Dr. Aníbal Pereira Reis(ex-padre)
Verificamos a origem, as
convicções e os propósitos dos católicos carismáticos. Notamos a aprovação e os
aplausos que lhes votam os pentecostalistas e pentecostalizados.
Neste capítulo quero demonstrar porque o pentecostalismo é seita católica e
isto explica a sua afinidade com os católicos carismáticos.
Mas como? Até o presente sempre o admitira entre as Denominações Evangélicas!
Companheiro leitor, vamos refletir com o cérebro, órgão da inteligência.
Nosso corpo se triparte em cabeça, tronco e membros e funciona com diversos
órgãos. Cada qual com a sua específica atribuição. Os pulmões são os órgãos da
respiração. Os intestinos, da digestão. Da circulação sangüínea é o coração. E por
aí vai... O cérebro e o órgão da inteligência.
Dizem lá os entendidos... Suponho terem eles toda a razão... Razão por mim
constatada! O órgão quando sem uso ou sem exercício atrofia-se. Já vi as pernas
definhadas do paralítico.
Atrofia-se o cérebro se o deixarmos de usar. Verifico mesmo ser o cérebro o
órgão mais extenuado e definhado. A falta de seu conveniente e constante uso
porque raras, raríssimas, são as pessoas que pensam. A inteligência é a
faculdade mais nobre do ser humano e é a menos usada. Muitos dão mais valor as
unhas ou ao estômago. Aquelas cuidam na manicure e as pintam com as cores mais
lindas. A este empanturram com as mais requintadas iguarias. Ao cérebro não
dedicam nem a leitura de uma linha sequer no mês para nutri-lo com um pensamento
mais elevado.
Apesar de a nossa massa encefálica estar um tanto ou muito embotada pelo longo
não-uso, façamos um esforço, companheiro leitor, no sentido de desemperrá-la.
Os que a tiverem atrofiada ou desistirão desta leitura se já não a mandaram as
favas, ou não entenderão o argumento ou raciocínio. E continuarão a admitir a
falsa inclusão dos pentecostalistas entre os evangélicos.
É fato de fácil averiguação. O CATOLICISMO se reparte em inúmeras seitas. Das
muitíssimas menciono algumas: a católica romana ou vaticana, a católica
brasileira, a católica argentina, a católica japonesa, a dos velhos católicos,
a grega ortodoxa, a anglicana, a católica unida, a católica restaurada, a
ortodoxa russa. E tantas outras. Também o PENTECOSTALISMO.
Apresento os indiscutíveis e irrecusáveis argumentos de ser o PENTECOSTALISMO
SEITA CATÓLICA. Exibo-os em numero de OITO!
PRIMEIRO - O pentecostalismo nega a perseverança eterna dos salvos. Em outras
palavras: supõe a possibilidade de o crente, se praticar determinados pecados,
perder a salvação. Ora, esse ensino é católico. Se o postulado, da perseverança
eterna dos salvos é da própria essência do Evangelho, o do risco da perda da
salvação é ensino básico da teologia católica. Ao contrário do catolicismo, em
todas as suas ramificações também a pentecostalista, as Sagradas Escrituras
ensinam, e com insistência, que a salvação do crente evangélico é eterna.
Eterna, e evidente, sem quaisquer possibilidades de se perdê-la. ETERNA mesmo!
É, de resto, a mais Gloriosa Promessa de nosso Senhor Jesus Cristo por muitas
vezes repetida, consubstanciada em Jo. 10:28-29: "E dou-lhes a Vida
Eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da Minha Mão. Meu Pai,
que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da Mão de Meu
Pai". Dentre os livros de minha autoria há um deles, O CRENTE PODE PERDER
A SALVAÇÃO?, de mais de 300 páginas consagradas a exaltar a Misericórdia do
Salvador que dá a Salvação Eterna ao crente nEle e nela indefectivelmente Ele o
sustenta apesar das muitas e constantes fraquezas e infidelidades do salvo. Já
tenho observado. Todo o crente evangélico que se torna "renovado"
passa a viver o tormento do medo de se perder. Busca a chamada "segunda
bênção" e se torna inseguro quanto à primeira. O desprezo deles contra
essa Promessa de Jesus é tanto que, em resultado de negá-la, dizem é um assunto
secundário. O pentecostalismo a semelhança do catolicismo, de que é uma seita,
engendra sofismas sobre sofismas com o emprego, desonesto de certas passagens bíblicas
na tentativa de negar a perseverança dos salvos. Dessa forma recusam os
pronunciamentos claros e categóricos das Escrituras acerca da essência do
Evangelho que é a Vida Eterna outorgada por Cristo ao crente nEle.
SEGUNDO - A admitir-se o risco de o salvo perder-se, como querem os
pentecostalistas, há de se aceitar o concurso das obras para a salvação do
pecador. Com efeito, se posso perder a minha salvação significa que essa
salvação está na dependência de minhas obras. Essa é a tese fundamental, básica,
do catolicismo.
TERCEIRO - O pentecostalismo ensina que se o crente comete certos pecados perde
a salvação, mas se praticar outros não a perde. Cito alguns exemplos desses
pecados graves: adulterar, prostituir-se, assassinar, dançar em bailes do mundo,
brincar o carnaval. São os pecados que perpetrados cominam a perda da salvação.
Menciono, outrossim, alguns pecados que não causam tamanha desgraça. Ou seja,
pratica-os o indivíduo sem o perigo de deixar de ser salvo: a mentira, a gula,
a preguiça, a maledicência dentre outros. Ora, isso é catolicismo. A religião
católica, efetivamente, distingue sem qualquer base nas Escrituras os pecados
em mortais e veniais. Os mortais são os que levam ao inferno. São os graves. Os
veniais não despojam a Vida Eterna. São os pecadinhos que todo mundo faz a toda
hora.
QUARTO - Há grupos pentecostalistas mais rigorosos que incluem entre os pecados
mortais, isto é, os pecados que causam a perda da salvação a embriagues, o
fumar, a ida ao cinema, e da parte da mulher, o cortar o cabelo, o uso do batom
nos lábios e do esmalte nas unhas, dos cosméticos e jóias, da calça esporte ou
da minissaia. Outros grupos do pentecostalismo praticam sem qualquer restrição
o tabagismo e a ingestão de bebidas alcoólicas. Outros ainda são abstêmios
destas usanças, mas aceitam o corte de cabelo, o batom, o esmalte, a calça
comprida e a minissaia nas mulheres. Também há os pentecostalistas que no
passado vetavam as senhoras e moças como vaidades mundanas o cortar os cabelos,
o pintar as unhas e os lábios e o uso de calças esportes e jóias. Hoje,
contudo, mudando de convicção moral, aceitam essas coisas sem qualquer
restrição. Anos passados certa Assembleia de Deus do Rio de Janeiro
condicionava a perseverança da salvação dos homens ao uso do chapéu. Depois de
tantas brigas modificou seu estatuto e agora o próprio pastor sai a rua de
cabeça descoberta. Eis outro ponto de ligação entre o pentecostalismo e o
catolicismo a fazer daquele uma das incontáveis seitas deste. Se tem cabido a
hierarquia pentecostalista estabelecer a lista dos pecados graves, mortais, e
retirar a gravidade de certos pecados passando-os para a relação dos veniais,
também isso tem sido a empreitada da hierarquia católica. Lembro-me! Ao tempo
de menino vi o "seu vigário" a recusar a comunhão da hóstia a
senhoras de lábios pintados ou de cabelos curtos por estarem segundo ele em
publico pecado mortal. Como o catolicismo o pentecostalismo estabelece a sua
hierarquia na qualidade de árbitro da gravidade ou levidade dos pecados, tornando-a
regra de moralidade. E de acordo com os moldes do catolicismo a adoção de outra
regra de vida ou comportamento além das Escrituras.
QUINTO - O pentecostalismo reconhece haver se perdido o crente que, embora não
haja cometido nenhum pecado mortal, é eliminado da "igreja" por
abandono ou prolongada ausência. Condiciona, por conseguinte, a sustentação da
salvação à "igreja". O catolicismo está cansado de repetir seu dogma
de que fora da "igreja" não há salvação. Ainda neste último concílio,
o Vaticano II, repetiu-se à sociedade, ao fastio, esse enunciado por ser a
"igreja" crida na condição de "sacramento da salvação".
SEXTO - O pentecostalismo adota o seu cognominado batismo no Espírito Santo
como "segunda benção", isto é, uma benção suplementar ou complementaria
a da salvação. Também isso é catolicismo de vez que o catolicismo ensina o
mesmo, com o seu chamado "sacramento" do crisma ou confirmação que
consiste precisamente num revestimento especial do Espírito Santo posterior ao
"sacramento" da regeneração. Certa ocasião fiz uma série de estudos
sobre teologia romanista num Instituto Teológico Batista. Ao discorrer acerca
dos "sacramentos" enumerei os sete conhecidos naquela doutrina. Um
"pastor" pentecostalista presente, um ouvinte, solicitou-me explicasse
o teor do crisma. E após minha exposição explicou ele que identifica sua seita
com o romanismo porque o romanismo advoga a "segunda benção",
conquanto diferente seja a terminologia. Não tive por onde se não dar-lhe
inteira razão.
Pentecostalismo é seita católica II
SÉTIMO - O catolicismo, embora propale crer na Bíblia como Fonte de Revelação
Divina, acrescenta-lhe a tradição e os oráculos do romano pontífice, o
infalível, com o prestigio de verdadeiras fontes dessa mesma Revelação Divina
com a vantagem de serem mais atuais. Posição diferente não tomam os
pentecostalistas. Proclamam sua aceitação das Escrituras Sagradas no apanágio
de Única Regra de Fé e Prática. Contudo, na realidade negam serem elas essa
Única Regra, ao tributarem maior credibilidade as suas individuais experiências
à luz das quais examinam, quando examinam, certos registros das Escrituras.
Furtam, outrossim, a Palavra de Deus sua Lídima Unicidade de Fonte de Revelação
Divina por pautarem suas crenças nas revelações dos seus profetas e profetisas.
No meu livro A SEGUNDA BÊNÇÃO relato o depoimento daquele, pentecostalista de
Petrópolis que me garantiu: "já passei desse estágio de precisar ler a
Bíblia. O Espírito Santo fala diretamente comigo". Dizem eles por qualquer
coisa: Deus falou ao meu coração, Deus me revelou, por revelação do Espírito
Santo numa frontal negação de ser a Bíblia a Revelação Completa de Deus para
nós. Hoje Deus não fala diretamente a mais ninguém. Tudo quanto nos tinha Ele a
dizer se contém nas Escrituras Sagradas que são a Sua Palavra. No seu desapreço
às Escrituras Sagradas os pentecostalistas invocam, torcendo seu verdadeiro
sentido, aquela declaração de Paulo: "... a letra mata, e o espírito
vivifica" (II Cor. 3:6b). Querem entender no seu prático desprezo as Letras
Santas que estas não devem ser entendidas naquilo que ensinam como se escrevem,
mas como são explicadas pelos seus profetas, como Deus agora lhes fala e revela
diretamente. É o dogma católico pelos pentecostalistas aceito e exercitado. O
dogma católico que outorga o dom da interpretação legítima e infalível das
Letras Sagradas aos iluminados da hierarquia. O Espírito Santo de Deus ilumina
Seu servo sincero nos estudos de Sua Palavra sem, contudo, dispensá-lo das
sábias regras de exegese decorrentes da norma áurea de se interpretar a Bíblia
com a própria Bíblia, ou seja, a Bíblia interpreta, ou esclarece ou elucida a
Bíblia, dispensando para isso o concurso de quaisquer tradições, revelações de
modernos profetas e psicopatas videntes (para não dizer vis embusteiros).
OITAVO - O último ponto de contacto entre as duas seitas: a FETIÇARIA. Êpa!!! O
pentecostalismo exercita a feitiçaria? O que é feitiçaria? Com exemplos explico
melhor. A ferradura atrás da porta, aquela planta espada-de-são-jorge em frente
de casa, os amuletos usados no intento de reprimirem-se as investidas do mal,
bem como as medalhas e bentinhos presos a roupa ou alçados ao pescoço, tudo são
feitiçarias. De feitiçaria são a água benta à qual recorrem os católicos e a
água que os pentecostalistas colocam sobre o rádio durante as orações
espalhafatosas e teatrais de seus "missionários" da cura divina.
(Conheço três tipos de água feiticeira: a água benta romanista, a água fluida
espiritista e a água orada pentecostalista). Aquele "missionário", já
calçado em fabulosa pecúnia concentrada proveniente de sua exploração dos
ignorantes, espalha a alto preço um disco com suas gritarias e induz seus
pascácios devotos a aplicarem o referido disco no lugar da dor como recurso
certo de alívio imediato. Se dói a cabeça coloque-se-o na cabeça, se no ventre
ponha-se o disco no ventre do paciente. Tudo isso são práticas feiticeiras das
mais ridículas e primitivas. Feitiçaria é o levarem-se peças de roupa de um
enfermo para o médium espiritista, ou o clérigo vaticano ou o ministro
pentecostalista rezar, ou dar passe ou orar sobre elas. Em certa "reunião
de poder", estarrecido, vi um ex-pastor batista, no passado de alto
coturno nos meios batistas brasileiros, autor de alguns livros, passar-se por feiticeiro.
Dirigente daquela reunião orava em cima das roupas que lhe levavam.
Impossível encerrar estas reflexões omitindo algumas linhas de analise sobre as
roupas aludidas. Igualmente na sua explicação inexplicada os pentecostalistas
se nivelam aos feiticeiros romanistas. Ambas as teologias acorrem a At.19:12 na
busca de coonestarem sua feitiçaria. O Registro Sacro discorre acerca do
Ministério de Paulo e Apolo em Éfeso e diz: "De sorte que ate os lenços e
aventais se levavam do seu corpo (de Paulo) aos enfermos, e as enfermidades
fugiam deles, e os espíritos malignos saiam". Os clérigos vaticanistas e
os "missionários" pentecostalistas não querem ler bem a Escritura
trasladada acima e se bem a lêem seu crime é maior pela mistificação consciente
e premeditada que cometem. O Texto não afirma que Paulo orava sobre as peças de
roupa que lhe levavam. Informa sim que as pessoas efésias arrancavam do corpo
de Paulo os seus aventais e os seus lenços e os levavam. Se da sombra de Pedro
(At. 5:15) não se logrou conservar fiapos, por que os primitivos cristãos
deixaram de conservar pedaços das roupas de Paulo Apóstolo? Teríamos até hoje
as preciosas relíquias. Todavia àqueles panos, fora daquela especial
circunstância, nenhum outro prodígio obtiveram. Esse fato de Éfeso e alguns
mais a ele semelhantes ocorreram por especialíssima permissão de Deus com o fim
de autenticar o Ministério especialíssimo de servos Seus em dada conjuntura
histórica na correnteza do período da Revelação Bíblica.
A caída prodigiosa do maná no deserto alimentou milagrosamente o povo eleito e
para memória Deus mandou Moisés encher dele um vaso e pô-lo no interior da arca
da Aliança (Ex.16:33-34). Determinou-lhe ainda colocasse diante da mesma arca a
florescida vara de Arão como o sinal de sua eleição para o múnus de sumo
sacerdote (Nm. 17:10; Hb. 9:4). Os israelitas, todavia jamais tributaram
qualquer culto ou crença a essas coisas, como nunca o fizeram aos ossos de
Eliseu, por suporem neles inerente qualquer eficácia sobrenatural. Atos 19:12
de maneira alguma se presta a autorizar a referida atitude dos clérigos e dos
pentecostalistas no tocante a se orar sobre roupas de doentes. O seu emprego
indevido e sofista pelos pentecostalistas, no entanto, revela também neste
particular, se identificarem eles com os clérigos feiticeiros do romanismo
noutra demonstração de ser o pentecostalismo seita católica.
Dr. Aníbal Pereira Reis (ex-padre)
Católicos Carismáticos e Pentecostais Católicos, 2ª edição - pgs. 29 a 3?
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