Richard D. Emmons
http://www.chamada.com.br/mensagens/substituicao_dispensacionalismo.html
O
Dispensacionalismo* e a Teologia da Substituição* não são compatíveis.
Atualmente, muitos cristãos defendem o ponto de vista da Teologia da
Substituição, que tira a ênfase das profecias e da Escatologia* em favor da
promoção da harmonia teológica e da solução de problemas pessoais, nacionais e
globais observados. Embora amemos nossos irmãos em Cristo, devemos também
seguir e sustentar a verdade e a doutrina correta.
É
extremamente importante entender por que a Teologia da Substituição é
inadequada e por que o Dispensacionalismo fornece o ponto de vista correto. O
Dispensacionalismo oferece o melhor entendimento da Palavra de Deus e de Seu
plano para Sua criação porque apresenta uma Hermenêutica* superior, uma
harmonização das Escrituras superior e uma historiografia* superior.
Existem três
formas principais de Teologia da Substituição: Amilenismo* Aliancista,
Pós-Milenismo* Aliancista, e Pré-Milenismo* Aliancista (também chamado
Histórico). Todas essas três formas são geralmente construídas com base na Teologia
Aliancista*, que vê a Igreja como substituta de Israel no plano global de
Deus para a história do mundo. Os judeus chamam essa doutrina de Supersessionismo.
A Teologia
Aliancista é fundamentada na interpretação alegórica* das Escrituras. Ela vê a
história humana como o relacionamento redentivo de Deus com a humanidade
baseado em duas (ou três) alianças teológicas principais, e enfatiza a
“continuidade” entre Israel e a Igreja – sendo que continuidade geralmente
significa que a Igreja substitui Israel.
As alianças
são obras (Gn 2), graça (Gn 3) e redenção. Todas estas estão implícitas nas
Escrituras, e não explícitas. A aliança da graça governa a história humana desde
a Queda até a Consumação como a estrutura unificadora mais importante do
sistema, tornando a redenção da humanidade o tema máximo e o fator unificador
da relação de Deus com a humanidade.
Todas as
três formas minimizam o futuro de Israel. O Amilenismo prega que não há nenhum
Reino terreno futuro, nem judeu nem outro. O Pós-Milenismo vê a Igreja como
substituta de Israel, encarregada de trazer o Reino para esta terra para que
Jesus possa voltar e tomar posse dele. O Pré-Milenismo Aliancista ensina que a
Igreja é o Reino prometido, que foi inaugurado por Jesus durante Seu ministério
na terra, sustentado em meio à Tribulação, arrebatado e estabelecido como
alguma forma de Reino terreno que admitirá, em seu último estágio, muitos do
povo judeu.
O Dispensacionalismo é construído com base na interpretação
literal sólida e consistente das Escrituras.
Em
contraste, o Dispensacionalismo é construído com base na interpretação literal*
sólida e consistente das Escrituras. Ele vê o mundo como um lar administrado
por Deus para Sua própria glória, através de uma série de dispensações*
progressivas, mas distintas, enfatizando a descontinuidade entre
Israel e a Igreja. O tema unificador é o plano de Deus para exemplificar
Seu amor e para glorificar Seu nome através de Sua criação, quando Ele responde
ao desafio de Lúcifer apresentado contra Sua santidade (singularidade): “Subirei
acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.14).
Os elementos
estruturais do Dispensacionalismo são as dispensações, as quais o teólogo
Charles Ryrie definiu melhor como economias [administrações, mordomias]
distinguíveis na realização do propósito de Deus. A redenção do homem é apenas
uma maneira pela qual Deus manifesta Seu amor e glorifica Seu nome. Seu
programa de santificação – administrado através de relacionamentos operacionais
progressivos e distinguíveis – permite que os crentes em cada dispensação
glorifiquem a Deus ao responderem à Sua revelação em obediência amorosa.
Além disso,
o Dispensacionalismo enfatiza a descontinuidade entre Israel e a Igreja. Ele
afirma que Deus tinha um plano o tempo todo (embora estivesse oculto no Antigo
Testamento) para resguardar uma multidão de gentios para Sua glória. O apóstolo
Paulo escreveu que Deus queria dar Para que também desse a conhecer as riquezas
da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou,
Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também
dentre os gentios?
Romanos
9:23-24 . A seguir, Paulo cita o Antigo Testamento:
Chamarei
meu povo ao que não era meu povo;E amada à que não era amada.
E sucederá que no lugar em que lhes foi dito:Vós não sois meu povo;Aí serão
chamados filhos do Deus vivo.
Romanos
9:25-26
Usando o
termo grego oikonomia exatamente como ele é usado no
Dispensacionalismo, Paulo declarou o propósito de seu ministério:
“E
manifestar qual seja a dispensação [oikonomia; administração] do
mistério, desde os séculos, oculto em Deus, que criou todas as cousas, para
que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos
principados e potestades nos lugares celestiais, segundo o eterno propósito que
estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Ef 3.9-11).
E
demonstrar a todos qual seja a comunhão do mistério, que desde os séculos
esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo;
Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos
principados e potestades nos céus,
Efésios
3:9-10
O plano
eterno de Deus, desvendado logo depois da rejeição de Israel a seu Messias, não substitui Israel
pela Igreja, mas acrescenta a Igreja por um período.
Assim, o
Dispensacionalismo vê a história humana como administrações distintas e
progressivas, reveladas divinamente (muito semelhantes a estágios no
desenvolvimento da carreira de uma pessoa), por meio das quais as pessoas
possam glorificar a Deus, respondendo a Seu amor com obediência fiel. A
salvação é pela graça através da fé em cada estágio, mas a administração da
santificação muda.
Embora todos
os sistemas teológicos sejam feitos pelo homem e, portanto, sejam limitados, o
Dispensacionalismo é preferido pelo menos pelas razões abaixo:
Uma
Hermenêutica Superior
Alguns
sugerem falsamente que a distinção entre interpretação literal e interpretação
alegórica das Escrituras já não é mais uma questão a ser debatida, porque todos
os teólogos conservadores evangélicos têm o propósito de interpretá-las
literalmente. A interpretação alegórica é o método de interpretar um texto literário
observando seu sentido literal como veículo para um segundo significado, mais
“espiritual”. Todo mundo reconhece as figuras de linguagem; mas, sempre que
alguém toma figurativamente qualquer passagem das Escrituras que os autores
divinos e humanos escreveram com a intenção de que fosse tomada literalmente,
ocorre a interpretação alegórica.
Embora
nenhum intérprete seja infalível, os teólogos da Substituição são muito mais
propensos a interpretar alegoricamente.
Embora
nenhum intérprete seja infalível, os teólogos da Substituição são muito mais
propensos a interpretar alegoricamente. A integridade do sistema teológico
deles requer que seja assim. Os dispensacionalistas não são sempre
consistentes, mas buscam a interpretação literal de todas as passagens.
Exemplos óbvios são as palavras o lobo e o cordeiro e o
leão e o boi em Isaías 65.25 e a passagem sobre a ressurreição em
Apocalipse 20.4-6.
Um segundo
aspecto da Hermenêutica superior do Dispensacionalismo é a relação entre
Teologia Bíblica* e Teologia Sistemática*. Embora a maioria concorde com Ryrie
de que “A Teologia Bíblica seja fundamental para a Teologia Sistemática”[1], o
Dispensacionalismo e a Teologia da Substituição usam procedimentos diferentes.
A Teologia da Substituição desenvolve primeiramente a Teologia Bíblica do Novo
Testamento e depois prossegue para estabelecer a Teologia Bíblica do Antigo
Testamento, à luz do Novo Testamento.
O teólogo
Michael Stallard argumentou corretamente que essa metodologia faz com que o
Antigo Testamento seja interpretado através das lentes do Novo Testamento, o
que resulta em três problemas: (1) a possibilidade de se minimizarem as
experiências do Antigo Testamento; (2) a subordinação da interpretação
gramatical-histórica às conclusões da Teologia Bíblica do Novo Testamento; e
(3) o fracasso de incorporar a Teologia Bíblica correta do Antigo Testamento na
Teologia Sistemática daquele que está interpretando.[2]
Observando a
natureza progressiva da revelação, os dispensacionalistas têm o compromisso de
desenvolver primeiramente sua Teologia Bíblica do Antigo Testamento pelas
qualidades do próprio Antigo Testamento. Tal leitura entende a natureza eterna
da escolha de Israel por Deus, Suas alianças com o Seu povo e Suas promessas
para o Seu povo. A Igreja é, então, entendida como um programa previamente
planejado e temporário, durante o tempo em Porque não quero, irmãos,
que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o
endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja
entrado.
E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador,
E desviará de Jacó as impiedades.
Romanos
11:25-26
A escolha
que uma pessoa faz de sua Hermenêutica tem ramificações que alcançam muito
longe. Interpretar uma passagem alegoricamente abre caminho para que se
interpretem outras passagens da mesma forma. Considerar Deus por Sua Palavra,
mesmo quando não é algo confortável, é preferível a reinterpretar o que Ele
disse.
Uma
Harmonização Superior
O
Dispensacionalismo também proporciona uma superior harmonização das Escrituras.
A Teologia
da Substituição debate-se com a questão de como utilizar muitas das passagens
do Antigo Testamento.
A Teologia
da Substituição debate-se com a questão de como utilizar muitas das passagens
do Antigo Testamento. Ter uma única aliança da graça governando a Bíblia
inteira cria tensão com os aspectos claramente culturais e cerimoniais da
revelação do Antigo Testamento. A Lei Mosaica está dividida em categorias
morais, cerimoniais e civis. A dificuldade em lidar com as leis referentes à
alimentação e à lepra e sua aplicação para nossos dias, por exemplo, tende a
fazer com que essas passagens sejam ignoradas. O Dispensacionalismo, por outro
lado, com sua ênfase nos relacionamentos (dispensações) progressivos e
santificadores, soluciona esse problema porque interpreta tais passagens no
lugar adequado.
Embora
algumas passagens sejam admitidamente difíceis para todos (Gn 38, por exemplo),
a maior parte das passagens pode ser interpretada com base no que elas
pretendiam ensinar ou em refletir o processo de glorificação de nosso Deus
amoroso através da obediência dos crentes à revelação que lhes foi dada.
Princípios eternos da verdade divina podem então ser extraídos do que Deus viu
em Seu povo ou esperou de Seu povo, sem que danos sejam causados à natureza
literal do texto. Levítico 14 mostrou em detalhes os cuidados de Deus com
relação à “pureza” de Seu povo. Em vez de aderirem às leis meticulosas e
freqüentemente físicas da santidade na administração mosaica, os crentes hoje
deveriam exercitar os mesmos cuidados com a pureza através de um relacionamento
mais adulto com o Espírito Santo que neles habita (Gl 4.1-7).
Uma
Historiografia Superior
O
Dispensacionalismo proporciona uma historiografia superior. A metanarrativa* do
Dispensacionalismo é superior porque reflete mais precisamente a revelação
bíblica do plano e da intenção de Deus. A promessa do profeta Jeremias de uma
Nova Aliança contrasta claramente a Nova com a Velha, que foi mediada por
Moisés. Essa Nova Aliança finalmente fará com que a Palavra de Deus seja
escrita nos corações do Seu povo Israel, que havia causado tanto pesar ao
Senhor.
Essa
promessa não significa nada se for cumprida em um povo totalmente diferente;
Israel seria desprovido de esperança e a graça de Deus teria diminuído. Os
profetas Isaías e Ezequiel entenderam claramente a promessa de um Reino terreno
no qual a glória de Deus encherá a terra e Seu Povo Escolhido O glorificará
espontaneamente. Nenhuma dessas coisas aconteceu na Primeira Vinda do Messias.
O
ensinamento da Teologia da Substituição de que há apenas um reino espiritual
e/ou que o povo judeu está apenas minimamente envolvido não reflete
adequadamente a historiografia da revelação de Deus. Jesus disse que irá
retornar fisicamente (Mt 24.29-31) e assumirá Seu trono terreno (Mt 25.31-46),
estando esses dois ensinamentos diretamente ligados à profecia de Daniel (Mt
24.15) e sendo judaicos por natureza. Se Jesus sabia que o Reino Judeu seria
substituído, será que Ele iria enganar deliberadamente Seus discípulos judeus
não lhes contando sobre isso, nem meros dois dias antes de Sua morte?
Entender que
o Tempo da Angústia de Jacó ainda é futuro – e que será seguido pelo retorno
visível do Messias para estabelecer Seu Reino Judeu, terreno, tendo Jerusalém
como sua capital – é uma historiografia superior porque reflete melhor a
revelação tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. João identificou com
clareza o Reino de Jesus como o Milênio (1.000 anos), situado entre o
julgamento da Besta (o Anticristo), do Falso Profeta (Ap 19.20) e do Dragão
(Satanás; Ap 20.1-3,7-10), e entre duas ressurreições (vv. 4-6,11-15). Se a
segunda ressurreição for física e literal, então a primeira ressurreição também
deve ser.
A
interpretação literal do Dispensacionalismo vê o relacionamento de Deus com
Abraão fazendo um círculo completo, à medida que Jesus, o Segundo Adão e Filho
de Davi, cumprir as alianças bíblicas no Reino Milenar* terreno do Messias.
Depois de 1.000 anos, essa administração terrena será transferida para sua
forma final e eterna nos novos céus e na nova terra. (Richard D. Emmons
- Israel My Glory - Chamada.com.br)
Notas:
1. Charles C. Ryrie, Biblical Theology of the New Testament [Teologia Bíblica do Novo Testamento] (Chicago: Moody Press, 1959), 12.
2.
Michael
Stallard, “Literal Hermeneutics, Theological Method and the Essence of
Dispensationalism” [Hermenêutica Literal, Método Teológico e a Essência do
Dispensacionalismo], 1998, www.pre-trib.org/article-view.php?id=196.
*Glossário
Amilenismo
Aliancista: Uma
forma de Teologia Aliancista que crê que o reino espiritual da Igreja substitui
o Reino Messiânico de Israel e que não haverá Reino Milenar.
Dispensação: Uma
administração distinguível (relacionamento operacional) na realização do
propósito de Deus (de Charles Ryrie em Dispensationalism[Dispensacionalismo];
uma mordomia.
Dispensacionalismo: Um sistema
de teologia construído com base na interpretação literal e consistente das
Escrituras. Vê o mundo como um lar administrado por Deus para Sua própria
glória através de uma série de dispensações progressivas, mas distintas,
enfatizando a descontinuidade de Israel e a Igreja (de Ryrie, em Dispensationalism).
Escatologia: A doutrina
das coisas futuras. As profecias ainda não cumpridas entram nesta categoria.
Hermenêutica: A arte e a
ciência de interpretar um texto literário; também entendida como a filosofia
(ou o método) de interpretação de uma pessoa.
Historiografia: A
apresentação narrativa ou a escrita da história baseada no exame que uma pessoa
fez dos eventos e detalhes obtidos nas fontes.
Interpretação
Alegórica: O
método de interpretar um texto literário que dá ao texto um segundo
significado, “mais espiritual”.
Interpretação
Literal: O
método de interpretar um texto literário que considera as palavras e as frases
em seu significado normal, comum e costumeiro (a menos que o texto em si force
a um entendimento figurado).
Metanarrativa: Princípios
diretivos universais, sistemas de pensamento, histórias grandiosas que
controlam e interpretam a realidade; a história completa, ou a figura completa.
Pré-Milenismo: A posição de
que Cristo irá retornar antes da Era do Reino e estabelecerá
Seu Reino Davídico, Messiânico.
Pré-Milenismo
Aliancista (Histórico): Uma forma de Teologia Aliancista que crê que
Jesus irá voltar em Sua glória para estabelecer a Igreja como Seu Reino sobre a
Terra.
Pós-Milenismo
Aliancista: Uma
forma de Teologia Aliancista que crê que a Igreja constitui o reino físico de
Jesus na Terra e que Ele retornará para governar na conclusão desse reino
físico.
Reino
Milenar: O
Reino Messiânico de 1.000 anos, terreno, que Cristo estabelecerá e que estará
sob Seu governo após os sete anos de incomparável tribulação na Terra. Para os
pré-milenistas, esse período constitui a Era do Reino.
Teologia
Aliancista: Um
sistema de teologia construído com base na interpretação alegórica que vê a
história humana como o relacionamento redentivo de Deus com a humanidade. É
baseada naquilo que seus adeptos vêem como duas (ou três) alianças teológicas
principais que enfatizam a continuidade entre Israel e a Igreja, à medida que a
Igreja substitui Israel no programa de Deus (de Louis Berkhof emSystematic
Theology [Teologia Sistemática]).
Teologia
Bíblica: Uma
correlação dos dados da revelação bíblica de um livro, ou seção, ou tema
específico da Bíblia.
Teologia
da Substituição: Vários
sistemas de teologia, geralmente construídos sobre o fundamento da Teologia
Aliancista. Vê a Igreja como substituta de Israel no plano global de Deus para
a história do mundo.
Teologia
Sistemática: Uma
correlação de dados da revelação bíblica como um todo, em ordem, para
apresentar sistematicamente a figura total da auto-revelação de Deus (de
Charles Ryrie, em Basic Theology [Teologia Básica].
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em http://BibliaLTT.org, com ou sem notas.
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.