A REFORMA NO BRASIL


Em 1517, um monge agostiniano alemão chamado Martinho Luthero, revoltado com muitas práticas anti-bíblicas que estavam sendo inseridas na igreja cristã, afixou na porta da Catedral de Wittenberg (onde costumeiramente eram colocados assuntos para discussão) uma lista de 95 teses de práticas da igreja jamais aprovadas ou citadas pelas Escrituras Sagradas pelas quais a mesma igreja dizia ser regida.
Seu objetivo era apenas reformar a única igreja na qual ele acreditava, porém as coisas tiveram uma repercussão muito maior. O estopim que levou Lutero a escrever as 95 teses foi a cobrança exagerada de indulgências em sua cidade por um homem chamado Tetzel, mas as teses consistiam em uma completa exposição bíblica sobre salvação e suficiência das Escrituras, um ataque aberto a muitas da práticas correntes da igreja.
O texto estava escrito em latim, pois destinava-se aos teólogos. Como já existia a imprensa e jornalistas porém, o texto foi traduzido em várias línguas espelhando-se por toda a Europa. Tudo isso desencadeou na excomunhão de Lutero da Igreja, mas não fez com ele voltasse atrás. Levantando-se contra séculos de tradição, firmado somente na Palavra de Deus, Lutero afirmava que jamais poderia ir contra a sua consciência, a menos que fosse provado na Bíblia que ele estava errado. Era o início da Reforma Protestante na Europa. Os reformadores ficaram conhecidos como "os protestantes". Seu Slogan era Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria, Solo Christi (Somente as Escrituras, Somente a Graça, Somente a Fé, Só a Deus dai gloria, Cristo somente).
Espalhando-se pela Europa a reforma chegou à Escócia com John Knox e o francês John Calvino(que aos 27 anos, em 1535 publicou As Institutas da religião Cristã - o escopo do pensamento reformado) sob o nome de presbiterianismo. Na França estes mesmos presbiterianos foram chamados de Huguenotes.
A Igreja Católica então iniciou a contra-reforma, perseguindo, excomungando e matando os protestantes ou qualquer que lesse ou possuísse seus escritos.
Perseguidos pela Igreja Católica na França, os Huguenotes fugiram para as Américas - novo e recém descoberto mundo.
Em 1557, quarenta anos após o primeiro ato de Lutero, chegou ao Rio de janeiro um grupo de Huguenotes com o objetivo de fundar aqui uma colônia chamada França Antártica, que deveria se caracterizar pela tolerância religiosa. Eram os primeiros Protestantes a pisar em terras .
Três pastores protestantes lideravam o grupo. Nesse grupo havia um homem, Villegaignon. Ao aportarem no Rio esse homem os entregou às autoridades contra-reformistas. Alguns conseguiram escapar, mas quatro deles Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon e André la Fon, foram presos e condenados à morte. Eles foram presos não somente por aportarem no país que era colônia portuguesa, mas por estarem difundindo o Evangelho da Graça, que contrariava as doutrina Romana de salvação por fé e obras(o poder de Deus necessitaria da ajuda do homem no processo de salvação), agarrando-se à doutrina Bíblica defendida por Lutero - Somente pela fé.
Antes de serem executados porém, os protestantes eram obrigados a confessar sua crença uma vez mais, era um direito do governador exigir dos súditos uma confissão de fé. Era como uma última chance de renegar suas "heresias", ou para que pudessem ser indiscutivelmente condenados. Foi-lhes dado um prazo de 12 horas para que escrevessem num documento tudo quanto criam.
Em doze horas aqueles quatro homens, com ajuda apenas de suas Bíblias (pois não dispunham de outros livros com eles) escreveram o que seria a primeira confissão de fé das Américas, mostrando aos clérigos jesuítas tudo aquilo no que criam. Foi uma espécie de Credo, e eles sabiam que com ele estavam assinando sua sentença de morte.
No momento da execução o carrasco, por conhecer a vida piedosa daqueles homens, recusou-se a executá-los. Impaciente, o padre que os acompanhava, José de Anchieta, afastou o carrasco e ele mesmo pôs fim à vida daqueles homens. Era uma manhã de sexta-feira, 9 de fevereiro de 1558. Era aparentemente o fim do Protestantismo em terras portuguesas.
Só em agosto de 1859 um Americano presbiteriano Ashbel Gree Simonton, de 26 anos, aportou no Rio e, após se tronar um conhecedor da língua portuguesa, iniciou em 22 de abril de 1860, aos domingos de manhã, uma escola Bíblica. O primeiro brasileiro a se converter à fé reformada foi Serafim Pinto Ribeiro, a 22 de junho de 1862. Assim sendo a história do protestantismo no Brasil está intimamente ligada à história do presbiterianismo reformado.

Fonte bibliográfica: http://www.geocities.com/Athens/Delphi/7162/

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