Batalha Espiritual



 

 Nas igrejas pentecostais e carismáticas, os pastores usam e abusam de Efésios 6:11-18, interpretando erroneamente esta passagem, sem buscar a verdadeira significação da mesma no contexto geral das Escrituras, ensinando os membros de suas igrejas a terem um confronto direto com o Diabo e seus demônios (anjos decaídos), acreditando que podem vencer as forças espirituais do mal, com alguns jargões, que nada significam para Deus nem convencem os demônios.

 Durante quase 2.000 anos, desde a instituição da igreja primitiva, os cristãos interpretaram corretamente a passagem supracitada, em todas as denominações protestantes e evangélicas. Mas, a partir dos anos 1980, começaram a aparecer os ensinos da Batalha Espiritual, aconselhando os crentes a terem uma confrontação direta com as hostes espirituais do mal. Este ensino tem gerado muita controvérsia, dentro das próprias igrejas carismáticas, visto como sua aplicação se embasa em textos fora do contexto, no intuito de respaldá-los, e as opiniões vão divergindo, exatamente por falta de respaldo bíblico.

 Os grupos que adotam esses ensinos aconselham uma confrontação direta com o Diabo e seus anjos, para quem Deus criou o inferno. Esses mestres têm a presunção de que somos espiritualmente fortes para “amarrar” e dominar Satanás e seus demônios, imaginando que o Espírito Santo vai se dar ao trabalho de nos “ungir” com essa força espiritualmente hercúlea, a fim de podermos agir contra o mal. Eles pregam um falso autopoder e essa mentira tem-se espalhado em todas as igrejas carismáticas, bem como na maioria das pentecostais, dando aos crentes uma sensação de vigor espiritual que os mal informados na Palavra estão longe de possuir. Esses amantes da Batalha Espiritual esquecem Judas 9, que diz: “Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o Diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse:  O Senhor te repreenda”.  Ora, se o arcanjo Miguel, cujo poder é idêntico ao de Satanás (que é também um anjo, embora decaído, mas ainda possuindo o mesmo vigor espiritual de antes de sua queda), não quis lutar de igual para igual com o Diabo, por que esses mestres do engodo ficam incitando os membros de suas igrejas a enfrentarem o príncipe do mundo, prometendo que eles o vencerão facilmente?

 Resistir ao Diabo, conforme Tiago 4:7, é, antes de tudo, submeter-se à vontade de Deus, expressa em Sua Palavra , resistindo às paixões carnais que enfraquecem nossa comunhão com Ele. Em vez de ir até o Diabo e seus anjos para confrontá-los, devemos orar humildemente, implorando que o Senhor os combata em nosso lugar, reconhecendo nossa fraqueza espiritual para isso. Vamos ler Tiago 4:7-8: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações”.  Isso devemos fazer, confiando apenas na sabedoria divina, conforme Tiago 3:17, que diz: “Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia”.

 O confronto direto com o Diabo e seus anjos pode acarretar danos irreversíveis aos cristãos. Estes ficam mais sujeitos aos ataques demoníacos do que os que obedecem à Palavra, o que poderá prejudicar sua vida e a vida dos seus familiares e amigos. Isto sem falar no perigo desses “demonomaníacos” caírem numa depressão mental e espiritual. Os pastores que se preocupam mais em pregar o poder do Diabo, deixando de aconselhar aos membros de suas igrejas que estudem a Bíblia, em geral são gananciosos, não tendo o menor interesse no crescimento espiritual dos seus discípulos, pois, quanto maior a ignorância mais fácil se torna o domínio sobre os mesmos.

 Quem se preocupa mais em confrontar o Diabo do que em obedecer a Deus, está colocando Satanás no trono de sua vida, em vez de colocar Deus, ficando incapaz de discernir corretamente entre o bem e o mal. Os falsos ensinos carismáticos da Batalha Espiritual promovem uma falsa impressão de poder, porque não são bíblicos. Quando usamos texto fora do contexto, estamos promovendo heresias. Com isso, a Nova Era tem-se infiltrado nas igrejas do Senhor. O crente que se considera espiritualmente poderoso está a um passo de se considerar um “deus”. A Nova Era ensina que a pessoa espiritualmente elevada tem poder para combater o mal. Mas quem estuda e confia na Palavra de Deus sabe que somente Ele tem poder para combater o mal nas regiões celestiais, porque Ele é onipotente, no céu e na terra. E que a nossa idéia de poder não passa de abominável presunção.

 Na Maçonaria vemos que os homens buscam graus de poder. Começam como iniciantes e vão galgando poder e títulos honoríficos, até chegarem ao título máximo, que é o de “Príncipe de Jerusalém”, quando o maçom se considera igual a Jesus Cristo. O contexto carismático é uma espécie de maçonaria com disfarce evangélico. É uma iniciação ao ocultismo, com os seus ensinos de “unção” de poder; de sinais e maravilhas operados pelo Espírito Santo, sob o comando dos membros dessas igrejas.

Batalha Espiritual, ou confrontação direta com as hostes do mal, admite que os demônios devem ficar submissos à nossa vontade, como acontece nos cultos de macumba e candomblé. É verdade que Cristo nos deu autoridade sobre os espíritos imundos, conforme lemos em Marcos 16:17-18: E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão”. Só que esse poder foi outorgado aos Seus onze apóstolos (depois ao apóstolo Paulo) e não a nós. Se os mestres carismáticos se acham investidos dos poderes acima, por que não se aventuram a pegar em serpentes e a beber água poluída ou até veneno, uma vez que se dão ao trabalho de expulsar demônios e falar em outras línguas, além de afirmarem possuir os dons de curar, de profetizar e de terem visões celestiais? Até mesmo os anjos de Deus (e os decaídos) têm poder limitado porque somente Deus tem todo o poder no céu e na terra.

Quando um crente se aventura a penetrar no reino das trevas, achando que pode combater suas hostes, ele está entrando em território inimigo, sem a permissão dos donos, tornando-se presa fácil e incorrendo no perigo de virar churrasco nas mãos dos demônios. Ter poder sobre os maus espíritos não significa ter o poder de confrontá-los diretamente, mas apenas indiretamente, usando o Nome do Senhor Jesus Cristo. E mesmo assim, isto só funciona quando vivemos uma vida de fé e oração,tendo comunhão com Deus através da obediência à Sua Palavra, o que acontece quando vivemos uma vida honesta, conforme a Bíblia ensina, Palavra pela qual somos e seremos julgados no Tribunal de Cristo. Quando vivemos segundo os ensinos bíblicos, embraçamos o escudo da fé e ficamos revestidos da couraça da justiça. Andar com Deus é o segredo de nossa vitória contra o Diabo e seus anjos. Não é usando jargões e palavreado carismático, do tipo: “Tá amarrado!” “Arreda Satanás, em Nome de Jesus”. Isso só funciona quando vivemos dignamente conforme este NOME.

Em parte nenhuma da Bíblia, vamos encontrar Jesus e Seus discípulos confrontando Satanás diretamente, exceto quando Jesus foi confrontado no deserto e respondeu com citações da Palavra. Jesus orou em favor do apóstolo Pedro, porque sabia que ele seria vencido pelo Diabo, no caso da negação. Ele pediu ao Pai que Pedro não desfalecesse na fé, depois desse episódio, conforme Lucas 22:31-32: “Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos”.Jesus iria entregar a Pedro as ovelhas de Israel, do mesmo modo como entregaria os gentios ao apóstolo Paulo, no devido tempo. Deus é muito organizado e faz tudo segundo a Sua vontade soberana. Em resumo, o que diz Efésios 6:11-18?

 “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do Diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça ; ecalçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo  o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação , e aespada do Espírito, que é a palavra de Deus; orando em todo o tempo com toda a  oração e súplica no Espírito , e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos”.


 armadura de Deus é formada quando nos apropriamos da verdade, que é a sua Palavra. Cingir os lombos com a verdade e vestir a couraça da justiça só é possível quando somos salvos pela fé e andamos conforme a verdade, que é Cristo, desprezando as mentiras do Diabo, que nos promete maravilhas, a fim de nos levar para o seu reino de trevas. Calçar os pés na preparação do evangelho da paz só é possível quando estudamos e nos concentramos em obedecer à Palavra Santa, a fim de podermos transmitir nosso conhecimento do evangelho aos incrédulos. Como “a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Romanos 10:17), cada cristão tem obrigação de pregar o evangelho da paz e quando cumpre essa obrigação já está lutando contra as forças espirituais do mal nas regiões celestes. O escudo da fé é o que usamos, quando o Espírito Santo, através da Palavra que Ele mesmo inspirou, no-lo disponibiliza. Além de usar o escudo da fé, devemos orar no Espírito, conservando nossa mente em perfeita comunhão com o Senhor. A couraça da justiça nós vestimos quando nossa fé em Cristo é firme, a ponto de só desejarmos o bem que a Sua justiça nos comunica, almejando ser dignos no procedimento. O capacete da salvação é usado quando a nossa mente, repleta das verdades bíblicas, faz com que só nos contentemos em fazer o bem, segundo o Espírito nos comanda.

 Usemos toda a armadura de Deus, o Qual nos convoca a uma vida de consagração, obediência e comunhão, empunhando a Espada do Espírito, vestindo a couraça da justiça e calçando o evangelho da paz, porque isso nos possibilita a pregar aos incrédulos, ganhando-os para Cristo e, ao mesmo tempo, edificando os que já são crentes no Senhor.


 Lutar contra as forças espirituais do mal só é possível quando nos entregamos ao Senhor, de todo o nosso coração, sabendo que nada somos e nada podemos sem Ele (João 15:5) e 
“somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.” (Romanos 8:37).

 


Trabalho inspirado no capítulo 4 do livro "Spiritual Warfare”, do Pr. 
Eric Gondwe - Email: Gondwe@post. Harvard.edu

Mary Schultze, 23/10/2008 - www.cpr.org.br/Mary.htm 








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