● A palavra “apócrifo” vem do grego apokrupha que
significa “coisas ocultas”. Porém com o decorrer do tempo foi adquirindo o
significado de “espúrio” e “não-puro”. Os livros apócrifos estão inseridos no
Velho Testamento fazendo que o Velho Testamento do catolicismo tenha 46 livros
enquanto o nosso 39 livros. Os apócrifos são 6 livros, a saber: Tobias, Judite,
Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1º e 2º de Macabeus, seis capítulos e dez
versículos acrescentados no livro de Ester e dois capítulos de Daniel. Esses
livros não constam no cânon hebraico. A palavra “cânon” significa literalmente
“cana” ou “vara de medir”. Esta palavra, com o tempo, passou a classificar os
livros que são considerados genuínos e inspirados por Deus. Sendo assim, os
hebreus consideram os livros apócrifos como não inspirados por Deus.
● O que são os livros apócrifos?
1°) A palavra apócrifo, de origem grega, significa “coisas
ocultas” e aponta para escritos sem autenticidade. É uma referência aos livros
que são apontados como não inspirados, ou seja, livros que não devem ser
estudados como se tivessem sido inspirados por Deus. Aqui nós temos uma
diferença bem grande entre o que evangélicos e católicos pensam quanto a esses
livros.
● Os apócrifos na visão dos católicos
2°) Para os católicos, aqueles livros que não eram aceitos
como inspirados pelos judeus da palestina, ou seja, que não fazem parte da
Bíblia judaica, eles os consideram como uma espécie de segunda leva de livros
inspirados por Deus. Por isso, os chamam de deuterocanônicos (pertencentes ao
segundo cânon). Esses livros são: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão,
Eclesiástico ou Sirácida, Baruque, Epístola de Jeremias, Primeiro e Segundo
Macabeus e os acréscimos a Ester (Ester Grego) e a Daniel (A Oração de Azarias,
A Canção dos Três Jovens e as histórias de Suzana e de Bel e do Dragão). Assim,
para os católicos, esses livros acima, mesmo não constando na Bíblia judaica,
são inspirados e os outros que existem (veja no ponto 4) são os que eles chamam
de apócrifos (sem autenticidade).
● Os apócrifos na visão dos evangélicos
3°) Já para os evangélicos todos esses livros adicionais que
os católicos chamam de deuterocanônicos são considerados como apócrifos e ainda
todos os outros que também os católicos consideram apócrifos (veja no ponto 4).
Os evangélicos consideram que se os judeus, que receberam as primeiras
revelações de Deus, consideram esses livros como não inspirados e não os
incluíram na Bíblia judaica, essa decisão merece ser considerada, pois foi
fruto de centenas de anos de estudo e considerações sobre o texto sagrado de um
povo que foi guardião das revelações de Deus durante séculos.
● Quantos livros apócrifos existem?
4°) Para se ter uma ideia, a quantidade de livros apócrifos é
quase infinita. Abaixo citarei alguns dos mais famosos, porém, temos centenas
de apócrifos conhecidos: O pastor de Hermas, Epístola de Barnabé, o Apocalipse
de Pedro, Didaque, 1 Clemente, Laodicenses, Apocalipse das Semanas de Enoch,
Proto Evangelho Segundo Tiago, Atos de João, A infância de Cristo Segundo
Pedro, A Infância de Cristo Segundo Tomé, José o Carpinteiro, A Sophia de Jesus
Cristo, Epístola a Diogneto, Cartas do Senhor, Ciclo de Pilatos, Declaração de
José de Arimateia, Agrapha extra-evangelho, Evangelho Segundo Bartolomeu, O
Evangelho de Felipe, O evangelho de Judas, O evangelho de Maria Madalena, O
evangelho de Nicodemus, Descida de Cristo ao inferno, O evangelho segundo
Pedro, Evangelho segundo Tomé, o Dídimo, O hino da Pérola, Manuscritos de
Qumran (Mar Morto), O primeiro livro de Adão e Eva, Livro de Melquisedeque,
Oração de Manassés, Salmo 151, Salmos de Salomão, etc. E nessa lista, segundo a
visão evangélica, ainda se incluem todos os livros que os católicos incluíram
em sua Bíblia (veja no ponto 2) e que nós consideramos como não inspirados.
● Por que evangélicos não aceitam os apócrifos
5°) Um fato interessante sobre os apócrifos é que grande
parte deles era escrito por autores que não revelavam seus nomes, antes, usavam
nomes de personagens famosos dos livros que já eram considerados verdadeiros
para dar “poder” aos seus escritos e chamar a atenção. Mas a natureza de seus
conteúdos, a forma de escrita e outros detalhes adicionais, davam total
possibilidade dos estudiosos escribas identificarem esses fatos e os rejeitarem
como verdadeiros. Os evangélicos seguem o cânon judaico que não só rejeita os
livros que a Bíblia católica tem a mais, mas também todos os outros que foram
escritos tanto antes quanto depois de Cristo e que, claramente, contém erros
grosseiros.
6°) Para não alongar muito o estudo, vou deixar apenas como
exemplo algumas heresias de um dos apócrifos mais famosos, 2 Macabeus:
a) A oração pelos mortos: “Se não tivesse esperança na
ressurreição dos que tinham morrido na batalha, seria coisa inútil e tola rezar
pelos mortos. Mas, considerando que existe uma bela recompensa guardada para
aqueles que são fiéis até à morte, então esse é um pensamento santo e piedoso.
Por isso, mandou oferecer um sacrifício pelo pecado dos que tinham morrido,
para que fossem libertados do pecado” (2 Macabeus 12:44-46).
b) Culto e missa pelos mortos (2 Macabeus 12:43)
c) O próprio autor não se julga inspirado (2 Macabeus
15:38-40; 2:25-27)
● E por fim, posso dizer que os apócrifos podem sim ser
estudados com o fim de sabermos de fatos históricos de suas épocas, bem como de
informações importantes que aconteceram. Eles estão recheados de história.
Porém, devem ser lidos sempre com a ideia clara de que aquilo que mencionam não
é considerado de fato inspirado por Deus e, por isso, eles não gozam do mesmo
peso dos livros considerados canônicos (inspirados pelo Senhor).
● Merecem confiança os livros apócrifos?
A Constituição Dogmática sobre Revelação Divina, o Concílio
Vaticano II, declarou que “Ela (a igreja) sempre considerou as Escrituras junto
com a tradição sagrada como a regra suprema de fé, e sempre as considerará
assim”.
Nós, cristãos evangélicos, rejeitamos a tradição como regra
de fé. Quando a Igreja Católica Romana se refere ao cânon do Velho Testamento
inclui uma série de livros chamados “Apócrifos”, os quais não aparecem nas
versões evangélica e hebraica da Bíblia. O resultado disto foi que, na opinião
popular dos católicos, existem duas Bíblias: uma católica e outra protestante.
Mas semelhante asseveração não é certa. Só existe uma Bíblia, uma Palavra
(escrita) de Deus.
● Apócrifos, o que significa?
No grego clássico, a palavra apocrypha significava “oculto”
ou “difícil de entender”. Posteriormente, tomou o sentido de “esotérico” ou
algo que só os iniciados podem entender; não os de fora. Na época de Irineu e
de Jerônimo (séculos III e IV), o termo apocrypha veio a ser aplicado aos
livros não-canônicos do Antigo Testamento, mesmo aos que foram classificados
previamente como “pseudepígrafos”.
● Como os apócrifos foram aprovados
A Igreja Romana aprovou os apócrifos em 8 de Abril de 1546
para combater a Reforma protestante. Nessa época, os protestantes se opunham
violentamente às doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos,
salvação pelas obras etc. A primeira edição da Bíblia católico-romana com os
apócrifos deu-se em 1592, com autorização do papa Clemente VIII.
Os reformadores protestantes publicaram a Bíblia com os apócrifos,
colocando-os entre o Antigo e o Novo Testamentos, não como livros inspirados,
mas bons para a leitura e de valor literário histórico. Isto continuou até
1629. A famosa versão inglesa King James (Versão do Rei Tiago) de 1611 ainda os
trouxe. Mas, após 1629, as igrejas reformadas excluíram totalmente os apócrifos
das suas edições da Bíblia, e “induziram a Sociedade Bíblica Britânica e
Estrangeira, sob pressão do puritanismo escocês, a declarar que não editaria
Bíblias que tivessem os apócrifos, e de não colaborar com outras sociedades que
incluíssem esses livros em suas edições”. Melhor assim. Tinham em vista evitar
confusão entre o povo simples, que nem sempre sabe discernir entre um livro
canônico e um apócrifo.
● Há várias razões porque rejeitamos os apócrifos. Eis
algumas delas:
Não temos nenhum registro de alguma controvérsia entre Jesus
e os judeus sobre a extensão do cânon. Jesus e os autores do Novo Testamento
citam, mais de 295 vezes, várias partes das Escrituras do Antigo Testamento
como palavras autorizadas por Deus, mas nem uma vez sequer mencionam alguma
declaração extraída dos livros apócrifos ou qualquer outro escrito como se
tivesse autoridade divina.
● Testemunho dos pais da Igreja
ORÍGENES: No terceiro século a.D., Orígenes (que morreu em
254) deixou um catálogo de vinte e dois livros do Antigo Testamento, preservado
na História Eclesiástica de Eusébio, VI: 25. Inclui a mesma lista do cânone de
vinte e dois livros de Josefo (e do Texto Massorético), inclusive Ester, mas
nenhum dos apócrifos é declarado canônico, e se diz explicitamente que os
livros de Macabeus estão “fora desses [livros canônicos]”.
TERTULIANO: Tertuliano (160-250 d.C.) era aproximadamente
contemporâneo de Orígenes. Declara que os livros canônicos são vinte e quatro.
HILÁRIO: Hilário de Poitiers (305-366) os menciona como sendo
vinte e dois.
ATANÁSIO: De modo semelhante, em 367 d.C., o grande líder da
igreja, Atanásio, bispo de Alexandria, escreveu sua Carta Pascal e alistou
todos os livros do nosso atual cânon do Novo Testamento e do Antigo Testamento,
exceto Ester.
JERÔNIMO: Jerônimo (340-420. a.D.) fez a seguinte citação:
“Este prólogo, como vanguarda, com capacete das Escrituras, pode ser aplicado a
todos os livros que traduzimos do hebraico para o latim, de tal maneira que
possamos saber que tudo quanto é separado destes deve ser colocado entre os
apócrifos. Portanto, a sabedoria comumente chamada de Salomão, o livro de
Jesus, filho de Siraque, e Judite e Tobias e o Pastor (supõe-se que seja o
Pastor de Hermas), não fazem parte do cânon. Descobri o Primeiro Livro de
Macabeus em hebraico; o Segundo foi escrito em grego, conforme testifica sua
própria linguagem”.
MELITO: A mais antiga lista cristã dos livros do Antigo
Testamento que existe hoje é a de Melito, bispo de Sardes, que escreveu em
cerca de 170 d.C.
“Quando cheguei ao Oriente e encontrei-me no lugar em que
essas coisas foram proclamadas e feitas, e conheci com precisão os livros do
Antigo Testamento, avaliei os fatos e os enviei a ti. São estes os seus nomes:
cinco livros de Moisés, Gênesis, Êxodo, Números, Levítico, Deuteronômio, Josué,
filho de Num, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos, os dois livros de
Crônicas, os Salmos de Davi, os Provérbios de Salomão e sua Sabedoria,
Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos, Jó, os profetas Isaías, Jeremias, os doze
num único livro, Daniel, Ezequiel, Esdras”.
É digno de nota que Melito não menciona aqui nenhum livro dos
apócrifos, mas inclui todos os nossos atuais livros do Antigo Testamento,
exceto Ester. Mas as autoridades católicas passam por cima de todos esses
testemunhos para manter, em sua teimosia, os apócrifos!
● As heresias dos apócrifos
TOBIAS - (200 a.C.) - É uma história novelística sobre a
bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael.
Apresenta:
• justificação pelas obras – 4.7-11; 12.8.
• mediação dos Santos – 12.12
• superstições – 6.5, 7-9,19
• um anjo engana Tobias e o ensina a mentir – 5.16 a 19
JUDITE - (150 a.C.) É a história de uma heroína viúva e
formosa que salva sua cidade enganando um ¬general inimigo e decapitando-o.
Grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.
BARUQUE - (100 a.D.) - Apresenta-se como sendo escrito por
Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da
destruição de Jerusalém. Mas é de data muito posterior, quando da segunda
destruição de Jerusalém, no pós-Cristo.
Traz, entre outras coisas, a intercessão pelos mortos – 3.4.
ECLESIÁSTICO - (180 a.C.) - É muito semelhante ao livro de
Provérbios, não fosse as tantas heresias:
• justificação pelas obras – 3.33, 34.
• trato cruel aos escravos – 33.26 e 30; 42.1 e 5.
• incentiva o ódio aos samaritanos – 50.27 e 28
SABEDORIA DE SALOMÃO - (40 a.D.) - Livro escrito com
finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo
(filosofia grega na era Cristã).
Apresenta:
• o corpo como prisão da alma – 9.15
• doutrina estranha sobre a origem e o destino da alma – 8.19
e 20
• salvação pela sabedoria – 9.19
1 MACABEUS - (100 a.C.) - Descreve a história de três irmãos
da família “Macabeus”, que no chamado período interbíblico (400 a.C. 3 a.D)
lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e terra.
2 MACABEUS - (100 a.C.) - Não é a continuação de 1 Macabeus,
mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu.
Apresenta:
● a oração pelos mortos – 12.44 - 46
● culto e missa pelos mortos – 12.43
● o próprio autor não se julga inspirado
–15.38-40; 2.25-27.
● intercessão pelos santos – 7.28 e 15.14
Adições a Daniel:
Capítulo 13 - A história de Suzana - segundo esta lenda
Daniel salva Suzana num julgamento fictício baseado em falsos testemunhos.
Capítulo 14 - Bel e o Dragão - Contém histórias sobre a
necessidade da idolatria.
Capítulo 3.24-90 - o cântico dos três jovens na fornalha.
● Lendas, erros e outras heresias:
1°) Histórias fictícias, lendárias e absurdas
Tobias 6.1-4 - “Partiu, pois, Tobias, e o cão o seguiu, e
parou na primeira pousada junto ao rio Tigre. E saiu a lavar os pés, e eis que
saiu da água um peixe monstruoso para o devorar. À sua vista, Tobias,
espavorido, clamou em alta voz, dizendo: Senho
2°) Erros históricos e geográficos
Esses livros contêm erros históricos, geográficos e
cronológicos, além de doutrinas obviamente heréticas; eles até aconselham atos
imorais (Judite 9.10,13). Os erros dos apócrifos são freqüentemente apontados
em obras de autoridade reconhecida. Por exemplo: o erudito bíblico DL René
Paehe comenta: “Exceto no caso de determinada informação histórica interessante
(especialmente em 1 Macabeus) e alguns belos pensamentos morais (por exemplo,
Sabedoria de Salomão). Tobias contém certos erros históricos e geográficos,
tais como a suposição de que Senaqueribe era filho de Salmaneser (1.15) em vez
de Sargão II, e que Nínive foi tomada por Nabu¬codonosor e por Assuero (14.15)
em vez de Nabopolassar e por Ciáxares... Judite não pode ser histórico porque
contém erros evidentes... [Em 2 Macabeus]. Há também numerosas desordens e
discrepâncias em assuntos cronológicos, históricos e numéricos, os quais
refletem ignorância ou confusão.”
3°) Ensinam artes mágicas ou de feitiçaria como método de
exorcismo
Tobias 6.5-9 - “Então disse o anjo: Tira as entranhas a esse
peixe, e guarda, porque estas coisas te serão úteis. Feito isto, assou Tobias
parte de sua carne, e levaram-na consigo para o caminho; salgaram o resto, para
que lhes bastassem até que chegassem a Ragés, cidade dos Medos. Então Tobias
perguntou ao anjo e disse-lhe: Irmão Azarias, suplico-lhe que me digas de que
remédio servirá estas partes do peixe, que tu me mandaste guardar: E o anjo,
respondendo, disse-lhe: Se tu puseres um pedacinho do seu coração sobre brasas
acesas, o seu fumo afugenta toda a casta de demônios, tanto do homem como da
mulher, de sorte que não tornam mais a chegar a eles. E o fel é bom para untar
os olhos que têm algumas névoas, e sararão”. Este ensino de que o coração de um
peixe tem poder para expulsar toda espécie de demônios contradiz tudo o que a
Bíblia diz sobre superstição.
4°) Ensinam que esmolas e boas obras limpam os pecados e
salvam a alma
a) Tobias 12.8, 9 - “É boa a oração acompanhada do jejum, dar
esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro; porque a esmola livra da morte
(eterna), e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida
eterna”.
b) Eclesiástico 3.33 - “A água apaga o fogo ardente, e a
esmola resiste aos pecados”. A salvação por obras destrói todo o valor da obra
vicária de Cristo em favor do pecador.
5°) Ensinam o perdão dos pecados através das orações
Eclesiástico 3.4 - “O que ama a Deus implorará o perdão dos
seus pecados, e se absterá de tornar a cair neles, e será ouvido na sua oração
de todos os dias”.
O perdão dos pecados não está baseado na oração que se faz
pedindo o perdão, não é fé na oração, e sim fé naquele que perdoa o pecado.
6°). Ensinam a oração pelos mortos
2 Macabeus 12.43-46 - “e tendo feito uma coleta, mandou 12
mil dracmas de prata a Jerusalém, para serem oferecidas em sacrifícios pelos
pecados dos mortos, sentindo bem e religiosamente a ressurreição (porque, se
ele não esperasse que os que tinham sido mortos, haviam um dia de ressuscitar,
teria por uma coisa supérflua e vã orar pelos defuntos); e porque ele
considerava que aos que tinham falecido na piedade estava reservada uma
grandíssima misericórdia. É, pois, um santo e salutar pensamento orar pelos
mortos, para que sejam livres dos seus pecados”.
É nesse texto de um livro não canônico que a Igreja Católica
Romana baseia sua doutrina do purgatório.
7°) Ensinam a existência de um lugar chamado purgatório
Sabedoria 3.1-4 - “As almas dos justos estão na mão de Deus,
e não os tocará o tormento da morte. Pareceu aos olhos dos insensatos que
morriam; e a sua saída deste mundo foi considerada como uma aflição, e a sua
separação de nós como um extermínio; mas eles estão em paz (no céu). E, se eles
sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está cheia de
imortalidade”.
A Igreja Católica baseia a doutrina do purgatório na última
parte desse texto. Afirmam os católicos que o tormento em que o justo está é o
purgatório que o purifica para entrar na imortalidade. Isto é uma deturpação do
próprio texto do livro apócrifo.
8°) Tobias 5.15-19
“E o anjo disse-lhe: Eu o conduzirei e to reconduzirei.
Tobias respondeu: Peço-te que me digas de que família e de que tribo és tu? O
anjo Rafael disse-lhe: Procuras saber a família do mercenário, ou o mesmo
mercenário que vá com teu filho? Mas para que te não ponhas em cuidados, eu sou
Azarias, filho do grande Ananias. E Tobias respondeu-lhe: Tu és de uma ilustre
família. Mas peço-te que te não ofendas por eu desejar conhecer a tua geração”.
Um anjo de Deus não poderia mentir sobre a sua identidade sem
violar a própria lei santa de Deus. Todos os anjos de Deus foram verdadeiros
quando lhes perguntado a sua identidade. Veja Lucac 1.19.
● Decisão polêmica e eivada de preconceito
Resumindo todos esses argumentos, essa postura afirma que o
amplo emprego dos livros apócrifos por parte dos cristãos desde os tempos mais
primitivos é evidência de sua aceitação pelo povo de Deus. Essa longa tradição
culminou no reconhecimento oficial desses livros, no Concílio de Trento, como
se tivessem sido inspirados por Deus. Mesmo não-católicos, até o presente
momento, conferem aos livros apócrifos uma categoria de paracanônicos, o que se
deduz do lugar que lhes dão em suas Bíblias e em suas igrejas.
O cânon do Antigo Testamento até a época de Neemias
compreendia 22 (ou 24) livros em hebraico, que, nas Bíblias dos cristãos,
seriam 39, como já se verificara por volta do século IV a.C. Foram os livros
chamados apócrifos, escritos depois dessa época, que obtiveram grande
circulação entre os cristãos, por causa da influência da tradução grega de
Alexandria. Visto que alguns dos primeiros pais da igreja, de modo especial no
Ocidente, mencionaram esses livros em seus escritos, a igreja (em grande parte
por influência de Agostinho) deu-lhes uso mais amplo e eclesiástico. No
entanto, até a época da Reforma esses livros não eram considerados canônicos. A
canonização que receberam no Concílio de Trento não recebeu o apoio da
história. A decisão desse Concílio foi polêmica e eivada de preconceito.
Que os livros apócrifos, seja qual for o valor devocional ou
eclesiástico que tiverem, não são canônicos, o que se comprova pelos seguintes
fatos:
1°. A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos.
2°. Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo
Testamento.
3°. A maior parte dos primeiros grandes pais da igreja
rejeitou sua canonicidade.
4°. Nenhum concílio da igreja os considerou canônicos senão
no final do século IV.
5°. Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da
Vulgata, rejeitou fortemente os livros apócrifos.
6°. Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da
Reforma, rejeitaram os livros apócrifos.
7°. Nenhuma igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante,
até a presente data, reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido
integral dessas palavras.
Em virtude desses fatos importantíssimos, torna-se
absolutamente necessário que os cristãos de hoje jamais usem os livros
apócrifos como se fossem Palavra de Deus, nem os citem em apoio autorizado a
qualquer doutrina cristã.
Com efeito, quando examinados segundo os critérios elevados
de canonicidade estabelecidos, verificamos que aos livros apócrifos faltam:
1°) Os apócrifos não reivindicam ser proféticos.
2°) Não detêm a autoridade de Deus. O prólogo do livro
apócrifo Eclesiástico (180 a.C.) diz: “Muitos e excelentes ensinamentos nos
foram transmitidos pela Lei, pelos profetas, e por outros escritores que vieram
depois deles, o que torna Israel digno de louvor por sua doutrina e sua
sabedoria, visto não somente os autores destes discursos tiveram de ser
instruídos, também os próprios estrangeiros se podem tomar (por meio deles)
muito hábeis, tanto para falar como para escrever. Por isso, Jesus, meu avô, depois
de se ter aplicado com grande cuidado à leitura da Lei, dos profetas e dos
outros livros que nossos pais nos legaram, quis também escrever alguma coisa
acerca da doutrina e sabedoria... Eu vos exorto, pois, a ver com benevolência,
e a empreender esta leitura com uma atenção particular e a perdoar-nos, se
algumas vezes parecer que, ao reproduzir este retrato da soberania, somos
incapazes de dar o sentido (claro) das expressões”. Este prólogo é um
auto-reconhecimento da falibilidade humana. (grifo acrescentado). Diante de
tudo isso, perguntamos: “Merecem confiança os livros Apócrifos?” A resposta
obvia é: NÃO!
● Natureza e número dos apócrifos do Antigo Testamento
Há quinze livros chamados apócrifos (quatorze, se a Epístola
de Jeremias se unir a Baruque, como ocorre nas versões católicas de Douai). Com
exceção de 2 Esdras, esses livros preenchem a lacuna existente entre Malaquias
e Mateus e compreendem especificamente dois ou três séculos antes de Cristo.
● Significado das palavras cânon e canônico
CÂNON - (de origem semítica, na língua hebraica “qãneh” em Ez
40.3; e no grego: “kanón”, em Gl 6.16") tem sido traduzido em nossas
versões em português como “regra”, “norma”. Literalmente, significa vara ou
instrumento de medir.
CANÔNICO - Que está de acordo com o cânon. Em relação aos 66
livros da Bíblia hebraica e evangélica.
● Significado da palavra Pseudoepígrafado
Literalmente significa “escritos falsos” - Os apócrifos não
são necessariamente escritos falsos, mas, sim, não-canônicos, embora também
contenham ensinos errados ou hereges.
● Diferença entre as Bíblias hebraicas, protestantes e
católicas
1°. Bíblia hebraica [a Bíblia dos judeus]
a) Contém somente os 39 livros do VT
b) Rejeita os 27 do NT como inspirado, assim como rejeitou
Cristo.
c) Não aceita os livros apócrifos incluídos na Vulgata
(versão Católica Romana).
2°. Bíblia protestante
a) Aceita os 39 livros do VT e também os 27 do N.T.
b) Rejeita os livros apócrifos incluídos na Vulgata, como não
canônicos.
3°. Bíblia católica
a) Contém os 39 livros do VT e os 27 do N.T.
b) Inclui, na versão Vulgata, os livros apócrifos ou não
canônicos que são: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, 1º e 2º de
Macabeus, seis capítulos e dez versículos acrescentados no livro de Ester e
dois capítulos de Daniel.
● A seguir, a lista dos que se encontravam na
Septuaginta:
1. 3 Esdras
2. 4 Esdras
3. Oração de Azarias
4. Tobias
5. Adições a Ester
6. A Sabedoria de Salomão
7. Eclesiástico (Também chamado de Sabedoria de Jesus, filho
de Siraque).
8. Baruque
9. A Carta de Jeremias
10. Os acréscimos de Daniel
11. A Oração de Manassés
12. 1 Macabeus
13. 2 Macabeus
14. Judite
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.