Pr Airton Evangelista da Costa
Também chamada de Santo Ofício, INQUISIÇÃO era a designação dada a um
tribunal eclesiástico, vigente na Idade Média e começos dos tempos
modernos. Esse Tribunal, instituído pela Igreja Católica Romana, tinha por
meta prioritária julgar e condenar os hereges. A palavra "herege"
significa aquele que escolhe, que professa doutrina contrária ao que foi
definido pela Igreja como sendo matéria de fé. Então, todos os que se
rebelavam contra a autoridade papal ou faziam qualquer espécie de crítica
à Igreja de Roma eram considerados hereges. INQUISIÇÃO é o ato de
INQUIRIR: indagar, investigar, pesquisar, perguntar, interrogar
judicialmente. Os hereges seriam os "irmãos separados", os "protestante",
os "crentes", os "evangélicos" de hoje.
Em suma, a INQUISIÇÃO foi um tribunal eclesiástico criado com a finalidade
de investigar e punir os crimes contra a fé católica. Da Enciclopédia
BARSA, vol 7, pags. 286-287 extraímos o seguinte: " Heresia, no sentido
geral é uma atitude, crença ou doutrina, nascida de uma escolha pessoal,
em oposição a um sistema comumente aceito e acatado. É uma opinião
firmemente defendida contra uma doutrina estabelecida. A Igreja Católica,
no seu Direito Canônico, estabelece uma distinção entre heresia, apostasia
e cisma. Assim diz este documento: "Depois de recebido o batismo, se
alguém, conservando o nome de cristão, nega algumas das verdades que se
devem crer com fé divina e católica ou dela duvida, é HEREGE. Se afasta-se
totalmente da fé cristã, é APÓSTATA. Se recusa submeter-se ao Sumo
Pontífice (o Papa) ou tratar com os membros da Igreja aos quais está
sujeito, é CISMÁTICO" (Direito Canônico 1.325, párag. 2). Então, por esse
raciocínio e decreto de Roma, os milhões de crentes no mundo são hereges e
cismáticos porque negam muitas das "verdades" da fé católica, não se
submetem ao Sumo Pontífice, e só reconhecem Jesus Cristo como autoridade
máxima da Igreja.
De acordo com o que foi noticiado em janeiro/98 pelos jornais, a Igreja
Católica Romana resolveu abrir os arquivos do Santo Ofício ou Inquisição,
colocando-os à disposição dos pesquisadores. Nesses arquivos constam 4.500
obras sob fatos e julgamentos de quatro séculos da Igreja Católica,
conforme noticiado. A abertura desses processos é de muita valia para os
pesquisadores, historiadores e interessados em conhecer um pouco mais do
passado negro da Igreja de Roma. Nem por isso a humanidade deixou de
conhecer as crueldades, as chacinas, o extermínio, as torturas que tiraram
a vida de milhões de hereges. Os arquivos do Vaticano vão mostrar,
certamente, com mais detalhes, como foram conduzidos os processos sumários
e quais os métodos usados para obter confissões e retratações. Todavia, a
guarda a sete chaves dessas informações não impediu que o mundo tomasse
conhecimento dos crimes cometidos pelos tribunais inquisitórios. A
História não pode ser apagada.
Embora a Inquisição tenha alcançado seu apogeu no século XIII, suas origens remontam ao século IV:
No seu "Livro das Sentenças da Inquisição" (Liber Sententiarum
Inquisitionis) o padre dominicano Bernardo Guy (Bernardus Guidonis,
1261-1331), "um dos mais completos teóricos da Inquisição", descreveu
vários métodos para obter confissões dos acusados, inclusive o
enfraquecimento das forças físicas do prisioneiro". Usava-se, dentre
outros, os seguintes processos de tortura: a manjedoura, para deslocar as
juntas do corpo; arrancar unhas; ferro em brasa sob várias partes do
corpo; rolar o corpo sobre lâminas afiadas; uso das "Botas Espanholas"
para esmagar as pernas e os pés; a Virgem de Ferro: um pequeno
compartimento em forma humana, aparelhado com facas, que, ao ser fechado,
dilacerava o corpo da vítima; suspensão violenta do corpo, amarrado pelos
pés, provocando deslocamento das juntas; chumbo derretido no ouvido e na
boca; arrancar os olhos; açoites com crueldade; forçar os hereges a pular
de abismos, para cima de paus pontiagudos; engolir pedaços do próprio
corpo, excrementos e urina; a "roda do despedaçamento funcionou na
Inglaterra, Holanda e Alemanha, e destinava-se a triturar os corpos dos
hereges; o "balcão de estiramento" era usado para desmembrar o corpo das
vítimas; o "esmaga cabeça" era a máquina usada para esmagar lentamente a
cabeça do condenado, e outras formas de tortura.
Com a promessa de irem diretamente para o Céu, sem passagem pelo
purgatório, muitos homens eram exortados pelos inquisidores para
guerrearem contra os hereges. No ano de 1209, em Beziers (França), 60 mil
foram martirizados; dois anos depois, em Lauvau (França), o governador foi
enforcado, sua mulher apedrejada e 400 pessoas queimadas vivas. A
carnificina se espalhou por outras cidades e milhares foram mortos.
Conta-se que num só dia 100.000 hereges foram vitimados.
Depois de acusados, os hereges tinham pouca chance de sobrevivência.
Geralmente as vítimas não conheciam seus acusadores, que podiam ser
homens, mulheres e até crianças. O processo era sumário. Ou seja: rápido,
sem formalidades, sem direito de defesa. Ao réu a única alternativa era
confessar e retratar-se, renunciar sua fé e aceitar o domínio e a
autoridade da Igreja Católica Romana. Os direitos de liberdade e de livre
escolha não eram respeitados. A Igreja de Roma, sob o pretexto de que
detinha as chaves dos céus e do inferno e poderes para livrar as almas do
purgatório e perdoar pecados, pretendia ser UNIVERSAL, dominar as nações
mediante pressão sob seus governantes e estabelecer seus domínios por todo
o Planeta.
A seguir, um relato sucinto do extermínio de hereges.
A matança dos valdenses - Um dos primeiros grupos organizados a serem
atormentados foram os valdenses. Valdenses eram chamados "os membros da
seita, também chamada Pobres de Lião, fundada pelo mercador Pedro Valdo
por volta de 1170, na França. Inspirada na pobreza evangélica, repudiava a
riqueza da Igreja Católica". O grupo organizado por Pedro Valdo, um rico
comerciante, cria que todos os homens tinham o direito de possuir a Bíblia
traduzida na sua própria língua. Acreditavam, também, que a Bíblia era a
autoridade final para a fé e para a vida. Os valdenses se vestiam com
simplicidade - contrapondo-se à luxúria dos sacerdotes católicos - ,
ministravam a Ceia do Senhor e o Batismo, e ordenavam leigos para a
pregação e ministração dos sacramentos. "O grupo tinha seu próprio clero,
com bispos, sacerdotes e diáconos". Tal liberdade não era admitida pela
Igreja Católica porque não havia submissão ao Papa e aos seus ensinos. Os
valdenses possuíam a Bíblia traduzida na sua língua materna, o que
facilitou a pregação da Palavra. Outros grupos sucumbiram diante das
ameaças e castigos impostos pelos romanistas. Os valdenses, todavia,
resistiram. Na escuridão das cavernas, cada versículo era copiado, lido e
ensinado. Na Bíblia encontraram a Luz - uma luz forte que inunda corpo,
alma e espírito... uma luz chamada Jesus. Os valdenses foram, certamente,
os primeiros a se organizarem como igreja, formar seu próprio clero e
enviar missionários para outras regiões na França e Itália. Tudo com muito
sacrifício e sob implacável perseguição.
Essa liberdade de ação motivou os líderes romanos a adotarem medidas duras
contra a "seita". Uma bula papal classificou os valdenses como hereges e,
como tal, condenados à morte. A única acusação contra eles era a de que
"tinham uma aparência de piedade e santidade que seduzia as ovelhas do
verdadeiro aprisco". Uma cruzada foi organizada contra esse povo santo.
Como incentivo, a Igreja prometia perdão de todos os pecados aos que
matassem um herege, "anulava todos os contratos feitos em favor deles (dos
valdenses), proibia a toda a pessoa dar-lhe qualquer auxílio, e era
permitido se apossar de suas propriedades por meio de violência". Não se
sabe quantos valdenses morreram nas Cruzadas. Sabemos, portanto, que esses
obstinados cristãos fincaram os alicerces da Reforma que viria séculos
depois.
O MASSACRE DE SÃO
BARTOLOMEU - Os católicos franceses apelidavam de "huguenotes" os
protestantes. Uma designação depreciativa. Já fomos tratados de
huguenotes, hereges, heréticos, protestantes, cristãos novos, irmãos
separados, crentes, evangélicos, etc. Mas o Pai nos chama de FILHOS.
O massacre de São Bartolomeu ou a Noite de São Bartolomeu ficou conhecido
como "a mais horrível entre as ações diabólicas de todos os séculos". Com
a concordância do Papa Gregório XIII, o rei da França, Carlos IX, eliminou
em poucos dias milhares de huguenotes. A matança iniciou-se na noite de
24.08.1572, em Paris, e se estendeu a todas as cidades onde se encontravam
protestantes. Segundo Ellen G. Write, em seu Livro "O GRANDE CONFLITO",
foram martirizados cerca de setenta mil nesse massacre. "Quando a notícia
do massacre chegou a Roma, a alegria do clero não teve limites. O cardeal
de Lorena recompensou o mensageiro com mil coroas; o canhão de Santo
Ângelo reboou em alegre salva; os sinos dobraram em todos os campanários;
e o Papa Gregório XIII, acompanhado dos cardeais e outros dignitários
eclesiásticos, foi, em longa procissão, à igreja de S.Luís, onde o cardeal
de Lorena cantou o Te Deum. Um sacerdote falou "daquele dia tão cheio de
felicidade e regozijo, em que o santíssimo padre recebeu a notícia e foi
em aparato solene dar graças a Deus e a S.Luís".
Para comemorar e perpetuar na memória dos povos esse horrendo massacre,
por ordem do Papa Gregório XIII foi cunhada uma moeda, onde se via a
figura de um anjo com a espada numa mão e, na outra, uma cruz, diante de
um grupo de horrorizados huguenotes. Nessa moeda comemorativa lia-se a
seguinte inscrição: "UGONOTTORUM STANGES, 1572" ("A MATANÇA DOS
HUGUENOTES, 1572").
Em seu livro "OS PIORES ASSASSINOS E HEREGES DA HISTÓRIA", o historiador e
pesquisador cearense Jeovah Mendes, à pág. 238, assim registra a fatídica
Noite de S.Bartolomeu: "Papa Gregório XIII (Ugo Buoncompagni) (1502-1585)
- Em irreprimível ritmo acelerado recrudescia o ódio contra os
protestantes em rumo de um trágico desfecho. O cardeal de Lorena, com a
aprovação e bênção pontifícia de Gregório XIII, engendrou o mais horrível
banho de sangue por motivos religiosos em toda a História da França ou de
qualquer nação do mundo. Consumou-se o projeto assassino aos 24 de agosto
de 1572, a inqualificável NOITE DE S.BARTOLOMEU, sendo nesse macabro
festival de sangue, morto o impetérrito Coligny, mártir do Evangelho e
honra de sua Pátria. Como troféu da bárbara carnificina, a cabeça de
Coligny fora remetida ao "sumo pontífice" Gregório XIII (Maurício
Lachatre, História dos Papas, vol. IV, pg. 68)".
O MASSACRE DOS
ALBIGENSES - Albigenses eram os nascidos na cidade de Albi, sul da França.
Em 1198, por iniciativa do Papa Inocêncio III, foram instituídos "Os
Inquisidores da Fé contra os Albigenses". Esses franceses foram
considerados "hereges" porque seus ensinos doutrinários não se alinhavam
com os da Igreja de Roma. O extermínio começou no ano de 1209 e se
estendeu por 20 anos, quando milhares de albigenses pereceram. Fala-se em
mais de 20.000 mortos, entre homens, mulheres e crianças.
O MASSACRE DA
ESPANHA - Tomás de Torquemada (1420-1498), espanhol, padre dominicano,
nomeado para cargo de grande-inquisidor pelo Papa Sisto IV, dirigiu as
operações do Tribunal do Santo Ofício durante 14 anos. "Celebrizou-se por
seu fanatismo religioso e crueldade". De mãos dadas com os reis católicos,
promoveu a expulsão dos judeus da Espanha por édito real de 31.03.1492,
tendo estes o prazo reduzido de quatro meses para se retirarem do país sem
levar dinheiro, ouro ou prata. É acusado de haver condenado à fogueira
10.220 pessoas, e cerca de 100.000 foram encarceradas, banidas ou perderam
haveres e fazendas. Tudo em nome da fé católica e da honra de Jesus
Cristo.
O MASSACRE DOS
ANABATISTAS - Grupo religioso iniciado na Inglaterra no século XVI, que
defendia o batismo somente de pessoa adulta. Por autorização do Papa Pio V
(1566-1572), cem mil foram exterminados.
O MASSACRE EM
PORTUGAL - Diante dos insistentes pedidos de D. João III, o Papa Paulo III
introduziu, por bula de 1536, o Tribunal do Santo Ofício em Portugal. As
perseguições foram de tal ordem que o comércio e a indústria na Espanha e
em Portugal ficaram praticamente paralisados. "As execuções públicas eram
conhecidas como autos-de-fé. No começo, funcionaram tribunais da
Inquisição nas diversas dioceses de Portugal, mas no século XVI ficaram
apenas os de Lisboa, Coimbra e Évora. Depois, somente o da capital do
reino, presidido pelo inquisidor-geral. Até 1732, em Portugal, o número de
sentenciados atingiu 23.068, dos quais 1.554 condenados à morte. Na torre
do Tombo, em Lisboa, estão registrados mais de 36.000 processos". Daí
porque os 4.500 processos constantes dos arquivos de terror do Vaticano -
Os Arquivos do Santo Ofício - recentemente liberados aos pesquisadores,
não contam toda a história da desumana Inquisição.
A INQUISIÇÃO EM CUBA - Não havia parte nenhuma no mundo onde os
protestantes ou hereges estivessem livres para o exercício de sua fé.
Partindo da Europa, muitos procuraram refúgio nas Américas do Sul e
Central, o "Novo Mundo". Mas para cá também vieram os inquisidores. A
inquisição em Cuba iniciou-se em 1516 sob o comando de dom Juan de
Quevedo, bispo de Cuba, que, com requintes de maldade, eliminou setenta e
cinco "hereges".
A INQUISIÇÃO NO
BRASIL - O padre Antônio Vieira (1608-1697), pregador missionário e
diplomata, defensor dos indígenas, considerado a maior figura intelectual
luso-brasileira do séc. 17 foi condenado por heresia pelo Santo Ofício, e
mantido em prisão por cerca de dois anos. O brasileiro Antônio José da
Silva, poeta e comediólogo, foi um dos supliciados em autos-da-fé.
A Inquisição se instalou no Brasil em três ocasiões: Em 09.06.1591, na
Bahia, por três anos; em Pernambuco, de 1593 a 1595; e novamente na Bahia,
em 1618. Há notícia de que no século XVIII Inquisição atuou no Brasil.
Segundo o jornal "Mensageiro da Paz", número 1334, de maio/1998, "cento e
trinta e nove "pessoas foram queimadas vivas, no Brasil, entre os anos de
1721 e 1777. Todos os que confessavam não crer nos dogmas católicos eram
sentenciados. De acordo com os dados históricos, quase todos os
cristãos-novos presos no Brasil pela Inquisição, durante o século 18, eram
brasileiros natos e pertenciam a todas as camadas sociais. Praticamente a
metade dos prisioneiros brasileiros cristãos-novos no século 18 era
mulheres. Na Paraíba, Guiomar Nunes foi condenada à morte na fogueira em
um processo julgado em Lisboa. A Inquisição interferiu profundamente na
vida colonial brasileira durante mais de dois séculos. Um dos exemplos
dessa interferência era a perseguição aos descendentes de judeus. Os que
estavam nessa condição podiam ser punidos com a morte, confisco dos bens e
na melhor das hipóteses ficavam impedidos de assumir cargos públicos". A
matéria do Mensageiro da Paz foi assinada por Regina Coeli.
Do livro "BABILÔNIA: A RELIGIÃO DOS MISTÉRIOS" de Ralph Woodrow - "As
autoridades civis eram ordenadas pelos papas, sob pena de excomunhão, a
executarem as sentenças legais que condenavam os hereges impenitentes ao
poste. Deve-se notar que a excomunhão em si mesma não era uma coisa
simples, pois, se a pessoa excomungada não se livrasse da excomunhão
dentro de um ano, passava a ser considerada herética, e incorria em todas
as penalidades que afetavam a heresia" (pág. 110). "A intolerância
religiosa que incitou a Inquisição, causou guerras que envolveram cidades
inteiras. Em 1209 a cidade de Beziers foi tomada por homens que tinham
recebido a promessa do papa de que entrando na cruzada contra os hereges,
eles (os assassinos), ao morrerem, passariam direto para o céu,
desviando-se do purgatório. Reporta-se que sessenta mil, nesta cidade,
pereceram pela espada. Em Lavaur, em 1211, o governador foi enforcado e a
esposa lançada num poço e esmagada com pedras. Quatrocentas pessoas foram
queimadas vivas em Lavaur. Os cruzados assistiram à missa solene pela
manhã, em seguida passaram a tomar outras cidades da área. Neste cerco
estima-se que cem mil albigenses (protestantes) caíram em um só dia. Seus
corpos foram amontoados e queimados. No massacre de Merindol, quinhentas
mulheres foram trancadas em um celeiro ao qual atearam fogo. Se qualquer
uma pulasse das janelas seria recebida na ponta de lanças. Mulheres foram
ostensiva e dolorosamente violentadas. Crianças assassinadas diante de
seus pais. Algumas pessoas eram lançadas de abismos ou arrancavam suas
roupas e arrastavam-nas pelas ruas. Métodos semelhantes foram usados no
massacre de Orange em 1562. O exército italiano, enviado pelo Papa Pio IV,
recebeu ordem e matar homens, mulheres e crianças. A ordem foi seguida com
terrível crueldade, sendo o povo exposto a vergonha e tortura
indescritíveis. Dez mil huguenotes (protestantes) foram mortos no
sangrento massacre em paris no "Dia de São Bartolomeu", em 1572". (págs.
113-114).
Enciclopédia BARSA, vol. 8, pág. 30-31, edição 1977 - "Em 1229, no
Concílio de Tolouse, criou-se oficialmente a Inquisição ou Tribunal do
Santo Ofício. A partir deste momento, e sobretudo com o trabalho dos
frades dominicanos, foi-se precisando a legislação e jurisprudência da
Inquisição. O processo era sumário. O acusado podia ignorar o nome do
acusador. Mulheres, crianças e escravos podiam ser testemunhas na
acusação, mas não na defesa. Num destes processos consta o nome de uma
testemunha de dez anos e idade. O padre dominicano Bernardo Guy (Bernardus
Guidonis, 1261-1331), um dos mais completos teóricos da Inquisição,
enumerou, no seu Liber Sententiarum Inquisitionis ("Livro das Sentenças da
Inquisição"), vários processos para a boa obtenção de confissões,
inclusive pelo enfraquecimento das forças físicas do prisioneiro."
Do livro "OS PIORES
ASSASSINOS E HEREGES DA HISTÓRIA, DE CAIM A SADDAM HUSSEIN, do cearense
Jeovah Mendes, edição 1997, págs 249-250.
"Em toda a sua
calamitosa história, a Igreja Católica nada mais tem feito que perseguir o
homem, sob o sofisma de agir em nome de Deus. Vejamos os morticínios que
ela levou a efeito: As cruzadas à Terra Santa custaram à humanidade o
sacrifício de dois milhões de vítimas; de Leão X a Clemente IX (papas) os
sanguinários agentes do catolicismo, que dominavam a França, a Holanda, a
Alemanha, a Flandes e a Inglaterra, realizaram a tenebrosa São Bartolomeu,
de que já falamos, degolando, massacrando, queimando mais de dois milhões
de infiéis, enquanto a Companhia de Jesus, obra do abominável Inácio de
Loyola, cometia as maiores atrocidades, chegando mesmo a envenenar o Papa
Clemente XIV. O seu agente S. Francisco Xavier, em missão no Japão,
imolava cerca de quatrocentos mil nipônicos; as cruzadas levadas a efeito
entre os indígenas da América, segundo Las Casas, bispo espanhol e
testemunha ocular de perseguição e autos-de-fé, sacrificaram doze milhões
de seres em holocausto ao seu Deus; a guerra religiosa que se seguiu ao
suplício do Padre João Huss e Jerônimo de Praga, contou mais de cento e
cinqüenta mil vidas imoladas à Igreja Romana; no século XIV, o grande
Cisma do Ocidente cobriu a Europa de cadáveres, dado que nada menos de
cinqüenta mil vidas foram o preço cobrado pela ira papal; as cruzadas
levadas a efeito a partir de Gregório VII (papa), roubaram à Europa cerca
de trezentos mil homens, assassinados com requintes de selvageria; nas
terras do Báltico, os frades cavaleiros, além de uma devastação e pilhagem
completa, ainda sacrificaram mais de cem mil vidas; a imperatriz Teodora,
dando cumprimento a uma penitência imposta pelo seu confessor, fez
massacrar cento e vinte mil maniqueus, no ano de 845; as disputas
religiosas entre iconoclastas e iconólatras devastaram muitas províncias,
resultando ainda no sacrifício de mais de sessenta mil cristãos degolados
e queimados. A Santa Inquisição, na sua longa e tenebrosa jornada, levou
aos mais horrorosos suplícios, inclusive às fogueiras, algumas centenas de
milhares de pobres desgraçados; segundo o Barão d´Holbach, a Igreja
Católica Romana, pelos seus papas, bispos e padres, é a responsável pelo
sacrifício de cerca de dez milhões de vidas. Que mais é preciso dizer"?
A história dos massacres e perseguições perde-se no tempo. Quase
impossível para os historiadores é levantar o número exato ou aproximado
de vítimas da Inquisição. O banho de sangue começou na Europa, mais
precisamente em França, e se estendeu por países vizinhos. Havia, por
parte da Igreja de Roma, uma preocupação constante com a propagação do
Evangelho, com o conhecimento da Palavra, com a tradução da Bíblia em
outras línguas. Preocupação no sentido de proibir. Só pelo fato de um
católico passar a ler as Escrituras estava sujeito a ser considerado um
herege e, como tal, ser excomungado e levado à fogueira. A Bíblia era,
assim, considerada um obstáculo às pretensões da Igreja de Roma, de
colocar todos os povos sob seus domínios.
Muitos meios foram usados para que a Bíblia ficasse restrita ao pequeno
círculo dos sacerdotes, dos padres, dos bispos e dos papas. Dentre as
medidas para conter o avanço da Palavra de Deus, estão as seguintes:
1) Em 1229, o
Concílio de Tolouse (França), o mesmo que criou a diabólica Inquisição,
determinou: "Proibimos os leigos de possuírem o Velho e o Novo
Testamento... Proibimos ainda mais severamente que estes livros sejam
possuídos no vernáculo popular. As casas, os mais humildes lugares de
esconderijo, e mesmo os retiros subterrâneos de homens condenados por
possuírem as Escrituras devem ser inteiramente destruídos. Tais homens
devem ser perseguidos e caçados nas florestas e cavernas, e qualquer que
os abrigar será severamente punido." (Concil. Tolosanum, Papa Gregório IX,
Anno Chr. 1229, Canons 14:2). Foi este mesmo Concílio que decretou a
Cruzada contra os albigenses. Em "Acts of Inquisition, Philip Van
Limborch, History of the Inquisition, cap. 08, temos a seguinte declaração
conciliar: "Essa peste (a Bíblia) assumiu tal extensão, que algumas
pessoas indicaram sacerdotes por si próprias, e mesmo alguns evangélicos
que distorcem e destruíram a verdade do evangelho e fizeram um evangelho
para seus próprios propósitos... (elas sabem que) a pregação e explanação
da Bíblia é absolutamente proibida aos membros leigos".(grifo nosso).
2) No Concílio e
Constança, em 1415, o santo Wycliffe, protestante, foi postumamente
condenado como "o pestilento canalha de abominável heresia, que inventou
uma nova tradução das Escrituras em sua língua materna".
3) O Papa Pio IX, em
sua encíclica "Quanta cura", em 8 de dezembro de 1866, emitiu uma lista de
oito erros sob dez diferentes títulos. Sob o título IV ele diz:
"Socialismo, comunismo, sociedades clandestinas, sociedades bíblicas...
pestes estas devem ser destruídas através de todos os meios possíveis".
4) Em 1546 Roma
decretou: "a Tradição tem autoridade igual à da Bíblia". Esse dogma está
em voga até hoje, até porque existe o dogma da "infalibilidade papal".
Ora, se os dogmas, bulas, decretos papais e resoluções outras possuem
autoridade igual à das Sagradas Escrituras, os católicos não precisam
buscar verdades na Palavra e Deus.
5) O Papa Júlio III,
preocupado com os rumos que sua Igreja estava tomando, ou seja, perdendo
prestígio e poder diante do número cada vez maior de "irmãos separados" ou
"'cristãos novos" ou "protestantes" (apesar dos massacres), convocou três
bispos, dos mais sábios, e lhes confiou a missão de estudarem com cuidado
o problema e apresentarem as sugestões cabíveis. Ao final dos estudos,
aqueles bispos apresentaram ao papa um documento intitulado "DIREÇÕES
CONCERNENTES AOS MÉTODOS ADEQUADOS A FORTIFICAR A IGREJA DE ROMA". Tal
documento está arquivado na Biblioteca Imperial de Paris, fólio B, número
1088, vol. 2, págs 641 a 650. O trecho final desse ofício é o seguinte:
"Finalmente (de todos os conselhos que bem nos pareceu dar a Vossa
Santidade, deixamos para o fim o mais necessário), nisto Vossa Santidade
deve pôr toda a atenção e cuidado de permitir o menos que seja possível a
leitura do Evangelho, especialmente na língua vulgar, em todos os países
sob vossa jurisdição. O pouco dele que se costuma ler na Missa, deve ser o
suficiente; mais do que isso não devia ser permitido a ninguém.
Enquanto os homens estiverem satisfeitos com esse pouco, os interesses de
Vossa Santidade prosperarão, mas quando eles desejarem mais, tais
interesses declinarão. Em suma, aquele livro (a Bíblia) mais do que
qualquer outro tem levantado contra nós esses torvelinhos e tempestades,
dos quais meramente escapamos de ser totalmente destruídos. De fato, se
alguém o examinar cuidadosamente, logo descobrirá o desacordo, e verá que
a nossa doutrina é muitas vezes diferente da doutrina dele, e em outras
até contrária a ele; o que se o povo souber, não deixará de clamar contra
nós, e seremos objetos de escárnio e ódio geral. Portanto, é necessário
tirar esse livro das vistas do povo, mas com grande cuidado, para não
provocar tumultos" - Assinam Bolonie, 20 Octobis 1553 - Vicentius De
Durtantibus, Egidus Falceta, Gerardus Busdragus.
6) Além de tentar
tapar a boca de Deus algemando a Sua Palavra, a Igreja de Roma modifica ou
suprime trechos sagrados da Bíblia para justificar sua Tradição. Daremos
dois exemplos: 1) acatou o livro apócrifo de Macabeus dentre outros,
admitindo-o como divinamente inspirado, para justificar a oração pelos
mortos. 2) suprimiu o SEGUNDO MANDAMENTO em seu Catecismo. No Catecismo da
Primeira Eucaristia, 12ª edição, Paulinas, São Paulo, 1975, à pág. 70,
lê-se: Mandamentos da lei de Deus: 1) amar a Deus sobre todas as coisas;
2) não tomar seu santo nome em vão; 3) guardar os domingos e festas; 4)
honrar pai e mãe; 5) não matar; 6) não pecar contra a castidade; 7) não
furtar; 8) não levantar falso testemunho; 9) não desejar a mulher do
próximo; 10) não cobiçar as coisas alheias.
7) Os mandamentos de
Deus estão no livro de Êxodo. No capítulo 20, versos 4 e 5 assim está
escrito: "NÃO FARÁS PARA TI IMAGEM DE ESCULTURA, NEM SEMELHANÇA ALGUMA DO
QUE HÁ EM CIMA DOS CÉUS, NEM EM BAIXO NA TERRA, NEM NAS ÁGUAS DEBAIXO DA
TERRA. NÃO TE ENCURVARÁS A ELAS NEM AS SERVIRÁS". Então, como se vê, a
Igreja Romana suprimiu do seu Catecismo o Segundo Mandamento. Isto é grave
para quem é temente a Deus. Muito grave. Por que suprimiu? Para que não
houvesse o confronto de suas práticas idólatras com a Palavra de Deus?
Não se pode
separar a Inquisição da Reforma, uma vez que as perseguições, e com elas
os inquisidores, surgiram em decorrência do protesto (advindo daí a
alcunha de protestantes) de homens inconformados com as doutrinas e
práticas da Igreja de Roma, cada vez mais se distanciando do Evangelho de
Jesus Cristo. Wycliffe, John Huss, Jerônimo e Lutero não se calaram diante
da luxúria, da venda de indulgências, do jogo de interesses e do baixo
nível moral do clero romano. Esses "reformadores" desejavam, em suma,
criar condições favoráveis a que a Igreja Católica Romana corrigisse seus
erros. Apresentavam a Bíblia como única regra de fé e prática; Jesus como
único Sumo Sacerdote; defendiam a liberdade de a Bíblia ser traduzida na
língua de cada povo, de ser lida e interpretada por qualquer cristão;
combatiam a submissão dos governantes aos papas e a espoliação do povo
através de cobrança de impostos para os cofres de Roma. "Pelo pagamento de
dinheiro à igreja, o povo poderia livrar-se do pecado e igualmente
libertar as almas de amigos falecidos que estivessem confinadas às chamas
atormentadoras. Por esses meios Roma encheu os cofres e sustentou a
magnificência, luxo e vícios dos pretensos representantes dAquele que não
tinha onde reclinar a cabeça". Em vez de considerar os protestos e
analisá-los à luz da Palavra de Deus, e proceder as mudanças internas
cabíveis, Roma preferiu partir para o ataque. Criou a Inquisição para
exterminar os protestantes; proibiu a leitura da Bíblia e sua tradução em
outras línguas; classificou de heresia qualquer ensino ou crença
contrários à fé católica; sentenciou, torturou, degolou, exterminou,
excomungou, massacrou um número incalculável de santos. "ENTÃO, VOS HÃO DE
ENTREGAR PARA SERDES ATORMENTADOS E MATAR-VOS-ÃO. E SEREIS ODIADOS DE
TODAS AS GENTES POR CAUSA DO MEU NOME" (Mateus 24.9).
Muitos pagaram com a vida pelo desejo de reformar. Alcançaram a vitória
porque resolveram enfrentar a poderosa Igreja de Roma, os inquisidores, a
fogueira, a excomunhão e toda a espécie de vexames; enfrentaram acusações
e ameaças mas não dobraram seus joelhos diante dos papas. Vejamos alguns
exemplos.
JOHN WYCLIFFE
(1320 - 1384)
Wycliffe, teólogo inglês, precursor da Reforma, pregava uma Igreja sem
a direção papal, era adversário das indulgências e combatia o excesso de
bens materiais dos clérigos. Foi doutor de Teologia, advogado eclesiástico
a serviço da Coroa, e tornou-se reitor de Lutterworth em 1374. Sua maior
obra, contudo, foi a tradução das Escrituras para o inglês. A partir daí a
Palavra de Deus se fez conhecida na Inglaterra.
Ousado e destemido, Wycliffe atacou de forma brilhante o clero romano,
acusando-o de explorar o povo e os governantes com a venda de
indulgências; de criar clima de tensão e horror ao ameaçar os fiéis com
excomunhão; de tentar conter a propagação da Palavra ao proibir a leitura
da Bíblia e a sua tradução para línguas conhecidas do povo. Chamado a
retratar-se por ocasião de uma enfermidade que muito o enfraqueceu, disse:
"Não hei de morrer, mas viver e denunciar novamente as más ações dos
frades".
Tendo sido levado pela terceira vez ao tribunal eclesiástico, e acusado de
heresia, Wycliffe declarou: "Com que julgais estar a contender? Com um
ancião às bordas da sepultura? Não! Estais a contender com a Verdade,
Verdade que é mais forte do que vós e vos vencerá". Deus livrou Wycliffe
da fogueira: faleceu repentinamente após um ataque de paralisia. Sua voz
silenciou, mas sua fé em Jesus Cristo fez discípulos em todo o mundo.
JOHN HUSS (1369 -
1415)
Divulgador das idéias do santo Wycliffe, natural da Boêmia, depois de
completar o curso superior ordenou-se sacerdote, havendo exercido o cargo
de professor e mais tarde de reitor da universidade de Praga. Huss, embora
não estivesse de acordo com todos os ensinos de Wycliffe, ficou bastante
influenciado pelas idéias desse inglês, e resolveu aprofundar-se mais no
estudo da Bíblia. O segundo passo foi denunciar o verdadeiro caráter do
papado, o orgulho, a ambição e a corrupção da hierarquia. Defendia a
Bíblia como sendo a única regra de fé e prática do cristão, e ensinava que
a Palavra de Deus podia ser pregada por qualquer pessoa.
Esse tipo de liberdade de pensamento não era admitido pela todo-poderosa
Igreja de Roma. A reação veio rápida. O santo Huss foi convocado a
comparecer perante o papa, em Roma. Apoiado pelos governantes e por uma
parcela da população, ele não atendeu ao chamado. Diante de tão grande
afronta ao Sumo Pontífice, Huss foi excomungado e a cidade de Praga
interditada. Com a interdição, o povo ficaria privado das bênçãos divinas,
bênçãos que somente o papa, como representante de Deus, tinha autoridade
para ministrar. Era isso que ensinava a Igreja era assim que pensavam
muitos.
O período da Inquisição - uns 600 anos - foi um período negro na história
da Igreja de Roma. Muitos povos, muitos grupos, muitas nações se enchem de
orgulho e júbilo quando falam do seu passado. A Igreja Católica Romana não
tem do que se alegrar. A lista dos ANTIPAPAS compreende 39 sumos
pontífices, no período de 217 a 1449, abrangendo, portanto, um interregno
de 1.200 anos, conforme a Enciclopédia BARSA. O clímax da imoralidade
papal deu-se no período de 1378 a 1417, "durante o qual houve diversos
papas ao mesmo tempo: a França e seus aliados obedeciam ao Papa de
Avignon, enquanto a Alemanha, a Itália e a Inglaterra ao de Roma".
No caso do santo Huss, acusado de heresia, não se sabia a quem recorrer
porque a Igreja estava dividida. Daí porque a pedido do imperador
Sigismundo, o Papa João XXIII - um dos três papas rivais - convocou um
concílio geral na cidade de Constança, ao qual compareceram, como réus, o
excomungado John Huss e o Papa João XXIII, este acusado por vários crimes
cometidos durante seu ministério no período de 1410 a 1415: fornicação,
adultério, incesto, sodomia, roubo, simonia, assassinato. "Foi provado,
por uma legião de testemunhas, que ele havia seduzido e violado trezentas
freiras, e que havia montado um harém em Boulogne onde não menos de
duzentas meninas tinham sido vítimas de sua lubricidade". Condenaram-no
por cinqüenta e quatro crimes. Deus colocou num mesmo tribunal um "herege"
e um papa. O único "crime" do santo Huss fora o não se submeter à vontade
de Roma. Por isso, foi condenado à fogueira. Antes da fogueira, Huss foi
preso e lançado numa masmorra. Da prisão escreveu a um amigo: "Escrevo
esta carta na prisão e com as mãos algemadas, esperando a sentença de
morte para manhã... Quando, com o auxílio de Jesus Cristo, de novo nos
encontrarmos na deliciosa paz da vida futura, sabereis quão misericordioso
Deus Se mostrou para comigo, quão eficazmente me sustentou em meio de
tentações e provas". Em outra carta disse: "Que a glória de Deus e a
salvação das almas ocupem a tua mente, e não a posse de benefícios e bens.
Acautela-te de adornar tua casa mais do que a tua alma; e, acima de tudo,
dá teu cuidado ao edifício espiritual. Sê piedoso e humilde para com os
pobres, e não consumas haveres em festas".
Antes de ser levado ao local da execução, deu-se a cerimônia da
degradação: as vestes sacerdotais do santo Huss foram arrancadas e sobre
sua cabeça colocaram uma carapuça de papel com a inscrição "Arqui-herege".
"Com muito prazer, disse Huss, "levarei sobre a cabeça esta coroa de
ignomínia por Teu amor ó Jesus, que por mim levaste uma coroa de espinhos.
Invoco a Deus para testemunhar que tudo que escrevi e preguei foi dito com
o fim de livrar almas do pecado e perdição; e, portanto, muito alegremente
confirmarei com meu sangue a verdade que escrevi e preguei". As chamas
começaram a tomar conta do seu corpo. Huss orou várias vezes até perder a
voz: "JESUS, FILHO DE DAVI, TEM MISERICÓRDIA DE MIM". O martírio do Santo
Huss se deu em 6 de julho de 1415, no mesmo dia de sua condenação. Naquele
mesmo dia o santo John Huss se encontrou com Jesus, no Paraíso.
JERÔNIMO DE PRAGA
(1360 - 1416)
São Jerônimo, embora consciente do risco que corria, apresentou-se ao
Concílio de Constança (sudoeste da Alemanha), ano de 1414, para defender
os ensinos do seu amigo John Huss, e dar testemunho de sua fé. Logo após
haver confirmado suas idéias "heréticas", foi encarcerado numa masmorra,
alimentado a pão e água. Doente, debilitado e abandonado por amigos, cedeu
à pressão dos inquisidores e declarou que retornaria à fé católica. Ainda
assim, retornou à prisão e lá permaneceu por trezentos e quarenta dias.
Durante esse tempo, refletiu sobre a sua fraqueza de fé e se sentiu
envergonhado de haver cedido. Verificou que não valia a pena negar as
verdades bíblicas para salvar a pele. Novamente perante o Concílio,
Jerônimo falou: "Estou pronto para morrer. Não recuarei diante dos
tormentos que me estão preparados por meus inimigos e falsas testemunhas,
que um dia terão que prestar contas de suas imposturas diante do grande
Deus, a quem nada pode enganar. De todos os pecados que cometi desde minha
juventude, nenhum pesa tão gravemente em meu espírito e me acusa tão
pungente remorso, como aquele que cometi neste lugar fatídico, quando
aprovei a iníqua sentença dada contra Wycliffe e com o santo mártir John
Huss, meu mestre e amigo".
E prosseguiu Jerônimo: "Confesso-o de todo o coração e declaro com horror,
que desgraçadamente fraquejei quando, por medo da morte, condenei suas
doutrinas. Portanto, suplico a Deus Todo-poderoso Se digne perdoar meus
pecados, e em particular este, O MAIS HEDIONDO DE TODOS. Provai-me pelas
escrituras que estou em erro, e o abjurarei. São as tradições dos homens
mais dignas de fé do que o Evangelho do nosso Salvador?"
São Jerônimo foi logo levado à fogueira. Quando as chamas começaram a
queimar seu corpo, orou ao Pai: "Senhor, Pai Todo-poderoso, tem piedade de
mim e perdoa os meus pecados; pois sabes que sempre amei Tua verdade".
JOANA D'ARC (1412 - 1431)
Uma das milhares de vítimas dos autos-de-fé do Santo Ofício.
Dizendo-se enviada por Deus, ela desejou e conseguiu, embora parcialmente,
livrar sua Pátria, a França, da dominação inglesa. A "heroína da França"
não se livrou das mãos dos inquisidores. Por causa de suas ousadas
atitudes, foi acusada de feiticeira, sortílega, bruxa, pseudo-profeta,
invocadora de espíritos malignos, idólatra maldita e amaldiçoada,
escandalosa, sediciosa, perturbadora da paz do País, incitadora de
guerras, cruelmente sequiosa de sangue humano, mentirosa, perniciosa,
abusadora do povo, mágica, supersticiosa, cruel, dissoluta, invocadora de
diabos, apóstata, cismática e herege.
Joana d´Arc, vítima de uma traição, é feita prisioneira e entregue ao
Tribunal da Inquisição para julgamento espiritual. O inquérito é comandado
pelo Bispo Messire Pierre Cauchon, bispo de Beauvais, a quem coube
intermediar o resgate da donzela por dez mil escudos franceses, a fim de
ser entregue ao Vigário Geral da Inquisição da Fé no Reino de França. A
alegação era a de que, por ela, "Deus tinha sido ofendido sem medida, a Fé
excessivamente afrontada, e a Igreja desonrada".
O Tribunal da Inquisição funcionava assim: se o réu reconhece a culpa, há
esperança de ser reconduzido ao rebanho de Deus, e será condenado à prisão
perpétua; se não se retrata, será torturado uma vez. Como a tortura não
podia ser renovada, era apenas "interrompida" no caso de desmaio. A nova
sessão de tortura seria uma continuação, e não uma nova tortura. Lembremos
que o emprego da tortura foi permitido pelo Papa Inocêncio III.
Condenada a ser queimada viva como relapsa, herética e feiticeira, Joana
d´Arc foi supliciada publicamente na Praça do Mercado Velho, em Rouen
(França), em 30 de maio 1431. Por ato do Papa Bento V, em 1920, a
"maldita" donzela foi canonizada. Aos olhos da Igreja Católica ela, agora,
é uma santa. Aos olhos de Deus, ela sempre foi uma santa, a Santa Joana
d'Arc.
MARTINHO LUTERO
(1483 - 1546)
Considerado o fundador da doutrina protestante, o santo Lutero, de
naturalidade alemã, doutorou-se em Teologia pela Universidade de
Wittenberg, e, por esse tempo, leu pela primeira vez a Bíblia. Tendo sido
tomado de um imenso desejo de ter uma comunhão mais estreita com Deus,
resolveu ser monge e entrou na Ordem dos Agostinianos, no ano de 1505.
Lutero levava uma vida de simplicidade, de jejum e orações. A leitura da
Bíblia lhe havia despertado a consciência. Foi tocado pela luz do
Evangelho e estava decidido em caminhar no Caminho chamado Jesus.
Em 1510, "esteve sete meses em Roma, a fim de tratar assuntos relacionados
com a Ordem, e voltou de lá impressionado com o que vira: luxo, pompa,
casas suntuosas para os monges que não raro de banqueteavam fartamente. E
não apenas isso. Ele se encheu de espanto ao ver a iniqüidade entre o
clero, "gracejos imorais dos prelados, profanidade durante a missa,
desregramento e libertinagem". "Ninguém pode imaginar", escreveu ele, "que
pecados e ações infames se cometem em Roma... Se há inferno, Roma está
construída sobre ele".
Ainda em Roma, quando fazia penitência subindo de joelhos a "escada de
Pilatos", ouviu uma voz dizendo: "O justo viverá pela fé" (Rm 1.17).
Entendeu, então, que os homens não podem alcançar a salvação por suas
obras. As penitências exigidas pelo clero romano não tinham valor algum.
Seu afastamento de Roma se tornou cada vez maior.
Lutero se indignou com a venda de indulgências. Pecados cometidos, ou os
que porventura fossem praticados no futuro, eram perdoados pela Igreja,
bastando que o pecador pagasse certa quantia. Lutero pregava que somente o
arrependimento e a fé em Jesus Cristo poderiam salvar o pecador. O
destemido sacerdote resolveu tomar uma atitude extrema. Afixou na porta da
igreja de Wittenberg noventa e cinco teses contra as indulgências. Com
base na Bíblia, mostrava que o Papa nem qualquer homem pode perdoar
pecados. "Mostrava que a graça de Deus é livremente concedida a todos os
que O buscam com arrependimento e fé". Rapidamente os ensinos de Lutero se
espalharam pela Europa, e as verdades bíblicas começaram a se instalar nos
corações. "ASSIM SERÁ A PALAVRA QUE SAIR DA MINHA BOCA: ELA NÃO VOLTARÁ
PARA MIM VAZIA, MAS FARÁ O QUE ME APRAZ, E PROSPERARÁ NAQUILO PARA QUE A
ENVIEI" (Isaias 55.11).
"Aquele que deseja proclamar a verdade de Cristo ao mundo, deve esperar a
morte a cada momento". Com esse pensamento Lutero se dirigiu a Augsburgo,
cidade alemã, onde se defrontaria com os representantes do Papa Leão X.
Convidado a retratar-se, Lutero não se dobrou diante de ameaças e
confirmou todas as verdades que dissera em seus escritos. Não poderia
renunciar à verdade. O prelado inquisidor, cheio de ódio, disse-lhe:
"Retrate-se ou mandá-lo-ei a Roma". Roma seria o fim do caminho, o caminho
da morte, a morte na fogueira, tal qual acontecera com seu amigo John
Huss. Na madrugada do dia seguinte, estando a cidade às escuras, Lutero
conseguiu se evadir de Augsburgo contando, para isso, com a ajuda de
amigos. Escapou milagrosamente das mãos do representante papal que
intentara prendê-lo.
Embora diante de tantas dificuldades, já classificado de herege,
excomungado e condenado, Lutero não diminuiu suas severas críticas ao
papado e às doutrinas romanas. Disse: "Estou lendo os decretos do
pontífice e... não sei de o papa é o próprio anticristo, ou seu
apóstolo...". Enquanto isso os papas intensificavam o negócio das
indulgências. O Papa Alexandre VI, predecessor de Júlio II, foi quem
instituiu a venda de indulgências, pois precisava de dinheiro "para
adornar com diamantes e pérolas a filha Lucrécia Bórgia". Esse papa não só
foi amante de sua própria filha, a célebre Lucrécia Bórgia, como foi
amante, também, da irmã de um cardeal que se tornou o papa seguinte, Pio
III, em 1503. Os papas Júlio II e Leão X, por sua vez, apelaram para o
rendoso comércio do perdão, aquele tendo em mira a construção da Basílica
de São Pedro e este para satisfazer seus gastos supérfluos.
Um dos encarregados da venda de indulgências, o frei João Tetzel, fazia-o
com voz forte nas feiras anuais, oferecendo a sua mercadoria. Dizia:
- Assim que o dinheiro tilinta na caixa, a alma salta fora do purgatório.
Ninguém mais se importava em pecar e a moralidade estava em baixa. Se
algum padre desejasse impor alguma penitência, os fiéis apresentavam o
documento comprovando a "compra" do perdão divino. Enquanto a Igreja de
Roma subtraía elevados recursos financeiros ao povo, com heresias,
superstições e ameaças, Lutero se aprofundava no estudo da Bíblia.
Declarava abertamente que não havia distinção entre pecado mortal e pecado
venial - como dizia o catolicismo - pois, afirmava, "pecado é pecado, sem
gradação, e qualquer pecado leva ao inferno, pois afasta o pecador de
Deus". Boa parte de seus sermões era destinada a protestar contra o
comércio das indulgências, dizendo que estas eram inúteis. E perguntava:
"Se o Papa pode libertar as almas do purgatório quando lhe dão dinheiro,
por que não esvazia de uma vez o purgatório?" Abrimos aqui um parêntese
para perguntar: se as missas de sétimo dia podem livrar as almas do
purgatório, por que não se faz uma única missa (um missão) em favor de
todas as almas e as livra de uma só vez do fogo purificador?
Martinho Lutero continuou derrubando uma a uma, com a Palavra, as
doutrinas romanas. A um enviado do Papa Leão X, que lhe propôs uma
reconciliação e alegou, como argumento, a autoridade do Papa, Lutero
respondeu com firmeza: "Só na Bíblia e não no Papa reside a autoridade". E
continuou: "O próprio Cristo é o chefe da Igreja e não o Papa. Não lhe é
permitido estabelecer um artigo de fé, sem base bíblica. "O papa é
soberano legítimo, não com direito divino, mas humano".
No dia 15 de junho de 1520, com a bula Exurge, o Papa Leão X "condenou
quarenta e uma proposições de Lutero, ameaçando-o de excomunhão, se não se
retratasse dentro de sessenta dias". Essa bula condenava, em suma, a
liberdade de consciência. O historiador Schaff assim definiu o documento:
"Podemos inferir daquele documento em que estado de servidão intelectual
estaria o mundo atualmente, se o poder de Roma houvesse conseguido esmagar
a Reforma. Difícil será avaliar quanto devemos a Martinho Lutero, no
terreno da liberdade e do progresso..." Num gesto memorável de audácia,
destemor e ousadia, Lutero queimou a bula papal em praça pública a 10 de
dezembro de 1520.
Por mais de uma vez Lutero compareceu diante dos emissários de Roma.
Aconselhado a não se apresentar em razão do risco que corria, Lutero
respondeu: "Ainda que acendessem por todo o caminho de Worms a Wittenberg
uma fogueira... em nome do Senhor eu caminharia pelo meio dela;
compareceria perante eles... e confessaria o Senhor Jesus Cristo".
Na presença do imperador Carlos V, da Alemanha, de príncipes e delegados
de Roma, que esperavam uma retratação do excomungado herege, Lutero falou:
"visto que vossa sereníssima majestade e vossas nobres altezas exigem de
mim resposta clara, simples e precisa, dar-vo-la-ei, e é esta: não posso
submeter minha fé, quer ao papa, quer aos concílios, porque é claro como o
dia que eles têm freqüentemente errado e se contradito um ao outro. A
menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras... não posso
retratar-me e não me retratarei, pois é perigoso a um cristão falar contra
a consciência. Aqui permaneço, não posso fazer outra coisa; queira Deus
ajudar-me. Amém".
As tentativas de reconciliação do sacerdote Martinho Lutero com o papado,
ou seja, os planos de fazê-lo voltar ao aprisco de Roma fracassaram todos:
"Consinto em que o imperador, os príncipes e mesmo o mais obscuro cristão,
examinem e julguem os meus livros; mas sob uma condição: que tomem a
Palavra de Deus como norma. Os homens nada têm a fazer senão obedecer-lhe.
No tocante à Palavra de Deus e à fé, todo cristão é juiz tão bom como pode
ser o próprio papa, embora apoiado por um milhão de concílios".
O Concílio em Worms
não se deteve em examinar, pelas Escrituras, as verdades contidas nos
pronunciamentos e escritos de Lutero. "Deus não quer - dizia ele - que o
homem se submeta ao homem, pois tal submissão em assuntos espirituais é
verdadeiro culto, e este deve ser prestado unicamente ao Criador. Alertado
de que estava proibido de subir ao púlpito, recusou-se a obedecer: "Nunca
me comprometi a acorrentar a Palavra de Deus, nem o farei".
LUTERO LIVRA-SE
DA FOGUEIRA
Tão logo expirasse o prazo de um salvo-conduto que o imperador lhe
concedera, Lutero, conforme resolução do Concílio, deveria ser preso,
todos os seus escritos destruídos; a ninguém era permitido dar-lhe comida
ou bebida, e os seus discípulos sofreriam igual condenação. Isto, em
outras palavras, significava FOGUEIRA. O plano de Deus era outro. Para
livrá-lo da fogueira um grupo de amigos "seqüestrou" a Lutero e o
transportou, através da floresta, para o castelo de Wartburgo, construído
nas montanhas, e de difícil acesso.
Lutero alguns anos depois saiu daquele castelo e continuou fazendo
discípulos e pregando o Evangelho da salvação. A Reforma estava
implantada. A Luz alcançava muitos países. Iluminou a Europa, as Américas,
a América do Sul, o Brasil... porque ninguém pode algemar a Palavra de
Deus.
GALILEU GALILEI
(1564 - 1642)
Físico italiano, fez numerosas descobertas nos campos da Física e da
Astronomia. Com seu telescópio (luneta) descobriu as montanhas da Lua, os
satélites de Júpiter, as manchas solares, as fases de Vênus, os anéis de
Saturno. Suas descobertas e ensinos foram considerados uma heresia pelos
censores romanos. Acabrunhado, doente, preso em Roma, assinou sua
retratação. Antes, os inquisidores lhe mostraram a sala de tortura e os
respectivos instrumentos. Combalido e ajoelhado diante dos representantes
do Papa Urbano VIII, leu e assinou sua retratação: "Eu, Galileu Galilei,
tendo sido trazido pessoalmente ao julgamento e ajoelhando-me diante de
vós, Eminentíssimos e Reverendíssimos Cardeais, Inquisidores Gerais da
Comunidade Cristã Universal contra a depravação herética... juro que
sempre acreditei em cada artigo que a sagrada Igreja Católica, Apostólica
de Roma, sustenta, ensina e prega.. Mas porque este Sagrado Ofício
ordenou-me que abandonasse completamente a falsa opinião, a qual sustenta
que o Sol é o centro do mundo e imóvel, e proíbe abraçar, defender ou
ensinar de qualquer modo a dita falsa doutrina... com sinceridade abjuro,
maldigo e detesto os ditos erros de heresia..."
A diabólica Inquisição não só condenou os ensinos de Galileu, mas também
os de Copérnico. O Tribunal Inquisitório assim se pronunciou: "A tese de
que o Sol é o centro do sistema e não se move ao redor da Terra, é néscia,
absurda, teologicamente falsa e herética, sendo frontalmente contrária às
Sagradas Escrituras..."
Galileu livrou-se da fogueira, mas passou vários meses sob prisão. Muito
doente e cego, veio a falecer no dia 8 de janeiro de 1642. E a Igreja de
Roma acabava de escrever mais um capítulo de terror em sua história. Em
janeiro de 1998, o Papa João Paulo II, formalizou o tardio pedido de
perdão ao notável astrônomo Galileu.
Podemos imaginar quão constrangedor para esse notável homem foi
ajoelhar-se diante de uma corte devassa e negar anos e anos de estudo e
observação. Dizem que Galileu, antes de morrer, balbuciou: "a terra por si
se move".
MÁRTIRES ANÔNIMOS
Wycliffe, Huss, Jerônimo e Lutero foram citados apenas como exemplo. O
caminho da fogueira foi trilhado por milhares e milhares de mártires
anônimos, gente simples, discípulos fervorosos, pessoas indefesas e
pobres, homens, mulheres, jovens, velhos e crianças, vítimas da sanha
assassina dos representantes da poderosa Igreja Católica Romana, que,
aliada ao poder das armas, teve a pretensão de ser universal e de impor
suas doutrinas aos seus súditos. Mártires anônimos foram os albigenses e
os valdenses; mártir quase desconhecido foi Luís de Berquin, que,
apaixonado pelo Evangelho, foi estrangulado e queimado em 1529 sem tempo
para dar uma última palavra; mártires anônimos foram muitos franceses
queimados vivos com requintes de crueldade, sem direito a defesa. A todos
esses homens de fé e de coragem, baluartes da defesa das Sagradas
Escrituras como única fonte de autoridade, a eles nossa homenagem póstuma,
nossa gratidão, nossa admiração pelo que fizeram em prol de um
cristianismo livre de heresias, de idolatria, de práticas pagãs.
UM CRIME CONTRA A HUMANIDADE
Recuso-me a chamar a INQUISIÇÃO de Santo Ofício ou de Santa
Inquisição. Seria santa se inspirada por Deus ou a Seu serviço. Não foi de
inspiração divina porque Deus é amor. Deus não gera o ódio nos corações
dos homens. Ele não é a fonte do mal. Não foi de inspiração divina a
Inquisição porque Deus não iria perseguir, torturar e executar homens e
mulheres que defendiam as Escrituras Sagradas, ou seja, a Palavra de Deus;
não foi de inspiração divina porque muitos dos papas que direta ou
indiretamente comandaram os massacres - papas, frades, monges, padres,
cardeais (o clero romano) - não possuíam a direção do Espírito Santo, pois
foram chamados de "antipapas" em razão do baixo nível moral em que viviam
(adultério, imoralidade sexual, estupros, luxúria, etc). Quem comandou a
Inquisição ou os Tribunais Eclesiásticos foi o próprio Satanás". O maior
inimigo de Deus e do homem, ele, o Diabo, foi quem arquitetou esse plano
diabólico nos palácios de Roma, pois ele era e é o mais interessado em
algemar a Palavra de Deus; em não permitir a divulgação e propagação do
Evangelho; em cristianizar o paganismo ou paganizar o cristianismo. A
Inquisição teve, portanto, origem diabólica. O paradoxo é que esse crime
contra a humanidade foi urdido no seio de uma igreja que se declarou
infalível e dona da verdade.
Em nenhuma outra época se assistiu com tanta realidade o cumprimento da
profecia de Jesus:
-"Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e vos matarão.
Sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome. Nesse tempo,
muitos se escandalizarão, trair-se-ão mutuamente e se odiarão uns aos
outros. Surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos... e este
evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as
nações. Então virá o fim". (Mateus 24.9-14).
O cumprimento dessa
profecia continua em andamento. Milhares de cristãos são mortos anualmente
em todo o mundo. Mas, por outro lado, o evangelho do reino continua sendo
pregado ("será pregado em todo o mundo"), mudando a vida de milhões de
pessoas.
As Cruzadas e a Inquisição mataram mais gente do que o nazismo na Segunda
Guerra Mundial, na qual morreram seis milhões de judeus. Os massacres em
nome de Deus vitimaram um número bem superior de pessoas classificadas de
"hereges", acusadas de desenvolverem uma fé contrária à da Igreja
Católica, de não aceitarem a "infalível" autoridade papal e de combaterem,
ousadamente, a imoralidade, a ganância e a corrupção no clero romano.
Não se tem notícia de que os assassinos da Inquisição tenham se submetido
a um tribunal internacional para responder por seus crimes. Um ou outro
papa foi preso e condenado, como no caso do Papa João XXIII (1410-1415)
julgado e condenado pelo Concílio de Constança por cinqüenta e quatro
crimes da pior espécie. A História condena a todos, mas a justiça maior
virá do céu: o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o Justo Juiz, quando
voltar, derramará seus juízos sobre a Terra, e os criminosos que morreram
sem arrependimento e conversão receberão o merecido castigo. O sangue dos
mártires estará sempre na lembrança dos homens. As perseguições e os
massacres foram contra o próprio Jesus. Vejam o que disse Jesus a Saulo,
este que perseguia os cristãos (Atos 9.4-5):
- Saulo, Saulo, por que me persegues?
- Eu sou Jesus, a quem tu persegues.
O que relatamos
neste estudo representa apenas uma pequena parcela do que realmente foi a
diabólica Inquisição e o que ela representou de negativo para toda a
humanidade. Os representantes papais nunca agiam sozinhos. A igreja
Católica estava atrelada de tal forma aos imperadores, reis e governos
que, por vezes, não se sabia o que pesava mais num massacre: se o motivo
religioso, em que Roma defendia seus altos interesses, ou o político, sob
manobra dos governantes. O certo é que a parceria Igreja-Estado fabricou
uma arma mortífera: A Inquisição. O sangüinário Hitler tentou purificar a
raça ariana executando o povo judeu. Os sangüinários inquisidores tentaram
purificar a fé católica matando os "hereges".
Uma pergunta que devemos fazer é a seguinte: a Igreja Católica, apostólica
e romana, foi realmente guiada desde sua instituição pelo Espírito Santo?
Se a resposta for negativa, então a criação da Inquisição está plenamente
justificada. Se positiva a resposta, isto é, se aceitarmos a versão de que
o Espírito de Deus guiou essa Igreja desde o seu nascedouro, teremos que
fazer outra indagação: O Espírito Santo errou ao escolher homens
sanguinários para dirigir a Igreja de Cristo? O Espírito de Deus erra?
Quando lemos o livro de Atos, deparamo-nos com o Senhor Jesus orientando,
exortando e guiando Sua Igreja e até comissionando obreiros. Vejamos
alguns exemplos:
1) " O anjo do Senhor disse a Filipe: Levanta-te, e vai para a região do
sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta" (Atos
8.26).
2) "Disse o Senhor a Ananias, numa visão: Levanta-te, e vai à rua chamada
Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso, chamado Saulo,
pois ele está orando... vai, ele é para mim um vaso escolhido para levar o
meu nome perante os gentios, os reis e os filhos de Israel" (Atos
9.10-15).
3) "Disse o Espírito Santo: Apartai-vos a Barnabé e a Saulo para a obra a
que os tenho chamado" (Atos 13.1-2).
4) "Passando (Paulo e Timóteo) pela Frígia e pela província da Galácia,
foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. Quando
chegaram à Misia, tentavam ir para a Bitínia. MAS O ESPÍRITO DE JESUS NÃO
LHO PERMITIU" (Atos 16.6-7)
Assim, em muitas
ocasiões o Espírito de Deus conduziu os destinos da Igreja de Cristo. Em
nenhum momento vê-se aqueles santos cometerem qualquer deslize, qualquer
ato reprovável. Não alimentavam o desejo de exterminar as pessoas que não
aceitavam o Evangelho ou não se convertiam.
Para justificar os crimes cometidos pelos inquisidores a Igreja de Roma
põe a culpa no Diabo. O Espírito Santo permitiu que forças demoníacas se
instalassem na sede dessa Igreja, em Roma, donde saíram as bulas e
decretos papais autorizando ou consentindo as Cruzadas, os massacres, as
perseguições? Proibindo a tradução da Bíblia em outras línguas? Proibindo
aos leigos a leitura das Sagradas Escrituras? Autorizando a venda de
perdão (indulgências) como se fora uma mercadoria? Impedindo a livre
manifestação do pensamento?
Não, não foi o Espírito de Deus que comandou essa carnificina chamada
Inquisição. Quem armou essa trama foi o mesmo espírito que enganou a Eva;
o mesmo que tentou a Jesus no deserto, e o mesmo que encarnou em Hitler.
Foi ele mesmo, o Diabo, que assumiu o comando em Roma e dirigiu o banho de
sangue na Europa e em outras partes do mundo. A igreja Católica perdeu uma
das melhores oportunidades de sua história de voltar-se à Palavra de Deus,
remover os empecilhos, rever suas doutrinas, ouvir os reformadores,
humilhar-se, arrepender-se e suplicar a misericórdia do Senhor. Somente
assim a influência maligna seria contida.
Por mais que desejemos fazer reflexões com serenidade, não conseguimos
conter nossa perplexidade diante de tantos desatinos promovidos por homens
que se diziam, "Vigários de Cristo" e "infalíveis". Os crimes cometidos em
nome da fé católica, quer nas Cruzadas, quer nos Tribunais de Inquisição,
são crimes inqualificáveis, crimes contra a humanidade, e como tal devem
ser lembrados por todos os séculos.
Jesus afirmou que "AS PORTAS DO INFERNO NÃO PREVALECERÃO CONTRA A SUA
IGREJA" (Mateus 16.18). Não prevaleceram. A Igreja de Cristo, que parecia
aterrada diante do poder de Roma, saiu-se vitoriosa. As muralhas de Jericó
foram derrubadas. De nada valeram as perseguições, as humilhações e a
matança. A luz do Evangelho se espalhou por todo o mundo.
Não houve como impedir a propagação do Evangelho do nosso Salvador. Mais
uma vez o inimigo foi derrotado. Acossados em determinada cidade ou região
os crentes procuravam refúgio nas cavernas, nos guetos ou em outras
nações. Mas por onde passavam davam testemunho de sua fé. Por toda a parte
a fé bíblica era aceita com alegria, em substituição à fé católica.
A Igreja de Roma viu cair por terra seu intento de ser universal. A
palavra "católica" quer dizer universal. Nas regiões onde o protestantismo
prevaleceu, a Igreja romana foi substituída por uma série de igrejas
evangélicas autônomas, completamente desligadas do poder papal. O sangue
dos justos serviu para regar a Palavra plantada. A Inquisição não impediu
o crescimento numérico e qualitativo dos protestantes, que, submissos a
Deus e à Sua Palavra, desprezam tradições e dogmas não alinhados com a
Bíblia Sagrada.
Louvado, engrandecido e exaltado seja o nome do nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo. Eis aí apenas um esboço do que foi a diabólica INQUISIÇÃO,
que tantos malefícios causou à humanidade. Muito longe estamos de conhecer
todos os labirintos dos tribunais inquisitórios. O atual representante da
Igreja de Roma (estamos em agosto/98) tem ensaiado pedidos de perdão, como
no caso de Galileu Galilei. Mas pergunto: pedido de perdão a quem? A Deus?
À Humanidade? Às famílias das vítimas? Ora, não se pode pedir perdão a
Deus em nome de um pecador. Ademais, não é o caso de pedido de perdão em
nome da entidade religiosa, porque não será a Igreja Romana que receberá o
castigo eterno. O castigo será individual. Cada um receberá pessoalmente a
sentença do Justo Juiz. Logo, o pedido de perdão formulado pela Igreja
Católica, através de seu líder, é na verdade um gesto elogiável, uma
manifestação de humildade, mas, por si só, não apaga o pecado dos algozes
da Inquisição. Sem arrependimento não há perdão e sem perdão não há
salvação. Todos os envolvidos nos massacres - papas, cardeais, frades,
monges, reis e rainhas - se não se arrependeram de seus crimes e não
rogaram o perdão de Deus, ou seja, se não se converteram ao Senhor Jesus
antes de morrerem, certamente estão num lugar de TORMENTOS, e ali
aguardarão a plenitude dos tempos para serem lançados no GEENA. É assim
que ensina a Palavra de Deus:
"Mas, quanto aos
medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos HOMICIDAS, e aos
adúlteros, a aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os mentirosos, a
sua parte será NO LAGO QUE ARDE COM FOGO E ENXOFRE, que é a segunda morte"
(Apocalipse 21.8).
INQUISIÇÃO NUNCA
MAIS - Católicos e protestantes hoje vivem em paz. A Igreja Católica não
mais classifica os protestantes de "hereges". Hoje, chama-os de "irmãos
separados". Exceção feita às escaramuças na Irlanda do Norte, que duram 30
anos, crentes e católicos não se defrontam, não se enfrentam no corpo a
corpo. O Vaticano, não se pode negar, empenha-se pela paz entre as nações.
A Igreja Católica reconhece seus erros e, humilde, pede perdão à
Humanidade. Devemos perdoá-la... mas não podemos apagar a História. A
verdade é que as fogueiras do Santo Ofício não mais se acenderão. Nunca
mais Inquisição. Graças a Deus.
GLOSSÁRIO
ABJURAR - Renunciar solenemente a uma crença ou religião.Desdizer-se
ou retratar-se.
ALBIGENSES - Membros
de uma seita religiosa no sul da França, nos séc. XII e XIII. Negavam a
realidade da encarnação de Jesus Cristo e condenavam a procriação.
ANTIPAPAS - São
considerados os falsos papas. Chefe de igrejas locais, geralmente bispo,
que pretendeu, por oposição ao Romano Pontífice, governar toda a Igreja
Católica. Hipólito foi o primeiro antipapa de 217 a 235, nascido em Roma,
eleito pelo povo.
APÓSTATA - Aquele
que renuncia à fé cristã.
AUGSBURGO - Cidade da Alemanha.
AUTOS-DE-FÉ - Cerimônias em que se executavam as sentenças da Inquisição.
Passou a chamar-se assim, principalmente, o suplício dos penitentes pelo
fogo.
CLÉRIGO - Aquele que
pertence à classe eclesiástica. Sacerdote cristão.
CLERO - A corporação dos sacerdotes. Classe eclesiástica.
CONCÍLIO - Reunião de bispos da Igreja Católica, convocados para estudar
assuntos de interesse eclesiástico.
CONSTANÇA - Cidade
da Romênia.
CONTRA-REFORMA - Movimento restaurador iniciado pela Igreja Católica, com
vistas a superar as dificuldades surgidas com a Reforma. O Concílio de
Trento (1545 - 1563) concretizou esses esforços.
CRUZADAS -
Expedições militares de caráter religioso que se faziam na Idade Média,
contra hereges ou infiéis.
EXCOMUNGAR - Separar
da Igreja Católica qualquer dos seus membros. Expulsar, tornar maldito,
condenar.
GUETO - Rua ou
bairro onde são isoladas pessoas ou grupos por imposição econômica, racial
ou religiosa.
HEREGE - Pessoa que
professa doutrina contrária ao que foi definida pela Igreja como sendo
matéria de fé. Eram chamados os que se opunham às doutrinas da Igreja
Romana.
HUGUENOTE -
Designação depreciativa que os católicos franceses deram aos protestantes,
especialmente os calvinistas, e que estes adotaram.
ICONOCLASTA -
Indivíduo que não reverencia imagens ou obras de arte. Que as destrói.
ICONÓLATRA - Diz-se
do indivíduo que adora ou venera imagens, ídolos ou obras de arte.
IGNOMÍNIA - Grande
desonra. Infâmia.
IMPETÉRRITO - Destemido, impávido, sem temor.
INCESTO - União sexual ilícita entre parentes consangüíneos, afins ou
adotivos.
INDULGÊNCIA - Graça
concedida pela Igreja Católica aos seus membros, perdoando total ou
parcialmente a pena devida a um pecado. Perdão de pecados. A venda de
indulgências pelo Papado foi a principal causa da Reforma.
INQUISIÇÃO - Nome
dado a um tribunal eclesiástico criado oficialmente em 1229, no Concílio
de Toulouse, também chamado Tribunal do Santo Ofício, com poderes para
julgar, condenar à morte ou prender pessoas suspeitas de não professarem a
fé católica.
INQUISIDOR - Juiz do Tribunal da Inquisição.
LUBRICIDADE - Qualidade de lúbrico: lascivo, sensual, devasso.
MANIQUEU - Adepto ou membro do maniqueísmo, seita que teve simpatizantes
na Índia, China, África, Itália e sul da Espanha, segundo a qual o
Universo foi criado e é dominado por dois princípios antagônicos e
irredutíveis: Deus ou o bem absoluto, e o mal absoluto ou o Diabo.
MÁRTIR - Pessoa que
sofreu tormentos, torturas, perseguições ou a morte por sustentar a fé
cristã.
MONGE - Religioso
que vive em mosteiros e está sujeito a uma regra comum.
NOITE DE SÃO
BARTOLOMEU - Designação dada à matança de huguenotes que se iniciou em
Paris na noite de S. Bartolomeu (em 24 de agosto de 1572) e se estendeu
por toda a França, e até 3 de outubro daquele ano o número de mortos
elevou-se a 50.000.
PAPA - Título dado
ao chefe da Igreja Católica Apostólica Romana. Também chamado Sumo
Pontífice Romano.
PROCESSO SUMÁRIO -
Objetivo, resumido, sem formalidades, rápido, sem apelação para a
instância superior, sem direito a defesa.
PROTESTANTES - Nome
dado aos partidários do protestantismo que, no séc. XVI, compreendia uma
crença contrária à fé católica e à autoridade suprema do papa.
REFORMA - Movimento religioso e político que, no princípio do séc. XVI, quebrou a unidade católica, dividindo a Igreja em dois campos: o católico e o protestante.
SEGUNDA GUERRA
MUNDIAL - Conflito iniciado no dia 1º de setembro de 1939 e terminado em 2
de setembro de 1945. Iniciou-se com
a invasão da polônia pelos alemães. A Inglaterra e a França declararam
guerra à Alemanha poucos dias depois. A maioria dos países do mundo
participou dessa guerra, inclusive o Brasil. O conflito terminou com a
derrota dos alemães.
SIMONIA - Tráfico de
coisas sagradas ou espirituais, tais como sacramentos, dignidades,
benefícios espirituais.
SODOMIA - Relação
sexual anal entre homem e mulher, ou entre homossexuais masculinos.
SÚDITOS - Aqueles que estão submetidos à vontade e outra pessoa. Vassalos.
TE DEUM - Expressão
de origem latina que significa "A ti Deus". Cântico da Igreja Católica em
ação de graças, que principia por essas palavras.
TOULOUSE - Cidade do
sudoeste da França.
VALDENSES - Nome pelo qual são conhecidos os membros de um grupo
protestante fundado na região francesa de Vaud (hoje cantão da Suíça), no
séc. XII.
REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS
ALEXANDRE IV - Papa de 1254 a 1261. Autorizou a instalação do Tribunal
Inquisitório em França.
BONIFÁCIO VIII - Papa de 1294 a 1303. Sobre ele diz a The Catholic
Encyclopedia: "Dificilmente qualquer possível crime foi omitido -
infidelidade, heresia, simonia, grosseira e inatural imoralidade,
idolatria, mágica, perda da Terra Santa, morte de Celestino V, etc.
Historiadores protestantes e até mesmo modernos escritores católicos
classificam-no entre os papas iníquos, como ambicioso, arrogante e
impiedoso, enganador e traiçoeiro. O poeta Dante visitou Roma e descreveu
o Vaticano como um "esgoto de corrupção". Uma das frases desse Papa:
"Gozar e deitar-me carnalmente com mulheres ou com meninos não é mais
pecado do que esfregar as mãos".
GALILEU GALILEI - (1564 - 1642) - Italiano nascido em Pisa. Introduziu o
método experimental como o mais importante dos métodos das ciências
naturais. Fez numerosas descobertas e invenções, a exemplo da luneta (mais
tarde telescópio) com que desvendou alguns mistérios dos astros. Defendeu
a tese de que a Terra e os demais planetas se moviam em torno do Sol,
sendo este o centro do Sistema. A Igreja Católica prestou um desserviço à
Ciência ao julgar, condenar e prender um dos mais fecundos investigadores
da época.
GREGÓRIO XIII - Papa no período de 1572 a 1585. Aprovou a Cruzada contra
os huguenotes, cujo desfecho se deu a 24 de agosto de 1572, "Noite de S.
Bartolomeu". Como troféu, recebeu a cabeça de Gaspar de Coligny.
INOCÊNCIO III - Papa no período de 1198 a 1216. Autorizou a Cruzada contra
os albigenses, sul da França, em 1208.
JERÔNIMO DE PRAGA - Religioso tcheco, discípulo do reformador João Huss;
acusado de ataques às autoridades eclesiásticas, foi condenado à fogueira
pelo Concílio de Constança em 1416. Nasceu em 1360.
JOANA D´ARC - (1412 - 1431) - Heroína francesa também chamada a "Virgem de
Orleans". À frente de um pequeno exército que lhe confiara o Rei Carlos
VII, venceu aos ingleses em Orleans e Patay (1429). Considerada herética,
foi condenada à fogueira em 1431 e canonizada em 1920.
JOHN HUSS - Nascido em 1369 e queimado vivo na fogueira em 1415. Teólogo e
reformador religioso tcheco, natural de Husinec, Boêmia. Acusado de
heresia e condenado à morte por não abjurar suas idéias.
JOHN WYCLIFFE - Nasceu em 1320 e faleceu em 1384. Teólogo inglês,
precursor da Reforma, natural e Hipswell. Pregava uma Igreja sem a direção
papal, era adversário das indulgências e combatia o excesso de bens
materiais dos clérigos. Suas doutrinas foram condenadas no concílio de
Constança.
JOSÉ JEOVAH MENDES - Nasceu em Itapiúna (Ce), a 24 de maio de 1955. Na
década de 60 ingressou na Escola Apostólica de Baturité - Ce, dos padres
jesuítas, para dar curso à sua vocação sacerdotal. Alguns anos depois
desligou-se dessa Ordem e ingressou no Convento dos Franciscanos, em
Canindé (Ce), onde permaneceu até 1976. Autor do livro "OS PIORES
ASSASSINOS E HEREGES DA HISTÓRIA", onde faz duríssimas críticas à Igreja
Católica Apostólica Romana.
LEÃO X - Papa no período de 1513 a 1521. Nasceu em Florença (Itália).
Excomungou formalmente a Lutero em 1521. Seu nome civil: Giovanni de
Médicis. Seus recursos financeiros garantiram rápida ascensão na Igreja:
aos oito anos de idade já era arcebispo, e aos treze foi cardeal. A The
Catholic Encyclopedia relata que Leão X "entregou-se sem restrições aos
divertimentos... possuído por um amor insaciável ao prazer... gostava de
dar banquetes e divertimentos caros, acompanhados por orgia e bebedeira".
MARTINHO LUTERO - Nascido em 1483, natural de Eisleben, Saxônia, fundador
da doutrina protestante, em oposição ao catolicismo. Doutorou-se em
Teologia pela Universidade de Wittenberg. Em 1517 submeteu suas teses a
debate. Em 1520 foi excomungado como herege pelo Papa Leão X. faleceu em
1546.
TOMÁS DE TORQUEMADA - (1420 - 1498) - Sacerdote espanhol da Ordem dos
Dominicanos, inquisidor-geral da Espanha por muitos anos, responsável pela
morte de 10.200 cristãos não católicos na fogueira, afora cerca de cem mil
pessoas encarceradas ou expulsas do país.
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA - Bíblia de estudo pentecostal. Revista e corrigida. Sociedade
Bíblica do Brasil.
CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos.
ENCICLOPÉDIA BARSA. Enciclopaedia Britannica Ltda. 15 volumes, edição
1977.
MENDES, Jeovah. Os piores assassinos e hereges da história. 1997.
VIDAS ILUSTRES. Coleção - Volumes VI (os cientistas) e IX (líderes
religiosos).
WHITE, Ellen G. O grande conflito. Edição condensada; Tradução de Hélio L.
Grellmann; 1992.
WOODROW, Ralph. Babilônia: a religião dos mistérios.
Pr. Airton Evangelista da Costa
E-Mail: aicosta@secrel.com.br
www.palavradaverdade.com
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
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Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.