HERMENÊUTICA

 


"Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra." (II Tm. 3.16,17)


"Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo." (2 Pd 1.20,21)

"Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e decaiais da vossa firmeza." (2 Pd 3.16,17)



Introdução

De muitas maneiras os homens se diferem entre si e esse fato, naturalmente, faz com que eles distanciem mentalmente uns dos outros na capacidade intelectual, no gosto estético, na qualidade moral e etc.

Alguns foram instruídos em conhecimentos intelectuais e outros não tiveram estas oportunidades e isto provoca divergências de interpretação.

Apesar destas divergências entre os homens, Deus tem um plano para os mesmos e este está revelado na Bíblia Sagrada.

Este plano de Deus traça um mesmo caminho para reunir uma grande família em Cristo Jesus, com a unificação dos povos sem distinção de cor, raça, sexo, nacionalidades, condições social e econômica. (Gl 3.28; Cl 3.11)

Diante deste quadro a aplicação da hermenêutica será imprescindível a unificação do conhecimento do Plano da Salvação para com todos os homens da terra.


Origem

A palavra HERMENÊUTICA é derivada do termo grego HERMENEUTIKE e o primeiro homem a empregá-la como termo técnico foi o filósofo Platão.


Definição

A hermenêutica é a ciência que estabelece os princípios, leis e métodos de interpretação. Em sua abrangência trata da teoria da interpretação de sinais, símbolos de uma cultura e leis.


Divisão

A divisão da hermenêutica é reconhecida como geral e específica. A geral é aquela que se aplica à interpretação de qualquer obra escrita. A específica é aquela que se aplica a determinados tipos de produção literais tais como: Leis, histórias, profecias, poesias, etc e que será tratada neste estudo por estar dentro do campo de aplicação a literatura sacra – A BÍBLIA como inspirada Palavra de Deus. (II Tm 3.16)


I – A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA

O pecado obscureceu o entendimento do homem e exerce influência perniciosa em sua mente e torna necessário o esforço especial para evitar erros. (II Pd 3.16 e De 7.10)

A aplicação e a conservação do caráter teológico da hermenêutica estão vinculadas ao recolhimento do princípio da inspiração divina da Bíblia Sagrada.



II – DISPOSIÇÕES NECESSÁRIAS PARA O ESTUDO DAS ESCRITURAS

Assim como para apreciar devidamente a poesia se necessita possuir um sentido especial para o belo e poético, e para o estudo da filosofia é necessário um espírito filosófico, assim é da maior importância uma disposição especial para o estudo proveitoso da Sagrada Escritura.

1. Necessita-se de um espírito respeitoso.

Um filho que não respeita, que caso fará dos conselhos, avisos e palavras de seu pai? A Bíblia é a revelação do Onipotente. "O homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito, e que treme da minha palavra." (Is 66.2)

2. Necessita-se de um espírito dócil.
Isto significa ausência de obstinação e teimosia diante da revelação divina. É preciso receber a Palavra de Deus com mansidão. (Tg 1.21)

3. Necessita-se de um espírito amante da verdade.
Um coração desejoso de conhecer a verdade (Jo 3.19-21)

4. Necessita-se de um espírito paciente.
Como o garimpeiro que cava e revolve a terra, buscando com diligência o metal precioso, da mesma maneira o estudioso das Escrituras deve pacientemente, buscar as revelações que Deus propôs e que em algumas partes é bastante profunda e de difícil interpretação.

 

5. Necessita-se de um espírito prudente.
Iniciando a leitura pelo mais simples e prosseguir para o mais difícil. "Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus... e ser-lhe-á concedida." (Tg 1.5)


III – MÉTODOS DA HERMENÊUTICA

Método é a maneira ordenada de fazer alguma coisa. É um procedimento seguido passo a passo com o objetivo de alcançar um resultado.

Durante séculos os eruditos religiosos procuraram todos os métodos possíveis para desvendar os tesouros da Bíblia e arquitetar meios de descobrir os seus segredos.

1. Método Analítico

É o método utilizado nos estudos pormenorizados com anotações de detalhes, por insignificantes que pareçam com a finalidade de descrevê-los e estudá-los em todas as suas formas. Os passos básicos deste método são:

a) Observação – É o passo que nos leva a extrair do texto o que realmente descreve os fatos, levando também em conta a importância das declarações e o contexto;

b) Interpretação – É o passo que nos leva a buscar a explicação e o significado (tanto para o autor quanto para o leitor) para entender a mensagem central do texto lido. A interpretação deverá ser conduzida dentro do contexto textual e histórico com oração e dependência total do Espírito Santo, analisando o significado das palavras e frases chaves, avaliando os fatos, investigando os pontos difíceis ou incertos, resumindo a mensagem do autor a seus leitores originais e fazer a contextualização (trazer a mensagem a nossa época ou ao nosso contexto);

c) Correlação – É o passo que nos leva a comparar narrativas ou mensagem de um fato escrito por vários autores, em épocas distintas em que cada um narra o fato, em ângulos não coincidentes como por exemplo a mesma narrativa descrita em Mc 10.46 e Lc 18.35, onde o primeiro descreve "saindo de Jericó" e o segundo "chegando em Jericó";

d) Aplicação – É o passo que nos leva a buscar mudanças de atitudes e de ações em função da verdade descoberta. É a resposta através da ação prática daquilo que se aprendeu.

Um exemplo de aplicação é o de pedir perdão e reconciliar-se com alguém ou mesmo o de adoração à Deus.

2. Método Sintético.

É o método utilizado nos estudos que abordam cada livro como uma unidade inteira e procura o seu sentido como um todo, de forma global. Neste caso determina-se as ênfases principais do livro ou seja, as palavras repetidas em todo o livro, mesmo em sinônimo e com isto a palavra-chave desenvolve o tema do livro estudado. Outra maneira de determinar a ênfase ou característica de um livro é observar o espaço dedicado a certo assunto. Como por exemplo, o capítulo 11 da Epístola aos Hebreus enfatiza a fé e em todos os demais capítulos ela enfatiza a palavra SUPERIOR. (De acordo com a versão Almeida Revista e Atualizada – ARA).

SUPERIOR:
a) Aos anjos – 1.4; f) Ao sacrifício – 9.23; l) Ao sacerdócio – 5 a 7;
b) A aliança – 7.22; g) Ao patrimônio – 10.34;
c) A bênção – 7.7.; h) A ressurreição – 11.35;
d) A esperança – 7.19; i) A pátria – 11.16;
e) A promessa – 8.6; j) A Moisés – 3.1 a 4;

3. Método Temático

É o método utilizado para estudar um livro com um assunto específico, ou seja, no estudo do livro terá um tema específico definido. Como exemplo temos a FÉ:

a) Salvadora – Ef. 2.8; d) Grande – Mt 15.21 a 28;
b) Comum – Tt 1.4; Jd 3; e) Vencedora – I Jo 5.4;
c) Pequena – Mt 14.28 a 31; f) Crescente – II Ts 1.3.

4. Método Biográfico de Estudo da Bíblia
Esta espécie de estudo bíblico é divertida, pois você tem a oportunidade de sondar o caráter das pessoas que o Espírito Santo colocou na Bíblia, e de aprender de suas vidas. Paulo, escrevendo aos Coríntios, disse: "Estas cousas lhes sobrevieram como exemplo, e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado." (I Cor. 10.11)
Sobre alguns personagens bíblicos muito foi escrito. Quando você estuda pessoas como Jesus, Abraão e Moisés, pode precisar restringir o estudo a áreas como, "A vida de Jesus como nos é revelada no Evangelho de João", "Moisés durante o Êxodo", ou "Que diz o Novo Testamento sobre Abraão". Lute sempre para manter os seus estudos bíblicos em tamanho manejável.

  1. Estudo Biográfico Básico.

PASSO UM – Escolha a pessoa que você quer estudar e estabeleça os limites do estudo (por exemplo, "Vida de Davi, antes de tornar-se rei"). Usando uma concordância ou um índice enciclopédico, localize as referências que têm relação com a pessoa do estudo. Leia-as várias vezes e faça resumo de cada uma delas.

1) – Observações – Anote todo e qualquer pormenor que notar sobre essa pessoa. Quem era? O que fazia? Onde morava? Quando viveu? Por que fez o que fez? Como levou a efeito? Anote minúcias sobre ela e seu caráter.

2) – Dificuldades – Escreva o que você não entende acerca dessa pessoa e de acontecimentos de sua vida.

3) – Aplicações possíveis – Anote várias destas durante o transcurso do seu estudo, e escreva um "A" na margem. Ao concluir o seu estudo, você voltará a estas aplicações possíveis e escolherá aquela que o Espírito Santo destacar.

PASSO DOIS – Com divisão em parágrafos, escreva um breve esboço da vida da pessoa. Inclua os acontecimentos e características importantes, declarando os fatos, sem interpretação. Quando possível, mantenha o material em ordem cronológica.

b) Estudo Biográfico Avançado.

Os seguintes passos podem ser acrescentados quando você achar que o ajudarão em seus estudos biográficos. São facultativos e só devem ser incluídos progressivamente, à medida que você ganhe confiança e prática.

Trace o fundo histórico da pessoa. Use um dicionário bíblico para ampliar este passo somente quando necessário. As seguintes perguntas haverão de estimular o seu pensamento.

1) – Quando viveu a pessoa? Quais eram as condições políticas, sociais, religiosas e econômicas da sua época?
2) – Onde a pessoa nasceu? Quem foram seus pais? Houve alguma coisa de incomum em torno do seu nascimento e da sua infância?
3) – Qual a sua vocação? Era mestre, agricultor, ou tinha alguma outra ocupação? Isto influenciou o seu ministério posterior? Como?
4) – Quem foi seu cônjuge? Tiveram filhos? Como eram eles? Ajudaram ou estorvaram a sua vida e o seu ministério?
5) – Faça um gráfico das viagens da pessoa. Aonde ela foi? Por que? Que fez?
6) – Como a pessoa morreu? Houve alguma coisa extraordinária em sua vida?

5. Método de Estudo Indutivo.

a) O método indutivo se baseia na convicção de que o Espírito Santo ilumina a quem examina as escrituras com sinceridade, e que a maior parte da Bíblia não é tão complicada que quem saiba ler não possa entendê-la. Os Judeus da Bereia foram elogiados por examinarem cada dia as escrituras "se estas coisas eram assim". (At 17.10,11)

b) É óbvio que obras literárias tem "partes" que se formam no "todo". Existe uma ordem crescente de partes, de unidades simples e complexas, até se formarem na obra completa.

c) A unidade literária menor, que o Estudo Bíblico Indutivo (EBI) emprega, é a palavra. Organizam-se palavras em frases, frases em períodos, períodos em parágrafos, parágrafos em seções, seções em divisões, e por fim, a obra completa.

PALAVRA – Unidade menor;

FRASES – Reunião de palavras que formam um sentido completo;

PERÍODO – Reunião de frases ou orações que formam sentido completo;

PARÁGRAFOS – Um discurso ou capítulo que forma sentido completo, e que usualmente se inicia com mudança de linha.

SEÇÃO – Parte de um todo, divisão ou subdivisão de uma obra, tratado, estudo.


IV – EXEGESE

Exegese é o estudo cuidadoso e sistemático de um texto para comentários, visando o esclarecimento ou interpretação do mesmo. É o estudo objetivando subsidiar o passo da interpretação do método analítico da hermenêutica. Este estudo é desenvolvido sob as indagações de um contexto histórico e literário.


1. Pré-requisitos para uma boa exegese.

a) Tenha uma vida afinada com o Espírito Santo, pois Ele é o melhor interprete da Bíblia – (Jo 16.13; 14.26; I Cor 2.9 e 10; I Jo 2.20 e 27);
b) Vá você mesmo diretamente ao texto não permitindo que alguém pense por você, evitando assim a dependência de outra pessoa para que você desenvolva ao máximo o seu potencial próprio.
c) Procure o significado de cada palavra dentro do seu contexto. Deve ser tomado conforme o sentido da frase nas Escrituras, porque as palavras variam muito em suas significações.

2. Aplicação da exegese.

A aplicação da exegese é realizada a partir das indagações básicas sobre o contexto e o conteúdo do texto em exame.

a) Texto – O capítulo, parágrafo ou porção bíblica que encerra uma idéia completa, que se pretende estudar. Ex.: Mateus 5.1-12; I Coríntios 11.1-3; João 14,6, etc.

b) Contexto – A parte que antecede o texto e a parte que é precedida pelo texto. Ex.: Texto João 14.6, Contexto Gênesis 1.1 a João 14.5 e João 14.7 a Apocalipse 22.21.

Obs.: As vezes tomando-se o contexto próximo do texto, é o suficiente para uma interpretação correta. Outras vezes será necessário lançar mão do capítulo inteiro, ou do livro inteiro, ou ainda da Bíblia toda.


V – REGRAS FUNDAMENTAIS DE INTERPRETAÇÃO

Não devemos nos esquecer que a primeira pessoa a interpretar as Escrituras, de forma distorcida, foi o diabo. Ele deu à palavra divina um sentido que ela não tinha, falseando astutamente a verdade. (Gn 3.1)

Os seus imitadores, conscientes e inconscientes, têm perpetuado este procedimento enganando à humanidade com falsas interpretações das Escrituras Sagradas.

A maior de todas as regras é: A ESCRITURA É EXPLICADA PELA PRÓPRIA ESCRITURA, ou seja, A BÍBLIA, SUA PRÓPRIA INTERPRETE.

1. Primeira Regra – É preciso, o quanto seja possível, tomar as palavras em seu sentido usual e comum.
Porém, tenha-se sempre presente a verdade de que o sentido usual e comum não eqüivale sempre ao sentido literal.
Exemplo: Gn 6.12 = A palavra CARNE (no sentido usual e comum significa pessoa)
A palavra CARNE (no sentido literal significa tecido muscular)

2. Segunda Regra – É de todo necessário tomar as palavras no sentido que indica o conjunto da frase.

Exemplos:
a) FÉ em Gl 1.23 = significa crença, ou seja, doutrina do Evangelho.
FÉ em Rm 14.23 = significa convicção.

b) GRAÇA em Ef 2.8 = significa misericórdia, bondade de Deus.
GRAÇA em At. 14.3 = significa pregação do Evangelho.
c) CARNE em Ef. 2.3 = significa desejos sensuais.
CARNE em I Tm 3.16 = significa forma humana.
CARNE em Gn 6.12 = significa pessoas.

3. Terceira Regra – É necessário tomar as palavras no sentido indicado no contexto, a saber, os versículos que estão antes e os que estão depois do texto que se está estudando.

No contexto achamos expressões, versículos ou exemplos que nos esclarecem e definem o significado da palavra obscura no texto que estamos estudando.

4. Quarta Regra – É preciso levar em consideração o objetivo ou desígnio do livro ou passagem em que ocorrem as palavras ou expressões obscuras.
O objetivo ou desígnio de um livro ou passagem se adquire, sobretudo, lendo-o e estudando-o com atenção e repetidas vezes, tendo em conta em que ocasião e a quais pessoas originalmente foi escrito. Alguns livros da Bíblia já trazem estas informações. Ex.: Provérbios 1.1-4.

5. Quinta Regra – É necessário consultar as passagens paralelas, "explicando cousas espirituais pelas espirituais". (I Cor. 2.13)
Passagens paralelas são as que fazem referência uma à outra, que tem entre si alguma relação, ou tratam de um modo ou outro de um mesmo assunto.

Existe paralelos de palavras, paralelos de idéias e paralelos de ensinos gerais.

a) Paralelos de palavras – Quando lemos um texto e encontramos nele uma palavra duvidosa, recorremos a outro texto que contenha palavra idêntica e assim, entendemos o seu significado. Ex.: "Trago no corpo as marcas de Jesus." (Gl 6.17). Fica mais fácil o seu entendimento quando lemos a passagem paralela: "Trazendo sempre no corpo o morrer de Jesus (I Cor. 4.10).

b) Paralelos de Idéias
– Para conseguir idéia completa e exata do que ensina determinado texto, talvez obscuro ou discutível, consulta-se não somente as palavras paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos contidos em textos ou passagens que se relacionem com o dito texto obscuro ou discutível. Tais textos ou passagens chamam-se paralelos de idéias.

Ex.: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja". (Mt 16.16) Quem é esta pedra? Se pegarmos em I Pd 2.4, a idéia paralela: "E, chegando-vos para ele, (Jesus) pedra viva..." entenderemos que a pedra é Cristo.

Outro exemplo: Em Gl 6.15, o que é de valor para Cristo é a nova criatura. Que significa esta expressão figurada? Consultando o paralelo de 2 Cor. 5.17, verificamos que a nova criatura é a pessoa que "esta em Cristo", para a qual "as cousas antigas passaram", e "se fizeram novas".

c) Paralelos de ensinos gerais
– Para a correta interpretação de determinadas passagens não são suficientes os paralelos de palavras e de idéias, é preciso recorrer ao teor geral, ou seja, aos ensinos gerais das Escrituras.

Exemplos: - O ensino de que "o homem é justificado pela fé sem as obras da lei", só será bem compreendido, com a ajuda dos ensinos gerais na Bíblia toda.

- Segundo o teor ou ensino geral das Escrituras, Deus é um espírito onipotente, puríssimo, santíssimo, conhecedor de todas as cousas e em todas as partes presente. Porém há textos que, aparentemente, nos apresentam um Deus como o ser humano, limitando-o a tempo ou lugar, diminuindo em algum sentido sua pureza ou santidade, seu poder ou sabedoria; tais textos devem ser interpretados à luz dos ensinos gerais das Escrituras.


VI – FIGURAS DE RETÓRICA

Exporemos em seguida uma série de figuras com seus correspondentes exemplos, que precisam ser estudados detidamente e repetidas vezes.

1. Metáfora.

Esta figura tem por base alguma semelhança entre dois objetos ou fatos, caracterizando-se um com o que é próprio do outro.

Exemplo: Ao dizer Jesus: "Eu Sou a Videira Verdadeira", Jesus se caracterizou com o que é próprio e essencial da videira (pé de uva); e ao dizer aos discípulos: "Vós sois as varas", caracterizou-os com o que é próprio das varas.

Outros exemplos: "Eu Sou o Caminho", "Eu Sou o Pão Vivo", "Judá é Leãozinho", "Tu és minha Rocha", etc.

2. Sinédoque.

Faz-se uso desta figura quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela parte, o plural pelo singular, o gênero pela espécie, ou vice-versa.

Exemplos: Toma a parte pelo todo: "Minha carne repousará segura", em vez de dizer: meu corpo. (Sl 16.9)

Toma o todo pela parte: "...beberdes o cálice", em lugar de dizer: do cálice, ou seja, parte do que há no cálice.

3. Metonímia.

Emprega-se esta figura quando se emprega a causa pelo efeito, ou o sinal ou símbolo pela realidade que indica o símbolo.

Exemplos: Jesus emprega a causa pelo efeito: "Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos", em lugar de dizer que têm os escritos de Moisés e dos profetas. (Lc 16.29)

Jesus emprega o símbolo pela realidade que o mesmo indica: "Se eu não te lavar, não tem parte comigo." Lavar é o símbolo da regeneração.


4. Prosopopéia.

Esta figura é usada quando se personificam as cousas inanimadas, atribuindo-se-lhes os feitos e ações das pessoas.

Exemplos: "Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" (I Cor 15.55) Paulo trata a morte como se fosse uma pessoa.

"Os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas." (Is 55.12)

"Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram. Da terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar." (Sl 85.10,11)

5. Ironia.

Faz-se uso desta figura quando se expressa o contrário do que se quer dizer, porém sempre de tal modo que se faz ressaltar o sentido verdadeiro.

Exemplo: "Clamai em altas vozes... e despertará." Elias dá a entender que chamar por Baal é completamente inútil. (1 Rs 18.27)


6. Hipérbole.

É a figura pela qual se representa uma cousa como muito maior ou menor do que em realidade é, para apresentá-la viva à imaginação. É um exagero.

Exemplos: "Vimos ali gigantes... e éramos aos nossos próprios olhos como gafanhotos... as cidades são grandes e fortificadas até aos céus." (Num. 13.33)

"Nem no mundo inteiro caberiam os livros que seria, escritos". (Jo. 21.25)

"Rios de águas correm dos meus olhos, porque não guardam a tua lei". (Sl 119.136)

7. Alegoria.

É uma figura retórica que geralmente consta de várias metáforas unidas, representando cada uma delas realidades correspondentes.

Exemplo: "Eu Sou o Pão Vivo que desceu do céu, se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo, é a minha carne... Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna", etc. Esta alegoria tem sua interpretação nesta mesma passagem das Escrituras. (Jo 6.51-65)

8. Fábula.

É uma alegoria histórica, na qual um fato ou alguma circunstância se expõe em forma de narração mediante a personificação de cousas ou de animais.

Exemplo: "O cardo que está no Líbano, mandou dizer ao cedro que lá está: Dá tua filha por mulher a meu filho; mas os animais do campo, que estavam no Líbano, passaram e pisaram o cardo." (2 Rs 14.9) Com esta fábula Jeoás, rei de Israel, responde a proposta de guerra feita por Amazias, rei de Judá.

9. Enigma.

Exemplo: "Do comedor saiu comida e do forte saiu doçura." (Jz 14.14)

10. Tipo.

Exemplos: A serpente de metal levantada no deserto foi mencionada por Jesus como um tipo para representar sua morte na cruz. (Jo 3.14)

Jonas no ventre do grande peixe, foi usado como tipo por Jesus para representar a sua morte e ressurreição. (Mt 12.40)

O primeiro Adão é um tipo para Cristo o último Adão. (I Cor 15.45)

11. Símbolo.

Representa alguma cousa ou algum fato por meio de outra cousa ou fato familiar que se considera a propósito para servir de semelhança ou representação.

Exemplos: Representa-se: A majestade pelo leão, a força pelo cavalo, a astúcia pela serpente, o corpo de Cristo pelo pão, o sangue de Cristo pelo cálice, etc.

12. Parábola.

Apresentada sob a forma de narração, relatando fatos naturais ou acontecimentos possíveis, sempre com o objetivo de ilustrar uma ou várias verdades importantes.

Exemplos: O Semeador (Mt 13.3-8); Ovelha perdida, dracma perdida e filho pródigo (Lc. 15), etc.

13. Símile.

Procede da palavra latina "similis" que significa semelhante ou parecido a outro. É uma analogia. Comparação de cousas semelhantes.

Exemplos: "Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim (do mesmo modo) é grande a sua misericórdia para com os que o temem". (Sl 103.11);

"Como o pai se compadece de seus filhos, assim (do mesmo modo) o Senhor se compadece dos que o temem". (Sl 103.13)

14. Interrogação.

Somente quando a pergunta encerra uma conclusão evidente é que é uma figura literária.

"Interrogação é uma figura pela qual o orador se dirige ao seu interlocutor, ou adversário, ou ao público, em tom de pergunta, sabendo de antemão que ninguém vai responder."

Exemplos: "Não fará justiça o Juiz de toda a terra?" (Gn 18.25)

"Não são todos eles espíritos ministradores enviados para serviço, a favor dos que hão de herdar a salvação?" (Hb 1.14)

"Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?" (Rm 8.33)

"Com um beijo trais o Filho do homem?" (Lc 22.48)

15. Apóstrofe.

O vocábulo indica que o orador se volve de seus ouvintes imediatos para dirigir-se a uma pessoa ou cousa ausente ou imaginária.

Exemplos: "Ah, Espada do Senhor, até quando deixarás de repousar?" (Jr 47.6)

"Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão!" (2 Sm 18.33).

16. Antítese.

"Inclusão, na mesma frase, de duas palavras, ou dois pensamentos, que fazem contraste um com o outro."

Exemplos: "Vê que proponho hoje a vida e o bem, a morte e o mal." (Dt 30.15)

"Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz a perdição e são muitos os que entram por ela) porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela." (Mt 7.13,14)

17. Provérbio.

Trata-se de um ditado comum. Exemplos: "Médico cura-te a ti mesmo" (Lc 4.23); "Nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra." (Mt 6.4; Mt 13.57)

18. Paradoxo.

Denomina-se paradoxo a uma preposição ou declaração oposta à opinião comum.

Exemplos: "Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos". (Mt 8.22)

"Coais o mosquito e engolis o camelo". (Mt 23.24)

" Porque quando sou fraco, então é que sou forte". (2 Cor 12.10)


Conclusão.

O que temos estudado aqui é apenas subsídios para uma interpretação mais segura. De maneira nenhuma queremos com isto substituir o método mais antigo e eficaz que existe: A leitura humilde regada de oração, jejum, e na total dependência do maior interprete das Escrituras Sagradas – O Espírito Santo.

 

Natanael Nogueira de Sousa
e Kleber Paulo Santana

Copiado de http://sites.uol.com.br/revistadominical/Estudo/hermeneutica.htm





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