Você Acredita em Maria?





            Sim, nós cremos em tudo que a Palavra de Deus fala sobre Maria. As crenças que rejeitamos são aquelas que vieram posteriormente, sem nenhum respaldo bíblico. Cremos que Maria foi uma mulher maravilhosa, escolhida por Deus para ser a mãe de Jesus Cristo. Também que ela ficou virgem até o nascimento do nosso Salvador. Por outro lado, não oramos a Maria nem lhe fazemos imagens, porque a Bíblia nos diz em Lucas 4:8: Adorarás ao Senhor teu Deus, e só a ele prestarás culto. A Bíblia nos ensina claramente que as orações devem ser dirigidas a Deus Pai. Quando os discípulos pediram a Jesus: Senhor, ensina-nos a orar, a primeira coisa que ele ensinou foi: Pai nosso... e lhes ensinou todo o “Pai Nosso”. Outra vez Jesus perguntou a um grupo de pessoas: Por que me chamais Senhor e não fazeis o que eu vos mando? Então, se Jesus nos mandou orar ao Pai, vamos fazê-lo!

            Algumas vezes aqueles que desejam que oremos a Maria dizem que desde que ela foi a mãe de Jesus, ele sempre atende tudo que ela lhe pede. Você pode julgar por si mesmo se isso é ou não verdade, lendo a seguinte passagem da Bíblia: Chegaram então sua mãe e seus irmãos e, ficando do lado de fora, mandaram chamá-lo. Havia uma multidão sentada em torno dele. Disseram-lhe: “Eis que tua mãe, teus irmãos e tuas irmãs, estão lá fora e te procuram”. Ele perguntou: “Quem é minha mãe e meus irmãos?” E, repassando com o olhar os que estavam sentados ao seu redor, disse: “Eis a minha mãe e os meus irmãos. Quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe”. (Marcos 3:31-35)

            Na Bíblia não existe exemplo algum de que alguém tenha ido a Jesus ou ao Pai através de Maria. Em vez disso, lemos: há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus, que se deu em resgate por todos (1 Timóteo 2:5-6). Jesus disse: Eu sou o caminho,  a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai a não ser por mim (João 14:6). Cristo é o nosso único mediador. Ele nos coloca diretamente em contato com Deus, porque tomou sobre si os nossos pecados que nos separavam de Deus, colocando-nos em contato direto com Ele.

            A História nos ensina que as orações a Maria começaram no final do quarto século depois de Cristo. Se Maria vivesse na época, jamais teria permitido tal prática. Sendo uma mulher piedosa, ela jamais aceitaria as orações que deveriam ser feitas diretamente ao Deus único.

            Na Itália, o maior centro do Catolicismo Romano, as pessoas tendem a criar várias imagens de Maria. Também acreditam que cada imagem por si tem habilidades particulares. Umas crêem que uma imagem tem poder para curar. Outras crêem que ela livra das lavas do Vesúvio. Outras protegem grupos particulares, como pescadores, por exemplo. As igrejas cheias de imagens são as que criam esse tipo de crenças. O resultado é que muitas pessoas viajam quilômetros, passando por várias imagens de Maria, em busca daquela pela qual serão ajudadas. Isso é obviamente idolatria e não é isso que desejo discutir, pois nada tem a ver com Maria, a mãe de Jesus, que é uma só. Seu poder não poderia mudar de uma estátua para outra...

            Entrementes, olhemos para Maria, a mãe de Jesus, uma mulher tão real quanto você que está lendo este livro. Cremos que ela foi uma excelente mulher, já que Deus a escolheu para um papel tão especial que lhe daria proeminência e nos ajudaria com o seu exemplo. Não há, entretanto, razão alguma para crer que ela tenha sido concebida sem pecado (Imaculada Conceição), porque, após o nascimento de Jesus, nós a encontramos no Templo, oferecendo sacrifício pela sua purificação (Lucas 2:22-24). Era o mesmo que todas as mulheres hebréias costumavam fazer, depois de dar à luz (leia Levítico 12). Também, em sua prece de agradecimento a Deus, por ter sido escolhida para mãe do Salvador, Maria chama Deus de meu Salvador (Lucas 1:47). Se ela fora nascida sem pecado, não precisaria de purificação nem de um Salvador.

 

 

Mãe de Deus?

            A Igreja de Roma ensina que Maria deve ser chamada Mãe de Deus, expressão jamais usada na Bíblia. A razão é porque ela é a mãe de Jesus Cristo e ele é Deus. Se à primeira vista isso parece aceitável, por outro lado, se ela fosse a mãe de Deus, poderíamos concluir que a criatura pode ser a mãe do Criador, isto é, que Maria nascida em um tal período da História seria a mãe de tudo relativo a Deus, que existiu desde toda a eternidade (Gênesis 1:1; João 1:1-3 e 14). A Bíblia não nos ensina tal coisa. Em vez disso ela diz que Deus, que sempre existiu, tomou a forma de homem através do nascimento virginal. Então, Maria é a mãe da natureza humana de Cristo, porém não de sua natureza divina, a qual existiu desde a eternidade (João 8:57-58). A fim de evitar confusão neste ponto, é melhor não a chamarmos Mãe de Deus.

 

 

Sempre Virgem?

            Enquanto a Bíblia ensina que Maria foi virgem até o nascimento de Jesus, não nos dá razão alguma para crer que ela tenha permanecido virgem toda a sua vida. De fato, Maria foi obediente a Deus que, quando falava de gente casada disse: Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. (Efésios 5:31 e Mateus 19:6). Falando particularmente de Maria e José, a Bíblia explica: Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus (Mateus 1:25). Esta passagem obviamente estabelece que José não teve relação sexual com Maria antes do nascimento de Jesus, mas propositadamente exclui o tempo que se segue. Nem passagem alguma que fala da virgindade de Maria estabelece ter ela permanecido virgem, depois do nascimento de Jesus; pelo contrário, deixa claro que José e Maria tiveram vida normal de marido e mulher. Manter Maria virgem a vida inteira é fazer-nos crer que ela não obedecia a vontade de Deus para mulheres casadas, o que não a honra, de modo algum.

 

 

Quem Eram os Irmãos de Jesus?

            Para provar que Maria não permaneceu virgem para sempre, a Bíblia nos fala dos irmãos de Jesus, diversas vezes, também. No Evangelho de Mateus, lemos: Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas. Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isso? (Mateus 13:55-56). Depois do nascimento de Jesus, todas as vezes em que a Bíblia fala de Maria, ela está sempre em companhia de seus filhos. Pelo visto, eles viviam juntos, como uma família normal (Mateus 12:46, 13:55-56, Marcos 3:31, 6:3, Lucas 8:19 e João 2:12). Alguns Católicos garantem que os irmãos de Jesus eram na verdade seus primos. Muitas traduções antigas da Bíblia Católica traduzem a palavra irmão por primo, sem qualquer respaldo bíblico e somente no caso dos irmãos de Jesus Cristo. Todos os demais irmãos foram traduzidos por irmãos. A desonestidade neste tipo de tradução foi tão evidente, que quase todas as traduções recentes da Bíblia, agora usam a palavra irmão.

            Alguns Católicos até argumentam: sim, eles eram irmãos, mas só no sentido espiritual, não físico. Essa interpretação é também errada, porque até a ressurreição acontecer, os irmãos de Jesus não criam nele (João 7:5). Então está muito claro que seus irmãos na carne não criam nele. Se seus irmãos não criam nele, obviamente não eram irmãos no sentido espiritual. Os tradutores da versão New American Bible (Nova Bíblia Americana) evidentemente reconhecem que esta contesta os ensinos romanos de que Maria permaneceu virgem após o nascimento de Cristo. Eles enfraqueceram levemente a tradução de João 7:5. Várias passagens da Bíblia realmente distinguem os irmãos espirituais dos irmãos físicos de Jesus. Exemplo disso é João: 2:12. Depois disto, desceram a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos e seus discípulos.... (Ver ainda João 12:46-50, Marcos 3:31-35, 6:1-3, Lucas 8:19-22). Passagens como estas deixam bem claro que a Bíblia faz distinção entre os irmãos de Cristo e seus discípulos.

            Sobre esse falso fundamento da perpétua virgindade de Maria, os filósofos, através dos séculos, criaram muitas fábulas e idéias que não estavam embasadas na Bíblia ou em qualquer outro registro do período no qual ela viveu. Jesus Cristo não encorajou a excessiva glorificação de Maria, a qual é tão comum, agora. Lemos, por exemplo: Enquanto ele assim falava, certa mulher levantou a voz do meio da multidão, e disse-lhe: “Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram!” Ele, porém, respondeu: “Felizes, antes, os que ouvem a palavra de Deus e a observam” (Lucas 11:27-28. Ver também: Mateus 12:46-50 e Marcos 3:31-35).

            Dar a Maria a glória que só deveria ser dada a Deus não é a maneira certa de honrá-la. Se eu chamasse você de “Sua Majestade, a Rainha da Inglaterra”, ou então dissesse: “foi maravilhosa a sua bravura ao enfrentar perigos para atravessar o Oceano Atlântico e descobrir a América!”, você se sentiria honrado? Provavelmente você me acharia um grande ignorante ou então que eu estaria zombando de você, não é? Certamente você iria preferir que eu dissesse algo de bom que você tivesse realmente feito...

            Outra maneira de honrar Maria é fazer o que certamente lhe agradaria. A Bíblia nos dá apenas um mandamento dela. Foi nas Bodas de Caná que ela disse: Fazei tudo o que ele vos disser (João 2:5). Ela estava ordenando que os criados naquelas Bodas obedecessem Jesus em tudo que Ele os mandasse fazer. Uma vez que este mandamento foi dado numa ocasião especial e para um povo específico, nós até podemos deixar de cumpri-lo, se o desejarmos. Todavia, em nossos corações sabemos que Maria ficaria mais feliz se obedecêssemos a Cristo do que se deixássemos de fazê-lo, e ainda por cima ficássemos dizendo que estamos honrando-a. Então, vamos honrar Maria de uma maneira que não vá de encontro aos ensinos da Escritura, de um modo que ela e Deus possam aprovar. Sigamos o seu mandamento, fazendo tudo que Jesus nos manda fazer...

 

Cap. 6 do livro “To My Catholic Friends”, de Thomas F. Heinze.

Ele trabalhou por mais de 30 anos como missionário na Itália. Atualmente ele dirige a editora Edizione Centro Biblico. Ele é bacharel pela Oregon State University e mestre em Teologia do Dallas Theological Seminary.





Traduzido por Mary Schultze, em 1997.


 



 




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