LÍNGUAS FORAM UM SINAL PARA ISRAEL DESCRENTE


David Cloud

 






O que segue foi extraído do livro “
THE PENTECOSTAL CHARISMATIC MOVEMENTS” (OS MOVIMENTOS CARISMÁTICOS PENTECOSTAIS) por David Cloud

Uma verdade fundamental sobre as línguas bíblicas é que foram essencialmente um sinal para Israel que Deus estava entendendo o evangelho a todas as nações. Paulo deixou isto claro em suas instruções à igreja de Corinto:
 

“20  Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento. 21 ¶  Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor. 22  De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis; e a profecia não é sinal para os infiéis, mas para os fiéis.” (1Co 14:20-22 ACF)
 
 Os coríntios estavam abusando dos dons espirituais e estavam especialmente enamorados das línguas. Como crianças espirituais (1 Cor. 3:1), eles estavam “se exibindo” uns aos outros. Paulo lhes diz para pararem de ser crianças e serem homens, entendendo o verdadeiro propósito das línguas. Elas eram um cumprimento da profecia em Isaías 28: 11-12 dirigida aos judeus.

 “Pelo que, por lábios gaguejantes e por língua estranha falará o Senhor, a este povo, ao qual ele disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; mas não quiseram ouvir” (Is.28: 11-12)
 
As línguas ou linguagens miraculosas eram um sinal aos judeus descrentes [isto é, judeus perdidos que não creram nem receberam Jesus como o prometido Messias, o Cristo, o Salvador- Senhor- Deus deles; e judeus que creram e foram salvos, mas que não criam que Deus salvaria gentios e os uniria a eles formando uma nova coisa completamente distinta de Israel, isto é, edificaria milhares de igrejas locais, onde ex-judeus e ex-gentios deixariam para trás o que foram e passariam a ser “simplesmente” cristãos, todos iguais]. Eram um sinal que Deus estava falando a todas as nações e chamando todos os homens a um novo corpo spiritual composto de judeus e gentios. “Este povo” se refere à nação judaica a quem o profeta Isaías estava falando.

Cada vez que vemos o dom de línguas exercido no livro de Atos vemos que os judeus estavam presentes (Atos 2:6-11; 10:46; 19:6). No dia de Pentecostes e em Atos 19 eram os próprios judeus quem falavam em línguas.

“6  E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. 7  E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando? 8  Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos? 9  Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia, 10  E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, 11  Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.” (At 2:6-11 ACF)

 “Porque os ouviam falar línguas, e magnificar a Deus.” (At 10:46 ACF) a
Aqui, judeus salvos que tinham acompanhado Paulo, surpreenderam-se pelo fato de Cornélio e seus parentes, gentios, que haviam crido e sido salvos, miraculosamente falaram idiomas de outras nações, sem nunca os ter estudado.
 
“E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam.” (At 19:6 ACF)

Aqui, Apolo encontrou judeus (de nascimento ou prosélitos) em Éfeso, que tinham viajado para Israel e sido batizados por João Batista, tinham crido nele, tornaram-se discípulos dele, mas ainda esperavam pelo Messias, não sabiam de Jesus. Apolo pregou o evangelho, eles foram salvos e miraculosamente falaram idiomas de outras nações, sem nunca os ter estudado. Falaram diante deles mesmos, judeus (de nascimento ou prosélitos)

Fernand Legrand, um antigo Pentecostal, faz a seguinte observação importante: 

 
“15  Os quais também mataram o SENHOR Jesus e os seus próprios profetas, e nos têm perseguido; e não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens, 16  E nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim.” (1Ts 2:15-16 ACF)
 
... A ideia de serem transformados unidos em um só corpo com os estrangeiros era mais do que os judeus do primeiro século podiam aguentar. Só o pensar nisso era suficiente para queimar o atavismo hebraico. E ainda era a primeira coisa que tinham que entender e finalmente admitir. Assim Deus lhes deu o melhor sinal possível para fazê-los entender o que eles não podiam ou não iriam acreditar; MIRACULOSAMENTE ELE FEZ OS JUDEUS FALAREM NAS LÍNGUAS DOS ESTRANGEIROS. FAZENDO-O, DEUS FEZ OS JUDEUS ORAREM NESSAS LÍNGUAS PAGÃS…

“Uma simples mas atenta leitura da Bíblia revela o cenário da feroz oposição judaica a tudo que não fosse especificamente judaico. Vemos Jonas que odeia os homens de Nínive ao ponto de desobedecer a Deus… Em sua frustração ele vai ao ponto de pedir sua própria morte. Se Nínive vive, Jonas tem que morrer! …Este espírito de oposição e descrença só seria reforçado através dos séculos. Os judeus pertencem a Iavé e Iavé a eles, num círculo fechado de intolerância; todos fora desse círculo são amaldiçoados …


“Ousar sugerir que as pessoas com uma língua diferente de sua própria poderiam se beneficiar da bondade de Deus, era arriscar a própria vida. Eles levaram Jesus ao topo de um monte para jogá-Lo lá de cima porque Ele acabara de dizer: ‘muitas viúvas estavam em Israel nos dias de Elias, quando o céu se fechou por três anos e seis meses, quando grande fome se espalhou por toda a terra; mas a nenhuma delas Elias foi enviado, somente a Sarepta, uma cidade de Sidon, a uma mulher viúva.’ Jesus acrescentou, para imensa raiva deles: ‘
E muitos leprosos estavam em Israel em nome de Eliseu , o profeta e nenhum deles foi limpo, a não ser Naamã, o Sírio’ (Lc 4:25-27). Isto era, a seus olhos, mais que suficiente para merecer morrer…

Que narrativa em Atos 22! O prisioneiro Paulo está nos degraus da Fortaleza. Ele faz sinal à multidão com uma mão e pede para falar. Quando se dirige à multidão em hebraico, o silêncio cai sobre a multidão… Mas [quando ele chega a um ponto em sua defesa] no mesmo momento em que ele começa [a dizer], ‘
E disse-me: Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe.’ A frase congelou no ar. Eles ouviram até a palavra gentios (ou nações); e sacudiram poeira no ar, gritando: ‘Tira da terra um tal homem, porque não convém que viva.’ O que os fez explodirem assim? Simplesmente a ideia de que Deus poderia ser Deus de todo homem, de toda língua. Fica mais fácil entender por que falar em línguas é o sinal desta grande verdade e que ‘para essa gente’ era o meio de acesso a isto…
 
“Eles tinham que ser convencidos a abandonar esta descrença e a não mais considerar impuras as pessoas e as linguagens que Deus considerava puros, linguagens puras o bastante para serem faladas pelo Seu Santo Espírito … Este sinal em línguas estrangeiras, como a tripla visão de Pedro, lhes ensinou que a salvação era para ‘quem quer que fosse’, para ‘toda carne’, para ‘toda língua’…


“Mas QUEM na Igreja de hoje composta de pessoas, tribos, nações e linguagens, QUEM ainda precisa ser convencido por um repetido sinal de que o Espírito de Deus é distribuído ao todos os povos, nações, tribos e linguagens?”
(Legrand – All about Speaking in Tongues (Tudo sobre Falar em Línguas), pgs.24-27, 33). 

É impossível se ter uma doutrina correta sobre línguas sem entender que isto era para a nação de Israel, e lhes era um sinal das coisas novas que Deus estava fazendo, que era estender o evangelho a todos os homens e juntar os judeus e gentios em um novo corpo espiritual. 

A necessidade de tal sinal cessou inteiramente no primeiro século. Por volta de 70 DC, Jerusalém foi destruída pelos exércitos romanos liderados por Tito e os judeus foram espalhados pelas nações. Então, os gentios vieram a Jesus em dez milhares e as igrejas gentílicas foram estabelecidas por todo o Império Romano O propósito do dom de línguas como um sinal para a nação de Israel tinha terminado. Israel rejeitou o sinal e foi julgada como o profeta antecipou. 
 
“11  Assim por lábios gaguejantes, e por outra língua, falará a este povo. 12  Ao qual disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; porém não quiseram ouvir. 13  Assim, pois, a palavra do SENHOR lhes será mandamento sobre mandamento, mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e se quebrantem e se enlacem, e sejam presos.” (Is 28:11-13 ACF)
 
Isaias não só profetizou que Deus daria o sinal de línguas a Israel mas também profetizou que Israel rejeitaria e seria julgada, exatamente o que ocorreu.

Em 1 Coríntios 13, Paulo ensinou à igreja de Corintos que o dom de línguas cessaria: 
 
“8 ¶  O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; 9  Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; 10  Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.” (1Co 13:8-10 ACF)
 
 Esta passagem fala sobre os dons revelatórios de profecia, línguas e conhecimento. Não é o próprio conhecimento que cessará; é o dom do conhecimento. Não são as línguas que cessarão; é o dom de línguas.

Quando esses dons cessarão? A passagem indica que eles cessarão em dois estágios. O dom de línguas é tratado separadamente dos dons de profecia e conhecimento. O dom de línguas é mencionado no verso 8 e não é novamente mencionado, enquanto os dons de profecia e conhecimento são mencionados novamente nos versículos 9-10. Acredito que isto ensina que o dom de línguas cessaria por si próprio antes de cessar os outros dois dons. Podemos ver isto o Livro de Atos. A última vez em que vemos as línguas serem faladas está em Atos 19. Naquele momento na história da Igreja não se questionava que Deus estava chamando os gentios através do evangelho. Aquele assunto estava claro como cristal.

Quando um sinal cumpriu seu papel seria tolo continuar com ele. Se eu tivesse que dizer a alguém que vai me encontrar no aeroporto que ele me conhecerá porque estarei usando um chapéu vermelho, o chapéu vermelho é o sinal. Quando nos encontramos e ele me reconheceu pelo sinal do chapéu, a necessidade do sinal cessa. Usar um chapéu vermelho pelo resto de minha vida é tolice.
 

Assim, o dom de línguas cessou até mesmo antes dos eventos registrados na conclusão do Livro de Atos, mas os dons da profecia e conhecimento continuaram a operar até que “aquilo que é perfeito venha”, que seria o cânon completo das Escrituras. 2 Timóteo 3: 16-17 diz que as Escrituras são capazes de fazer com que “o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”
” Os dons da profecia e do conhecimento foram usados pelos profetas e apóstolos para completar as Escrituras e então eles sumiram. O último livro das Escrituras  a ser escrito foi o Apocalipse. João o escreveu em idade muito avançada em torno de 96 dC na Ilha de Patmos e o concluiu com uma advertência solene de Deus para não se acrescentar ou retirar nada das “
palavras da profecia deste livro” (Ap 22:18-19). Isto se aplica não apenas ao próprio livro do Apocalipse mas também a todo o Livro do qual Apocalipse forma o capítulo final.

Esta doutrina bíblica clara sobre as línguas refuta sozinha todo o moderno falar em línguas. Quando os alunos da Escola Bíblica Charles Parham começaram a falar em “línguas” em 1901 ou quando as línguas surgiram na Rua Azuza em 1906, os judeus estavam presentes? Se os judeus estavam presentes, de que modo a fala em línguas teria sido um sinal de que Deus estava estendendo o evangelho a todas as nações e criando um novo livro através do Evangelho?
Aquele sinal já tinha sido dado há 1900 anos. De que modo aquele sinal não foi completado inteiramente no primeiro século? Estas são as questões difíceis que todo pentecostal e carismático deve responder. Se alguém ainda replicasse que os judeus ainda precisam do sinal de línguas, perguntaríamos: “porque, então os movimentos pentecostais-carismáticos ignoraram quase inteiramente este aspecto das línguas?” Parham em Topeka e Seymorur em Los Angeles não buscaram as línguas como um sinal para Israel mas como sinal do “batismo pelo Espírito Santo”. O mesmo é verdadeiro para as Assembleias de Deus, e a Igreja de Deus da Profecia, e as Igrejas Pentecostais do Evangelho Quadrangular, e outras que você mencione.

“Alguém, depois de ler meu livro, me disse: ‘Para você tudo se resume a ser um sinal’. Claro que sim! Tome, por exemplo, uma placa de estrada com uma seta e letras sinalizando uma direção para uma cidade. Você pode discutir sobre o comprimento da placa, sua altura, sua forma, a cor, a fosforescência e o tamanho de suas letras, mas independente da precisão de seus comentários, é impossível negar o fato de seu propósito único e último é ser uma placa de estrada com setas e letras sinalizando direção a ser tomada. E assim é com o falar línguas. De todos os modos e ângulos que você possa olhar para ele, o Espírito Santo disse que isto foi um SINAL para Israel incrédula. Nessa questão e em outras pode-se ver que as regras do jogo não estão sendo seguidas (Fernand Legrand – Tudo sobre Falar em Línguas, p. 67).
 
Autor: David Cloud

Tradução: “
JEANNE RANGEL”  < jeannerangel@yahoo.com.br > (minha profissão é traduzir do inglês para o português, e vice-versa)


 


 

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