Se o verdadeiro dom de línguas
cessou, quando a Bíblia foi completada, então surge a pergunta: “o que são as
línguas que tantos [crentes] estão falando hoje?” Não existe uma exclusiva
resposta correta. Antes de se analisarem as possibilidades, temos outras
observações a serem feitas.
1. -
As pessoas que estão participando do moderno movimento de línguas de hoje são
sinceras, na maioria. Claro que existem alguns charlatães, como existem,
também, em todos os movimentos, inclusive no nosso. A maioria é constituída de
pessoas salvas, as quais, simplesmente, desejam tudo que acreditam que Deus tem
para elas. Desejar algo menos que tudo seria um pecado. Quando Paulo se dirigiu
a essas pessoas na 1 Coríntios, ele também se referiu às mesmas como irmãos.
Elas eram carnais, porém salvas. Estavam ali as que haviam praticado as línguas
no templo pagão, antes de serem salvas. O uso de línguas não garantia que
alguém fosse salvo; porém, no contexto da igreja, mais que provavelmente a maioria
das pessoas deveria ser tratada como irmãos.
2. -
Por causa da falta de treinamento, a maioria [das pessoas] tem embasado sua
crença numa experiência, em vez de no apropriado estudo da Escritura. Elas
experimentam este “moderno dom atual” e, em seguida, vão à Escritura, a fim de
provar que ele é verdadeiro. É difícil qualquer pessoa abandonar a sua
experiência pessoal. Tendo sido atingido por um fio elétrico, ainda me aproximo
dele cautelosamente, mesmo sabendo que a eletricidade foi desligada. A experiência
pessoal é uma grande mestra. Contudo, as conclusões nela embasadas podem estar
erradas. Nos parques de diversão, temos visto a água correndo morro acima. Nos
shows de mágica, temos visto senhoras serradas ao meio. Na parte sudoeste dos
EUA, tenho visto lagos no meio de deserto, onde não existe água alguma. Todas
estas experiências têm sido convincentes, porém nenhuma delas é verdadeira. Os
fatos comprovam que tais experiências são falsas, mesmo quando sei o que vi.
3. -
Os atuais faladores de línguas, na maior parte das vezes, estão passando por
uma experiência real. Contudo, esta não é a mesma experiência verdadeira da
Bíblia. Ela é igual à que os coríntios haviam confundido com uma coisa
legítima. É uma experiência real, a qual pode levar a pessoa a sentir-se
extática, leve, estimulada e liberada. Ela tem sido descrita por muitos como um
“alto” espiritual.
1. - Algumas
vezes, uma experiência aprendida - uma experiência que qualquer um pode
aprender, quer seja salvo ou não. A prova disso é que muitas seitas e religiões
falsas a praticam, do [exato] mesmo modo como os crentes verdadeiros. O
testemunho [dos não salvos] a respeito desse [fenômeno] é idêntico ao dos que
são salvos. Até mesmo os líderes carismáticos vão aceitar o fato de que alguém
pode ser instruído a falar em línguas. Charles e Frances Hunter promovem o que
chamam reuniões de “Explosão de Curas”. Na p. 54 da edição de julho, 1989, da
revista Charisma, Charles Hunter explica como ele ensina as pessoas a
falar em línguas: (1).
Uma
vez que se aprenda a falar em línguas, torna-se mais fácil duplicá-las, sempre
e sempre. Os sons falados vão se desenvolvendo de modo a captarem frases que
são muitas vezes repetidas, sempre que uma pessoa fala em línguas. À medida em
que se escuta um falador de línguas, pode-se observar que, de fato, ele repete,
continuamente, algumas frases e sons. O som repetido é sempre o mesmo, não
apenas no mesmo culto, mas em um culto após o outro. À medida em que ele usa
determinados sons, não apenas irá repeti-los, como irá fazer isso na mesma
vibração e nos mesmos tons. Ele vai sentir-se acostumado e confortável com
eles, entregando-se à sua prática. A duração das línguas também pode ser
aprendida. Elas sempre são repetidas no mesmo ponto do culto, semana após
semana.
Ronald Baxter em seu livro “Charismatic
Gift of Tongues”, escreveu: “Anos atrás, Joseph Smith, fundador dos
mórmons, ensinou os seus discípulos a falar em línguas, com as seguintes
instruções: ‘Ponha-se de pé, fale ou emita algum som, continue a emitir sons de
qualquer espécie, e o Senhor os transformará numa língua ou linguagem’” (2).
Oral Roberts escreveu em seu livro intitulado “Batismo
no Espírito Santo”: “Quando esse bem estar lhe acontecer novamente, abra sua
boca e submeta a Deus a sua língua. Você não pode falar em duas línguas ao
mesmo tempo. De fato, você pode escutar ou ver palavras. Ou pode sentir algo se
movendo em sua boca.
Eu poderia ter falado em
línguas, muito tempo antes de ter sido instruído. Muito freqüentemente, as
instruções são dadas às pessoas que se preparam para o batismo com o Espírito
Santo” (3).
2. - Algumas vezes trata-se de uma
liberação emocional e física - O
Cristianismo é um movimento emocional e também espiritual. Contudo, não devemos
permitir que nossas emoções controlem nossas reações. Muitíssimos de nós, vez
por outra, fomos envolvidos emocionalmente em algum tipo de situação, na qual
temos, ou quase temos perdido o controle. Pode ter sido durante um funeral,
quando a dor foi tão forte que não pudemos evitar o choro. Em momentos de
grande dor, às vezes é difícil ficar sem a ajuda dos que nos cercam. Pode ser
que você tenha quebrado alguma coisa que era muito preciosa para você ou falado
coisas que normalmente não falaria. Pode ter sido um tempo de grande alegria e
felicidade que o fez querer gritar e rodopiar. Em certas ocasiões, você pode
até ter-se encontrado emitindo sons que não eram necessariamente palavras, como
Ah! Ufa! Êe!
Os cultos carismáticos geralmente
são programados para ficarem carregados de emoção. Uma atmosfera é criada no
sentido de levar a audiência a corresponder. Durante todos os cultos, as
pessoas são encorajadas a participarem em conjunto com o levantamento ou aceno
de mãos, etc., até o “Amém”. Uma forte ênfase é colocada na música, a fim de
causar uma forma de resposta. Logo no início dos cultos a música em forte ritmo
ligeiro e contínuo (fast paced). As pessoas são encorajadas a bater palmas. À
medida em que o culto prossegue, a música vai ficando moderada, até se tornar
muito comovente. Lágrimas são derramadas muitas vezes, enquanto as mãos
permanecem levantadas, em atitude de louvor. Quando se encontra num culto
emocional como esse, a pessoa começa a escutar choro e suaves murmúrios de
línguas, ao seu redor. O pastor encoraja o relaxamento, a fim de permitir que o
Senhor opere. Sem querer ficar de fora, ela começa a desejar ansiosamente
aquilo que não tem. Quando o convite é feito, ela é instruída, se desejar o
poder de Deus em sua vida, a permitir que Deus tome o controle de sua língua.
Ela vai ser instruída a fazer uma oração, tipo “Obrigado, Jesus!”,
repetindo sempre e sempre as palavras, em um período de emoção. É quando ela
começa a pronunciar as palavras mais e mais depressa, e elas começam a fluir,
juntas. Quando o som estranho começa a fluir de sua boca, alguém perto dela vai
dizer que ela “está quase conseguindo, portanto, continue, continue...”
Em um culto assim torna-se quase
fora do comum que alguém não corresponda. O natural é seguir a multidão e o
[poder] emocional que flui de um culto. Nada existe de errado com a emoção.
Nada existe de necessariamente errado em se desejar criar uma atmosfera de
adoração. Contudo, uma liberação emocional pode ser imitada, tanto nos
agrupamentos religiosos verdadeiros como nos falsos. Sentimentos emocionais não
podem garantir que sejam de Deus. Certamente eles não deveriam ser confundidos
com a clara apresentação do que a Bíblia diz sobre o que foram as línguas
legítimas. Essas experiências podem ser gratificantes e encorajadoras. Podem
trazer grande paz e satisfação, mas também podem causar muita decepção. Muitos
não salvos, bem como pessoas salvas, têm-se afastado da verdade para seguir os
falsos ensinos, por causa do que experimentaram. Muitos “curadores pela fé”
parecem ser pessoas sinceras, mas alguns têm comprovado ter sido charlatães, no
passado. Centenas e até milhares de boas pessoas têm sido enganadas pelos
falsos curadores.
3. - Às
vezes trata-se apenas de uma falsa experiência - Existem os que são culpados
de fingir uma falsa experiência, a fim de não se sentirem rejeitados.
Particularmente, vários carismáticos têm me contado que nem sempre falam em
línguas, sentindo que Deus as retirou deles. Às vezes eles apenas seguiram o
fluxo, achando que poderiam atrapalhar a obra do Espírito Santo nas vidas dos
outros, caso não fingissem.
4. - Algumas vezes trata-se de possessão
demoníaca - Quando pessoas perdidas se
rendem a certos poderes, não devemos nos surpreender ao descobrir que elas
estão possuídas de espíritos, não do Espírito Santo. Pelo poder de Satanás elas
são capazes de fazer coisas que normalmente não poderiam fazer pelo seu próprio
poder. As Escrituras são claras sobre a existência de tais operadores de poder:
1 João 4:1 - “AMADOS, não creiais a todo o
espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos
profetas se têm levantado no mundo”.
Mateus 24:4-5 - “E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que
ninguém vos engane; porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo;
e enganarão a muitos”.
2 Coríntios 11:13-15 - “Porque tais falsos apóstolos são obreiros
fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha,
porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que
os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será
conforme as suas obras”.
Mateus 7:21-23 - “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino
dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me
dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu
nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E
então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que
praticais a iniqüidade”.
A Bíblia deixa claro que devemos testar os espíritos e
julgar os faladores, para ver se, de fato, eles são de Deus:
1 Coríntios 14:29 - “E falem dois ou três
profetas, e os outros julguem.” Muitas igrejas, nos últimos
dias, vão cair presa dos demônios.
1 Timóteo 4:1: “MAS o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos
apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas
de demônios”.
NOSSA RESPOSTA - Por que as línguas se
tornaram tão populares, se são erradas? A razão básica é que existe uma fome
espiritual, tanto fora como dentro das igrejas de hoje. Os perdidos estão em
busca de um livramento da culpa. Estão buscando uma salvação que ofereça muito
a baixo custo. O mundo tem pouco a oferecer, que seja duradouro. A sociedade é
fria e indiferente. Quando às pessoas é oferecido um lugar de aceitação onde
exista uma forma de amor, mesmo sendo falso, para ali elas acorrem. Por outro
lado, os crentes estão em busca de uma alternativa para os cultos frios e sem
vida que a maioria das igrejas oferece hoje. Eles têm fome espiritual de
receber o que é verdadeiro, em um mundo que oferece tanta imitação...
Pouca profundidade verdadeira tem
sido encontrada em nossas igrejas. Na maior parte das vezes poucos membros
conhecem aquilo em que crêem, se é que realmente crêem, e muito menor é o
número dos que sabem por que o fazem. Vivemos numa sociedade superficial.
Desejamos uma espiritualidade instantânea, que possa satisfazer nossos anseios
pelas coisas da vida. Raramente, temos tempo de esperar ou de aprender, porque
queremos o que desejamos, AGORA MESMO...
Lemos histórias e conhecemos os
grandes feitos de homens na Bíblia, os quais existiram antes de nós, e dizemos
que é isso que desejamos e queremos, AGORA MESMO.
Como deveríamos responder? Acho
que a resposta é encontrada no modelo de Paulo. Aos perdidos deveria ser
apresentado o evangelho. Aos salvos deveria ser apresentada a verdade em amor (Efésios 4:15: “Antes, seguindo a verdade em amor,
cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”). Não deveríamos ter
receio de falar a verdade… Precisamos ver que conheçamos a Bíblia como nenhum
outro livro e que ela seja a autoridade final em nossa vida. Devemos querer
deixar de lado nossos sentimentos e experiências pessoais e ficar somente com o
que a Bíblia diz. Não devemos permitir que as línguas nos dividam de tal
maneira a embaraçar a obra de Deus, mas também não devemos abandonar a verdade
doutrinária por causa da unidade.
Pr. Jim Preston - Moreno Valley, Califórnia.
Traduzido por Mary Schultze
www.cpr.org.br/Mary.htm
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.