Jan Willem van der Hoeven
Em 1523, Martim Lutero escreveu:
Talvez eu consiga atrair alguns judeus para a fé cristã, pois nossos tolos, os
papas, bispos, sofistas e monges… até agora os têm tratado tão mal que… se
fosse judeu e visse esses idiotas cabeças-duras estabelecendo normas e
ensinando a religião cristã, eu preferiria ser um porco a ser cristão. Pois
esses homens trataram os judeus como cães, e não como seres humanos. (LUTERO)
Essa declaração foi feita no início do período da Reforma, quando Lutero ainda
era muito jovem. Nos anos seguintes, entretanto, ele ficaria cada vez mais
irritado com o fato de que os judeus, ao lado de quem ele se colocara contra os
preconceitos da Igreja Católica Romana, recusavam-se terminantemente a se
converter ao Cristianismo.
Vinte anos mais tarde, amargurado e desapontado, Lutero escreveu estas palavras
inacreditáveis a respeito do povo que um dia defendera:
<<Em primeiro lugar, suas sinagogas deveriam
ser queimadas…
Em segundo lugar, suas casas também deveriam ser demolidas e arrasadas…
Em terceiro, seus livros de oração e Talmudes deveriam ser confiscados…
Em quarto, os rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte…
Em quinto lugar, os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser
absolutamente vetados aos judeus…
Em sexto, eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem [cobrança de
juros extorsivos sobre empréstimos]…
Em sétimo lugar, os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão na
debulhadeira, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu
pão no suor do seu rosto…
Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa sociedade … Portanto, fora com
eles… Resumindo, caros príncipes e nobres que têm judeus em seus domínios, se
este meu conselho não vos serve, encontrai solução melhor, para que vós e nós
possamos nos ver livres dessa insuportável carga infernal – os judeus.>>
Com essas palavras, e a atitude assustadora por trás delas, o alemão Lutero
lançou os fundamentos do anti-semitismo do Terceiro Reich. Muitos de seus
compatriotas puderam afirmar, séculos depois, que estavam seguindo a orientação
de Lutero ao incendiarem sinagogas judaicas durante aKristallnacht [“Noite dos
Cristais”], episódio que se tornou o ponto de partida para acontecimentos muito
piores [durante o tempo do nazismo].
Com razão, o Dr. Michael Brown, um judeu messiânico, pergunta:
Seria possível que […] um homem cujos escritos deflagraram a Reforma
Protestante, […] cujos comentários sobre Romanos e Gálatas contribuíram para as
conversões de John e Charles Wesley […] seria possível que suas palavras
tivessem ajudado a atiçar as chamas dos fornos de extermínio nazistas?
Em seu livro Why the Jews [Por Que os Judeus?], Dennis Prager e Joseph
Telushkin escrevem:
[…] os escritos posteriores de Lutero, atacando os judeus, eram tão virulentos
que os nazistas os citavam freqüentemente. De fato, Julius Streicher argumentou
durante sua defesa no julgamento de Nuremberg que nunca havia dito nada sobre
os judeus que Martim Lutero não tivesse dito 400 anos antes.
O próprio Hitler considerou Lutero uma das três maiores figuras da Alemanha,
juntamente com Frederico, “o Grande”, e Richard Wagner.
Ao executarem seu primeiro massacre em larga escala, em 9 de novembro de 1938,
no qual destruíram quase todas as sinagogas da Alemanha e assassinaram trinta e
cinco judeus, os nazistas anunciaram que a perseguição era uma homenagem ao
aniversário de Martim Lutero.
Portanto, em seus últimos anos de vida, Martim Lutero pode ter abortado o
efeito da Reforma que ele mesmo havia iniciado, por causa de seu ódio e de seus
discursos amargos contra o mesmo povo que nos legou as Escrituras, que trouxe
ao mundo os apóstolos e profetas e através do qual veio até nós o Messias –
Jesus, nosso Senhor.
Tudo isso é extremamente triste e deve nos servir de alerta, pois o que ocorreu
a um homem tão poderosamente usado por Deus pode acontecer com qualquer um de
nós, no que se refere aos judeus – o povo de Deus.
Lutero deveria ter prestado mais atenção às palavras de Paulo em sua Epístola
aos Romanos (como todos nós devemos), que ele conhecia tão bem: “Pergunto,
pois: terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo? De modo nenhum! […] Porque
não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos
em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado
a plenitude dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo…” (Romanos
11.1,25-26).
Portanto, talvez a arrogância e a cegueira que se verificam nos dias de hoje em
relação ao plano e propósito final de Deus para com Seu povo, os judeus, sejam
piores que a cegueira e o anti-semitismo da maior parte dos membros da igreja
no passado, inclusive de Lutero, pois, enquanto eles viveram no período da
dispersão dos judeus, nós vivemos no período da reunião de Israel.
Poderíamos dizer que, em sentido bíblico, a dispersão dos judeus sempre teve uma
conotação negativa como juízo de Deus sobre Seu povo. Mas, da mesma forma, sua
reunião tem uma conotação positiva, pois o que permite aos judeus retornarem ao
seu lar é o amor de Deus e Sua graça para com eles. Desse modo, a atitude
crítica e muitas vezes anti-semita que a igreja de hoje adota em relação a
Israel é ainda mais condenável do que a de Lutero.
Isso nos faz lembrar as seguintes palavras: “Assim diz o Senhor dos Exércitos:
Com grande empenho, estou zelando por Jerusalém e por Sião. E, com grande
indignação, estou irado contra as nações que vivem confiantes; porque eu estava
um pouco indignado, e elas agravaram o mal. Portanto, assim diz o Senhor:
Voltei-me para Jerusalém com misericórdia; a minha casa nela será edificada… As
minhas cidades ainda transbordarão de bens; o Senhor ainda consolará a Sião e
ainda escolherá a Jerusalém” (Zacarias 1.14-17).
E também: “Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e anunciai nas terras longínquas
do mar, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o
pastor, ao seu rebanho” (Jeremias 31.10). “Não temas, pois, servo meu, Jacó,
diz o Senhor, nem te espantes, ó Israel; pois eis que te livrarei das terras de
longe e à tua descendência, da terra do exílio; Jacó voltará e ficará tranqüilo
e em sossego; e não haverá quem o atemorize. Porque eu sou contigo, diz o
Senhor, para salvar-te; por isso, darei cabo de todas as nações entre as quais
te espalhei; de ti, porém, não darei cabo, mas castigar-te-ei em justa medida e
de todo não te inocentarei” (Jeremias 30.10-11).
Portanto, fica claro que, assim como Deus disse que Seu povo seria espalhado,
Ele também afirmou que haveria um dia em que ele seriam novamente reunido na
terra que lhe havia prometido. O salmista anteviu que, assim como houve um
período de desfavorecimento, chegaria também o dia em que Israel voltaria a
desfrutar do favor de Deus: “Levantar-te-ás e terás piedade de Sião; é tempo de
te compadeceres dela, e já é vinda a sua hora” (Salmo 102.13).
Como é triste ver que um dos pais da Reforma estava cego para esta verdade e
acabou se voltando ferozmente contra os judeus, em vez de revestir-se da
humildade que Paulo recomenda em suas cartas: “Não te glories contra os ramos;
porém, se te gloriares, sabe que não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz, a
ti” (Romanos 11.18).
Desse modo, por causa de seu próprio preconceito anti-semita, Lutero – cuja
Reforma originou-se de uma rebelião contra a influência pagã de Roma sobre a fé
cristã – foi incapaz de levar a igreja de volta às suas raízes judaicas e à sua
origem em Jerusalém. Curiosamente, em vez de Jerusalém e os ensinos dos
apóstolos terem se tornado o ponto central da Reforma, Genebra e os ensinos de
Calvino e outros reformadores ocuparam o centro do Protestantismo.
Portanto, Lutero abortou a Reforma da qual tanto desejava ser instrumento. Em
vez de afastar a igreja das influências pagãs de Roma e fazê-la retornar às
suas origens bíblicas em Jerusalém – onde a igreja verdadeira está arraigada e
enxertada – ele tirou-a da direção de Roma e apontou-a na direção de Genebra.
E, hoje em dia, com Israel habitando novamente em sua terra, pela graça de
Deus, a atitude arrogante e crítica da maior parte da igreja em relação a
Israel demonstra que ela está mais longe do que nunca de Jerusalém. Enquanto
isso, Genebra está voltando às suas origens, em nome de um falso espírito
ecumênico que devorará os frutos da Reforma numa igreja mundial unida, cuja
capital será Roma.
Com os judeus agora de volta à sua terra e prontos para entrar no período mais
abençoado de sua história, num claro cumprimento das repetidas promessas de
Deus, alguém poderia pensar que a igreja, cônscia de seu vergonhoso passado em
relação ao povo judeu, estaria desejosa de consertar-se, de todo o coração,
demonstrando amor e misericórdia, dando apoio e orando por esse povo. Mas,
longe disso! A maioria das igrejas já está emitindo declarações oficiais em
relação aos judeus reunidos em sua terra que mostram que o anti-semitismo
“cristão” do passado está mais vivo do que nunca, com uma diferença: agora ele
se dirige contra o povo judeu em sua terra e recebe o nome de anti-sionismo.
O capítulo sobre anti-semitismo anti-sionista do livro de Prager e Telushkin
mostra com clareza que não existe nenhuma diferença real entre essas duas
posturas:
Durante sua longa história, o judaísmo tem defendido a idéia de que a
nacionalidade judaica constitui a base do judaísmo, juntamente com Deus e a
Torá. Como está escrito num antigo texto judaico, “Deus, Torá e Israel são um”.
A autodefinição dos judeus como uma nação com pátria em Israel não é uma nova
crença política dos judeus contemporâneos, mas a essência do judaísmo, desde os
tempos bíblicos.
É quase inacreditável o modo como igrejas e crentes genuínos de hoje – a
exemplo do que fez Lutero no passado – censuram e criticam violentamente o povo
de Israel, quando a Bíblia em que eles afirmam crer não deixa a menor dúvida
acerca das intenções de Deus para com Seu povo, repetindo diversas vezes a
mesma afirmação: após um período de dispersão, Ele o reunirá novamente na terra
que prometeu dar-lhe em possessão eterna.
O fato de até mesmo crentes verdadeiros terem a ousadia de emitir declarações
antiisraelenses faz com que nos perguntemos: será que a mesma falta de
progresso evangelístico, que fez com que Lutero se voltasse contra os judeus,
não estaria colocando os cristãos genuínos de hoje contra os claros
ensinamentos da Palavra de Deus, em que afirmam crer? Assim como Lutero queria
que a Epístola de Tiago – irmão de Jesus – fosse retirada do cânon porque
parecia judaica demais, essas pessoas parecem querer contornar os claros
ensinamentos do Novo Testamento acerca do futuro bíblico e maravilhoso de
Israel, descrito por Paulo em Romanos 9-11.
Lutero sucumbiu às influências de sua época e acreditou na calúnia de que os judeus
estavam tramando envenenar os cristãos, como demonstrou ao escrever:
Se eles [os judeus] pudessem matar-nos, o fariam alegremente, sim, e muitas
vezes o fazem, principalmente os que professam a medicina…
Do mesmo modo, alguns cristãos de hoje não hesitam em repetir, deliciados,
todas as mentiras e invenções contra os israelenses que os muçulmanos e
inimigos de Israel espalham em qualquer lugar do mundo, aceitando-as
prontamente como fatos comprovados, e não como distorções maldosas do que
realmente está ocorrendo. Um bom exemplo é o rebuliço gerado entre os cristãos
em geral, e até entre cristãos amigos de Israel, pela proposta de um projeto de
lei anti-missionário. Esse projeto não conta sequer com o apoio do governo
israelense, como fica claro numa carta do então primeiro-ministro Benjamin
Netanyahu, recebida por um colega meu:
Gostaria de assegurar-lhe que esse projeto de lei não tem o apoio do governo de
Israel. Ele foi apresentado como uma proposta particular de alguns membros,
pelas mãos de Nissim Zvilli, do Partido Trabalhista, e do rabino Moshe Gafni,
do partido YaHadut HaTorah. Com menos de trinta membros do Knesset [o
parlamento israelense] presentes na sessão, o projeto conseguiu aprovação numa
leitura preliminar. Entretanto, para ser sancionado como lei, ele precisa ser
aprovado em três outras audiências. O governo é terminantemente contra esse
projeto e não poupará esforços para que ele não seja aprovado*.
Por sua vez, como lemos num artigo de Yossi Klein HaLevi publicado no Jerusalem
Report, a Autoridade Palestina não tem pudores de dizer que, perante suas leis
e costumes, o ato dum cristão levar um muçulmano a Cristo é considerado crime.
Isso foi evidenciado no caso de Muhammed Bak’r, um ex-muçulmano que, depois de
aceitar Jesus, levou quatro outros muçulmanos a se converterem ao cristianismo
e, por isso, foi preso e torturado pelas autoridades palestinas.
O mesmo destino teve Shakr Saleh, um muçulmano que se entregou a Cristo há
alguns anos e agora vive escondido após ter sido arrancado de sua casa,
seqüestrado, interrogado e torturado pelos “policiais” palestinos de Jibril
Rajoub, em Jericó.
Segundo um recente comunicado cristão à imprensa:
Bak’r é a mais recente vítima da campanha empreendida oficialmente pela
Autoridade Palestina com o intuito de perseguir ex-muçulmanos que se
converteram à fé cristã para desestimular novas conversões. De acordo com a lei
islâmica, converter-se a outra religião é crime punível com a morte.
Diante disso, é chocante ouvir o clamor de cristãos do mundo inteiro contra
Israel por causa de uma lei que ainda nem foi aprovada, enquanto não se ouve
quase nenhum murmúrio pelos pobres cristãos palestinos torturados e ameaçados
de morte por seus próprios compatriotas. Isso realmente é muito estranho.
Deveríamos ler novamente os relatos sobre os gritos aterradores de muitos
cristãos, homens e mulheres, que foram mortos, mutilados e violentados pelos
asseclas de Arafat, durante os anos em que este exerceu seu brutal reino de
terror no Líbano. Assim saberíamos qual – ou quem – é a principal ameaça à
comunidade cristã palestina. Não se trata de Israel!
Vejamos alguns relatos:
1. Testemunhando numa audiência diante da subcomissão de Relações Exteriores do
Senado dos EUA sobre perseguições religiosas no Oriente Médio, em 1º de maio, a
escritora Bat Ye’or declarou:
O século XIX – até mesmo após a I Guerra Mundial – foi um período traumático
marcado pelo genocídio de cristãos em massacres que se estenderam desde os
Bálcãs (Grécia, Sérvia, Bulgária) até a Armênia e o Oriente Médio. Nesse
contexto de morte, os cristãos orientais conceberam, em finais do século XIX, a
doutrina da simbiose islâmico-cristã numa tentativa desesperada de se
protegerem contra o terror e a escravidão. Essa doutrina – que também incluía o
anti-sionismo – tinha muitas facetas, tanto políticas quanto religiosas. No fim
das contas, seus resultados foram, em sua maioria, negativos.
Essa doutrina, que ainda tem seguidores nos dias de hoje, é responsável pelo
silêncio geral em relação à tragédia permanente em que vivem os cristãos
orientais. Qualquer menção da jihad e das perseguições de cristãos pelos
muçulmanos era assunto tabu, porque não fazia sentido denunciar a perseguição
e, simultaneamente, proclamar a existência de uma pretensa simbiose
islâmico-cristã, desde o passado até os dias atuais. É nesse casulo de mentiras
e de silêncio deliberadamente imposto, firmemente apoiado pelas igrejas, os
governos e a imprensa – cada um por suas próprias razões – que a perseguição de
cristãos pôde desenvolver-se livremente durante este século até o presente
momento, quase sem obstáculos.
O tributo de sangue do islã:
• Mais de 5.000 cristãos foram mortos por árabes muçulmanos no Líbano, entre
1975 e 1982.
• Cerca de 120.000 católicos foram assassinados por muçulmanos nas Filipinas,
desde 1972.
• Aproximadamente 200.000 católicos foram mortos durante a invasão do Timor
Leste (de maioria cristã) pelas autoridades islâmicas da Indonésia.
• Uma estimativa conservadora aponta que entre 500.000 e 700.000 cristãos
negros do Sul do Sudão foram mortos ou vendidos como escravos por árabes
muçulmanos que ocuparam a região Norte do país.
• Os muçulmanos também mataram muitos judeus (cerca de 16.000 em Israel, desde
1948), assim como outros muçulmanos que caíram em desgraça por qualquer razão
(na Argélia, por exemplo, foram mortas cerca de 60.000 pessoas, de todas as
posições sociais, desde 1992).
2. Mike Horowitz, do Hudson Institute, declarou numa entrevista concedida a
Chuck Colson, ex-assessor da Casa Branca:
Pelo mesmo preço que antes se pagava por algumas galinhas, é possível comprar
um escravo cristão… nas feiras-livres do Sudão. As mulheres custam mais caro, e
são compradas como concubinas. Esses escravos são crianças cristãs arrancadas
violentamente de seus lares pelos bandoleiros que mandam no Sudão. E essas
crianças são marcadas a ferro. Se tentarem escapar, seus tendões de Aquiles são
cortados. Elas são usadas como bancos de sangue vivos para soldados feridos. As
comunidades cristãs são submetidas sistematicamente à fome e a bombardeios
devastadores. Além disso, no Sul do Sudão uma grande porcentagem da comunidade
cristã (os números são quase impossíveis de determinar com exatidão) já foi
exterminada por esse governo islâmico radical.
Exceto a do Sudão, cujos líderes perversos e fanáticos eram amigos de Yasser
Arafat, nenhuma comunidade cristã sofreu tanto nas mãos de muçulmanos quanto os
libaneses durante o domínio dos homens comandados pelo então chefe da OLP. Aqui
estão alguns relatos impressionantes e dramáticos:
1. Hassan Abdel al-Hamid contou a um repórter israelense a respeito da antiga
prisão no quarteirão da casbah, a cidade velha de Sidom, que serviu de câmara
de tortura para os adversários políticos da OLP e onde uma das salas foi
separada especialmente para a prática de estupros:
A prisão foi construída em 1973 e muitas famílias foram levadas para lá. À
noite, eles traziam moças jovens para o gabinete. Numa sala especial usada
apenas para este fim, podia-se ouvir as moças gritando: “Alá, deixe-nos em paz;
Alá, proteja suas mulheres; por favor, não permita que nossa honra seja
manchada”. Depois de algum tempo, os gritos cessavam.
Uma fotografia de Arafat foi encontrada sobre a cama onde as atrocidades eram
cometidas. Os moradores de Sidom disseram que, nas ruas próximas, era possível
ouvir os gritos das jovens quase todas as noites.
2. A escola cristã no norte de Nabatieh era dirigida por sete freiras, antes da
OLP tomar o poder. A irmã A. contou o que aconteceu quando a OLP chegou:
Primeiro, eles levaram a irmã C. à força e a violentaram. Depois, nos
espancaram. Ficamos escondidas nos porões do mosteiro por dezoito meses. A
comida era trazida à noite pelos cristãos da região. Durante sete anos, os
sinos do nosso mosteiro não tocaram.
Não é estranho – muito estranho – que, apesar de todo esse terror e morticínio
que os cristãos enfrentam nas mãos de muçulmanos e palestinos, grande parte da
TV, rádio e imprensa escrita – e até mesmo a imprensa cristã – não diga
praticamente nada sobre esse aspecto do sofrimento dos cristãos no Oriente
Médio e, ao mesmo tempo, numa típica atitude anti-sionista e anti-semita,
aponte Israel repetidamente como a ameaça à paz e à presença cristã no Oriente
Médio?
Vejamos as palavras esclarecedoras do Dr. Walid Phares:
As pessoas geralmente pensam que os cristãos do Oriente Médio restringem-se a
um grupo de palestinos. Na verdade, estes são apenas uma parcela dos milhões de
cristãos que se encontram distribuídos desde o Sudão até a Armênia: mais de 10
milhões de cristãos coptas vivem no Egito; 4 milhões de cristãos no Sul do
Sudão; 1 milhão e meio no Líbano; 1 milhão de assírios-caldeus no Iraque; 1
milhão de cristãos na Síria e 500 mil no Irã, entre outros.
Aos olhos dos cristãos do Oriente Médio, a criação do Estado de Israel foi
vista como um progresso altamente positivo, pois eles consideraram o
renascimento de Israel como uma promessa de que sua própria libertação estava a
caminho. Durante décadas, secreta ou abertamente, os cristãos de países como o
Líbano, o Iraque e o Sudão têm enaltecido o modelo de Israel e procurado
imitá-lo. Essa atração entre Israel e os cristãos do Oriente Médio vem
desafiando a ordem árabe-islâmica na região.
Ouçamos também as palavras de um padre católico na Terra Santa, divulgadas numa
publicação oficial do Vaticano, La Terra Sancta, em 1997:
As dificuldades enfrentadas pelos cristãos são causadas pelo fato dos
muçulmanos estarem cada vez mais tomando posse da terra a fim de impedir que os
cristãos continuem habitando ali […].
Os cristãos estão abandonando o Oriente Médio. Infelizmente, este é um fato
inegável. Muitos têm analisado esse fenômeno, e alguns prevêm que, daqui a 30
anos, não haverá mais cristãos na região […]
Já que os muçulmanos não podem, por enquanto, implementar uma sociedade
islâmica homogênea na nação inteira, envolvendo estilo de vida e as leis do
país, eles estão tentando “islamizar a terra”, i.e., torná-la propriedade de
muçulmanos […]
De qualquer forma, os muçulmanos continuam usando seus truques para adquirir
propriedades. Eles pagam quantias astronômicas em Belém, não só para comprar
terras. Nas áreas sob a jurisdição de minha paróquia, uma família cristã quis
vender parte de sua propriedade. Apareceram uns compradores muçulmanos, mas a
família avisou que preferia vender para outros cristãos. Finalmente, eles
conseguiram vender a área, mas, pouco tempo depois, os muçulmanos tentaram
incendiar a casa. Quem foi responsabilizado pelo fogo criminoso? “Crianças”,
disseram eles. Felizmente, desta vez os proprietários da casa perceberam o
início do incêndio e conseguiram apagá-lo a tempo. Mas, em Jerusalém, duas
lojas foram queimadas por dois garis e ficaram completamente destruídas.
Como vemos, a idéia de islamizar a terra provoca grandes tensões e, ao mesmo
tempo, diminui cada vez mais o espaço vital disponível para os cristãos. Os
atuais problemas políticos, as limitações impostas sobre os cristãos como
resultado das investidas constantes e os dramas da intifada garantiram aos
árabes [palestinos] islâmicos considerável ajuda por parte das nações
muçulmanas “irmãs”, enquanto aos cristãos é dito apenas: “Vocês têm suas
igrejas” (que coletam ofertas na Sexta-Feira da Paixão e que não são
sustentadas por poços de petróleo).
Se essa situação continuar, as jovens famílias cristãs terão cada vez maior
dificuldade de adquirir suas propriedades e casas e, assim, não conseguirão
fincar raízes em sua terra natal e serão forçadas a juntar-se à onda de
cristãos que estão emigrando da Terra Santa.
Diante disso tudo, fica a pergunta: qual a razão dessa insistente atitude tendenciosa
– até mesmo entre os cristãos – contra o povo judeu em geral, e contra o povo
de Israel em particular, enquanto os verdadeiros culpados pela situação do
Oriente Médio geralmente ficam impunes?
Será que o antigo antagonismo de Lutero e de outros patriarcas da igreja e
teólogos está influenciando a teologia e as atitudes da igreja moderna em
relação ao povo de Israel? É isso que demonstra a recente resolução tendenciosa
do Sínodo Presbiteriano dos EUA contra Israel.
Será que, se algum dia os muçulmanos tiverem a bomba atômica e se sentirem em
condições de completar a Solução Final de Hitler, incorporando a nação
independente de Israel a um Estado palestino muçulmano, eles poderão justificar
suas ações usando como argumento as citações de muitos clérigos e críticos
cristãos que ajudaram a criar o clima favorável à destruição de Israel com suas
violentas e incessantes censuras e sua tendenciosidade?
Pouca coisa mudou com o passar dos anos. A história – ao que parece –realmente
se repete. (www.israelmybeloved.com – http://www.beth-shalom.com.br)
Jan Willem van der Hoeven é diretor do International Christian Zionist
Center.
Notas:
Martim Lutero: That Jesus
Christ was born a Jew [Que Jesus Cristo Nasceu Judeu], reimpresso em Frank
Ephraim Talmage, ed.Disputation and Dialogue: Readings in the Jewish-Christian
Encounter(Nova York: Ktav/Anti-Defamation League of B’nai B’rith, 1975), p. 33.
Martim Lutero: Concerning the Jews and their
lies [A respeito dos judeus e suas mentiras], reimpresso em Talmage,
Disputation and Dialogue, pp. 34-36.
Michael L. Brown:
Our hands are stained with blood [Nossas mãos estão manchadas de sangue]
Shippensburg, PA: Destiny Image Publishers, 1992), p. 16.
Dennis Prager e Joseph Telushkin: Why the Jews?
The reason for anti-Semitism [Por que os Judeus: A causa do anti-semitismo]
(Nova York: Simon & Shuster, 1983), p. 107.
Adolf Hitler: Mein
Kampf, p. 213.
Prager e Telushkin, p. 107.
Prager e Telushkin, p. 171.
Joshua Trachtenberg: The Devil and the Jews: The medieval conception of the Jew
and its relation to modern anti-Semitism [O Diabo e os Judeus: A concepção
medieval do judeu e sua relação com o anti-Semitismo moderno], p. 99.
Benjamin Netanyahu, então primeiro-ministro de
Israel, em carta enviada a Elwood McQuaid, datada de 3 de junho de 1997.
Comunicado da ICEJ distribuído à imprensa em julho de 1997.
A cocoon of lies [Um casulo de mentiras]: Middle East Digest (agosto, 1997), p.
6.
Middle East Digest (agosto, 1997).
Chuck Colson: Jubilee (Edição da Primavera).
Eliyahu Tal, ed: citação tirada da TV israelense, 13 de julho de 1982, em The
PLO: Now the story can be told [A OLP: Agora a história pode ser contada], (Tel
Aviv, Achduth Press, 1982), pp. 42, 43.
Tal, p. 43.
Middle East Digest (agosto, 1997), p.6.
The bitter exodus of Christians from the Holy Land [A amarga saída dos cristãos
da Terra Santa]: La Terra Sancta, 1991.
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.