Homeopatia: O Maior de Todos os Embustes
Stephen Barrett, M.D.
Os “remédios” homeopáticos gozam de um status único na mercado da saúde: Eles
são a única categoria de produtos charlatanescos legalmente vendidos
como se fossem medicamentos. Esta situação é o resultado de duas
circunstâncias. Primeiro, o Federal Food, Drug,
and Cosmetic Act de 1938, que foi apadrinhado no Congresso por um médico homeopata
que era senador, reconheceu como droga [droga curativa, medicamento] todas as
substâncias incluídas na Homeopathic Pharmacopeia of the United States.
Segundo, o FDA não aplica aos produtos homeopáticos os mesmos padrões
que aplica as outras drogas. Atualmente eles são comercializados em lojas de
produtos naturais, em farmácias, em consultórios, por distribuidores de
multinível [A], através do correio e pela internet.
Crenças Básicas Falsas
Samuel
Hahnemann (1755-1843), um médico alemão, começou a formular os princípios
básicos da homeopatia no final do século XVIII. Hahnemann estava
justificadamente angustiado com as sangrias, sanguessugas, purgantes e outros
procedimentos médicos de sua época que traziam muito mais danos que benefícios.
Pensando que estes tratamentos pretendiam “equilibrar os ‘humores’ do corpo
pelos efeitos opostos”, ele desenvolveu sua “lei dos similares”—uma noção de
que os sintomas das doenças podem ser curados por quantidades extremamente pequenas
de substâncias que produzem sintomas similares em pessoas saudáveis quando
administradas em grandes quantidades. A palavra “homeopatia” é derivada das
palavras gregas homoios (similar) e pathos (sofrimento
ou doença). Hahnemann e seus seguidores iniciais conduziam “provas” nas
quais eles administravam ervas, minerais e outras substâncias em pessoas
saudáveis, incluindo eles mesmos, e guardavam registros detalhados daquilo que
observavam. Mais tarde estes registros foram compilados em longos livros
de referência chamados materia medica, os
quais são usados para encaixar os sintomas de um paciente com uma droga
“correspondente.”
Hahnemann declarava que as doenças representam um distúrbio na capacidade do
corpo para se curar e que apenas um pequeno estímulo é necessário para iniciar
o processo de cura. Ele também alegava que doenças crônicas eram
manifestações de um desejo suprimido (psora),
um tipo de miasma ou espírito maligno. Primeiramente ele usou
pequenas doses de medicamentos reconhecidos. Porém mais tarde usou diluições
enormes e teorizou que quanto menor a dose, mais poderosos serão os efeitos—uma
noção comumente referida como a “lei dos infinitesimais”. Que, é claro, é
justamente o oposto da relação dose-resposta que os farmacologistas têm demonstrado.
As bases para a inclusão na Homeopathic Pharmacopeia não são os modernos testes
científicos, mas as “provas” homeopáticas conduzidas durante o século XIX e
início do século XX. A edição atual (nona) descreve como as mais de mil
substâncias são preparadas para o uso homeopático. Não identifica os sintomas
ou doenças para os quais os produtos homeopáticos deveriam ser utilizados, o
que é decidido pelo terapeuta (ou fabricante). O fato de que as substâncias
listadas na Homeopathic Pharmacopeia são
legalmente reconhecidas como “drogas” não significa que a lei ou o FDA as
reconhecem como eficazes.
Como os remédios homeopáticos eram na verdade menos perigosos que aqueles da
ortodoxia médica do século dezenove, muitos médicos começaram a usá-los. Na
virada do século vinte, a homeopatia tinha cerca de 14.000 praticantes e 22
escolas nos Estados Unidos. Mas como a ciência médica e a educação médica
avançaram, a homeopatia declinou profundamente nos EUA, onde suas escolas
fecharam ou converteram-se aos métodos modernos. A última escola homeopática
pura nesta país fechou durante a década de 1920 [1].
Muitos homeopatas defendem que certas pessoas têm uma afinidade especial por
um remédio em particular (seu “remédio constitucional”) e responderá a ele por
uma variedade de doenças. Tais remédios podem ser prescritos de acordo com
o “tipo constitucional” da pessoa—designado pelo remédio correspondente de
maneira semelhante ao signos astrológicos.
O “Tipo Ignatia”, por exemplo, é dito como sendo alguém nervoso e freqüentemente
triste, e tem aversão a cigarros.
A típica “Pulsatilla” é uma mulher jovem, com cabelos loiros ou
castanhos claros, olhos azuis e uma aparência delicada, que é gentil, medrosa,
romântica, emotiva e amigável porém tímida.
O “Tipo Nux Vomica” é agressivo, belicoso, ambicioso e hiperativo.
O “Tipo Sulfer” gosta de ser independente.
E assim por diante. Isto parece uma base racional para diagnóstico e
tratamento?
Os “Remédios” São Placebos
Os
produtos homeopáticos são feitos de minerais, substâncias botânicas e diversas
outras fontes. Se a substância original é solúvel, uma parte é diluída em nove
ou noventa e nove partes d’água destilada e/ou álcool e agitada vigorosamente;
se insolúvel, é minuciosamente moída e pulverizada em proporções similares com
lactose (açúcar do leite) em pó. Uma parte do remédio diluído é então mais
adiante diluído, e o processo é repetido até a concentração desejada ser
alcançada.
Diluições de 1 para 10 são designadas pelo numeral romano X (1X = 1/10, 3X =
1/1.000, 6X = 1/1.000.000). Similarmente, diluições de 1 para 100 são
designadas pelo numeral romano C (1C = 1/100, 3C = 1/1.000.000, etc.). A
maioria dos remédios de hoje variam de 6X a 30X, mas produtos de 30C ou mais
são vendidos. Uma diluição 30X significa que a substância original foi
diluída 1030 vezes = 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000 (um
nonilhão) vezes.
Assumindo que um centímetro cúbico de água contém 15 gotas, este número é
maior que o número de gotas d’água que preencheriam um recipiente com 50 vezes
o tamanho da Terra. Imagine colocar uma gota de corante vermelho em um
recipiente deste tamanho de modo que ela fosse dispersa igualmente por todo o
recipiente.
A “lei dos infinitesimais” da homeopatia é o equivalente a dizer que qualquer
gota d’água subseqüentemente removida daquele recipiente possuirá uma essência
de rubor. Robert L. Park, Ph.D., um físico proeminente que é diretor executivo
da American Physical Society, afirmou que uma vez que a quantidade mínima de
uma substância numa solução é uma molécula, uma solução 30C teria que
ter pelo menos que uma molécula da substância original dissolvida no mínimo em
1.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000
moléculas d’água.Isto exigiria um recipiente de 30 bilhões de vezes o
tamanho da Terra.
O Oscillococcinum,
um produto 200C “para o alívio dos sintomas de gripes e resfriados”,
envolve “diluições” que vão ainda além disso. Seu “ingrediente ativo” é
preparado através da incubação por 40 dias de pequenas quantidades do fígado
e coração de um pato morto recentemente. A solução resultante é então
filtrada, congelada a seco, reidratada, repetidamente diluída e impregnada em
grânulos de açúcar. Se uma única molécula do coração ou do fígado do pato
tivesse sobrevivido à diluição, sua concentração seria 1 em 100200 .
Este número gigantesco, que tem 400 zeros, é imensamente maior que o número
estimado de moléculas no universo (cerca de 10100, que é o 1 seguido
por 100 zeros).
Em sua edição de 17 de fevereiro de 1997, o U.S.
News & World Report apontou que somente é
necessário um pato por ano para fabricar o produto, que gerou 20 milhões de
dólares em vendas no ano de 1996. A revista conferiu a esta infeliz ave o
título de “pato de 20 milhões”.
Na verdade, as leis da química declaram que existe um limite para que uma
diluição possa ser feita sem que ocorra a perda completa da substância
original. Este limite, chamado número de Avogadro, corresponde às potências
homeopáticas de 12C ou 24X (1 parte em 1024). O próprio
Hahnemann percebeu que potencialmente não havia nenhuma chance de que mesmo uma
molécula da substância original pudesse restar após diluições extremas. Mas ele
acreditava que a agitação ou pulverização vigorosas em cada passo da diluição
deixava para trás uma essência “como um espírito”— “deixando de ser perceptível
aos sentidos”—que cura por reviver a “força vital” do corpo. Os proponentes
modernos asseguram que mesmo quando a última molécula se foi, uma “memória” da
substância é retida. Essa noção é sem fundamento. Além do mais, se isso fosse
verdade, toda substância que entrasse em contato com uma molécula de água
poderia imprimir uma “essência” que exerceria poderosos (e imprevisíveis)
efeitos medicinais quando ingerida. Muitos proponentes alegam que os
produtos homeopáticos lembram as vacinas porque ambos oferecem um pequeno
estímulo que dispara uma resposta imunológica. Essa comparação não é válida.
As quantidades dos ingredientes ativos nas vacinas são muito maiores e podem
ser mensuradas. Além disso, as imunizações produzem anticorpos cujas
concentrações no sangue podem ser medidas, mas os produtos homeopáticos
intensamente diluídos não produzem nenhuma resposta mensurável. E as vacinas
são usadas preventivamente, não para tratar sintomas. Stan Polanski, um
médico assistente que trabalha na saúde pública perto de Asheville, Carolina do
Norte, mostrou-nos insights adicionais:
l Imagine quantos componentes devem estar presentes, em uma molécula
ou mais de cada dose de uma droga homeopática. Mesmo sob condições de higiene o
mais estritas possível, poeiras transportadas pelo ar no local da fabricação
devem carregar milhares de moléculas de origem biológica diferente derivadas de
fontes locais (bactérias, vírus, fungos, gotículas respiratórias, células
escamadas da pele, fezes de insetos) bem como de fontes distantes (polens,
partículas do solo, produtos de combustão), junto com partículas minerais de
origem terrestre ou mesmo extraterrestre (poeira de meteoros). Similarmente, os
diluentes “inertes” usados no processo devem ter sua própria biblioteca de
microcontaminantes.
O processo de diluição/potenciação na homeopatia envolve uma diluição repetida
levada a extremos fantásticos, com um processo de “sucucção”
entre cada diluição. O sucucção envolve o ato de sacudir ou agitar o conteúdo
de uma certa maneira. Durante cada uma das etapas do processo da diluição, como
se espera que a droga que emerge da preparação saiba qual das incontáveis
substâncias no recipiente é a que vai dar conta do recado? Como é que milhares
(milhões?) de compostos químicos sabem que eles precisam ficar quietinhos ali
do lado enquanto o Composto Potente é ungido ao status de ser capaz de curar?
Um cenário assim que pudesse levar produtos distintos notavelmente adaptados
para tratar uma doença em particular é mais que implausível.
Deste modo, até que os apologistas da homeopatia consigam fornecer um mecanismo
aceitável (não mágico) para a “potenciação” através da diluição de precisamente
uma das muitas substâncias em cada um de seus produtos, é impossível aceitar
que eles tenham corretamente identificado os ingredientes ativos em seus
produtos. Qualquer estudo alegando demonstrar a eficácia de uma medicação
homeopática deveria ser rejeitado de imediato a menos que incluísse uma lista
de todas as substâncias presentes em concentrações iguais ou superiores ao
ingrediente ativo proposto em cada estágio do processo de diluição, junto com
uma explicação para rejeitar cada um deles como suspeito.
O processo de “provas” através do qual os homeopatas decidem qual remédio
combina com qual sintoma não é mais razoável. As provas envolvem o uso de
várias substâncias registrando cada espasmo, espirro, dor ou coceira que
ocorrer após a aplicação da substância — freqüentemente por vários dias. Os
seguidores da homeopatia dão como certo que cada sensação relatada foi causada
por qualquer que tenha sido a substância administrada, e que doses extremamente
diluídas desta substância poderiam então simplesmente ser o remédio exato para
tratar qualquer pessoa com aqueles sintomas específicos.
Dr. Park lembrou que para encontrar uma
molécula sequer da substância “medicinal” alegadamente presente nos comprimidos
30X, seria necessário tomar cerca de dois bilhões deles, o que totalizaria mais de mil de toneladas de
lactose mais toda espécie de impurezas que a lactose possa conter.
Sais Celulares
Alguns fabricantes de produtos homeopáticos comercializam produtos minerais altamente diluídos chamados “sais celulares” ou “sais teciduais”. Esses são alegados como eficazes contra uma ampla variedade de doenças, incluindo apendicite (supurado ou não), calvície, surdez, insônia e vermes. Seu uso é baseado na noção de que deficiência mineral é a causa básica das doenças. Entretanto, muitos são tão diluídos que não poderiam corrigir uma deficiência mineral mesmo se houvesse uma. O desenvolvimento desta abordagem é atribuída a um médico do século XIX chamado W.H. Schuessler.
“Eletrodiagnóstico”
Alguns
médicos, dentistas e quiropráticos usam aparelhos de “eletrodiagnóstico” para
ajudar a selecionar os remédios homeopáticos que eles prescrevem. Esses
profissionais alegam que podem determinar a causa de qualquer doença através da
detecção do “desequilíbrio energético” causador do problema. Alguns também
alegam que os aparelhos podem detectar se alguém é alérgico ou sensível a
alimentos, vitaminas e/ou outras substâncias. O procedimento, chamado
eletroacupuntura de Voll (EAV), eletrodiagnóstico ou rastreamento eletrodermal,
iniciou-se no final da década de 1950 com Reinhold Voll, M.D., um médico da
antiga Alemanha Ocidental, que desenvolveu o aparelho original. Modelos
subseqüentes incluem o Vega, Dermatron, Accupath 1000 e Interro .
Os proponentes alegam que estes aparelhos medem distúrbios no fluxo da “energia
eletromagnética” ao longo do “meridianos de acupuntura” do corpo. Na verdade,
eles são galvanômetros extravagantes que medem a resistência elétrica da pele
do paciente quando tocada por uma sonda. Todo aparelho contém uma fonte de
baixa tensão. Um cabo vai do aparelho a um cilindro de bronze coberto por uma
gaze úmida, que o paciente segura em uma mão. Um segundo cabo está conectado a
uma sonda, com a qual o operador toca os “pontos de acupuntura” no pé ou na
outra mão do paciente. Isto fecha um circuito e o aparelho acusa a corrente
elétrica. A informação é então retransmitida para um medidor que fornece uma
medição. O número depende da força com a qual a sonda é pressionada contra a
pele do paciente. Versões recentes, como o Interro, emitem
sons e permitem a leitura em uma tela de computador. O tratamento selecionado
depende da esfera de atuação do profissional e pode incluir acupuntura,
mudanças na dieta e/ou suplementos de vitamina, bem como produtos homeopáticos.
Agências reguladoras apreenderam diversos tipos de aparelhos de
eletroacupuntura mas não têm feito um esforço sistemático para retirá-los do
mercado.
Para maiores informações a respeito desses aparelhos e fotos de alguns deles,
clique aqui. Se você encontrar um aparelho assim, por favor leia este artigo e
relate o aparelho ao comitê de licenciamento estadual do profissional, ao
procurador geral do estado, ao Federal Trade Commission, ao FBI, ao National
Fraud Information Center e qualquer companhia de seguro para a qual o
profissional enviou alegações que envolvam o uso do aparelho. Para o endereço
destas agências, clique aqui. [Nos Estados Unidos]
“Pesquisa” Inexpressiva
Uma
vez que muitos remédios homeopáticos não contêm nenhuma quantidade detectável
de ingrediente ativo, é impossível testar se eles contêm o que seus rótulos
dizem. Ao contrário da maioria das drogas potentes, eles não provaram por meio
de testes clínicos duplo-cego serem eficazes contra doenças. Na verdade, a
grande maioria dos produtos homeopáticos sequer foram alguma vez testados.
Em 1990, um artigo no Review of Epidemiology analisou
40 ensaios randomizados que tinham comparado o tratamento homeopático com o
tratamento padrão, com um placebo ou nenhum tratamento. Os autores concluíram
que todos exceto três dos ensaios tinham grandes falhas de metodologia e que
somente um daqueles três tinha relatado um resultado positivo. Os
autores concluíram que não há nenhuma
evidência de que o tratamento homeopático tenha qualquer valor superior a um
placebo [2].
Em 1994, a revista Pediatrics publicou um artigo
alegando que tinha sido demonstrado que o tratamento homeopático era eficaz
contra casos brandos de diarréia entre crianças nicaragüenses [3]. A alegação
foi baseada na constatação de que, em certos dias, o grupo “tratado” teve menos
fezes amolecidas que o grupo placebo. Entretanto, Sampson e Londom apontaram:
(1) o estudo usou um diagnóstico e um esquema terapêutico não confiáveis e não
comprovados, (2) não houve nenhuma proteção contra a adulteração do produto,
(3) a seleção do tratamento foi arbitrária, (4) os dados foram agrupados de
maneira incomum e continham erros e inconsistências, (5) os resultados tinham
significado clínico questionável, e (6) não trouxe significado algum em termos
de saúde pública porque o único remédio necessário para diarréias brandas na
infância é a ingestão adequada de líquidos para prevenir ou corrigir a
desidratação [4]. Em 1995, a Prescrire International, uma revista
francesa que avalia produtos farmacêuticos, publicou uma revisão de literatura
que concluiu:
“Como os tratamentos homeopáticos são geralmente usados em condições que
apresentam resultados variáveis ou que mostram recuperação espontânea (daí
sua sensibilidade a efeito placebo), muitos consideram que esses tratamentos
têm um efeito em alguns pacientes. Entretanto, apesar do grande
número de ensaios comparativos realizados até esta data não há NENHUMA evidência de que a homeopatia seja de
algum modo mais eficaz que a terapia com placebo dada em condições idênticas.”
Em dezembro de 1996, um extenso relatório foi publicado pelo Homoeopathic
Medicine Research Group (HMRG), uma
mesa-redonda com especialistas convocada pela Commission of the European
Communities. A HMRG incluiu pesquisadores médicos homeopatas e especialistas em
pesquisa clínica, farmacologia clínica, bioestatística e epidemiologia clínica.
Seu objetivo era avaliar trabalhos publicados e não publicados de ensaios
controlados com tratamentos homeopáticos. Após examinar 184 trabalhos, os
integrantes da mesa-redonda concluíram: (1) somente 17 foram suficientemente
bem planejados e relatados para que valesse a pena levá-los em consideração;
(2) em alguns desses ensaios, abordagens homeopáticas podem ter exercido um
efeito maior que o placebo ou que a ausência de tratamento; e (3) o número de
participantes nestes 17 ensaios foi pequeno demais para que se possa tirar
qualquer conclusão sobre a eficácia do tratamento homeopático para qualquer
condição específica [5]. Simplesmente colocado: A maioria da pesquisa
homeopática é imprestável e nenhum produto homeopático comprovou eficácia para
qualquer propósito terapêutico. O National
Council Against Health Fraud adverte
que “a natureza sectária da homeopatia suscita questões sérias a respeito da
honestidade dos pesquisadores homeopatas.” [6] Em 1997, um distrito sanitário
de Londres decidiu interromper o pagamento de tratamentos homeopáticos após
concluir que não havia evidência suficiente para apoiar seu uso. Os distritos
sanitários de Lambeth, Southwark e Lewisham encaminharam mais de 500 pacientes
por ano ao Royal Homoeopathic Hospital em Londres. Os médicos da saúde pública
daquele distrito revisaram a literatura científica publicada como parte de um
movimento geral voltado para que se adquira somente tratamentos baseados em
evidências. O grupo concluiu que muitos dos estudos eram metodologicamente
falhos e que pesquisas recentes produzidas pelo Royal Homoeopathic Hospital não
contêm nenhuma evidência convincente de que a homeopatia ofereça benefício
clínico [7]. Os proponentes anunciam aos quatro ventos os poucos estudos
“positivos” como prova de que a “homeopatia funciona.”
Mesmo se seus resultados puderem ser consistentemente reproduzidos (o que
parece improvável), o máximo que o estudo de um único remédio para uma única
doença poderia provar é que o remédio é eficaz contra aquela doença.
Não validaria as teorias básicas da homeopatia ou provaria que o tratamento
homeopático é útil para outras doenças.
O efeito placebo pode ser poderoso, é claro, mas o benefício potencial
de aliviar sintomas com placebos deveria ser pesado contra o dano que pode
resultar por confiar em—e desperdiçar dinheiro com—produtos ineficazes. A remissão
espontânea também é um fator na popularidade da homeopatia. Acredito que a
maioria das pessoas que dão crédito a um produto homeopático por sua
recuperação teriam passado igualmente bem sem ele.
Os homeopatas estão trabalhando duro para terem seus serviços cobertos pelo
seguro-saúde dos EUA. Eles alegam proporcionar uma assistência à saúde que é
mais segura, suave, “natural” e menos dispendiosa que a assistência
convencional—e mais preocupada com a prevenção. Todavia, o fato é que os
tratamentos homeopáticos não previnem nada e muitos dos líderes
norte-americanos da homeopatia são contras as vacinas. Também pouco elogioso,
um relato da Conferência de 1997 do National
Center for Homeopathy que descreveu como um
médico homeopata tem sugerido usar produtos homeopáticos para auxiliar a
prevenir e a tratar doenças coronarianas. De acordo com o artigo, o palestrante
recomendou vários produtos 30C e 200C como alternativas para a aspirina ou para
drogas que reduzem o colesterol [8].
Comércio Ilegal
Em
uma pesquisa conduzida em 1982, FDA encontrou alguns produtos sem receita sendo
comercializados para doenças graves, incluindo doenças cardíacas, desordens
renais e câncer. Um extrato de tarântula estava sendo indicado para esclerose
múltipla; um extrato de veneno de cobra para o câncer.
Durante o ano de 1988, o FDA agiu contra companhias que estavam vendendo
“adesivos dietéticos” [patches] com alegações falsas que eles poderiam suprimir
o apetite. A maior destas companhias, a Meditrend
International, de San Diego, instruiu os usuários a colocarem 1 ou 2 gotas de
uma “solução homeopática para o controle do apetite” em um adesivo e usá-lo
todos os dias afixado em um “ponto de acupuntura” no punho para
“bio-eletricamente” suprimir o centro de controle do apetite no cérebro.
O comerciante de produtos homeopáticos mais espalhafatoso da América parece ser
a Biological Homeopathic Industries (BHI) de Albuquerque, Novo México, que, em
1983, enviou um catálogo de 123 páginas para 200 mil médicos por todo o país.
Seus produtos incluíam o BHI Anticancer Stimulating, BHI Antivirus, BHI Stroke,
e 50 outros tipos de tabletes com alegações de que eram eficazes contra doenças
graves. Em 1984, o FDA obrigou a BHI a parar de distribuir diversos dos
produtos e atenuar suas alegações para os outros. Entretanto, a BHI continuou a
fazer alegações ilegais. Seu 1991
Physicians’ Reference (“para uso somente por profissionais da área da saúde”)
inapropriadamente recomendava produtos para insuficiência cardíaca, sífilis,
insuficiência renal, visão embaçada e muitos outros problemas graves. O
departamento de publicidade da companhia publica trimestralmente o Biological
Therapy: Journal of Natural Medicine, o qual regularmente contém artigos com
alegações questionáveis. Um artigo na edição de abril de 1992, por exemplo,
listava “indicações” para o uso dos produtos BHI e Heel (distribuídos pela BHI)
para mais de cinqüenta problemas— incluindo câncer, angina
pectoris e paralisia. E edição de outubro de 1993, devotada ao tratamento
homeopático de crianças, incluía um artigo recomendando produtos para infecções
bacterianas agudas de ouvido e amídalas [tonsilas]. O artigo é descrito como
seleções dos seminários da Heel que ocorreram em diversas cidades proferidos
por um homeopata de Nevada que também atuava como editor médico da Biological
Therapy. Em 1993, a Heel publicou um livro em brochura de 500 páginas
descrevendo como usar seus produtos para tratar cerca 450 problemas [9]. Doze
páginas do livro cobrem “Neoplasias e fases neoplásticas da doença.” (Neoplasia
é um termo médico para tumor.) Em março de 1998, durante um convenção
osteopática em Las Vegas, Nevada, um expositor da Heel distribuía cópias do
livro quando pediam por informações detalhadas de como usar os produtos da Heel
É Necessária uma Maior Regulação
Se o
FDA exigisse que os remédios homeopáticos comprovassem sua eficácia de modo a
permanecerem comercializáveis—usando o mesmo padrão que é aplicado para outras
categorias de drogas—a homeopatia encararia a extinção nos Estados Unidos.
Entretanto, não há nenhuma indicação de que a agência esteja considerando isto.
Os funcionários do FDA consideram a homeopatia como algo relativamente benigno
(comparado, por exemplo, com os produtos não substanciados vendidos para o
câncer e AIDS) e acreditam que outros problemas deveriam ser prioritários.Se o
FDA atacasse a homeopatia com força demais, seus proponentes poderiam até mesmo
persuadir um Congresso susceptível a lobby a salvá-la. Apesar deste risco, o
FDA não deveria permitir que produtos sem valor sejam comercializados com
alegações de que eles são eficazes. Tampouco deveria continuar a tolerar a
presença de charlatanescos aparelhos “eletrodiagnósticos” no mercado.
Em agosto de 1994, quarenta e dois críticos proeminentes do charlatanismo e da
pseudo-ciência pediram para agência restringir a venda dos produtos
homeopáticos. A petição pedia que o FDA iniciasse o procedimento de
estabelecimento de regras para exigir que todas drogas homeopáticas vendidas
sem prescrição satisfizessem os mesmo padrões de segurança e efic ácia que
drogas sem prescrição não homeopáticas. Também pediram uma advertência pública
de que apesar do FDA permitir a venda de remédios homeopáticos, não os
reconhece como eficazes. O FDA ainda não respondeu a petição. Entretanto, em 3
de março de 1998, em um simpósio patrocinado pela revista Good
Housekeeping, o ex-Comissário do FDA David A. Kessler, M.D., J.D.,
reconheceu que os remédios homeopáticos não funcionam mas que ele não tentou
proibi-los porque sentia que o Congresso não apoiaria uma proibição formal
[10].
Nota:
Gostaríamos de localizar pessoas que adquiriram um produto homeopático durante
o ano passado e concluiu
que o produto não funciona como apresentado na embalagem ou em qualquer
anúncio. Por favor entre em contacto conosco (em inglês) se você teve tal
experiência. (ou em português)
Referências
1. Kaufman M. Homeopathy in America. Baltimore, 1971, The
Johns Hopkins University Press.
2. Hill C, Doyon F. Review of randomized trials of homeopathy. Review of
Epidemiology 38:139-142, 1990.
3.Jacob J and others. Treatment of childhood diarrhea with homeopathic
medicine: a randomized clinical trial in Nicaragua. Pediatrics 93:719-725,
1994.
4.
Sampson W, London W. Analysis of homeopathic treatment of childhood diarrhea.
Pediatrics 96:961-964, 1995.
5. Homoeopathic Medicine Research Group. Report. Commission of the European
Communities, December 1996.
6. NCAHF Position Paper on Homeopathy. Loma Linda, CA.: National Council
Against Health Fraud, 1994.
7. Wise, J. Health authority stops buying homoeopathy. British Medical Journal
314:1574, 1997.
8. Hauck KG. Homeopathy and coronary artery disease. Homeopathy
Today 17(8):3, 1997.
9. Biotherapeutic Index. Baden-Baden, Germany: Biologishe Heilmittel Heel GmbH,
1993.
10. Kessler DA. Panel discussion on herbal dietary supplements. Consumer Safety
Symposium on Dietary Supplements and
Herbs, New York City, March 3, 1998.
Tópicos Relacionados
l Aparelhos
Charlatanescos de “Eletrodiagnóstico” Usados para Selecionar Remédios l Guia
de Política de Concordância do FDA 7132.15 para Produtos Homeopáticos [I] l Homeopatia
e Seus Delírios Afins (Ensaio de Oliver Wendell Holmes, 1842) [I]
l Homeopatia e Ciência: Um Olhar Mais de Perto [I]
l Petição para Proibir o Comércio de Produtos Homeopáticos (nos EUA) [I] l Por
Que Alegações Extraordinárias Exigem Provas Extraordinárias l Medicina
Alternativa e as Leis da Física [I]
l Novo Livro
Recomendado: Homeopathy: What Are We Swallowing? [I]
l Livro de Samuel
Hahnemann: Organon of Medicine [I]
l A Avaliação
Científica da Homeopatia (inclui sumário de pesquisa) [I]
l A Homeopatia na
Encruzilhada
l A Homeopatia
Funciona?
Quackwatch em português
Este
artigo foi revisto no site original em 20 de julho de 2000.
Resposta do Leitor
De
um californiano que realiza seminários ensinando pessoas “como reduzir o
estresse encontrando seus padrões respiratórios naturais”:
Eu tenho minha mente muita aberta. Eu usaria drogas, cirurgia o que quer que
fosse necessário . . . mas acho que o homeopatia tem valor e a palavra
“embuste” é contraprodutiva e preconceituosa. Acho que você não tem pesquisado
os muitos estudiosos ao redor do globo que estão pesquisando a perspectiva
biológica quântica.
Alguns biofísicos importantes estão chegando ao conhecimento de que existem
campos subatômicos que interpenetram e estruturam o nível molecular. Estes
campos podem diretamente estar relacionados com a maneira de como a homeopatia
funciona. VOCÊ NÃO PRECISA DE NENHUMA MOLÉCULA DA SUBSTÂNCIA NO REMÉDIO PARA
AFETAR ESTES CAMPOS SUBJACENTES. UM CAMPO DE ONDAS SUBATÔMICAS QUE É
TRANSPORTADA PELA ÁGUA OU AÇÚCAR NO REMÉDIO ESTÁ INTERAGINDO COM OS CAMPOS SUBATÔMICOS
SUBJACENTES A MATÉRIA FÍSICA DO PACIENTE. O
problema é que nossa tecnologia limitada somente pode medir uma banda limitada
do espectro de energia. NÓS NÃO SOMOS TÃO AVANÇADO COMO CIVILIZAÇÃO.
FIQUE DE OLHO NAS NOTÍCIAS.
De um entusiasta de homeopatia não identificado:
Homeopatia funciona e você
simplesmente tem a mente muito fechada para entender que este mundo é
constituído de mais coisas que as simples naturezas físicas e químicas. Você
faz vistas grossas a natureza espiritual e energética. Você é o charlatão!
Copiado de “Quackwatch em português ||| Aparelhos de “Eletrodiagnóstico”
Charlatanescos”
02/04/2001 http://www.geocities.com/quackwatch/homeo.html
(retorne à página ÍNDICE de www.solascriptura-tt.org/Seitas)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.