William Tyndale, o pai da Bíblia
Inglesa
William Tyndale nasceu aproximadamente em 1483, na vila de
North Nibley. Ordenado ao sacerdócio em 1502, ele se distinguiu
em Oxford recebendo o seu de Bacharel em Artes, em 1515. Mais
tarde ele se transferiu para Cambridge, onde se tornou
familiarizado com Erasmo e o seu Novo Testamento Grego.
Enquanto atravessava esse tempo de reflexão, Tyndale experimentou
uma iluminação espiritual semelhante à de Lutero.
Quanto mais ele estudava esse tesouro recém descoberto, mais
acentuada se tornava a sua preocupação no sentido de que os seus
companheiros ingleses dele compartilhassem. Foi durante esse
período de formação que aconteceu a clássica discussão de Tyndale
com um papista fanático. Antagonizado pela sua incapacidade de
refutar a racionalização bíblica de Tyndale, o exasperado
sacerdote gritou: "seria melhor que ficássemos sem as leis de
Deus do que sem as leis do papa", ao que Tyndale retorquiu
indignado:
Desafio o papa e todas as suas leis; e se Deus me poupar
a vida por muitos anos, levarei um garoto que conduz o arado a
conhecer mais a Escritura do que vós.
Com essas audaciosas palavras representando a motivação de
toda a sua vida, Tyndale decidiu resgatar os seus iletrados
patrícios da desesperança e infelicidade do Romanismo,
declarando:
Essa causa apenas me conduziu a traduzir o Novo
Testamento. Porque eu havia percebido, por experiência, como
seria impossível levar o povo leigo à verdade, a não ser que as
Escrituras fossem claramente colocadas diante dos seus olhos
na língua mãe.
O pedido de Tyndale para se alojar com o renomado Cuthbert
Tonstal, Bispo de Londres. recebeu uma fria negativa. Do mesmo
modo como o estalajadeiro de Belém negou abrigo à "Palavra
Viva" o prelado indiferente fez o mesmo ouvido surdo à
"Palavra Escrita", nenhum deles reconhecendo o tempo de
sua visitação.
O Senhor compensou essa humilhação, enviando Tyndale até um
comerciante simpático, o qual não apenas abriu sua residência em
Londres, para o Reformador, como ainda lhe deu dez libras de
presente, pedindo-lhe que orasse por "seu pai, sua mãe, suas alma
e todas as almas cristãs". Contudo seis meses depois do início da
tradução, Tyndale detectou uma crescente hostilidade dos oficiais
lacaios contra o seu projeto. Grande parte dessa pressão foi
atribuída às pazes de Henrique VIII com Roma, a respeito do
controvertido pedido de anulação do seu casamento com a "estéril"
rainha Catarina. Tyndale conclui com tristeza:
A partir daí, percebi que não apenas no palácio do bispo
de Londres, mas em toda a Inglaterra, não havia lugar onde eu
pudesse tentar uma tradução das Escrituras.
Em face dessas condições inaceitáveis, Tyndale transferiu-se
para a Alemanha, em 1524, sem imaginar que jamais colocaria os
pés novamente em solo inglês (Contudo, Foxe chamou Tyndale de "o
Apóstolo da Inglaterra").
Tendo garantido alojamento em Hamburgo, o fugitivo fez uma
peregrinação imediata até Wittenberg. O patrocínio negado a
Tyndale por Tonstal foi mais do que compensado pelo audacioso
Lutero, que iria declarar sem timidez: "Nasci para a guerra e
a luta contra as facções e os demônios" .
O Dr. J. R. Green captou o espírito contagiante de Lutero
com a narrativa da visita deste a Tyndale:
Encontramo-lo em seu caminho para a cidadezinha que
havia repentinamente se tornado a cidade sagrada da Reforma.
Estudantes de todas as nações ali se reuniam com um entusiasmo
que lembrava aquele dos cruzados. "Quando vinham para ver a
cidade", conta-nos um contemporâneo, "retornavam graças a Deus
com as mãos preparadas para de Wittenberg, como a partir de
Jerusalém fosse a luz da verdade do evangelho espalhada até aos
confins da terra". Foi por insistência de Lutero que Tyndale ali
traduziu os evangelhos e as epístolas.
Tyndale receberia muita coragem para suas futuras
experiências da parte do austero alemão, cuja visão pessoal sobre
os perturbadores era essa: "você não pode enfrentar um rebelde
com a razão. Sua melhor resposta é esmurrá-lo no rosto até que
ele sangre pelo nariz".
Com o coração reanimado, Tyndale iniciou o seu esforço
pioneiro de produzir a Bíblia Inglesa traduzida
diretamente das línguas originais. Partiu dele uma excepcional
concessão para uma tão grandiosa ventura. O professor Herman
Buschais descreveu Tyndale para Spalatin como:
Um homem tão versado nas sete línguas: Hebraico, Grego,
Latim, Italiano, Espanhol, Inglês e Francês, que qualquer uma que
ele falasse poderia dar a impressão de ser a sua língua nativa.
Esta erudição foi confirmada no comparecimento de Tyndale
diante dos editores de Colônia, Quental e Byrschmann, antes de
completar um ano. Embora desconhecido a Tyndale, o arqui-nimigo
de Lutero, o teólogo católico John Cochlaeus, Deão da Igreja da
Bendita Virgem em Frankfurt, seguiu direto em suas pegadas.
Quando viu os católicos na Alemanha preparados com Bíblias até às
orelhas, Cochlaeus se queixou:
O Novo Testamento de Lutero se multiplicou e espalhou de
tal maneira através dos editores que até mesmo alfaiates e
sapateiros, sim, até mesmo as mulheres e as pessoas ignorantes,
que aceitaram esse novo evangelho luterano e podiam ler um pouco
de alemão, estudavam-no, com a maior avidez, como sendo a fonte
de toda a verdade. Alguns o memorizaram, carregando-o no íntimo.
Em poucos meses esse povo ficou tão letrado que não se
envergonhava de debater sobre a fé e o evangelho, não apenas com
os leigos católicos, mas até mesmo com os padres e monges e
doutores em divindades.
Cochlaeus não podia permitir que esse pesadelo alcançasse a
Inglaterra. Certo dia ele escutou por acaso alguns tipógrafos
discutindo a respeito da obra de Tyndale. Embriagando-os com uma
certa quantidade de vinho, ele ficou perplexo ao descobrir que o
Novo Testamento Inglês já estava sendo impresso. Depois
de ver apenas dez folhas completadas, Tyndale foi advertido da
chegada de magistrados. Auxiliado pelo seu amanuense, William
Roye, ele pôde transferir os preciosos documentos para Worms,
deixando ao chão um padre frustrado.
Com a comparativa segurança da "retaguarda" oferecida por
Lutero, as primeiras três mil cópias do Novo Testamento de
Tyndale foram completadas em 1525 pelo editor de Worms -
Schoeffer – e contrabandeadas para a Inglaterra, em barris,
pilhas de roupa e sacos de farinha. Ao contrário da tradução dos
manuscritos latinos de Wycliff, a obra de Tyndale foi diretamente
traduzida do Grego e, mais que isso, do Textus Receptus
da segunda e terceira edições de Erasmo. (Erasmo havia rejeitado
as leituras Alfa e Beta da Vulgata, pavimentando, assim,
a estrada para centenas de mártires em Smithfield, os quais iriam
morrer por causa do Texto Majoritário).
Tendo sido alertado por Cochlaeus da "importação pendente de
perniciosa mercadoria", o clero inglês ficou de sobreaviso nos
portos. Muitas Bíblias foram interceptadas e queimadas em
cerimônias, na Saint Paul Cross em Londres, pelo bispo Tonstal,
que as chamava de "uma oferta queimada ao Deus Todo Poderoso".
Esse bispo enfatuado afirmava ter encontrado 2.000 erros na
mesma. Sir Thomas More acrescentou: "tentar encontra erros no
livro de Tyndale foi o mesmo que tentar água no mar". More seria
degolado mais tarde, como um traidor da pátria.
Sem se intimidar, Tyndale exclamou no espírito do seu mentor
alemão:
Ao queimar o Livro eles fizeram exatamente o que eu
esperava; provavelmente eles vão também me queimar, se for essa a
vontade de Deus.
Contudo, apesar desse diabólico esforço, muitos dos volumes
reprovados foram dispersos pela terra (quase 50.000, segundo
alguns cálculos. As dores sofridas no sentido de proteger esses
Novos Testamentos podem ser vislumbradas através do que um sóbrio
crente escreveu:
Guardas perigosos cheios de whisky,
que em vão buscavam essa coluna,
gozavam de clandestinidade
e esconderijo com sofrimento ansioso.
Enquanto tudo à volta era miséria e escuridão,
Este livros nos mostrava o beijo sem fronteira,
além da tumba,
libertos dos padres venais – do castigo feudal.
Ele permitiu ao sofredor
seus passos fatigados até Deus.
E quando essa sofrida maldição na terra aconteceu
Esta principal riqueza do seu filho desceu.
Que o poder do Novo Testamento de Tyndale foi causa
de alarme entre os católicos ficou evidenciado pela carta do
bispo de Nikke ao seu superior, na qual se lia em parte:
"está além do meu poder, ou de qualquer homem espiritual, impedir
isso agora, e se assim continuar por muito tempo, ele a todos nos
destruirá".
Com a cabeça erguida, Tyndale se mudou para Marburg, em
1528, onde ficou sob a proteção de Philip, o Magnânimo, Conde de
Hesse. Após ter trabalhado, por quase um ano, no Pentateuco, ele
embarcou para Hamburgo, porém sofreu um naufrágio na viagem,
perdendo o manuscrito de Deuteronômio recém concluído.
Após uma chegada com atraso em Hamburgo, ele foi residir com
Margarete von Emmerson, onde concluiu a tradução de Gênesis até
Deuteronômio. Com o seu aparecimento na cidade livre de Antuérpia
(para conseguir a impressão desses novos livros), Tyndale
arquitetou um plano engenhoso para repor suas urgentes carências
financeiras. Já ficou conhecido que o arrogante bispo Tonstal,
levado ao desespero pela divulgação do Novo Testamento,
havia tentado salvaguardar-se, removendo-os do comércio através
de uma compra ilegal. Contudo, sem que Tonstal o soubesse, o
comerciante intermediário do qual ele se aproximou, Augustine
Pakinghton, era um dos simpatizantes e mantenedores de Tyndale.
Foxe o descreve com esta maravilhosa narrativa poética de
justiça:
Alguma semanas mais tarde, Pakinghton entrou no humilde
alojamento de Tyndale, cujas finanças ele sabia terem se
esgotado.
Pakinghton – "Mestre Tyndale, encontrei para vós um bom
comprador dos vossos livros.
Tyndale – quem é?
Pakinghton – o senhor bispo de Londres.
Tyndale – mas se o bispo quer esses livros será apenas para
queimá-los.
Pakinghton – bem... e então? O bispo os queimará de qualquer
maneira e bom seria que conseguíssemos dinheiro para imprimir
mais.
Tyndale – ficarei contente por esses benefícios que advirão: vou
receber o dinheiro para me livrar dos débitos e o mundo inteiro
vai gritar contra a queima da Palavra de Deus. O restante do
dinheiro me possibilitará corrigir o dito Novo Testamento,
e novamente imprimir o mesmo, confiando em que o segundo será bem
melhor do que o primeiro já impresso.
Depois disso, os Novos Testamentos reimpressos logo
alcançaram a Inglaterra. Então o bispo mandou procurar novamente
Pakinghton indagando como era possível que os livros fossem ainda
tão abundantes? "Meu senhor", respondeu o comerciante,
"realmente eu acho que seria melhor que comprásseis também os
tipos pelos quais eles são impressos".
Que esse conselho não foi seguido, nem é preciso
declarar.
Com o lucro do seu "mais novo cliente", Tyndale entregou o
seu Pentateuco, em 1530, através da Casa publicadora Hans Luft,
de Marburg, com a sua tradução de Jonas sendo publicada na
Antuérpia, no ano seguinte.
Por esse tempo a animosidade contra Tyndale havia aumentado
consideravelmente. Além das traduções desprezadas, seus diversos
ataques verbais contra Roma não estavam lhe angariando muitos
amigos:
"A parábola do Maligno Mamom", 1528; "A
Obediência de um Cristão" e "Como os Governantes de
Cristo Devem Governar", em 1530; e sua "Prática de
Prelados" , também em 1530. Numa de suas notas marginais em
Jonas ele comparou a Inglaterra com Nínive.
No ano de 1535, um crédulo Tyndale foi traído por um agente
secreto católico, Henry Phillips, o qual havia angariado a
confiança do reformador. Depois de tomar um empréstimo de última
hora no valor de 40 shillings, de sua generosa vítima, os dois
homens seguiram para a pensão de Tyndale, a fim de jantar. O
traidor Phillips insistiu pretensiosamente como o seu "amigo",
para ir na frente. Logo que saiu, Phillips, no espírito de Judas
Iscariotes, apontou na direção dele pelas costas, como sinal
combinado para identificá-lo aos oficiais. O idoso santo foi
depressa levado para o calabouço da fortaleza próxima de
Vilvorde, dezoito milhas ao norte de Antuérpia.
Como o julgamento do seu Mestre por Pilatos, o caráter de
Tyndale era inquestionável, impressionando até mesmo o promotor
do Imperador que o levara a considerá-lo "homo doctus, pius, et
bonus" (homem sábio, piedoso e bom).
Durante os dezoito meses do seu encarceramento, Tyndale se
manteve firme. Um dos documentos mais tristes existentes em toda
a história da igreja (tirado dos arquivos do Concílio de Brabant)
é uma carta escrita em Latim, pela própria mão do reformador,
para o governador de Vilvorde, talvez o Marquês Burgon:
Creio, cheio de legítima adoração, que não estarei
despercebido do que pode ter sido determinado com respeito a mim.
Daí porque peço a Vossa Senhoria, e isso pelo Senhor Jesus, que
se devo permanecer aqui pelo inverno, Vossa Senhoria diga ao
comissário que faça a gentileza de enviar-me, dos meus pertences
que estão com ele, um boné contra o frio, visto como sinto muito
frio na cabeça e sou afligido pelo contínuo catarro, que aumentou
muito nesta cela. Também uma capa de inverno, pois a que tenho é
muito fina; também uma peça de roupa para agasalhar minhas
pernas. Meu sobretudo está gasto; minhas camisas também estão
gastas. Ele tem uma camisa de lã e por favor, ma envie. Também
tenho com ele perneiras de pano grosso para usar por cima. Ele
tem também toucas quentes de dormir.
Peço que me seja permitido ter uma lâmpada à noite. É de
fato aterrador ficar sentado sozinho no escuro. Mas, antes de
tudo, peço que ele gentilmente me permita ter uma Bíblia
hebraica, uma gramática hebraica e um dicionário hebraico, para
que eu aproveite o tempo estudando. Em compensação Vossa Senhoria
possa conseguir o que mais deseja, contanto que seja apenas para
a salvação de sua alma. Mas se qualquer outra decisão foi tomada
a meu respeito para ser executada antes do inverno, terei
paciência, aceitando a vontade de Deus, para glória da graça do
meu Senhor Jesus Cristo, cujo Espírito eu oro que possa dirigir
sempre o vosso coração. Amém!
Assinado: W. Tyndale
De fato, foi a vontade de Deus que o seu servo passasse ali,
não apenas aquele inverno, mas a próxima primavera e também o
verão. Temos confiança de que ele conseguiu seus auxílios
lingüísticos, visto como deixou atrás dele a tradução completa de
Josué até II Crônicas.
Com as folhas do outono de 1536 anunciando a aproximação
certa de outro inverno, o tempo da partida de Tyndale havia
chegado. Condenado pelo decreto do Imperador, na assembleia de
Augsburg, a data de sua execução foi estabelecida para 6 de
outubro. Foxe nos transporta até essa cena sombria:
Trazido para o local da execução, ele foi atado à
estaca, estrangulado por um carrasco e depois consumido pelo
fogo, na cidadezinha de Vilvorde em 1536 d.C., gritando na
estaca, em alta voz com fervorosa preocupação: "Senhor, abre
os olhos do Rei da Inglaterra!
Quando o fiel Tyndale estava terminando a obra de sua vida,
com uma última e incompreensível oração pela iluminação do rei,
ele não podia imaginar que a resposta do céu já estava a caminho.
McClure relata o miraculoso testemunho de que:
O que foi mais estranho em tudo isso e inexplicável para
aqueles dias é que na hora exata em que Tyndale, por obtenção
dos eclesiásticos ingleses e pelo tácito consentimento do rei
inglês, foi queimado em Vilvorde, uma edição paginada de sua
tradução era impressa em Londres, com o seu nome na página
titular e por Thomas Berthlet, com a própria patente de impressão
do rei. Essa foi a primeira cópia das Escrituras impressa em
solo inglês.
Contudo, muito mais significativo do que esse misterioso
rasgo da Providência foi a sanção oficial dada pelo próprio
Henrique de duas Bíblias Inglesas dentro de um ano, a partir do
martírio de Tyndale. A primeira destas foi a Bíblia
Coverdale, nomeada segundo o antigo revisor em Antuérpia,
Miles Coverdale (1488-1569).
A Bíblia Coverdale mantém a honra exclusiva de ser a
primeira Bíblia Inglesa completa já impressa. Como Wycliff,
Coverdale era fraco nas língua originais, de modo que sua obra
consistiu do Novo Testamento e do Pentateuco, com
os demais livros do Velho Testamento sendo conseguidos,
primeiramente da tradução alemã de Lutero, com pequeno empréstimo
da Vulgata Latina e da Bíblia Suíça de
Zurique.
Embora Coverdale tivesse sido forçado a publicar sua primeira
edição em Colônia (1535), ele muito prudentemente dedicou-a ao
rei da Inglaterra e também teve o cuidado de excluir o estilo
controverso das notas marginais associadas com a Bíblia de
Tyndale. Não é difícil entender a boa vontade de Henrique de
pessoalmente autorizar essa Bíblia (segunda edição da Coverdale
de 1537), quando a capa o apresentava sentado e coroado,
empunhando uma espada na página dedicatória, creditando-o como
"defensor da fé". A diplomacia de Coverdale coincidia com a
recente quebra do controle de Roma sobre as igrejas inglesas.
Embora sem renunciar às doutrinas católicas o Ato de
Supremacia aprovado pelo Parlamento em 11/11/1534, foi
certamente o passo mais importante em direção à Reforma
Inglesa.
A segunda Bíblia a receber sanção especial naquele ano foi
outra aventura discreta. Conhecida como a Bíblia de
Mateus, essa tradução foi realmente feita por John Rogers
(1500-1555), o qual usou o pseudônimo de Thomas Matthews, em
vista de sua bem conhecida associação com Tyndale. O melhoramento
fundamental da Bíblia de Matthews foi a inclusão das obras de
Tyndale "escritas no cárcere" – Josué e 2 Crônicas.
Com o Pentateuco de Tyndale e o Novo Testamento
basicamente intactos, a Bíblia Coverdale preencheu o
vácuo, visto como Rogers assegurou alguma assistência das versões
francesas de Le Fevre e Olivertan. Como a Bíblia
Coverdale, a de Rogers foi também autorizada pelo rei, que
tornou legal que a mesma pudesse ser comprada, lida, reimpressa e
vendida. Do lado mais claro, a Bíblia de Mateus é algo referido
como "a Bíblia do homem que bate da mulher", por causa
da nota, fora de época, em 1 Pedro 3:1, onde se lê:
"Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos
próprios maridos; para que também, se alguns obedecem à palavra,
pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra".
Logo depois veio a Grande Bíblia de 1538, nomeada
conforme o seu tamanho especial (16" por 11"). Ela era
basicamente uma revisão da Bíblia de Mateus feita por
Miles Coverdale, com pouca mudança, exceto pela remoção das notas
marginais controversas de Rogers. A Grande Bíblia teve a
distinção de ser a primeira Bíblia oficialmente autorizada para
uso público nas igrejas da Inglaterra, pelo que foi exigido que
ela fosse literalmente acorrentada a uma parte do mobiliário da
igreja, onde os paroquianos tinham "acesso à mesma para ler".
Com a obesidade de Henrique forçando-o provavelmente a
pensar na eternidade (tendo engordado tanto que precisava ser
levantado com roldanas para montar no cavalo), o rei sancionou
oficialmente a Grande Bíblia com: "Em nome de Deus,
deixe-a partir para o estrangeiro, junto o nosso povo". Sem
dúvida, Tyndale teria dado uma risada, por razões óbvias. Em
janeiro de 1547, o próprio Henrique partiu desta terra.
Nota da tradutora:
Aqui tivemos um esboço da vida do pai da Bíblia inglesa, que
se entregou à morte por amor à Palavra de Deus, levando ao seu
país uma grande renovação espiritual, a qual aconteceria dentro
de pouco anos.
Mary Schultze (maryschultze@uol.com.br)
Dados compilados do capítulo 9 do livro
"Final Authority", do Dr. William P. Grady, Th.D.
(retorne à à PÁGINA INDEX
de http://solascriptura-tt.org/PessoasNosSeculos)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.