John Wycliff
O Dr. William P. Grady, erudito bíblico americano, traça um perfil maravilhoso do grande
reformador John Wycliff, em seu livro "Final Authority". Vejamos o que ele
diz:
Nascido de sangue saxônico, perto da Vila de Wycliff, em Yorkshire, John Wycliff
tornou-se o principal porta voz dos patriotas ingleses, através do período de emancipação política
do seu país. Sua escalada a um lugar de erudita eminência foi rápida. Brilhando em Oxford, ele foi
nomeado capelão do rei em 1366, enquanto recebia o seu doutorado, em 1374. Contudo, bem
depressa voltou suas armas intelectuais contra Roma, conforme Schaff declara:
Em sermões, folhetos e escritos mais extensos, Wycliff apresentou a Escritura e
o senso comum como testemunhas. Sua pregação era tão cortante como a "Espada de
Damocles". Ele nunca hesitava em usar a ironia e a invectiva, nas quais era mestre; a
objetividade e a pertinência de seus apelos traziam tudo facilmente à compreensão da
mente popular.
Em sua condenação do abuso doutrinário, Wycliff condenava a complacência dos últimos
reformadores contra os prelados imorais, excesso de posses territoriais, extorsão religiosa, e
heresias tais como o purgatório, a transubstanciação, o sacerdócio e a confissão auricular.
Poucos eram poupados da "Espada de Damocles". Ele acusava o papa de ser o Anticristo, o
orgulhoso sacerdote universal de Roma e o mais amaldiçoado dos tosquiadores e caçadores
níqueis. Como os frades de seu tempo eram conhecidos pelo seu apego "à boa comida e às
mulheres" Wycliff depreciava os seus mosteiros, chamando-os de covis de ladrões, ninhos de
serpentes, casas de habitação de demônios vivos, etc.
Numa linguagem que iria rivalizar com a de Lutero, ele escreveu que os padres:
Roubam o sustento dos pobres, os quais não podem se opor à opressão; cobram
mais alto por um tostão furado do que pelo sangue precioso de Cristo; rezam apenas para
se mostrar e coletam taxas por qualquer serviço religioso que oficiam; vivem na luxúria,
cavalgando gordos cavalos forrados de prata e ouro; são roubadores... raposas
maliciosas... lobos vorazes... glutões... demônios... chimpanzés.
Como nenhum país pode crescer além da moral de suas mulheres, uma narrativa da
época demonstra as baixas marcas no barômetro de todas as mulheres importantes em matéria de
pureza (como no caso de Alexandria):
Naqueles dias havia um grande rumor e clamor entre o povo de que, sempre
que havia uma competição, ali acontecia uma grande afluência de mulheres da mais alta
vaidade e beleza, porém não as melhores do reino; algumas em número de quarenta ou
cinqüenta, como se fizessem parte dos torneios, vestidas de roupagens masculinas diversas
e maravilhosas, com túnicas ostentando as cores do partido, usando pequenos bonés
atados às suas cabeças, cintos bordados de ouro e prata e adagas em bolsinhas penduradas
ao corpo, com palavreado grosseiro, que o rumor popular escutava em toda parte; e desse
modo, elas nem só deixavam de temer a Deus como não ligavam para a voz do povo.
(23)
Entende-se que esse declínio moral assegurava à Inglaterra, pelo menos, uma queda em
seu horizonte. O Dr. Green resume:
Era um tempo de vergonha e sofrimento, como a Inglaterra jamais havia
conhecido. Suas conquistas foram perdidas, suas fronteiras insultadas, suas frotas
aniquiladas, seu comércio varrido do mar enquanto interiormente ela se exauria por causa
de longas e custosas guerras, bem como pela corrupção e pestilência. (24)
Embora a pátria de Wycliff precisasse de arrependimento, seus detratores religiosos de
dura cerviz lhe apresentavam tremenda oposição. À medida em que se intensificavam suas
cáusticas denúncias, assim também a ameaça de violência física. Para contrabalançar este perigo
o Senhor levantou-lhe um poderoso protetor na pessoa de John de Gaunt, Duque de Lancaster
(filho predileto de Eduardo e irmão mais novo do melhor conhecido, embora pouco lembrado,
Príncipe Negro).
Quanto mais Wycliff laborava, mais convencido ficava de que sua amada Inglaterra
precisava de algo mais do que seus sermões e folhetos. Precisava de uma Bíblia! Neste escrito
intitulado "The Wycket" (A Posição) ele exclama com emoção:
Se a Palavra de Deus é a vida do mundo e cada palavra de Deus é a vida da
alma humana, como pode qualquer Anticristo, para o horror divino, tirá-la de nós, que
somos cristãos, e desse modo levar o povo a morrer de inanição, na heresia e na blasfêmia
das leis dos homens, que corrompem e assassinam a alma? (25)
Por causa dessa necessidade, Wycliff dedicou o resto de sua vida a completar a primeira
tradução da Bíblia inteira para a língua inglesa. Conhecendo bem o Grego e o Hebraico, primeiro
ele embasou a sua obra em manuscritos latinos. Embora a erudição moderna goste de frisar a
confiança de Wycliff na leitura da Vulgata, uma revisão posterior da obra por John
Purvey, que trouxe de volta a tradução de acordo com Jerônimo, traz a evidência de que Wycliff
teve acesso aos manuscritos latinos. O abandono posterior de Purvey de Roma acrescenta uma
luz a este assunto.
Apesar da consistência latina, a nova Bíblia representava a primeira em existência para o
povo de língua inglesa.
Como a imprensa ainda não fora inventada, o manuscrito teve de ser copiado à mão,
exigindo um exorbitante custo diário. (Foram precisos quase dez meses de trabalho árduo de um
copista experiente). A taxa da mão de obra, de uma hora apenas, com essa obra custava o
mesmo que um carregamento inteiro de feno).
Enquanto isso, McClure nos conta que o preço de compra se aproximava de "quatro
marcos e quarenta pences", o qual eqüivalia ao salário total anual de um clérigo.
A chegada da imprensa cumpriu a estranha profecia:
"Esperemos que o baixo custo da Bíblia jamais ocasione o baixo apreço
pela mesma". (Os crentes dos dias atuais, infelizmente, podem constatar o
cumprimento desta profecia).
Foxe nos informa:
Tão escasso era o suprimento de Bíblias, nesses tempos, que apenas uns poucos
entre aqueles que suspiravam pelo seu ensino podiam ter a esperança de possuir o volume
sacro. Mas essa escassez decorria parcialmente da firmeza daqueles, cujo interesse fora
despertado pela Bíblia. Se apenas uma simples cópia era possuída na vizinhança, esses
denodados trabalhadores e artesãos seriam encontrados juntos, após um exaustivo dia de
trabalho, lendo em turnos e escutando as palavras da vida; e tão doce era o frescor dos
seus espíritos, que algumas vezes o romper da manhã os surpreendia com a chamada para
um novo dia de trabalho, sem que tivessem pensado em dormir.
McClure cita um poema contemporâneo, que descreve esse espírito de gloriosa
libertação:
Mas para compensar todo o dano, o Livro Sagrado,
em poeirento esconderijo guardado tanto tempo,
agora assume o falar de nossa língua nativa.
E o que dirige o arado, ou maneja o bordão,
com espírito de compreensão,
pode agora olhar sobre o seu registro
e ouvir sua canção e examinar suas leis
– mais querendo saber do que errar
qual a fé que tem mantido.
E o céu pôde suportar calmamente
o transcendente favor!
Mais nobre do que o rei terreno
sempre concedido para igualar e abençoar
sob o peso da desgraça mortal.
Uma porção da Bíblia de Wycliff de João 17:1-3 diz:
"Jesus falou assim e, levantando seus olhos ao céu, disse: Pai, é
chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti;
assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos
lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti só, por único Deus verdadeiro, e a
Jesus Cristo, a quem enviaste". Claro que a reação católica foi de tremendo
pânico! Enquanto um padre se lamentava: "Agora a jóia do clero se tornou um brinquedo do
laicato", Henry Knighton elaborava:
Este mestre John Wycliff traduziu o Evangelho do Latim para o Inglês, o qual
Cristo havia confiado ao clero e aos doutores da Igreja, para que o ministrassem ao laicato
e aos menos afortunados, conforme a declaração dos tempos e necessidades dos homens.
Assim, por esse meio, o evangelho se tornou vulgar e mais aberto ao laicato... do que
costumava ser para os mais letrados do clero e os de melhor compreensão! E o que antes
era dádiva principal do clero e doutores da igreja, agora se torna para sempre comum ao
laicato.
Como seria o caso de Martinho Lutero, Wycliff foi providencialmente poupado do
martírio na estaca, sofrendo um ataque, enquanto oficiava na igreja, com a idade de sessenta e
quatro anos, em 1384. Seus inimigos ficaram extasiados, com o prelado Walsingham "elogiando":
Na festa da Paixão de S. Tomás de Canterbury, John Wycliff – esse órgão do
diabo, inimigo da igreja, esse autor da confusão entre o povo comum, esse ídolo de
hereges, essa imagem dos hipócritas, esse restaurador do cisma, esse armazenador de
mentiras, esse poço de lisonja – sendo abatido pelo terrível julgamento de Deus, foi
atacado de paralisia e continuou a viver nessa condição até o dia de S. Silvestre, quando
entregou o seu malicioso espírito nas regiões das trevas. (35)
Contudo, embora a história tinha esquecido o nome de Walsingham, o nome de Chaucer
tem sobrevivido, talvez em razão do seu memorial a Wycliff:
Ele foi um grande homem da religião;
Ele foi uma personalidade
que chamou a atenção de uma cidade.
Mais rico ele foi de sagrado pensamento e realização.
Era também um homem letrado, um funcionário
que o evangelho de Cristo verdadeiramente quis pregar.
Este nobre exemplo às suas ovelhas ele deu
de primeiro praticar para depois ensinar.
Um pastor melhor não existe em parte alguma.
Ele não gostava de pompa nem de reverência,
nem jamais lisonjeou qualquer consciência,
mas pregou a Cristo e seus doze apóstolos.
Ele ensinou, mas primeiro ele mesmo praticou. (36)
(Como um interessante aparte, a influência de Wycliff pode ter sido um fator na última
renúncia de Chaucer das obras de sua vida – "The Canterbury Tales, Troilus and
Criseyde", e "The Book of the Duchess" - como " vaidades do mundo" tendo
expressado a preocupação de que "eu devo ser um daqueles do tempo da condenação,
que serão salvos."
A ira dos nicolaítas explodiu em 1410, com o seguinte decreto sendo levado ao
Parlamento:
Nosso soberano senhor, o Rei... pelo consentimento dos estados e de outros
homens discretos... reunidos no Parlamento, tem concedido, estabelecido e ordenado que
nenhum dentro do... reino, ou de quaisquer outros domínios sujeitos a Sua Majestade Real,
presumirá pregar aberta ou secretamente, sem primeiro procurar e obter a licença do
diocesano local, sempre excetuando os curas em suas próprias igrejas, pessoas que até
agora têm sido tão privilegiadas, e outras permitidas pela lei canônica; e que, a partir de
agora, ninguém, quer aberta ou secretamente, deve pregar, manter, ensinar ou instruir ou
produzir ou escrever qualquer livro contrário à fé católica ou à determinação da Santa
Igreja, nem permitirá qualquer (Lolardo) seita organizar reuniões (ajuntamentos
desorganizados para adoração) em parte alguma, ou de qualquer maneira conservar ou
manter escolas com as suas malignas doutrinas e opiniões; e também que, daqui para a
frente, ninguém, de modo algum, favoreça qualquer pessoa que pregue dessa maneira,
informe ou excite o povo... E se qualquer pessoa dentro do reino e domínio for condenada
por sentença diante do diocesano local, ou dos seus comissários, por essas mencionadas
pregações malignas, doutrinas, opiniões, escolas e instrução herética e errônea, ou se
qualquer uma delas, se recusar devidamente a abjurar a mesma... então o xerife do
condado... e o prefeito e os xerifes ou xerife, ou o prefeito e os oficiais da cidade,
cidadezinha ou condados agregados... mais próximos do dito diocesano e seus
comissários... receber, após terem sido proclamadas essas sentenças, essas pessoas...
isso poderá levá-las a serem queimadas diante do povo em local de destaque, a
fim de que esse castigo possa desencadear o medo nas mentes dos demais, para que
nenhumas doutrinas malignas e heréticas e opiniões errôneas contra a fé católica a lei
cristã é a determinação da Santa Igreja) nem os seus autores e favorecedores sejam
mantidas... ou de qualquer forma toleradas. (38)
No ano de 1415, o Concílio de Constança determinou que os livros e ossos de Wycliff
fossem queimados e suas cinzas atiradas no rio Severn (que desaguava em sua cidade). Thomas
Fuller observa:
Desse modo, este pequeno arroio levou suas cinzas até Avon, de Avon até
Severn, de Severn até os estreitos mares e destes até o mar aberto. E assim, as cinzas de
Wycliff são o emblema de suas doutrinas, que agora estão dispersas pelo mundo inteiro.
Por causa desses editos, muitos Lolardos piedosos não tiveram a mesma sorte do seu
afortunado pai. Os registros dos perseguidores locais nos contam de grupos se reunindo, aqui e ali,
para ler "num grande livro de heresias, a noite inteira, certos capítulos dos evangelistas em inglês".
(40)
Foxe acrescenta:
Os Lolardos eram levados a locais ermos e não freqüentados para se
encontrar, muitas vezes sob as sombras da noite, a fim de adorar a Deus. Vizinho era
ordenado a espiar vizinho; maridos e esposas; pais e filhos; irmãos e irmãs eram duramente
forçados a dar testemunho um contra o outro. A prisão dos Lolardos também ecoou com o
ranger das correntes; o cadafalso e estaca mais uma vez calmavam por sua vítimas.
Para aumentar a culpa dos cristãos indiferentes de hoje, uma das acusações comuns feitas
contra aqueles crentes piedosos era, não apenas o fato de possuírem a Bíblia de Wycliff, mas
também a sua habilidade de "repetir a mesma de cor". (42)
Entre as muitas vítimas estavam: John Badby, alfaiate, (1410). Dois comerciantes de
Londres: Richard Turming e John Claydon, em Smithfield, (1415). William Taylor, (1423). William
White, (1428). Richard Hoveden, (1430). Thomas Bagley, (1431) e Richard Wyche, (1440).
Joan Broughton foi a primeira mulher queimada na estaca, na Inglaterra, perecendo em
Smithfield com a filha, Lady Young, ao seu lado.
A história da verdadeira Bíblia Inglesa é bem diferente da história da
New International Version e de outras falsificações construídas com a preferência pelos
Códices Alfa e B. É uma história banhada em sangue.
Foxe prossegue:
Um certo Christopher Shoemaker, que foi queimado vivo em Newbury, foi
acusado de ter ido à casa de John Say e "ler para ele, em um livro, as palavras que Cristo
falou aos seus discípulos..." Em 1519, sete mártires forma jogados ao fogo em Coventry, por
terem ensinado a seus filhos e empregados a "Oração do Senhor" e os "Dez Mandamentos"
em Inglês... Jenkins Butler acusou o seu próprio irmão de ler para ele um certo livro da
Escritura e de tê-lo persuadido a dar ouvidos ao mesmo. John Barret, joalheiro de Londres,
foi preso por ter recitado para sua esposa e criada a epístola de São Tiago ... Thomas Phillip
e Lawrence Taylor foram presos porque leram a Epístola aos Romanos e o primeiro capítulo
de São Lucas, em inglês. (45)
Em estranho cumprimento da analogia de Fuller, as cinzas de Wycliff nem haviam chegado
ainda à Bohêmia (atual Checoslováquia) quando o piedoso inglês foi homenageado postumamente
com o título de "O Quinto Evangelista".
Exatamente treze anos antes que o cadáver do reformador fosse profanado, John Hus
(1372-1415) foi reconhecido como o apologista da "heresia Wyclifiana", na universidade de Praga.
A difusão da doutrina de Wycliff por Hus resultou em que a Bohêmia recebesse a herança de
"Berço da Reforma". Schaff escreve sobre Hus:
É fato bem conhecido que era a causa de Wycliff que ele estava representando
e as visões wyclifianas que ele estava defendendo, e os escritos de Wycliff eram abertamente
expostos aos olhos dos membros das faculdades da Universidade. Ele não fazia segredo de
que seguia Wycliff e de que desejava morrer pelas visões que Wycliff ensinava. Quando
escreveu a Richard Wiche, ele se confessou grato porque: "sob o poder de Jesus Cristo" a
Bohêmia havia recebido tanto bem da abençoada terra da Inglaterra.
Durante o Concílio de Constança, quando Hus foi traído e condenado à
morte, a sentença oficial também provou ter sido uma centelha inglesa que acendeu as chamas da
Reforma Européia:
O Sagrado Concílio, tendo somente Deus diante dos seus olhos, condena John
Hus por ter sido e ainda ser um verdadeiro, real e declarado herege, discípulo, não de
Cristo, mas de John Wycliff.
A influência do primeiro tradutor da Bíblia pode ser rastreada, indiretamente, ao reformador
florentino Savanarola (1452-1498). Colocado aos pés de Lutero e ao lado de Wycliff e Hus, no
Monumento da Reforma, em Worms, o dominicano convertido foi alcançado
primeiramente através do ministério dos irmãos da Bohêmia.
A preocupação de Wycliff na Escritura pode ser vista no desdém de Savanarola pelos seus
contemporâneos ignorantes, escrevendo:
Os teólogos do nosso tempo têm manchado todas as coisas com o seu piche,
através de suas incomparáveis disputas. Eles não conhecem o mínimo de Bíblia, sim, eles nem
sequer sabem os nomes dos seus livros.
A coragem de Wycliff pode ser vista nos sermões de Savanarola descritos por Schaff como
"os raios de um coruscante e estrondoso trovão".
Denunciando os abusos costumeiros do Catolicismo ele escreveu:
Começa em Roma, onde o clero zomba de Cristo e dos santos; sim, eles são
piores do que os turcos e mouros. Fazem o tráfico de sacramentos. Vendem benefícios para
quem paga mais. Os sacerdotes de Roma não têm cortesãs, namorados, cavalos e cachorros?
Não têm palácios cheios de tapeçarias, de sedas, de perfumes e parasitas? Esta parece ser a
igreja de Deus?
Dois anos antes de incitar a multidão a levar Savanarola até a estaca, o perverso Alexandre
VI deu ao seu corretor de apostas um "chapéu vermelho" (ofício de cardeal) pelo que este foi
zombado pelo reformador, declarando sua preferência por uma coroa de púrpura "tinta de sangue".
Com tanta influência brotando de um solitário tradutor inglês durante a época do primitivo
manuscrito, a invenção do tipo móvel de Gutenberg veio destinada a "arrebentar as portas" e com o
primeiro livro completo impresso, a Bíblia de Gutenberg, em 1456 (uma Vulgata Latina
que levou seis meses para ser impressa), a proverbial "caligrafia" foi pendurada na parede.
Enquanto Martinho Lutero chamava a arte de imprimir "o último e melhor presente da Providência"
(54), o católico Howland Phillips, num sermão pregado no "Saint Paul Cross", em Londres, no ano
de 1535, observou ameaçadoramente: "vamos destruir a imprensa para que a imprensa não nos
destrua".
A paranóia de Roma com o ressurgimento da Palavra de Deus também se manifestou
contra o estudo do Grego e do Hebraico (vigorando desde a queda de Constantinopla em 1458, o
que forçou uma retirada ocidental dos manuscritos dos eruditos gregos). A Universidade Conrad
Hersbach de Colônia admoestou:
Eles descobriram uma língua chamada grego, contra a qual devemos ter o
cuidado de nos guardar. Ela é a mãe das heresias. Nas mãos de muitas pessoas tenho visto
um livro que chamam de Novo Testamento. É um livro cheio de espinhos e veneno.
Quanto ao hebraico, meus irmãos, é certo que aqueles que o aprendem, mais cedo ou mais
tarde irão se tornar judeus.
Nota da tradutora:
Até aqui tivemos as palavras do R. William P. Grady. Como vemos, a maior inimiga da
Palavra de Deus é, como sempre tem sido, a Igreja de Roma, que mandou assassinar tantos
milhares de santos que amavam e respeitavam a vontade divina expressa exclusivamente através da
Bíblia. Quem é inimigo da Bíblia é inimigo de Deus e de Cristo. Portanto, não se pode admitir que
essa Igreja monstruosa seja, como se autodenomina, a Igreja fundada pelo Senhor Jesus Cristo.
Jesus era paupérrimo, essa Igreja é arquibilionária. Jesus pregou o amor e a compaixão, essa Igreja
tem odiado e assassinado milhões de pessoas. Jesus orou ao Pai a respeito de sua Palavra, dizendo:
"Santifica-os na tua palavra. A tua palavra é a verdade" . Essa
Igreja tem tentado, por todos os meios, destruir a Palavra de Deus. Assim, podemos constatar que
se ela é e faz tudo ao contrário do que Jesus foi e pregou, não pode jamais ser a Igreja verdadeira.
A Igreja de Jesus Cristo é constituída de pessoas nascidas de novo, que crêem absolutamente em
Sua Palavra, em Sua divindade, e em que o Seu sacrifício vicário na cruz é total e suficiente para
nos dar a salvação eterna. Não precisamos de sacerdotes, nem de obras mortas, nem de
sacramentos para a nossa salvação. Jesus nos deu tudo de graça, quando o aceitamos, em fé e
verdade, como nosso único Salvador e Senhor de nossas vidas.
Mary Schultze (maryschultze@uol.com.br)
Tradução de parte do capítulo 9 do livro
"Final Authority", do Dr. William P. Grady, Th.D.
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Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.