-os ir para buscar teu senhor; pode ser
que o elevasse o Espírito do SENHOR e o lançasse em algum dos montes ou em
algum dos vales. Porém ele disse: Não os envieis. Mas eles apertaram com ele,
até se enfastiar; e disse-lhes: Enviai. E enviaram cinqüenta homens, que o
buscaram três dias, porém não o acharam. Então, voltaram para ele, tendo ele
ficado em Jericó; e disse-lhes: Eu não vos disse que não fôsseis?” 2Reis
2.11-18). E mais de 2.800 anos depois, no Monte da Transfiguração, foi reconhecido
juntamente com Moisés por Pedro, Tiago e João (Mt 17.1-13). Sendo que eles
nunca tinham visto eles antes, mas o reconheceram.
O ensino bíblico é claro e um forte alento para todos nós: iremos sim,
reconhecer os nossos entes queridos e sermos reconhecidos por eles.
As Escrituras são claras com respeito ao fato de haver uma ressurreição, e
isso, tanto para os justos como para os injustos. Não há como negar o fato da
ressurreição. Não há como negar que temos um Salvador ressurrecto dentre os
mortos, pois negar a ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, faz com que
nossa fé venha a se tornar inútil. Antes, porém, não existe fato mais
comprovador do que a ressurreição gloriosa, literal, real, física de Jesus
Cristo.
Baseados no que vimos por meio deste pequeno estudo sabemos que há uma enorme
esperança para aqueles que já partiram com Cristo e para aqueles que um dia
partirão caso o arrebatamento não venha para a nossa geração.
Nosso dever é de preservar a verdadeira doutrina da ressurreição e não meras
especulações como fazem aqueles que querem tirar o crédito das Escrituras
Sagradas. Sejamos sóbrios e vigilantes. Assim como disse o Mensageiro Celeste
ao profeta Daniel: “Sabe e entende”, devemos seguir este conselho e
praticá-lo para com esta doutrina, e da mesma forma para com toda a sã doutrina
da Palavra de Deus.
A esperança que invade nosso coração caso não passemos pelo arrebatamento é
garantida, selada e confirmada pelas Escrituras e autenticada por Aquele que
conquistou por Sua vida a morte.
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CITAÇÕES
[1] ERICKSON, Millard J. Introdução à
Teologia Sistemática. São Paulo, S.P.: Sociedade Religiosa Edições Vida
Nova, 1999, p.504.
[2] PENTECOST, J. Dwight. Manual de Escatologia: uma análise detalhada
dos eventos futuros. São Paulo, S.P.: Editora Vida, 1998, p.409.
[3] SUMMERS, Ray. A Vida no Além. 2a ed. Rio de Janeiro:
JUERP., 1979, p.81.
[4] PENTECOST, J. Dwight. Manual de Escatologia: uma análise detalhada
dos eventos futuros. São Paulo, S.P.: Editora Vida, 1998, p.410.
[5] Paráfrase baseada no Dr. Ernesto L. Tiffany.
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Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.