D. Mariquinha foi ao “Encontro”.
Mary
Schultze
E-mail
maryschultze@uol.com.br
D. Mariquinha, uma
senhora aposentada de 60 anos, com ótimo embasamento intelectual e teológico,
alistou-se entre as ovelhas que seguiam para o “encontro” (uma espécie de
matadouro psicológico), achando que iam em busca de um ilimitado “poder
espiritual”.
Em sua igreja houve um tremendo
“lobby” em favor desse “encontro”. O pastor queria encher a igreja, de qualquer
maneira, e os promotores haviam lhe prometido que se ele se tornasse um
“semeador de sonhos” sua Igreja passaria de 200 para 2.000 membros, em poucos
meses. Afinal de contas, dizia o promotor do tal encontro, seu carro tem 10
anos de uso e o irmão, com a igreja lotada, poderá “ceifar” um “Mercedes Benz
300” rapidamente, porque Jesus “veio para dar vida em abundância, através da fé
que transforma os sonhos em realidade” e nesse “encontro” recebe-se o
passaporte para a dimensão espiritual do “Rhema” onde todo sonho logo se
materializa.
D. Mariquinha foi e as coisas
aconteceram mais ou menos assim:
1.
Viagem
de ônibus lotado, com todos os participantes em clima de euforia, quase
idêntica àquela dos torcedores do Flamengo, em dia de “Fla-Flu”.
2.
Palestra
ministrada por um preletor já “condicionado” em “encontros” anteriores e
habilitado para agir “com mais poder do que o próprio Cristo”, ensinando como
todos os que ali se encontram poderão receber também esse poder “he-man-ista”.
Exatamente como Jacó recebeu na ida e na volta de Harã, lutando com o Anjo de
Deus e vencendo, porque uma perna coxa era o mínimo, comparado à “fartura espiritual” recebida no vau do
Jaboque.
3.
D.
Mariquinha recebeu a promessa de que ao participar do “encontro” estava se
capacitando a ser “um guia de multidões”.
Todos os que ali estavam iriam ficar libertos da cegueira espiritual,
distanciando-se das coisas terrenas e voando para o alto.
4.
Lá
pela quinta palestra do “encontro”, D. Mariquinha foi induzida a fazer
“regressão espiritual” e, em seguida,
“visualização”, o que ela fez de mentirinha, para não chamar a atenção
dos “espias do encontro”, que ali se postavam, a fim de observar se havia algum
mágico rebelde (tipo Janes e Jambres) no meio dos participantes.
5.
D.
Mariquinha teve de confessar todos os pecados a um hippie, ali presente. Só que
ela contou umas faltinhas bobas, porque seus pecados ela confessava mesmo era a
Deus, diariamente, antes de se deitar, e depois de ler a sua amada Bíblia
“Fiel” ao “Textus Receptus”, uma tradução da King James, que é a melhor de
todas. Quando o preletor veio ungi-la com “óleo santo”, ela sentiu um tremendo
cheiro de azeite de oliva e, como é perita em cosmetologia, pensou: “se pelo
menos eles tivessem usado uma boa fragrância de rosa oriental combinada com
lavanda suíça, que juntas dão um cheiro de manga rosa brasileira, seria bem
melhor do que esse ranço de salada... Mas isso custa caro!”
6.
Agora
era a vez de “visualizar” a vida de Jesus. D. Mariquinha, que fora católica por
mais de 40 anos, viu logo que aquilo era uma cópia exata das “vias sacras”, que
era obrigada a fazer, antigamente, sendo que na semana santa tinha de fazer
todo dia, a fim de receber indulgências e se livrar das penas do purgatório.
Ela pensou: “Enquanto o Pe. Marcelo copia os evangélicos neo-pentecostais no
rebolado, os neo-pentecostais copiam o catolicismo nas doutrinas mitológicas e
no ocultismo de Loyola”.
7.
Quando
chegou a hora de queimar, na imaginária fogueira, todos os símbolos de Nova
Era, ela pensou: “ora bolas, isso aqui é um legítimo encontro novaerense.
Então, como eles podem mandar queimar os seus próprios símbolos?... Isso é casa
dividida!”
8.
Na
hora de receber o “batismo no Espírito Santo”, D. Mariquinha, sabendo que já o
recebera ao aceitar Cristo como Salvador e Senhor de sua vida, não conseguiu
falar em línguas estranhas, mesmo porque não lhe interessava virar poliglota
depois de velha! Quando o preletor deu-lhe um suave empurrão na testa, nossa
velhinha rebelde caiu “de mentirinha”, de costas, e ficou atenta, esperando o
“filme” acontecer.
9.
Mais
tarde, quando ia andando pelo jardim do casarão usado para o “encontro”, ela
viu um garoto com olhos esgazeados, gesticulando, gritando, se torcendo e
repetindo o tempo inteiro: “o encontro é
tremendo! Eu quero é Deus!”. Esse garoto fora sem dúvida condicionado pelos preletores, através de tantos chavões
repetidos paulatinamente, de tantos “efeitos especiais” de luzes, cânticos e
trechos bíblicos fora do contexto, usados para indução dos participantes. Ela pensou: ”Meu Deus, isso é apostasia
berrante!”
10.
Agora
chegara a hora do culto final, na
igreja ali perto. Todos cantavam, batiam palmas, dançavam, gesticulavam,
se “desvairavam” em nome de Jesus, exatamente como foliões em desfiles de
carnaval. As duas frases mais enfatizadas nesse encontro foram: “obedecer cegamente” (aos guias) e “não
falar sobre as suas particularidades com estranhos”, mesmo porque se as
“novidades” forem divulgadas os organizadores/semeadores de sonhos não poderão
encher suas igrejas e, consequentemente, os seus bolsos.
11.
Saindo
dali, quase todos se transformarão em “harekrishnas” evangélicos, sentindo-se
na obrigação de promover o “encontro”.
12.
Quem lê, estuda e pesquisa a Palavra de Deus não cai em armadilhas desse tipo.
Esse movimento, conforme citação de um líder evangélico psicanalista, muito
conceituado, é uma espécie de ressurreição da “Igreja do Povo”, de Jim Jones. E
todos devem se lembrar, ainda, do que aconteceu com as centenas de robôs
espirituais desse falso profeta, na famigerada tragédia da Guiana. Ah! logo
depois, D. Mariquinha foi excluída de sua igreja por não ter apreciado o
“encontro”...
O pior é que, só de escrever sobre esse “encontro”, que tanto enfatiza o número 12, eu já estou ficando “duziomaníaca”!
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.