Pastor Leandro
Lima
Preâmbulo adicionado por Hélio:
Tg 5:14
Algum homem entre vós está completamente sem forças? Chame
ele (a si) os presbíteros da sua
assembleia e orem estes (em direção)
sobre ele ((depois de) havendo-o untado com azeite) em
o nome de o Senhor.
15 E a oração de a Fé salvará o exaurido- e- acamado e o Senhor (Jesus)
o levantará (do leito de exaustão). E, caso seja ele aquele
tendo- cometido pecados, isto lhe será perdoado.
16 Estai vós confessando as vossas falhas uns aos outros, e
estai vós orando cada um (de vós) em prol de (cada
um de todos) os outros (irmãos),
para que sejais sarados. Largamente prevalece a
súplica que está efetivamente- operando, de um (homem)
justo.
(Bíblia LTT)
Estimado irmão NNNN:
eu também estou com um pouco de dúvida nesta passagem:
1) Uma coisa certa é que Deus não é obrigado a curar ninguém, e somente deu o
dom de curar (imediata, completamente, em todos os casos (mesmo os mais
difíceis, tais como pé e olho faltando)) aos 83 apóstolos e discípulos, e
lhes deu como sinais que identificavam que eram dos 83. Portanto, toda essa
onda de curas, que surgiu no século XX pelos pentecostais e assemelhados, é
diabólica, ou é desavergonhada mentira, ou tem explicação na Medicina (há
doenças remissões espontâneas, mesmo que raras), ou é apenas resposta de Deus a
orações, Deus curando dentro de Sua soberania.
2) Outra coisa certa é que, depois dos judeus se espalharem na Diáspora no ano
70, até mesmo os 83 apóstolos perderam seus dons de curar (imediata,
completamente, em todos os casos): Paulo orou 3 vezes e não era plano de Deus
curá-lo; Paulo não curou Epafrodito Fp 2:25-27, nem Trófimo, nem
Timóteo 2Ti 4:20, 1Ti 5:23, nem ele próprio 2Co 12:7.
3) Quanto a Tiago 5:14-16, durante anos somente pensei que se referisse a
DOENTES FÍSICOS e, à luz de (1) e (2), eu sempre percebi como
erradíssima a mania, que surgiu no século XX, dos pentecostais e assemelhados
mandarem trazer os doentes de quaisquer fé/ denominação/ igreja
aos "cultos de cura", com a garantia de que Deus era escravo de um
"pastor com poderes de apóstolos e especialista em curas" e o
obedeceria e curaria todos os doentes que estivessem presentes, a tal e tal
hora, mas os doentes devem, antes de tudo, colocar certa importância num
envelope de oferta:
- A ordem para "trazer" contraria Tg 5:14 "Chame ele (a
si)
- O
convite a todos, de qualquer fé ou igreja, contraria Tg 5:14 " Chame ele (a
si) os presbíteros {**} da sua
assembleia {***}"
- Garantir que Deus teria que obedecer e curar contraria tudo na Bíblia que
ensina que Deus é Senhor e soberano, e nós Seus escravos, e Deus tem todo
direito de não curar, como já vimos nos versos Fp 2:25-27 (Epafrodito),
2Ti 4:20 (Trófimo), 1Ti 5:23 (Timóteo) e 2Co 12:7 (Paulo).
- A exigência de dinheiro do doente e seus parentes contraria Mt 10:8 e é o
simonismo de Atos 8
- As palavras ungir e unção devem se restringir à unção para o ofício de Rei,
Profeta ou Sacerdote, no VT. A aplicação de óleo/ azeite em outras
circunstâncias, inclusive de Tiago 5:14, deve ser referida pelas palavras
untar, aplicar, referindo-se a um remédio tópico.
- Deus nunca ordenou que se deixasse de tomar remédios passados pelos médicos,
e notemos que, em Tg 5:14, primeiro era aplicado o óleo medicinal, só depois se
orava pelo doente. Deus deu ao homem inteligência para ser sadiamente usada,
Deus deixou substâncias medicinais, permitiu homens as descobrirem e também
descobrirem como usá-las, Deus deixou o homem inventar e desenvolver
equipamentos médicos e procedimentos cirúrgicos e terapêuticos, e não devemos loucamente
desprezar a todos eles, mas podemos usar os melhores médicos e os melhores
procedimentos, medicamentos e tratamentos, confiando que Deus tanto pode ainda
hoje (e sempre) agir direta e solitariamente, curando milagrosa- instantânea-
completa- definitivamente, como pode determinar curar por meios naturais
(através de médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, medicamentos, aparelhos
eletro-mecânicos, tratamentos, etc.)
- Por tudo isso, escrevi http://solascriptura-tt.org/Seitas/Pentecostalismo/UncaoDoentesEmTiago%205.14-15-Helio.htm
, por favor leia.
- Mas agora, em 2014, li o artigo abaixo, do Pastor Leandro Lima, e estou muito
propenso a adotar a posição dele, de que toda a passagem Tg 5:14-16 trata não
de doença física, mas, sim, de FRAQUEZA (ou enfermidade) ESPIRITUAL em
decorrência de pecar no modo e atitude ao tomar a ceia do Senhor Rm 14:1, ou
trata de fraqueza (ou enfermidade) espiritual em consequência de pecado não
confessado 1Co 11:30. Por favor, leia o artigo do Pr. Lima, abaixo. Os
argumentos dele são muito fortes.
Hélio.
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Tg 5:14 Está alguém
entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o
com azeite em nome do Senhor; ACF2007
A
partir do estudo desta passagem, o Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil
acabou de aprovar a “unção com óleo”. A decisão diz o seguinte:
“1) Reafirmar que Deus é soberano para atender ou não, aos pedidos nas
orações, segundo sua suprema vontade, independente da fé do crente.
2) Determinar aos pastores e presbíteros que não unjam pessoas ou objetos com
óleo durante cultos de qualquer natureza, públicos ou em casas, quer sejam
reuniões ou encontros em quaisquer lugares.
3) Permitir excepcionalmente que a unção com óleo seja realizada,
exclusivamente em pessoas, nunca em objetos, pelos pastores e presbíteros
somente quando forem convidados por membros enfermos de suas igrejas, em suas
casas, orando por eles e suplicando de Deus o seu pronto restabelecimento.
4) Que a exceção mencionada no item anterior fica à discrição dos pastores e
presbíteros das igrejas locais uma vez certificados de que o enfermo crente,
não atribui poderes miraculosos ao óleo e também que seu emprego não irá gerar
superstições e misticismo”.
Sem
dúvida, a questão da unção com óleo é complexa e não é nosso objetivo repudiar
a decisão do Supremo Concílio, a qual tentou fazer justiça ao texto bíblico, e,
provavelmente fez, na medida do possível. Nosso objetivo aqui é ponderar
algumas observações que, talvez, lancem mais luz sobre o assunto e nos ajudem
ver a questão sob outro ângulo.
Inicialmente, é preciso dizer que, provavelmente, o principal equívoco em
relação à interpretação do texto de Tiago seja a preocupação com o óleo em si
mesmo, desconsiderando o contexto em que ele foi utilizado. Há muito esforço
por parte de alguns estudiosos para dizer que trata-se de um óleo medicinal, o
qual seria utilizado como uma espécie de remédio. Nesse caso, a interpretação é
falha porque o próprio texto parece negar o poder do “óleo" de curar,
dizendo antes que “a oração da fé” salvará o enfermo.
Por outro lado, há um esforço por parte de outros especialistas em
desqualificar o próprio óleo, focalizando mais na importância da oração,
tornando o óleo algo opcional. É óbvio que a oração é fundamental, e ela,
segundo Tiago, levantará o enfermo, mas a questão aqui é que pouco adianta
tentar enfraquecer o uso do termo óleo, pois a ordem de utilizá-lo está no
texto, e não podemos removê-la. É preciso lembrar que todo o texto ordena que
se faça isso, usando verbos imperativos, e nesse sentido, o Supremo Concílio
foi coerente, pois não quis proibir algo que claramente é “mandado fazer” na
Escritura.
O ponto, provavelmente, que precisaria ser mais trabalhado é justamente o
contexto da afirmação de Tiago. Notamos que a preocupação maior dos intérpretes
está em definir o tipo de óleo ou o caráter terminológico da palavra “ungir”, e
pouca atenção é dada às palavras “doente" e “enfermo”. Estariam elas
realmente falando de doença física?
Tiago orienta: "Está alguém entre vós doente?”. A palavra “doente" é
astheney (ἀσθενεῖ), a qual,
prioritariamente tem o sentido de “fraco”, “débil”. A palavra é aplicada desse
modo, denotando “fraqueza espiritual” em várias passagens do Novo Testamento.
Em Romanos 14.1, Paulo usa essa palavra para falar do irmão “fraco” na fé. Em
1Coríntios 8.7, Paulo fala de pessoas que têm uma “consciência fraca”,
utilizando essa mesma palavra. Evidentemente, o termo pode ser aplicado para
doença física, mas para isso, o contexto precisa ser claro. E não parece ser
esse o caso do contexto de Tiago 5.
O contexto de Tiago 5 está evocando o perigo do pecado que acarreta juízo de
Deus e, ao mesmo tempo, o modo como alguém pode ser resgatado desse pecado
através do arrependimento e da oração por parte da igreja. No verso 11, Tiago
elogiou aqueles que “perseveram firmes”, ou seja, que não se deixaram desviar
dos caminhos de Deus, mesmo sob intenso sofrimento, e menciona o exemplo de Jó
para isso. Porém, infelizmente, nem todos conseguem ser firmes e perseverantes
como Jó, e Tiago sabe disso.
No verso 12, ele faz uma advertência formal: “Acima de tudo, porém, meus
irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, nem por qualquer outro voto;
antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para não cairdes em juízo”.
Portanto, ele parece estar mencionando alguma situação específica de perjuro
entre os crentes, e relembrando o ensino do Senhor para que evitassem
juramentos formais, mantendo apenas o padrão da verdade através de respostas
simples: sim, sim; ou, não, não. Ou seja, um crente não pode viver
"aquém" daquilo que a Palavra ensina, pois a fé sem obras é morta (Tg
2.26), mas também não deve ir “além”. Um excesso de rigor pode levar o crente a
uma vida de legalismo, e, consequentemente, de uma fé morta pelo caminho oposto.
De qualquer modo, Tiago está alertando o crente a evitar ser atingido pelo
juízo de Deus por causa de um pecado que lhe cause uma queda espiritual.
Nesse contexto ele diz: “Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está
alguém alegre? Cante louvores” (Tg 5.13). “Sofrendo" é a tradução da
palavra kakopathia (Κακοπαθεῖ), e
literalmente significa “sentimento mau”. A ideia é de um sentimento de aflição.
Ou seja, se alguém está aflito, provavelmente em decorrência das pressões do
mundo, deve fazer oração. Por outro lado, se está livre disso, ou seja, se
mesmo enfrentando o sofrimento e a tribulação impostos pelo mundo, continua
“animado” (εὐθυμεῖ), então deve “cantar
salmos” (ψαλλέτω). Nisso percebemos que ele
está descrevendo situações emocionais e, ou, espirituais. Não se tratam de
aspectos físicos, mas de estados de espírito, ou seja, o contexto se encaixa
mais numa descrição de uma “doença espiritual”.
Então, temos os versos 14-15: " Tg 5:14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e
orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; ACF2007”. Ou seja, se alguém está “débil" na fé (oposto de
animado), possivelmente por alguma situação de pecado que gerou um “desvio”
espiritual, essa pessoa deve chamar os presbíteros da igreja, e eles devem
ungi-la com óleo, e orar por ela. Consequentemente, a oração da fé “salvará o
enfermo”. Essas duas palavras são muito importantes. “Salvará” no texto grego é
σώσει (sósei). O termo típico para salvação de
pecados. E enfermo é κάμνοντα (kamnonta)
que tem o sentido primário de “exaustão”. Portanto, o Senhor “salvará o
desanimado”. É claro que todos esses termos podem ser aplicados a “doença
física”, mas o assunto de Tiago não é “doença física” e sim “doença
espiritual”. Ele está falando, provavelmente, de uma pessoa que pecou
gravemente, se afastou dos caminhos de Deus, porém, ao ser tocada pelo
arrependimento, deseja voltar, mas não tem forças. Assim, os presbíteros devem
formalmente ir até ela, orar por ela e ungi-la. Assim, formalmente, o pecado
cometido fica perdoado diante de Deus e dos homens. Nesse caso, o óleo é o
símbolo do Espírito Santo renovando a vida espiritual desse pecador.
Que o assunto é esse, fica ainda mais claro na sequência do texto: “Confessai,
pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes
curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg 5.16). Ou seja,
o pecador deve confessar seu pecado e receber oração formal, assim, é
reconduzido à comunhão da igreja.
Sobre a pergunta que poderia surgir, ou seja, se homens pecadores poderiam
fazer isso por outros pecadores, Tiago responde com o exemplo de Elias: “17 Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu
que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra.18 E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu
fruto.” (Tg
5.17-18). Portanto, nisso está a eficácia da oração do justo. Não é a ideia de
perfeição de quem está orando, pois Elias é citado aqui como “sujeito aos
mesmos sentimentos”, mas sua oração foi ouvida por Deus. A metáfora de “abrir o
céu” e “fechar o céu”, no caso de Elias, fica ainda mais significativa. Quando
os presbíteros oram para que Deus restaure o pecador arrependido, isso tem uma
correspondência direta com o que é decidido no céu. Em situação semelhante
evocando disciplina, restauração e perdão de pecados, no famoso Mateus 18,
Jesus disse: "Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá
sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos
céus” (Mt 18.18).
Os dois últimos versículos do capítulo e do livro de Tiago não deixam dúvida de
que o assunto é “perdão de pecados”: “Meus irmãos, se algum entre vós se
desviar da verdade, e alguém o converter, sabei que aquele que converte o
pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão
de pecados” (Tg 5.19-20).
Portanto, em que situação a carta de Tiago autoriza os presbíteros a utilizarem
o óleo? Para ungir qualquer doente? Parece-nos que não. A prática desse ato
pode facilmente conduzir aos abusos e a uma consideração idolátrica do óleo.
Formalmente, os presbíteros poderiam utilizar o óleo para ungir um pecador
arrependido, que cometeu um pecado grave e se desviou do caminho de Deus
(talvez perjuro), porém arrependido deseja voltar, mas não tem forças
espirituais para isso. Então, formalmente, os presbíteros vão até ele quando
chamados, oram por ele, ungem-no com óleo, simbolizando a restauração
espiritual através do Espírito Santo, e confiam que seu ato realizado na terra
foi confirmado no céu. Isso retira qualquer "poder" de cura do óleo
em si mesmo, e estabelece-o como um símbolo da ação restauradora do Espírito
Santo.
Pastor Leandro
Lima
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Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.