Dinelcir de Souza Lima*
Ultimamente se tem ouvido falar com
entusiasmo do "crescimento" do cristianismo no
Brasil e no mundo por líderes das mais diversas
denominações que se intitulam cristãs e que se
classificam no ramo carismático. Até o
movimento carismático da Igreja Católica
Apostólica Romana, iniciado nos Estados
Unidos da América na década de 70 do século
passado, pode ser incluído nessa estatística de
crescimento vertiginoso.
Como não poderia deixar de ser, ecos e
reflexos deste "crescimento" têm alcançado
também os batistas brasileiros, e alguns líderes
estão cada vez se encantando mais com seus
efeitos de arregimentação de fiéis e estão
partindo para a utilização de métodos idênticos
ou semelhantes ao utilizado pêlos grupos
carismáticos e, infelizmente, até mesmo líderes denominacionais estão se encantando e
procurando com ardor arregimentar outros
lideres batistas para as fileiras dos que se julgam
vencedores por fazerem suas igrejas crescerem
através do chamado carismatismo ou
pentecostalismo.
Deveríamos realmente nos deixar
encantar por tudo isso que está acontecendo?
Deveríamos buscar uma renovação carismática
com a finalidade de fazer as igrejas crescerem?
O que estaria crescendo de fato, o cristianismo
autêntico, bíblico, abraçado pêlos batistas
autênticos, ou o que estaria crescendo seria o
animismo e isso em âmbito mundial?
Se estudarmos, mesmo que brevemente, a
respeito do animismo e seus elementos, e se o compararmos com o carismatismo e com o
cristianismo autêntico, vamos encontrar a
resposta para tudo isto.
A expressão "animismo" tem sido
utilizada para designar as religiões chamadas
primitivas e tem origem no latim "animi", que
significa espírito. Isto porque as religiões
primitivas baseiam-se na crença em que tudo na
natureza possui e é regida por espíritos
malignos ou benignos, que são capazes de
sustentá-la ou de destruí-la, inclusive seres
humanos.
O animismo se originou no homem em um
conjunto de sentimentos inerentes a ele próprio
como ser pessoal, dotado de espírito, e em
práticas e situações religiosas que se pode
resumir em três aspectos principais:
1. Sentimento de existência de outra
realidade além da matéria (Salmo 138.8).
“O SENHOR aperfeiçoará o que me toca; a tua benignidade, ó
SENHOR, dura para sempre; não desampares as obras das tuas mãos.”
O
homem foi criado por Deus que é espírito. Nos
primórdios da humanidade este se revelou à sua
criatura pessoalmente. O homem se afastou de
Deus, mas permaneceu nele o sentimento da
existência dessa realidade espiritual além da
realidade humana.
2. Necessidade de comunhão com um ser
divino, poderoso (Êxodo 32.1-8).
“1 ¶ Mas vendo o povo que Moisés tardava em descer do
monte, acercou-se de Arão, e disse-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão
adiante de nós; porque quanto a este Moisés, o homem que nos tirou da terra do
Egito, não sabemos o que lhe sucedeu. ..."
O homem,
por ser criado por Deus, ínfimo dentro deste
universo imenso e misterioso, sente
naturalmente a necessidade do cuidado divino.
Mas, tendo abandonado o Criador, continuou
tendo o sentimento da necessidade de receber
cuidados vindos de um ser superior a ele
próprio. Conforme sua limitação, fez
substituições e criou em sua imaginação seres
divinos conforme suas próprias idealizações.
3. Falta de conhecimento da revelação de
Deus a respeito das coisas espirituais (Mateus
22.29).
“Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não
conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.”
Afastado de Deus, não podendo receber
diretamente dele os ensinamentos e revelações
de realidades além do seu alcance pessoal,
rejeitando ou não tendo ao seu alcance as
Escrituras que foram providenciadas por Deus
para registrar suas revelações a respeito de sua
natureza e caráter, o homem não tem condições
de conhecer as coisas de Deus exatamente como
são, por isso segue sua jornada errando, criando
seus próprios princípios e idéias espirituais.
Assim, no seu animismo, o homem
desenvolveu elementos religiosos, cujos
estudiosos das religiões [chamam de]:
a) Mana - A idéia
de uma força impessoal que estaria em todos os
elementos da natureza, dando-lhes vida,
animando-os, dando-lhes movimento,
b) Xamã
- Indivíduo considerado detentor de poderes
especiais recebidos de divindades ou seres
espirituais. Mantém o domínio religioso do
grupo através do medo, uma vez que é olhado
como capaz de fazer o bem e o mal. É quem
realiza os rituais de magia e purificação,
c)
Fetiche - Objeto ou elemento da natureza, do
qual emanaria algum tipo de poder sobrenatural
que adviria naturalmente ou após algum tipo de
ritual no qual o xamã conferiria poder àquele
elemento. Normalmente utilizado para produzir
um bem ou um mal a alguma pessoa. O
fetichismo é o culto a esses objetos ou
elementos,
d) Totem - Objeto construído, quase
sempre de madeira, que é venerado como um
ídolo protetor contra os maus espíritos,
e) Tabus -
Atos e costumes proibidos (geralmente pelo xamã) e que trariam maldições sobre quem
rompesse com eles, praticando o que é proibido.
São passados de geração em geração e,
normalmente, os indivíduos os têm arraigados
em seus costumes sem saberem nem mesmo a
origem de crença e costume tão rigoroso. São
obedecidos irrestritamente sem
questionamentos e sem buscar razão lógica,
f)
Rituais de purificação - Práticas religiosas
indicadas ou lideradas pelos xamãs e que visam a
purificação espiritual do indivíduo.
Normalmente são ritos que contém elementos
penitenciais,
g) Necrolatria - Veneração de
mortos em rituais e cultos onde são invocados,
inclusive com o objetivo de angariar sua
proteção e intermediação com as divindades ou
espíritos.
Ora, diante de tudo isto que expomos a
respeito do animismo, podemos fazer
comparações com o pentecostalismo
(carismatismo) e encontrar, com tranqüilidade,
muitos destes elementos neste movimento
"cristão". Observe-se o que vamos colocar a
seguir.
- O líder religioso carismático é, na
realidade, um xamã. Ele não exerce autoridade
bíblica, através de uma pregação ou
ensinamento cuidadosos e profundos dos textos
bíblicos, porém através de imposição de
costumes religiosos que se tomam verdadeiros
tabus. É olhado como ser poderoso, que
tem ligação direta com Deus maior do que
crentes em Cristo "comuns"; é procurado para
fazer orações poderosas, para abençoar pessoas,
para ministrar sacramentos, para desvendar
mistérios. Há até os que chegam a lançar
maldições sobre seus liderados. Abençoa
recém-nascidos, locais de trabalho, casas,
casamentos. Não tem qualquer base bíblica para
seu comportamento mas é obedecido com rigor,
sob pena de expulsão do grupo ou de
recebimento de algum tipo de maldição.
- Além
disso, há no meio chamado carismático
elementos como fetiches que são utilizados em
cultos, tais como copos de água que passam a ser
abençoadores após o "pastor" orar com um copo
também em sua mão; óleos "ungidos" pelos
pastores são utilizados largamente como
elementos de poder para cura, além de ser
utilizado, também, sal grosso, arruda, fitinhas,
etc.
- Há a imposição e o incentivo à prática de
rituais de purificação. Tipos específicos de
vestimentas são exigidos, além de abstinências
sexuais, jejuns, correntes de oração, retiros
espirituais e, até mesmo, batismos
completamente fora do contexto bíblico.
- Os
púlpitos se transformam em totens, verdadeiras
trincheiras contra espíritos malignos. Têm que
permanecer purificados e ninguém (a não ser
outros xamãs ou discípulos autorizados por eles) podem
subir ali.
- A crença em espíritos malignos
exagerada é amplamente difundida e apregoam
espíritos para tudo e por tudo. Espírito da dor de
coluna, da dor de barriga, da dor de cabeça, da
pobreza, das tempestades, etc. Apresentam-se
como poderosos para a dominação e expulsão
destes espíritos.
Onde encontramos base bíblica para tudo
isto? Claro que não há e, no cristianismo
autêntico, não há lugar para o animismo. Os
pastores realmente cristãos não são xamãs de
forma alguma, porém pregadores da Palavra de
Deus, guias que devem conduzir os crentes em
Cristo por caminhos pré-estabelecidos por Deus nas Escrituras. Não há lugar no
cristianismo para presunçosos que gostam de fomentar para si uma autoridade
religiosa baseada em crendices e misticismos (Atos 8.9-13,18-24)
“... 18 E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos
apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, 19 Dizendo: Dai-me
também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o
Espírito Santo. 20 Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para
perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. 21 Tu não
tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de
Deus. ...”
Os
pastores não são seres mais poderosos que
outros crentes, porque reconhecem que o poder
é de Jesus Cristo (Mat 28.18) e qualquer
crente, inclusive o pastor, é somente
instrumento dele. No cristianismo a oração é
válida por e para qualquer pessoa que tenha fé
em Jesus Cristo e que peça a Deus, em nome de
Cristo (João 14.13). Qualquer crente em Cristo
tem acesso direto a Deus, tendo o Senhor Jesus
como seu único mediador (Colossenses 1:13-
21).
“E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo
o poder no céu e na terra.” (Mt 28:18)
“E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado
no Filho.” (Joh 14:13)
“...14 Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos
pecados; ... (Col 1:13-21)
No cristianismo autêntico não há
ensinamento algum que leve o crente a crer em
objetos de poder, porque o poder de Deus para o
crente, que o vivifica, está na Palavra de Deus
que deve ser interiorizada em seu coração
(Salmo 119:93). No cristianismo não há a
colocação da fé em objetos, mas somente em
Jesus Cristo, porque por ele temos paz com Deus
(Rom 5.1), porque é pela fé somente nele que
temos entrada à graça divina (Rom 5.2), e
porque o evangelho da salvação em Jesus Cristo
é o poder de Deus (Rom. 1.16), não podendo,
portanto, ser substituído por nada deste mundo.
“Nunca me esquecerei dos teus preceitos; pois por eles me
tens vivificado.” (Ps 119:93)
“1 ¶ Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso
Senhor Jesus Cristo; 2 Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na
qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” (Ro 5:1-2
)
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para
salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” (Ro
1:16)
No cristianismo autêntico não há rituais de
purificação, porque é o sangue do Senhor Jesus
Cristo que nos purifica de todo o pecado (l João
1.7). O batismo não é um ritual de purificação,
porém um ato simbólico de entrega total a Jesus
Cristo pela crença nele como Salvador (Marcos
16.16). Nem mesmo o jejum com as
características do Velho
Testamento (manifestação de aflição da alma)
era praticado pelos discípulos de Cristo (Mat
9.14) e Jesus ensinou que o jejum faz parte do
velho pacto, não podendo ser transportado para
o novo (Mat 9.16,17). Ninguém consegue
encontrar nas páginas do Novo Testamento
nenhuma ordem de Jesus ou seus apóstolos para
a prática do jejum no sentido penitenciai.
“Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos
comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica
de todo o pecado.” (1Jo 1:7)
“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Mr
16:16)
“Entäo, chegaram ao pé dele os discípulos de João, dizendo: Por que jejuamos nós
e os fariseus muitas vezes, e os teus discípulos não jejuam?” (Mt 9:14)
“16 Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha, porque semelhante remendo
rompe a roupa, e faz-se maior a ruptura. 17 Nem se deita vinho novo em odres
velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se;
mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.” (Mt
9:16-17)
Quanto à necrolatria (há igrejas que já estão
copiando o catolicismo e promovendo o culto
em memória de mortos sete dias depois da morte
de alguma pessoa), não há lugar para o
totemismo, não há lugar para nenhum animismo
porque nada, nem ninguém deve ocupar o lugar
de Jesus Cristo; porque as ordenanças de Jesus
não podem servir de fetiches, rituais de
purificação ou tabus. Móveis e utensílios de
lugares reservados ao culto e adoração não
podem servir de totens. Não pode haver lugar
para o misticismo porque o cristianismo
autêntico, a crença em Jesus Cristo como
Salvador, aproxima o homem de Deus, faz amar
as Escrituras, e faz buscar cada vez mais o
conhecimento da sua revelação através da
Palavra escrita.
Podemos concluir que,
se o animismo é
característico de pessoas afastadas de Deus e
sem conhecimento da verdade espiritual a
respeito dEle e de tudo o que O cerca, e se no
movimento carismático mundial há todos os
elementos animistas cridos e praticados por
qualquer religião primitiva ou pagã;
se no
cristianismo não há lugar para o animismo,
então a palavra do Senhor Jesus está se
cumprindo, porque na realidade continuam
sendo muitos os que entram pelo caminho largo
e poucos os que encontram a porta estreita;
porque o mundo continua amando mais as trevas
do que a luz; porque a iniqüidade está se
multiplicando; porque muitos, mas muitos
mesmo, estão sendo enganados pelos falsos
profetas. O que está crescendo é o animismo
travestido de cristianismo.
* Pastor da Igreja Batista Memorial de Bangu
Professor nos Seminários Teológicos Batistas
de Niterói e do Sul do Brasil
Copiado da revista Sã Doutrina (altamente recomendada por solascriptura-tt),
Jan/Fev 2002.
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(retorne a http://solascriptura-tt.org/Seitas/
Pentecostalismo/
(retorne a http://solascriptura-tt.org/
Seitas/
retorne a http://
solascriptura-tt.org/
)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.