Cessacionismo: provando que dons carismáticos cessaram




Por Dr. Peter Masters


As profecias pentecostais de hoje são verdadeiramente inspiradas pelo Espírito Santo, ou os dons cessaram? As pessoas estão realmente falando em línguas? O Cessacionismo pode ser provado? Aqui vamos explorar o que a Palavra de Deus revela.


A Bíblia ensina definitivamente que os dons carismáticos cessaram? Pode o Cessacionismo (a visão de que eles tiveram um fim) ser provado? Alguns dizem que o Cessacionismo não pode ser provado conclusivamente a partir das Escrituras. Acreditamos, porém, que a cessação da revelação e os dons dos sinais no tempo dos apóstolos é muito claramente ensinada na Palavra de Deus, tão claramente, de fato, que o ponto de vista oposto apareceu seriamente somente nos últimos 100 anos ou aproximadamente.


O termo Cessacionismo vem das grandes Confissões de Fé do século XVII, tais como as Confissões de Westminster e Batista. Estas duas usam a mesma palavra. Falando sobre como Deus revelou a Sua vontade e concluiu as Escrituras, as Confissões dizem: “aqueles antigos modos de Deus revelar a Sua vontade ao Seu povo agora cessaram” [Cap. I, parágrafo 1]. Esta palavra na verdade não vem da Bíblia, mas a doutrina sim.


Não só a revelação foi concluída e cessou, mas também os sinais desta revelação progressiva. Aqui está um breve resumo das seis provas bíblicas que os dons de revelação cessaram (visões, palavras de conhecimento, palavras da sabedoria e profecias), e também os dons de sinais (curas e falar em línguas). Deus ainda cura, é claro, mas em resposta à oração, e não através das mãos de um curador talentoso.


A passagem controversa de 1 Coríntios 13:8-10 não será usada neste artigo para provar o fim dos dons. Vamos nos referir apenas às passagens que acreditamos ser conclusivas.



1. Nenhum dom carismático ocorreu depois da era dos apóstolos


A primeira prova para o Cessacionismo (fim dos dons de revelação e sinais) é que as curas e maravilhas só poderiam ser feitas por apóstolos, e foram os seus sinais especiais de autenticação. Em 2 Coríntios 12:12, Paulo diz: “Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós com toda a paciência, por sinais, prodígios e maravilhas”.


Havia algumas pessoas na igreja de Corinto que desafiaram o apostolado de Paulo. Para se defender, ele chama a atenção para o seu dom de cura e de operar outros sinais miraculosos, afirmando que somente os apóstolos poderiam fazer essas coisas.


O livro de Atos diz especificamente que curas e maravilhas eram exclusividade dos apóstolos, que agora já não mais existem.


Um apóstolo era alguém que tinha acompanhado o Senhor, e O visto depois da Sua ressurreição, e foi pessoalmente comissionado por Ele. Como testemunha especial da ressurreição, a ele havia sido dado o poder de curar. Ele também era uma pessoa a quem seria mostrada ‘toda a verdade’ pelo Espírito Santo (João 14:26 e 16:13), e que escreveria ou endossaria a Escritura inspirada.


Os crentes precisavam saber quem eram os verdadeiros apóstolos, a fim de respeitar a sua autoridade única. Saberiam eles isto por suas curas e outros sinais. As pessoas que não pertenciam ao grupo dos apóstolos (que incluía dois assistentes nomeados [Estêvão e Filipe]) não poderiam fazer essas coisas. Se eles fossem capazes de fazê-las, então ninguém poderia saber com certeza quem eram verdadeiros apóstolos.


Em Atos 2:43 e 5:12 é novamente deixado claro que todos os milagres eram realizados “pelas mãos dos apóstolos”. Este foi exclusivamente um sinal deles. Além disso, em Hebreus 2:3-4 diz-se que os dons de cura estão firmemente ligados aos apóstolos.


Paulo era um apóstolo, em virtude de ter visto o Senhor ressuscitado, e tendo sido comissionado diretamente por Ele. Sua falta de instrução por Cristo foi compensada pelas revelações especiais e únicas que ele recebeu. Ele afirma que ele era “abortivo” (1 Coríntios 15:8), o que indica que ele foi o único apóstolo que não estava no grupo original e, portanto, o último apóstolo. (Reivindicações modernas para o apostolado não coincidem com as qualificações bíblicas e são impróprias e errôneas).


Quando as pessoas dizem que o Cessacionismo (a cessação dos dons de sinais) não pode ser provado a partir das Escrituras, elas se esquecem de que o livro de Atos diz especificamente que curas e outros milagres eram exclusividade dos apóstolos, que agora já não mais existem.


Quando as igrejas cresceram e se multiplicaram, Pedro foi para a Lida, Jope e, em seguida, operou a famosa cura de Enéas e ressuscitou a Dorcas dos mortos. Comunidades inteiras ficaram admiradas, porque nenhum dos outros crentes em tais locais podiam fazer essas coisas.


Quando um rapaz caiu de uma janela em Trôade, havia apenas uma pessoa presente que poderia ressuscitá-lo, e esta era Paulo. A ideia pentecostal de que as curas eram realizadas por numerosos Cristãos simplesmente não é encontrada no Novo Testamento. Somente os apóstolos são registrados como tendo curado, juntamente com dois assistentes ou delegados apostólicos, Estevão e Filipe, e, possivelmente, Barnabé.


A única vez que alguém fora deste grupo realizou uma cura foi quando o Senhor disse a Ananias para curar Paulo. Não há outra cura além destas na igreja primitiva. A ideia Pentecostal/carismático de que as curas aconteceram constantemente pelos Cristãos em geral não é ensinada na Bíblia. Assim, o registro infalível da Escritura mostra que toda a abordagem pentecostal para a cura é um erro baseado em um mito. O registro mostra que as curas e milagres eram restritos a uma classe de pessoas que já não existe.



2. O propósito temporário das línguas


A segunda prova de que o Cessacionismo pode ser provado a partir das Escrituras (que os dons de sinais cessaram) é acerca do falar em línguas. A afirmação bíblica é que o falar em línguas foi dado por Deus especificamente como um sinal para os Judeus, sinalizando a eles que um novo tempo do Messias havia chegado.


Em 1 Coríntios 14:21-22, Paulo diz: “Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis”.


Em outras palavras, o dom de línguas era uma prova miraculosa para os Judeus que eram resistentes a crer em Cristo, que um novo tempo havia chegado e que uma nova igreja havia sido ordenada. As línguas não eram para o benefício dos Judeus que tinham crido, mas um sinal da promessa e advertência para aqueles que não criam. Elas não foram intencionadas para Gentios, mas, sim, para Judeus.


Paulo citou Isaías 28:11, um capítulo em que Isaías profetiza a vinda de Cristo. Como um sinal para os Judeus, Isaías diz que o povo Judeu será abordado por aqueles com “lábios gaguejantes, e por outra língua”. As línguas dos Gentios os desafiavam, esta era a experiência mais depreciativa para o povo Judeu. Ao mesmo tempo, era um sinal de que a era Messiânica traria Gentios para a igreja, e que o Evangelho seria pregado em outras línguas.


Este seria um sinal de um novo tempo em que Deus derrubaria a bandeira da igreja Judaica, e levantaria a bandeira da igreja Judaico-Gentílica de Jesus Cristo. Os Judeus incrédulos, que resistiam a Cristo e se agarravam às vestes de Moisés, encontrariam a Palavra de Deus sendo pregada a eles em línguas bárbaras e Gentílicas.


Tudo isso aconteceu, começando no dia de Pentecostes. Os Judeus foram devidamente convocados e avisados, mas as línguas não são mencionadas fora dos Atos dos Apóstolos e 1 Coríntios 12-14, mostrando que tinham cumprido a sua finalidade de alertar os Judeus de que um novo tempo havia chegado.


Este anúncio da era da igreja foi realizado enquanto os apóstolos viveram, e então os sinais foram retirados. O que se passa por falar em línguas nos dias hoje não é feito na presença de Judeus incrédulos, e não tem nada a ver com o sinal do Novo Testamento. O sinal de que a era da igreja chegou serviu ao seu propósito, e então cessou.


O Evangelho agora é pregado em praticamente todas as línguas do mundo, e o sinal de que isso iria acontecer há muito cessou. O propósito das línguas (de acordo com o ensinamento de Paulo) foi cumprido, provando sua descontinuação.



3. As línguas eram idiomas reais



A terceira prova do Cessacionismo que acrescenta à segunda, e é esta, a saber, que o dom de línguas reais foi dado no dia de Pentecostes (e por um tempo depois), o que nunca foi visto desde então. Deveria ser óbvio para nós que as línguas milagrosas dos livros de Atos e 1 Coríntios nunca ocorreram desde aqueles dias.


O falar em línguas dos tempos modernos nunca consiste em qualquer idioma humano conhecido, mas apenas em fala desconexa e sem sentido. Nada de maravilhoso acontece. Nos tempos do Novo Testamento, quando o falar em línguas foi concedido pelo Espírito a capacidade de falar em uma linguagem real, que eles nunca haviam aprendido, levava as pessoas que haviam crescido com eles a ficarem admiradas.


O povo Judeu estava presente (como era especificamente um sinal para eles) no dia de Pentecostes; muitos Judeus que viviam em regiões estrangeiras ouviram suas próprias línguas sendo faladas, e atestaram a autenticidade daqueles que falavam. Depois de Pentecostes, o Espírito daria o dom miraculoso de entendimento para intérpretes, para que a autenticidade da linguagem fosse provada. Nada como isso tem sido visto desde os tempos Bíblicos.


Hoje aqueles que defendem o falar em línguas indicam 1 Coríntios 13:1 onde Paulo, falando hipoteticamente, diz que mesmo que ele falasse a língua dos anjos, sem amor, isso nada seria. Desesperadamente à procura de um texto, os mestres pentecostais tomam as palavras de Paulo como uma justificativa para línguas faladas em êxtase, não linguísticas, mas é claro para qualquer pessoa que pensa que este é um grave desvio de interpretação desta passagem.


Ao descrever línguas literais, a Bíblia nos adverte de forma eficaz que esses dons foram retirados. Eles simplesmente não têm acontecido em qualquer momento da história, em qualquer lugar do mundo, desde os primeiros dias da igreja. O que acontece hoje é que as pessoas (que podem ser cristãos sinceros), em seu desejo de fazer o que os seus líderes insistem que é certo, procuram pronunciar palavra fora das regras comuns da linguagem. No entanto, eles não falam línguas reais, nem mesmo entendem o que estão dizendo.


O Cessacionismo é claramente ensinado nas Escrituras, em virtude do fato de que a descrição muito precisa de línguas reais dadas na Escritura não pode ser aplicada a qualquer coisa que tenha acontecido desde então.[1]


Desde os tempos Bíblicos, tivemos eventos gloriosos de reformação e poderosos avivamentos, quando o Espírito de Deus tem Se agradado de operar com um poder excepcional. No entanto, não temos nenhum conhecimento ou registro da alegação de alguém falando uma linguagem real que nunca houvesse antes aprendido. Esta é uma prova incontestável de que o dom de línguas bíblicas cessou.



4. Sem instruções para nomear profetas


A quarta prova para o Cessacionismo é esta: não há instruções do Novo Testamento sobre a nomeação de apóstolos, profetas, curandeiros ou qualquer outra coisa do tipo. Esta é uma questão de enorme importância, porque Deus deu um padrão detalhado para a igreja no Novo Testamento. É verdade que alguns Cristãos não acreditam que a Bíblia fornece um modelo para a igreja, mas a maioria das pessoas que são das [igrejas] batistas, crendo na Bíblia, estão persuadidos de que a Bíblia fornece um padrão detalhado para a igreja no Novo Testamento.

O apóstolo Paulo nos manda repetidamente ser os mais cuidadosos imitadores juntamente com ele na organização de nossas igrejas e de nossa conduta, e as epístolas pastorais definem como devemos nos comportar e qual é o funcionamento da igreja de Deus. Nós estamos dando o padrão preciso para a Igreja de todos os tempos.


Nós desobedecemos ao padrão perfeito de Deus se fazemos nomeações na igreja que ele não prescreveu nem comandou.


Temos instruções muito cuidadosamente definidas, como selecionar pregadores e ordenar os presbíteros e diáconos, mas não há instruções sobre a nomeação de apóstolos (porque eles não deviam ser perpetuados), ou sobre como reconhecer ou credenciar um profeta (porque os dons de revelação cessaram com a conclusão da Bíblia). Nem há instruções sobre a nomeação curandeiros.


Este não é apenas um argumento do silêncio, mas uma prova de que esses ofícios e funções não deveriam continuar. As instruções para todas as questões de organização da igreja são completas, detalhadas e suficientes para a igreja até que Cristo volte. Nós desobedecemos o padrão perfeito de Deus se fizermos nomeações na igreja que Ele não tenha prescrito e ordenado. Nós desobedecemos a Escritura.


Como pode ser dito que não há nenhuma prova bíblica de que os dons cessaram, quando o padrão para a igreja não dá instruções para a continuação dos porta-vozes inspirados e nem para os operadores de sinais? Esta é uma prova conclusiva de Cessacionismo – a menos que não nos apeguemos à suficiência das Escrituras, e nem acreditemos que Deus nos deu um padrão para a Sua igreja.



5. A revelação já está concluída


A quinta prova a favor do Cessacionismo é que a Bíblia ensina claramente que a Revelação está completa. Não pode haver nova revelação após o tempo dos apóstolos. Nós já observamos que em João 14:26 e João 16:13 o Senhor Jesus Cristo diz duas vezes aos discípulos que o Espírito Santo, quando viesse os conduziria a toda a verdade.


Eles seriam os autores dos livros do Novo Testamento, e os autenticadores da inspiração do Novo Testamento e não de suas próprias canetas. Logo toda a verdade seria revelada, e após a era apostólica, não haveria mais a revelação das Escrituras. A Palavra seria completada.


Como estamos felizes com isso! Em que estado estaríamos se as pessoas pudessem aparecer aqui, ali e em toda parte (como fazem no mundo pentecostal) dando-nos novas revelações? Quem saberia o que era certo e o que era verdade? Mas a Escritura é o critério final para tudo, sendo completa e perfeita, suficiente e confiável.


Judas foi capaz de falar sobre a fé que “uma vez foi dada aos santos” [Judas 1:3]. Sua carta foi escrita, possivelmente, 25 anos antes do último livro da Bíblia, mas tarde o suficiente para que todas as principais doutrinas e instruções da igreja já houvessem sido reveladas. Nesta fase final da revelação, ele fala da fé que uma vez foi dada, ou melhor, de uma vez por todas foi entregue. É praticamente completa; logo (do ponto de vista de Judas) não haverá mais revelação.


Os versos finais da Bíblia advertem que nada deve ser acrescentado ou retirado das palavras do livro do Apocalipse, mas isso se aplica claramente a toda a Bíblia, e não somente ao último livro. Sabemos disso porque a advertência ecoa perto daquela dada por Moisés no primeiro livro da Bíblia (os cinco primeiros livros eram originalmente um só livro), a saber, Deuteronômio 4:2: “Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos mando” (Estas palavras são repetidas por Moisés em Deuteronômio 12.32).


A conclusão da revelação também é comprovada pelo fato de que os apóstolos e profetas são descritos como pertencentes ao período de fundação da igreja.

Em Efésios 2:20 a igreja é descrita como sendo: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas [ou seja – profetas do Novo Testamento], de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”. Uma fundação é algo completo e estável, enquanto que o edifício continua a ser construído.

E sobre a profecia de Joel, citada por Pedro no dia de Pentecostes, dizendo que quando o Espírito fosse derramado, todos os crentes, homens, mulheres, velhos e jovens profetizarão? Não está implícito que isso continuaria, literalmente, até a volta do Senhor? Não, porque a nossa compreensão desta profecia deve concordar com o ensino intocável da Bíblia de que a revelação foi concluída, e então cessou.


Esta revelação está concluída (especialmente o Evangelho), que será o testemunho dos crentes de todas as eras, homens e mulheres, através de todo o mundo, até o fim. Os crentes continuarão a ter visões e sonhos no sentido de que eles recebem, meditam e proclamar as “visões e sonhos” infalíveis dados a eles na Bíblia. Eles não irão “profetizar”, no sentido de receber uma nova revelação. Eles também terão sonhos dos planos e conquistas do Evangelho. Neste sentido, a profecia de Joel ainda está sendo cumprida.


As manifestações extraordinárias, como línguas haviam claramente desaparecido no momento em que Pedro escreveu suas duas epístolas, pois ele não dá nenhum indício de que estas características do cenário primitivo ainda estavam em operação.


Posto que a revelação foi concluída no tempo dos apóstolos, vemos que a tarefa dos apóstolos e dos profetas terminou. E se os dons de revelação cessaram, então cessaram também os sinais de autenticação dos escritores inspirados. Lembramo-nos como Paulo disse: “Os sinais do meu apostolado foram manifestados entre vós... por sinais, prodígios e maravilhas” (2 Coríntios 12:12).


Como pode ser dito que não há nenhuma prova bíblica para o Cessacionismo quando a Escritura diz enfaticamente que toda a revelação foi completada, como uma fundação, no início da era da igreja?



6. As Escrituras testemunham o fim dos dons de sinais e revelações


A sexta prova para o Cessacionismo é que a Escritura mostra que eles estavam no processo de serem retirados naquele mesmo tempo. Paulo, por exemplo, que possuía poder apostólico para fazer sinais, maravilhas e milagres, não poderia, no curso do tempo, curar a Timóteo, Trófimo ou Epafrodito.

Vemos também a retirada dos dons de cura em Tiago 5, onde Tiago dá instruções sobre como orar pelos enfermos, e como os anciãos devem impor as mãos sobre o acamado. É evidente nesta passagem que não há dom de cura em vista, apenas anciãos, que oram.


A unção é mencionada, mas o termo grego para unção religiosa não é utilizado. O grego usa uma palavra muito prática que significa “esfregar com óleo”, mais como um remédio para escaras. Tiago efetivamente diz: “Não possuam uma mentalidade tão celestial a ponto de não fazerem uso das coisas naturais, mas levem algum alívio físico para a pessoa que sofre”.

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O que mais importa é a oração. É certo nas instruções de Tiago que nenhum dom de cura é invocado para operar a cura, ou para dar um toque de cura. A imposição das mãos dos presbíteros comuns é um ato simbólico, comunicando o amor, o cuidado e responsabilidade da igreja.

A passagem de Tiago contém quatro exortações para orar, e segue o seu ensinamento de que devemos dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. Podemos e devemos orar pela cura, mas pode ser a vontade de Deus que um doente deva testemunhar da graça de Deus através de sua doença.


O ponto principal para nós neste artigo é que não há ninguém que possua o poder pessoal para curar em Tiago 5. A cura é feita por Deus em resposta à oração. A postura permanente em que a igreja é vista é orando pela cura, lembrando que alguns são chamados a viver como “um exemplo de sofrimento e paciência” (Tiago 5:10).


O fato de que Tiago não menciona dons de curas mostra inequivocamente que a posse dos poderes de cura foi retirada muito cedo, ainda no curso da era apostólica.


Será que um leitor neutro admite que os dons bíblicos eram para todos os tempos?


Tem sido sugerido que, se um novo convertido sem nenhuma experiência da vida da igreja fosse confinado em uma sala com uma Bíblia, que nunca ocorreria a essa pessoa que os dons carismáticos haviam cessado. Contudo, o oposto é verdadeiro. Há muitas pessoas (sabemos de alguns) que vêm de outras religiões que se converteram a Cristo pela leitura da Bíblia em privado, e, posteriormente, começam a frequentar alguma igreja. A partir da Bíblia somente, eles não receberam nenhuma expectativa de uma cena pentecostal. Com muito mais frequência – cada vez mais, à medida que o tempo passa – os fiéis deixam igrejas pentecostais tendo percebido que o que ocorre lá não é o que encontramos na Bíblia.


Ao ler Atos cuidadosamente, eles descobrem que apenas o grupo apostólico operava curas, e sentem que foram enganados pela noção Pentecostal-carismática que muitas pessoas conceberam.


Alguns se perguntam qual era o significado original ou propósito das línguas, e quando eles aprendem com Paulo que era especificamente para os Judeus, eles novamente se sentem enganados por seus mestres.


Eles também se sentem mal ensinados quando se torna evidente que as línguas eram idiomas reais, algo muito mais milagroso do que sons incompreensíveis.


Então, assim que estes crentes apreciam a importância do padrão bíblico para a igreja, esta questão às vezes surge em suas mentes: “Onde estão as instruções da Bíblia para nomear apóstolos, profetas e curadores hoje em dia?” Eles percebem não há nenhuma, e tornam-se ainda mais críticos em relação ao ensino que receberam.


Então, a questão da autoridade e suficiência das Escrituras é introduzida, e então passam a pensar: “A revelação não está completa? Como, então, as profecias modernas podem ser válidas e inspiradas?” Torna-se óbvio que todas as profecias com “autoridade” que foram ouvidas são um grande erro e um engano.


Muitos crentes pensantes veem por si mesmos que para os pentecostais a Escritura é secundária em importância em relação à imaginação humana e às experiências misteriosas.


Por fim, quanto mais esses amigos estudam a Palavra, mais eles veem a evidência de que os sinais desapareceram logo após a sua espetacular manifestação inicial.


Nada disso significa que o Senhor não leva Seu povo a lembrar dos seus deveres ou verdades, ou os leva a fazer certas coisas, ou os avisa de perigos iminentes. Estas são sugestões Divinas, e não revelações ou dons.


Na história da igreja, há casos de pessoas que tinham uma intimação de Deus sobre algum evento ou pessoa ameaçadora, mas estes nunca são revelações de doutrina. Encontramos essas coisas em tempos de perseguição severa. Por exemplo, em Perestroika na Rússia, temos ouvido falar de casos muito credíveis quando os servos de Deus foram maravilhosamente libertos da prisão, porque o Senhor deu impressões a alguém para que ele não fosse a determinado lugar; e foi descoberto mais tarde que uma emboscada da polícia KGB estava à espera para eles. No entanto, a ninguém que se beneficiou de tais impressões foi dado um dom regular, e certamente esta não é uma revelação autoritativa de verdade doutrinária. Deus pode fazer todos os tipos de coisas para livrar e abençoar o Seu povo, mas isso não é de forma alguma o reaparecimento de dons apostólicos ou proféticos sendo concedidos a indivíduos nos dias de hoje.


O dano do ensino pentecostal


Muitos pentecostais estão começando a ver a enorme disparidade entre a Bíblia e o que lhes foi ensinado. Tais céticos são frequentemente incomodados pelo fato de que um grande número de Papistas, que dependem de Maria, da Missa, e das obras para a salvação, também são capazes de falar em línguas e de profetizar. Muitos também adoram exatamente da mesma forma que os Protestantes pentecostais.


Pentecostais duvidosos também podem ouvir que os cultos não-Cristãos também falam em línguas. Você não precisa ser um Cristão salvo para falar as línguas do estilo pentecostal, porque este não é um verdadeiro dom do Espírito Santo.


Há muitos cristãos sinceros no movimento Pentecostal, mas acreditamos que a tentativa de reviver os dons de revelações e sinais é um erro muito prejudicial. Podemos ver os danos no surgimento de grandes ramos deste movimento no quais o Evangelho tem praticamente desaparecido, enterrado sob extravagâncias anti-bíblicas.


Há grandes grupos pentecostais que agora negam a substituição penal de Cristo, e alguns até negam a Trindade. (Um dos mais famosos pregadores e autores carismáticos do mundo nega a doutrina da Trindade).


A música mundana do estilo de entretenimento domina igrejas pentecostais, mesmo a música do tipo mais extremo e sem Deus. As palhaçadas teatrais de líderes pentecostais buscadores-de-dinheiro podem ser vistas a qualquer momento na televisão religiosa e a heresia do evangelho-da-prosperidade está aparentemente em todos os lugares.


Numerosos charlatães e trapaceiros arrebataram muitos seguidores, levando suas supostas ‘curas’ para locais de todo o mundo. Mesmo técnicas circenses de leitura da sorte estão sendo apresentadas como maravilhas espirituais, em igrejas que uma vez já foram respeitáveis.


A poderosa corrente que constantemente afastas as massas pentecostais mais e mais da Bíblia é evidência de um erro fundamental e grave, ou seja, a ideia de que os dons de sinas e de revelação são para todos os tempos. Pois experimentá-los hoje envolve um duplo erro: em primeiro lugar, a redução dos dons para algo não-milagroso (por exemplo: transformar línguas reais em declarações não linguísticas); e em segundo lugar, o rebaixamento da Escritura, que deve se curvar às experiências imaginárias de sonhos, visões, “palavras do Senhor” e revelações similares. Há dano feito também para os Cristãos individuais, cuja fé é muito desviada do Senhor e da Sua Palavra, para fenômenos e sensações.


Nós sinceramente oramos para que Deus liberte aqueles que são Seus verdadeiros filhos do crescente mal deste desvio descontroladamente errôneo da Escritura. É perfeitamente possível provar que o Cessacionismo é uma verdade Bíblica.


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Nota:
[1] Os inautênticos falantes de línguas de hoje nem sequer tentam seguir as regras da Bíblia para o exercício do dom daqueles dias, a saber, que não mais de dois ou três, no máximo, deveriam falar em qualquer serviço [de culto] (1 Coríntios 14.27).

- As citações bíblicas desta tradução são da versão ACF (Almeida Corrigida e Fiel).

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Fonte: Metropolitan Tabernacle 

Tradução: William Teixeira
Revisão: Camila Almeida

 



Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.