por Airton Evangelista da Costa
Este trabalho
é um esboço, um ensaio, um estudo, em que condensamos diversos fatos
relacionados com a INQUISIÇÃO [ Veja como
funciona hoje a
Inquisição católica ]. O assunto, de tão vasto, não se
esgota nestas páginas.
As
dificuldades enfrentadas pela Igreja de Cristo através dos séculos devem
ser conhecidas por todos os cristãos. Os católicos precisam conhecer a
história negra de sua igreja. Os evangélicos não devem esquecer os
heróis da fé, os homens que, com ousadia, romperam com as tradições, com
o poder eclesiástico de sua época, e ajudaram na implantação de uma
igreja reformada, livre do poder papal, submissa a Jesus, e tendo a
Bíblia Sagrada como única regra de fé e prática.
Conhecer um
pouco dos horrores dos tribunais eclesiástico é descobrir o quão difícil
foi a caminhada até os dias atuais. Os alicerces de nossa fé ficam mais
fortalecidos quando nos miramos no exemplo de nossos irmãos do passado,
"atribulados mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados,
perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos", pois
"BEM-AVENTURADOS SOIS VÓS, QUANDO VOS INJURIAREM E PERSEGUIREM E,
MENTINDO, DISSEREM TODO O MAL CONTRA VÓS POR MINHA CAUSA" (Mateus 5.11).
A lista dos mártires e perseguidos parece não ter fim. A Igreja Católica
estava disposta a vigiar e manter sob seu domínio todo o universo do
pensamento humano. Qualquer um que ousasse defender suas idéias -
científicas, religiosas, ou em qualquer área -, em desacordo com a
interpretação do Vaticano, era considerado um herético, e, por isso, por
esse crime, julgado e condenado. Era quase impossível aos hereges se
livrarem da tortura e da fogueira.
Pelo modo
cruel como os protestantes foram massacrados; pela forma cruel com que
subjugaram alguns, sob tortura; em razão dos milhões que perderam a vida
nas Cruzadas, nas fogueiras ou de outras maneiras, e por muitas outras
práticas assassinas e injustas usadas no decorrer de vários séculos de
INQUISIÇÃO, não vacilamos em afirmar que esse monstruoso Santo Ofício
foi UM CRIME CONTRA A HUMANIDADE... todavia, um crime que não mais se
repetirá, NUNCA MAIS. Louvado seja nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Também chamada
de Santo Ofício, INQUISIÇÃO era a designação dada a um tribunal
eclesiástico, vigente na Idade Média e começos dos tempos modernos. Esse
Tribunal, instituído pela Igreja Católica Romana, tinha por meta
prioritária julgar e condenar os hereges. A palavra "herege" significa
aquele que escolhe, que professa doutrina contrária ao que foi definido
pela Igreja como sendo matéria de fé. Então, todos os que se rebelavam
contra a autoridade papal ou faziam qualquer espécie de crítica à Igreja
de Roma eram considerados hereges.
INQUISIÇÃO é o
ato de INQUIRIR: indagar, investigar, pesquisar, perguntar, interrogar
judicialmente. Os hereges seriam os "irmãos separados", os
"protestante", os "crentes", os "evangélicos" de hoje.
Em suma, a
INQUISIÇÃO foi um tribunal eclesiástico criado com a finalidade de
investigar e punir os crimes contra a fé católica. Da Enciclopédia
BARSA, vol 7, pags. 286-287 extraímos o seguinte: " Heresia, no sentido
geral é uma atitude, crença ou doutrina, nascida de uma escolha pessoal,
em oposição a um sistema comumente aceito e acatado. É uma opinião
firmemente defendida contra uma doutrina estabelecida. A Igreja
Católica, no seu Direito Canônico, estabelece uma distinção entre
heresia, apostasia e cisma. Assim diz este documento:
"Depois de
recebido o batismo, se alguém, conservando o nome de cristão, nega
algumas das verdades que se devem crer com fé divina e católica ou dela
duvida, é HEREGE. Se afasta-se totalmente da fé cristã, é APÓSTATA. Se
recusa submeter-se ao Sumo Pontífice (o Papa) ou tratar com os membros
da Igreja aos quais está sujeito, é CISMÁTICO" (Direito Canônico 1.325,
párag. 2).
Então, por
esse raciocínio e decreto de Roma, os milhões de crentes no mundo são
hereges e cismáticos porque negam muitas das "verdades" da fé católica,
não se submetem ao Sumo Pontífice, e só reconhecem Jesus Cristo como
autoridade máxima da Igreja. De acordo com o que foi noticiado em
janeiro/98 pelos jornais, a Igreja Católica Romana resolveu abrir os
arquivos do Santo Ofício ou Inquisição, colocando-os à disposição dos
pesquisadores. Nesses arquivos constam 4.500 obras sob fatos e
julgamentos de quatro séculos da Igreja Católica, conforme noticiado. A
abertura desses processos é de muita valia para os pesquisadores,
historiadores e interessados em conhecer um pouco mais do passado negro
da Igreja de Roma. Nem por isso a humanidade deixou de conhecer as
crueldades, as chacinas, o extermínio, as torturas que tiraram a vida de
milhões de hereges. Os arquivos do Vaticano vão mostrar, certamente, com
mais detalhes, como foram conduzidos os processos sumários e quais os
métodos usados para obter confissões e retratações. Todavia, a guarda a
sete chaves dessas informações não impediu que o mundo tomasse
conhecimento dos crimes cometidos pelos tribunais inquisitórios. A
História não pode ser apagada.
Embora a
Inquisição tenha alcançado seu apogeu no século XIII, suas origens
remontam ao século IV:
O herege
espanhol Prisciliano foi condenado à morte pelos bispos espanhóis no ano
de 1385; no século X muitos casos de execuções de hereges, na fogueira
ou por estrangulamento; em 1198 o Papa Inocêncio III liderou uma cruzada
contra os "ALBIGENSES" (hereges do sul da França), com execuções em
massa; em 1229, no Concílio de Tolouse, foi oficialmente criada a
Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício, sob a liderança do Papa Gregório
IX; em 1252, o Papa Inocêncio IV publicou o documento intitulado "AD
EXSTIRPANDA", em que vociferou: "os hereges devem ser esmagados como
serpentes venenosas". Este documento foi fundamental na execução do
diabólico plano de exterminar os hereges. As autoridades civis, sob a
ameaça de excomunhão no caso de recusa, eram ordenadas a queimar os
hereges. O "AD EXSTIRPANDA" foi renovado ou reforçado por vários papas,
nos anos seguintes:
" Alexandre IV
" (1254-1261); Clemente IV (1265-1268), Nicolau IV
" (1288-1292); Bonifácio VIII (1294-1303) e outros.
" Inocêncio IV autorizou o uso da tortura.
OS MÉTODOS DE TORTURA
No seu "Livro
das Sentenças da Inquisição" (Liber Sententiarum Inquisitionis) o padre
dominicano Bernardo Guy (Bernardus Guidonis, 1261-1331), "um dos mais
completos teóricos da Inquisição", descreveu vários métodos para obter
confissões dos acusados, inclusive o enfraquecimento das forças físicas
do prisioneiro".
Usava-se,
dentre outros, os seguintes processos de tortura: a manjedoura, para
deslocar as juntas do corpo; arrancar unhas; ferro em brasa sob várias
partes do corpo; rolar o corpo sobre lâminas afiadas; uso das "Botas
Espanholas" para esmagar as pernas e os pés; a Virgem de Ferro: um
pequeno compartimento em forma humana, aparelhado com facas, que, ao ser
fechado, dilacerava o corpo da vítima; suspensão violenta do corpo,
amarrado pelos pés, provocando deslocamento das juntas; chumbo derretido
no ouvido e na boca; arrancar os olhos; açoites com crueldade; forçar os
hereges a pular de abismos, para cima de paus pontiagudos; engolir
pedaços do próprio corpo, excrementos e urina; a "roda do despedaçamento
funcionou na Inglaterra, Holanda e Alemanha, e destinava-se a triturar
os corpos dos hereges; o "balcão de estiramento" era usado para
desmembrar o corpo das vítimas; o "esmaga cabeça" era a máquina usada
para esmagar lentamente a cabeça do condenado, e outras formas de
tortura. [clik aqui
p/ ver esses instrumentos]
Com a promessa
de irem diretamente para o Céu, sem passagem pelo purgatório, muitos
homens eram exortados pelos inquisidores para guerrearem contra os
hereges. No ano de 1209, em Beziers (França), 60 mil foram martirizados;
dois anos depois, em Lauvau (França), o governador foi enforcado, sua
mulher apedrejada e 400 pessoas queimadas vivas. A carnificina se
espalhou por outras cidades e milhares foram mortos. Conta-se que num só
dia 100.000 hereges foram vitimados. Depois de acusados, os hereges
tinham pouca chance de sobrevivência. Geralmente as vítimas não
conheciam seus acusadores, que podiam ser homens, mulheres e até
crianças.
O processo era
sumário. Ou seja: rápido, sem formalidades, sem direito de defesa. Ao
réu a única alternativa era confessar e retratar-se, renunciar sua fé e
aceitar o domínio e a autoridade da Igreja Católica Romana. Os direitos
de liberdade e de livre escolha não eram respeitados. A Igreja de Roma,
sob o pretexto de que detinha as chaves dos céus e do inferno e poderes
para livrar as almas do purgatório e perdoar pecados, pretendia ser
UNIVERSAL, dominar as nações mediante pressão sob seus governantes e
estabelecer seus domínios por todo o Planeta.
A seguir, um
relato sucinto do extermínio de hereges.
Um dos
primeiros grupos organizados a serem atormentados foram os valdenses.
Valdenses eram chamados "os membros da seita, também chamada Pobres de
Lião, fundada pelo mercador Pedro Valdo por volta de 1170, na França.
Inspirada na pobreza evangélica, repudiava a riqueza da Igreja
Católica". O grupo organizado por Pedro Valdo, um rico comerciante, cria
que todos os homens tinham o direito de possuir a Bíblia traduzida na
sua própria língua. Acreditavam, também, que a Bíblia era a autoridade
final para a fé e para a vida. Os valdenses se vestiam com simplicidade
- contrapondo-se à luxúria dos sacerdotes católicos - , ministravam a
Ceia do Senhor e o Batismo, e ordenavam leigos para a pregação e
ministração dos sacramentos. "O grupo tinha seu próprio clero, com
bispos, sacerdotes e diáconos". Tal liberdade não era admitida pela
Igreja Católica porque não havia submissão ao Papa e aos seus ensinos.
Os valdenses possuíam a Bíblia traduzida na sua língua materna, o que
facilitou a pregação da Palavra. Outros grupos sucumbiram diante das
ameaças e castigos impostos pelos romanistas. Os valdenses, todavia,
resistiram. Na escuridão das cavernas, cada versículo era copiado, lido
e ensinado. Na Bíblia encontraram a Luz - uma luz forte que inunda
corpo, alma e espírito... uma luz chamada Jesus. Os valdenses foram,
certamente, os primeiros a se organizarem como igreja, formar seu
próprio clero e enviar missionários para outras regiões na França e
Itália. Tudo com muito sacrifício e sob implacável perseguição. Essa
liberdade de ação motivou os líderes romanos a adotarem medidas duras
contra a "seita". Uma bula papal classificou os valdenses como hereges
e, como tal, condenados à morte. A única acusação contra eles era a de
que "tinham uma aparência de piedade e santidade que seduzia as ovelhas
do verdadeiro aprisco". Uma cruzada foi organizada contra esse povo
santo. Como incentivo, a Igreja prometia perdão de todos os pecados aos
que matassem um herege, "anulava todos os contratos feitos em favor
deles (dos valdenses), proibia a toda a pessoa dar-lhe qualquer auxílio,
e era permitido se apossar de suas propriedades por meio de violência".
Não se sabe quantos valdenses morreram nas Cruzadas. Sabemos, portanto,
que esses obstinados cristãos fincaram os alicerces da Reforma que viria
séculos depois.
Os católicos
franceses apelidavam de "huguenotes" os protestantes. Uma designação
depreciativa. Já fomos tratados de huguenotes, hereges, heréticos,
protestantes, cristãos novos, irmãos separados, crentes, evangélicos,
etc. No entanto, o Pai Celestial nos chama de FILHOS.
O massacre de São Bartolomeu ou a Noite de São Bartolomeu ficou
conhecido como "a mais horrível entre as ações diabólicas de todos os
séculos". Com a concordância do Papa Gregório XIII, o rei da França,
Carlos IX, eliminou em poucos dias milhares de huguenotes. A matança
iniciou-se na noite de 24.08.1572, em Paris, e se estendeu a todas as
cidades onde se encontravam protestantes. Segundo o Livro "O Grande
Conflito", foram martirizados cerca de setenta mil nesse massacre.
"Quando a notícia do massacre chegou a Roma, a alegria do clero não teve
limites. O cardeal de Lorena recompensou o mensageiro com mil coroas; o
canhão de Santo Ângelo reboou em alegre salva; os sinos dobraram em
todos os campanários; e o Papa Gregório XIII, acompanhado dos cardeais e
outros dignitários eclesiásticos, foi, em longa procissão, à igreja de
S.Luís, onde o cardeal de Lorena cantou o Te Deum. Um sacerdote falou
"daquele dia tão cheio de felicidade e regozijo, em que o santíssimo
padre recebeu a notícia e foi em aparato solene dar graças a Deus e a
S.Luís".
Para comemorar
e perpetuar na memória dos povos esse horrendo massacre, por ordem do
Papa Gregório XIII foi cunhada uma moeda, onde se via a figura de um
anjo com a espada numa mão e, na outra, uma cruz, diante de um grupo de
horrorizados huguenotes. Nessa moeda comemorativa lia-se a seguinte
inscrição: "UGONOTTORUM STANGES, 1572" ("A MATANÇA DOS HUGUENOTES,
1572"). Em seu livro "OS PIORES ASSASSINOS E HEREGES DA HISTÓRIA", o
historiador e pesquisador cearense Jeovah Mendes, à pág. 238, assim
registra a fatídica Noite de S.Bartolomeu: "Papa Gregório XIII (Ugo
Buoncompagni) (1502-1585) - Em irreprimível ritmo acelerado recrudescia
o ódio contra os protestantes em rumo de um trágico desfecho. O cardeal
de Lorena, com a aprovação e bênção pontifícia de Gregório XIII,
engendrou o mais horrível banho de sangue por motivos religiosos em toda
a História da França ou de qualquer nação do mundo. Consumou-se o
projeto assassino aos 24 de agosto de 1572, a inqualificável NOITE DE
S.BARTOLOMEU, sendo nesse macabro festival de sangue, morto o
impetérrito Coligny, mártir do Evangelho e honra de sua Pátria. Como
troféu da bárbara carnificina, a cabeça de Coligny fora remetida ao
"sumo pontífice" Gregório XIII (Maurício Lachatre, História dos Papas,
vol. IV, pg. 68)".
Albigenses
eram os nascidos na cidade de Albi, sul da França. Em 1198, por
iniciativa do Papa Inocêncio III, foram instituídos "Os Inquisidores da
Fé contra os Albigenses". Esses franceses foram considerados "hereges"
porque seus ensinos doutrinários não se alinhavam com os da Igreja de
Roma. O extermínio começou no ano de 1209 e se estendeu por 20 anos,
quando milhares de albigenses pereceram. Fala-se em mais de 20.000
mortos, entre homens, mulheres e crianças.
O Massacre Da Espanha
Tomás de
Torquemada (1420-1498), espanhol, padre dominicano, nomeado para cargo
de grande-inquisidor pelo Papa Sisto IV, dirigiu as operações do
Tribunal do Santo Ofício durante 14 anos. "Celebrizou-se por seu
fanatismo religioso e crueldade". De mãos dadas com os reis católicos,
promoveu a expulsão dos judeus da Espanha por édito real de 31.03.1492,
tendo estes o prazo reduzido de quatro meses para se retirarem do país
sem levar dinheiro, ouro ou prata. É acusado de haver condenado à
fogueira 10.220 pessoas, e cerca de 100.000 foram encarceradas, banidas
ou perderam haveres e fazendas. Tudo em nome da fé católica e da honra
de Jesus Cristo.
Grupo
religioso iniciado na Inglaterra no século XVI, que defendia o batismo
somente de pessoa adulta. Por autorização do Papa Pio V (1566-1572), cem
mil foram exterminados.
O Massacre Em Portugal
Diante dos
insistentes pedidos de D. João III, o Papa Paulo III introduziu, por
bula de 1536, o Tribunal do Santo Ofício em Portugal. As perseguições
foram de tal ordem que o comércio e a indústria na Espanha e em Portugal
ficaram praticamente paralisados. "As execuções públicas eram conhecidas
como autos-de-fé. No começo, funcionaram tribunais da Inquisição nas
diversas dioceses de Portugal, mas no século XVI ficaram apenas os de
Lisboa, Coimbra e Évora. Depois, somente o da capital do reino,
presidido pelo inquisidor-geral. Até 1732, em Portugal, o número de
sentenciados atingiu 23.068, dos quais 1.554 condenados à morte. Na
torre do Tombo, em Lisboa, estão registrados mais de 36.000 processos".
Daí porque os 4.500 processos constantes dos arquivos de terror do
Vaticano - Os Arquivos do Santo Ofício - recentemente liberados aos
pesquisadores, não contam toda a história da desumana Inquisição.
Não havia
parte nenhuma no mundo onde os protestantes ou hereges estivessem livres
para o exercício de sua fé. Partindo da Europa, muitos procuraram
refúgio nas Américas do Sul e Central, o "Novo Mundo". Mas para cá
também vieram os inquisidores. A inquisição em Cuba iniciou-se em 1516
sob o comando de dom Juan de Quevedo, bispo de Cuba, que, com requintes
de maldade, eliminou setenta e cinco "hereges".
A Inquisição No Brasil
O padre
Antônio Vieira (1608-1697), pregador missionário e diplomata, defensor
dos indígenas, considerado a maior figura intelectual luso-brasileira do
séc. 17 foi condenado por heresia pelo Santo Ofício, e mantido em prisão
por cerca de dois anos. O brasileiro Antônio José da Silva, poeta e
comediólogo, foi um dos supliciados em autos-da-fé. A Inquisição se
instalou no Brasil em três ocasiões: Em 09.06.1591, na Bahia, por três
anos; em Pernambuco, de 1593 a 1595; e novamente na Bahia, em 1618. Há
notícia de que no século XVIII Inquisição atuou no Brasil. Segundo o
jornal "Mensageiro da Paz", número 1334, de maio/1998, "cento e trinta e
nove "pessoas foram queimadas vivas, no Brasil, entre os anos de 1721 e
1777. Todos os que confessavam não crer nos dogmas católicos eram
sentenciados. De acordo com os dados históricos, quase todos os
cristãos-novos presos no Brasil pela Inquisição, durante o século 18,
eram brasileiros natos e pertenciam a todas as camadas sociais.
Praticamente a metade dos prisioneiros brasileiros cristãos-novos no
século 18 era mulheres. Na Paraíba, Guiomar Nunes foi condenada à morte
na fogueira em um processo julgado em Lisboa. A Inquisição interferiu
profundamente na vida colonial brasileira durante mais de dois séculos.
Um dos exemplos dessa interferência era a perseguição aos descendentes
de judeus. Os que estavam nessa condição podiam ser punidos com a morte,
confisco dos bens e na melhor das hipóteses ficavam impedidos de assumir
cargos públicos". A matéria do Mensageiro da Paz foi assinada por Regina
Coeli. Do livro "BABILÔNIA: A RELIGIÃO DOS MISTÉRIOS" de Ralph Woodrow -
"As autoridades civis eram ordenadas pelos papas, sob pena de
excomunhão, a executarem as sentenças legais que condenavam os hereges
impenitentes ao poste. Deve-se notar que a excomunhão em si mesma não
era uma coisa simples, pois, se a pessoa excomungada não se livrasse da
excomunhão dentro de um ano, passava a ser considerada herética, e
incorria em todas as penalidades que afetavam a heresia" (pág. 110). "A
intolerância religiosa que incitou a Inquisição, causou guerras que
envolveram cidades inteiras. Em 1209 a cidade de Beziers foi tomada por
homens que tinham recebido a promessa do papa de que entrando na cruzada
contra os hereges, eles (os assassinos), ao morrerem, passariam direto
para o céu, desviando-se do purgatório. Reporta-se que sessenta mil,
nesta cidade, pereceram pela espada. Em Lavaur, em 1211, o governador
foi enforcado e a esposa lançada num poço e esmagada com pedras.
Quatrocentas pessoas foram queimadas vivas em Lavaur. Os cruzados
assistiram à missa solene pela manhã, em seguida passaram a tomar outras
cidades da área. Neste cerco estima-se que cem mil albigenses
(protestantes) caíram em um só dia. Seus corpos foram amontoados e
queimados. No massacre de Merindol, quinhentas mulheres foram trancadas
em um celeiro ao qual atearam fogo. Se qualquer uma pulasse das janelas
seria recebida na ponta de lanças. Mulheres foram ostensiva e
dolorosamente violentadas. Crianças assassinadas diante de seus pais.
Algumas pessoas eram lançadas de abismos ou arrancavam suas roupas e
arrastavam-nas pelas ruas. Métodos semelhantes foram usados no massacre
de Orange em 1562. O exército italiano, enviado pelo Papa Pio IV,
recebeu ordem e matar homens, mulheres e crianças. A ordem foi seguida
com terrível crueldade, sendo o povo exposto a vergonha e tortura
indescritíveis. Dez mil huguenotes (protestantes) foram mortos no
sangrento massacre em paris no "Dia de São Bartolomeu", em 1572". (págs.
113-114). Enciclopédia BARSA, vol. 8, pág. 30-31, edição 1977 Em 1229,
no Concílio de Tolouse, criou-se oficialmente a Inquisição ou Tribunal
do Santo Ofício. A partir deste momento, e sobretudo com o trabalho dos
frades dominicanos, foi-se precisando a legislação e jurisprudência da
Inquisição. O processo era sumário. O acusado podia ignorar o nome do
acusador. Mulheres, crianças e escravos podiam ser testemunhas na
acusação, mas não na defesa. Num destes processos consta o nome de uma
testemunha de dez anos e idade. O padre dominicano Bernardo Guy
(Bernardus Guidonis, 1261-1331), um dos mais completos teóricos da
Inquisição, enumerou, no seu Liber Sententiarum Inquisitionis ("Livro
das Sentenças da Inquisição"), vários processos para a boa obtenção de
confissões, inclusive pelo enfraquecimento das forças físicas do
prisioneiro."
Do livro "OS
PIORES ASSASSINOS E HEREGES DA HISTÓRIA, DE CAIM A SADDAM HUSSEIN, do
cearense Jeovah Mendes, edição 1997, págs 249-250.
"Em toda a sua
calamitosa história, a Igreja Católica nada mais tem feito que perseguir
o homem, sob o sofisma de agir em nome de Deus. Vejamos os morticínios
que ela levou a efeito: As cruzadas à Terra Santa custaram à humanidade
o sacrifício de dois milhões de vítimas; de Leão X a Clemente IX (papas)
os sanguinários agentes do catolicismo, que dominavam a França, a
Holanda, a Alemanha, a Flandes e a Inglaterra, realizaram a tenebrosa
São Bartolomeu, de que já falamos, degolando, massacrando, queimando
mais de dois milhões de infiéis, enquanto a Companhia de Jesus, obra do
abominável Inácio de Loyola, cometia as maiores atrocidades, chegando
mesmo a envenenar o Papa Clemente XIV. O seu agente S. Francisco Xavier,
em missão no Japão, imolava cerca de quatrocentos mil nipônicos; as
cruzadas levadas a efeito entre os indígenas da América, segundo Las
Casas, bispo espanhol e testemunha ocular de perseguição e autos-de-fé,
sacrificaram doze milhões de seres em holocausto ao seu Deus; a guerra
religiosa que se seguiu ao suplício do Padre João Huss e Jerônimo de
Praga, contou mais de cento e cinqüenta mil vidas imoladas à Igreja
Romana; no século XIV, o grande Cisma do Ocidente cobriu a Europa de
cadáveres, dado que nada menos de cinqüenta mil vidas foram o preço
cobrado pela ira papal; as cruzadas levadas a efeito a partir de
Gregório VII (papa), roubaram à Europa cerca de trezentos mil homens,
assassinados com requintes de selvageria; nas terras do Báltico, os
frades cavaleiros, além de uma devastação e pilhagem completa, ainda
sacrificaram mais de cem mil vidas; a imperatriz Teodora, dando
cumprimento a uma penitência imposta pelo seu confessor, fez massacrar
cento e vinte mil maniqueus, no ano de 845; as disputas religiosas entre
iconoclastas e iconólatras devastaram muitas províncias, resultando
ainda no sacrifício de mais de sessenta mil cristãos degolados e
queimados. A Santa Inquisição, na sua longa e tenebrosa jornada, levou
aos mais horrorosos suplícios, inclusive às fogueiras, algumas centenas
de milhares de pobres desgraçados; segundo o Barão d´Holbach, a Igreja
Católica Romana, pelos seus papas, bispos e padres, é a responsável pelo
sacrifício de cerca de dez milhões de vidas. Que mais é preciso dizer"?
A história dos
massacres e perseguições perde-se no tempo. Quase impossível para os
historiadores é levantar o número exato ou aproximado de vítimas da
Inquisição. O banho de sangue começou na Europa, mais precisamente em
França, e se estendeu por países vizinhos. Havia, por parte da Igreja de
Roma, uma preocupação constante com a propagação do Evangelho, com o
conhecimento da Palavra, com a tradução da Bíblia em outras línguas.
Preocupação no sentido de proibir. Só pelo fato de um católico passar a
ler as Escrituras estava sujeito a ser considerado um herege e, como
tal, ser excomungado e levado à fogueira. A Bíblia era, assim,
considerada um obstáculo às pretensões da Igreja de Roma, de colocar
todos os povos sob seus domínios. Muitos meios foram usados para que a
Bíblia ficasse restrita ao pequeno círculo dos sacerdotes, dos padres,
dos bispos e dos papas. Dentre as medidas para conter o avanço da
Palavra de Deus, estão as seguintes:
1) Em 1229, o
Concílio de Tolouse (França), o mesmo que criou a diabólica Inquisição,
determinou: "Proibimos osleigos de possuírem o Velho e o Novo
Testamento...Proibimos ainda mais severamente que estes livros
sejampossuídos no vernáculo popular. As casas, os maishumildes lugares
de esconderijo, e mesmo os retirossubterrâneos de homens condenados por
possuírem asEscrituras devem ser inteiramente destruídos. Taishomens
devem ser perseguidos e caçados nas florestas ecavernas, e qualquer que
os abrigar será severamentepunido." (Concil. Tolosanum, Papa Gregório
IX, Anno Chr.1229, Canons 14:2). Foi este mesmo Concílio quedecretou a
Cruzada contra os albigenses. Em "Acts ofInquisition, Philip Van
Limborch, History of the Inquisition,cap. 08, temos a seguinte
declaração conciliar: "Essapeste (a Bíblia) assumiu tal extensão, que
algumas pessoas indicaram sacerdotes por si próprias, e mesmo alguns
evangélicos que distorcem e destruíram a verdade do evangelho e fizeram
um evangelho para seus próprios propósitos... (elas sabem que) a
pregação e explanação da Bíblia é absolutamente proibida aos membros
leigos".(grifo nosso).
2) No Concílio
e Constança, em 1415, o santo Wycliffe, protestante, foi postumamente
condenado como "o pestilento canalha de abominável heresia, que inventou
uma nova tradução das Escrituras em sua língua materna".
3) O Papa Pio
IX, em sua encíclica "Quanta cura", em 8 de dezembro de 1866, emitiu uma
lista de oito erros sob dez diferentes títulos. Sob o título IV ele diz:
"Socialismo, comunismo, sociedades clandestinas, sociedades bíblicas...
pestes estas devem ser destruídas através de todos os meios possíveis".
4) Em 1546
Roma decretou: "a Tradição tem autoridade igual à da Bíblia". Esse dogma
está em voga até hoje, até porque existe o dogma da "infalibilidade
papal". Ora, se os dogmas, bulas, decretos papais e resoluções outras
possuem autoridade igual à das Sagradas Escrituras, os católicos não
precisam buscar verdades na Palavra e Deus.
5) O Papa
Júlio III, preocupado com os rumos que sua Igreja estava tomando, ou
seja, perdendo prestígio e poder diante do número cada vez maior de
"irmãos separados" ou "'cristãos novos" ou "protestantes" (apesar dos
massacres), convocou três bispos, dos mais sábios, e lhes confiou a
missão de estudarem com cuidado o problema e apresentarem as sugestões
cabíveis. Ao final dos estudos, aqueles bispos apresentaram ao papa um
documento intitulado "DIREÇÕES CONCERNENTES AOS MÉTODOS ADEQUADOS A
FORTIFICAR A IGREJA DE ROMA". Tal documento está arquivado na Biblioteca
Imperial de Paris, fólio B, número 1088, vol. 2, págs 641 a 650. O
trecho final desse ofício é o seguinte:
"Finalmente
(de todos os conselhos que bem nos pareceu dar a Vossa Santidade,
deixamos para o fim o mais necessário), nisto Vossa Santidade deve pôr
toda a atenção e cuidado de permitir o menos que seja possível a leitura
do Evangelho, especialmente na língua vulgar, em todos os países sob
vossa jurisdição. O pouco dele que se costuma ler na Missa, deve ser o
suficiente; mais do que isso não devia ser permitido a ninguém. Enquanto
os homens estiverem satisfeitos com esse pouco, os interesses de Vossa
Santidade prosperarão, mas quando eles desejarem mais, tais interesses
declinarão. Em suma, aquele livro (a Bíblia) mais do que qualquer outro
tem levantado contra nós esses torvelinhos e tempestades, dos quais
meramente escapamos de ser totalmente destruídos. De fato, se alguém o
examinar cuidadosamente, logo descobrirá o desacordo, e verá que a nossa
doutrina é muitas vezes diferente da doutrina dele, e em outras até
contrária a ele; o que se o povo souber, não deixará de clamar contra
nós, e seremos objetos de escárnio e ódio geral. Portanto, é necessário
tirar esse livro das vistas do povo, mas com grande cuidado, para não
provocar tumultos" - Assinam Bolonie, 20 Octobis 1553 - Vicentius De
Durtantibus, Egidus Falceta, Gerardus Busdragus.
6) Além de
tentar tapar a boca de Deus algemando a Sua Palavra, a Igreja de Roma
modifica ou suprime trechos sagrados da Bíblia para justificar sua
Tradição. Daremos dois exemplos:
1) acatou o
livro apócrifo de Macabeus dentre outros, admitindo-o como divinamente
inspirado, para justificar a oração pelos mortos.
2) suprimiu o
SEGUNDO MANDAMENTO em seu Catecismo. No Catecismo da Primeira
Eucaristia, 12ª edição, Paulinas, São Paulo, 1975, à pág. 70, lê-se:
Mandamentos da lei de Deus: 1) amar a Deus sobre todas as coisas; 2) não
tomar seu santo nome em vão; 3) guardar os domingos e festas; 4) honrar
pai e mãe; 5) não matar; 6) não pecar contra a castidade; 7) não furtar;
8) não levantar falso testemunho; 9) não desejar a mulher do próximo;
10) não cobiçar as coisas alheias.
7) Os
mandamentos de Deus estão no livro de Êxodo. No capítulo 20, versos 4 e
5 assim está escrito: "NÃO FARÁS PARA TI IMAGEM DE ESCULTURA, NEM
SEMELHANÇA ALGUMA DO QUE HÁ EM CIMA DOS CÉUS, NEM EM BAIXO NA TERRA, NEM
NAS ÁGUAS DEBAIXO DA TERRA. NÃO TE ENCURVARÁS A ELAS NEM AS SERVIRÁS".
Então, como se vê, a Igreja Romana suprimiu do seu Catecismo o Segundo
Mandamento. Isto é grave para quem é temente a Deus. Muito grave. Por
que suprimiu? Para que não houvesse o confronto de suas práticas
idólatras com a Palavra de Deus?
8) Todos esses
maléficos expedientes usados para eliminar, alterar ou suprimir as
Sagradas Escrituras não conseguiram êxito. A Bíblia é o livro mais
vendido e mais lido em todo o mundo e está traduzido para quase 2.000
línguas e dialetos. Só no Brasil são vendidos por ano mais de quatro
milhões de bíblias, afora uns 150 milhões de livros com pequenos trechos
(bíblias incompletas), Os reflexos desses expedientes, ou seja, as
tentativas de algemar a Palavra de Deus, ainda hoje são sentidos. No
Brasil são poucos os católicos que se dedicam à leitura da Bíblia,
embora os carismáticos estejam mais desenvolvidos no particular. Regra
geral, se contentam "com o pouco que lhes são oferecido na missa", e
enquanto se contentam com esse pouco (como sugeriram aqueles bispos ao
papa, item 5 retro) continuam errando. "ERRAIS, NÃO CONHECENDO AS
ESCRITURAS, NEM PODER DE DEUS". (Mateus 22.29)
O SANGUE DOS MÁRTIRES
Não se pode separar a Inquisição da Reforma, uma vez que as
perseguições, e com elas os inquisidores, surgiram em decorrência do
protesto (advindo daí a alcunha de protestantes) de homens inconformados
com as doutrinas e práticas da Igreja de Roma, cada vez mais se
distanciando do Evangelho de Jesus Cristo. Wycliffe, John Huss, Jerônimo
e Lutero não se calaram diante da luxúria, da venda de indulgências, do
jogo de interesses e do baixo nível moral do clero romano. Esses
"reformadores" desejavam, em suma, criar condições favoráveis a que a
Igreja Católica Romana corrigisse seus erros. Apresentavam a Bíblia como
única regra de fé e prática; Jesus como único Sumo Sacerdote; defendiam
a liberdade de a Bíblia ser traduzida na língua de cada povo, de ser
lida e interpretada por qualquer cristão; combatiam a submissão dos
governantes aos papas e a espoliação do povo através de cobrança de
impostos para os cofres de Roma. "Pelo pagamento de dinheiro à igreja, o
povo poderia livrar-se do pecado e igualmente libertar as almas de
amigos falecidos que estivessem confinadas às chamas atormentadoras. Por
esses meios Roma encheu os cofres e sustentou a magnificência, luxo e
vícios dos pretensos representantes dAquele que não tinha onde reclinar
a cabeça". Em vez de considerar os protestos e analisá-los à luz da
Palavra de Deus, e proceder as mudanças internas cabíveis, Roma preferiu
partir para o ataque. Criou a Inquisição para exterminar os
protestantes; proibiu a leitura da Bíblia e sua tradução em outras
línguas; classificou de heresia qualquer ensino ou crença contrários à
fé católica; sentenciou, torturou, degolou, exterminou, excomungou,
massacrou um número incalculável de santos. "ENTÃO, VOS HÃO DE ENTREGAR
PARA SERDES ATORMENTADOS E MATAR-VOS-ÃO. E SEREIS ODI-ADOS DE TODAS AS
GENTES POR CAUSA DO MEU NOME" (Mateus 24.9).
Muitos pagaram
com a vida pelo desejo de reformar. Alcançaram a vitória porque
resolveram enfrentar a poderosa Igreja de Roma, os inquisidores, a
fogueira, a excomunhão e toda a espécie de vexames; enfrentaram
acusações e ameaças mas não dobraram seus joelhos diante dos papas.
Vejamos alguns exemplos.
Wycliffe, teólogo inglês, precursor da Reforma, pregava uma Igreja sem a
direção papal, era adversário das indulgências e combatia o excesso de
bens materiais dos clérigos. Foi doutor de Teologia, advogado
eclesiástico a serviço da Coroa, e tornou-se reitor de Lutterworth em
1374. Sua maior obra, contudo, foi a tradução das Escrituras para o
inglês. A partir daí a Palavra de Deus se fez conhecida na Inglaterra.
Ousado e destemido, Wycliffe atacou de forma brilhante o clero romano,
acusando-o de explorar o povo e os governantes com a venda de
indulgências; de criar clima de tensão e horror ao ameaçar os fiéis com
excomunhão; de tentar conter a propagação da Palavra ao proibir a
leitura da Bíblia e a sua tradução para línguas conhecidas do povo.
Chamado a retratar-se por ocasião de uma enfermidade que muito o
enfraqueceu, disse: "Não hei de morrer, mas viver e denunciar novamente
as más ações dos frades". Tendo sido levado pela terceira vez ao
tribunal eclesiástico, e acusado de heresia, Wycliffe declarou:
"Com que
julgais estar a contender? Com um ancião às bordas da sepultura? Não!
Estais a contender com a Verdade, Verdade que é mais forte do que vós e
vos vencerá". Deus livrou Wycliffe da fogueira: faleceu repentinamente
após um ataque de paralisia. Sua voz silenciou, mas sua fé em Jesus
Cristo fez discípulos em todo o mundo.
Divulgador das
idéias do santo Wycliffe, natural da Boêmia, depois de completar o curso
superior ordenou-se sacerdote, havendo exercido o cargo de professor e
mais tarde de reitor da universidade de Praga. Huss, embora não
estivesse de acordo com todos os ensinos de Wycliffe, ficou bastante
influenciado pelas idéias desse inglês, e resolveu aprofundar-se mais no
estudo da Bíblia. O segundo passo foi denunciar o verdadeiro caráter do
papado, o orgulho, a ambição e a corrupção da hierarquia. Defendia a
Bíblia como sendo a única regra de fé e prática do cristão, e ensinava
que a Palavra de Deus podia ser pregada por qualquer pessoa. Esse tipo
de liberdade de pensamento não era admitido pela todo-poderosa Igreja de
Roma. A reação veio rápida. O santo Huss foi convocado a comparecer
perante o papa, em Roma. Apoiado pelos governantes e por uma parcela da
população, ele não atendeu ao chamado. Diante de tão grande afronta ao
Sumo Pontífice, Huss foi excomungado e a cidade de Praga interditada.
Com a interdição, o povo ficaria privado das bênçãos divinas, bênçãos
que somente o papa, como representante de Deus, tinha autoridade para
ministrar. Era isso que ensinava a Igreja era assim que pensavam muitos.
O período da Inquisição - uns 600 anos - foi um período negro na
história da Igreja de Roma. Muitos povos, muitos grupos, muitas nações
se enchem de orgulho e júbilo quando falam do seu passado. A Igreja
Católica Romana não tem do que se alegrar. A lista dos ANTIPAPAS
compreende 39 sumos pontífices, no período de 217 a 1449, abrangendo,
portanto, um interregno de 1.200 anos, conforme a Enciclopédia BARSA. O
clímax da imoralidade papal deu-se no período de 1378 a 1417, "durante o
qual houve diversos papas ao mesmo tempo: a França e seus aliados
obedeciam ao Papa de Avignon, enquanto a Alemanha, a Itália e a
Inglaterra ao de Roma". No caso do santo Huss, acusado de heresia, não
se sabia a quem recorrer porque a Igreja estava dividida. Daí porque a
pedido do imperador Sigismundo, o Papa João XXIII - um dos três papas
rivais - convocou um concílio geral na cidade de Constança, ao qual
compareceram, como réus, o excomungado John Huss e o Papa João XXIII,
este acusado por vários crimes cometidos durante seu ministério no
período de 1410 a 1415: fornicação, adultério, incesto, sodomia, roubo,
simonia, assassinato. "Foi provado, por uma legião de testemunhas, que
ele havia seduzido e violado trezentas freiras, e que havia montado um
harém em Boulogne onde não menos de duzentas meninas tinham sido vítimas
de sua lubricidade". Condenaram-no por cinqüenta e quatro crimes. Deus
colocou num mesmo tribunal um "herege" e um papa. O único "crime" do
santo Huss fora o não se submeter à vontade de Roma. Por isso, foi
condenado à fogueira. Antes da fogueira, Huss foi preso e lançado numa
masmorra. Da prisão escreveu a um amigo: "Escrevo esta carta na prisão e
com as mãos algemadas, esperando a sentença de morte para manhã...
Quando, com o auxílio de Jesus Cristo, de novo nos encontrarmos na
deliciosa paz da vida futura, sabereis quão misericordioso Deus Se
mostrou para comigo, quão eficazmente me sustentou em meio de tentações
e provas". Em outra carta disse: "Que a glória de Deus e a salvação das
almas ocupem a tua mente, e não a posse de benefícios e bens.
Acautela-te de adornar tua casa mais do que a tua alma; e, acima de
tudo, dá teu cuidado ao edifício espiritual. Sê piedoso e humilde para
com os pobres, e não consumas haveres em festas". Antes de ser levado ao
local da execução, deu-se a cerimônia da degradação: as vestes
sacerdotais do santo Huss foram arrancadas e sobre sua cabeça colocaram
uma carapuça de papel com a inscrição "Arqui-herege". "Com muito prazer,
disse Huss, "levarei sobre a cabeça esta coroa de ignomínia por Teu amor
ó Jesus, que por mim levaste uma coroa de espinhos. Invoco a Deus para
testemunhar que tudo que escrevi e preguei foi dito com o fim de livrar
almas do pecado e perdição; e, portanto, muito alegremente confirmarei
com meu sangue a verdade que escrevi e preguei". As chamas começaram a
tomar conta do seu corpo. Huss orou várias vezes até perder a voz:
"JESUS, FILHO DE DAVI, TEM MISERICÓRDIA DE MIM". O martírio do Santo
Huss se deu em 6 de julho de 1415, no mesmo dia de sua condenação.
Naquele mesmo dia o santo John Huss se encontrou com Jesus, no Paraíso.
São Jerônimo,
embora consciente do risco que corria, apresentou-se ao Concílio de
Constança (sudoeste da Alemanha), ano de 1414, para defender os ensinos
do seu amigo John Huss, e dar testemunho de sua fé. Logo após haver
confirmado suas idéias "heréticas", foi encarcerado numa masmorra,
alimentado a pão e água. Doente, debilitado e abandonado por amigos,
cedeu à pressão dos inquisidores e declarou que retornaria à fé
católica. Ainda assim, retornou à prisão e lá permaneceu por trezentos e
quarenta dias. Durante esse tempo, refletiu sobre a sua fraqueza de fé e
se sentiu envergonhado de haver cedido. Verificou que não valia a pena
negar as verdades bíblicas para salvar a pele. Novamente perante o
Concílio, Jerônimo falou: "Estou pronto para morrer. Não recuarei diante
dos tormentos que me estão preparados por meus inimigos e falsas
testemunhas, que um dia terão que prestar contas de suas imposturas
diante do grande Deus, a quem nada pode enganar. De todos os pecados que
cometi desde minha juventude, nenhum pesa tão gravemente em meu espírito
e me acusa tão pungente remorso, como aquele que cometi neste lugar
fatídico, quando aprovei a iníqua sentença dada contra Wycliffe e com o
santo mártir John Huss, meu mestre e amigo". E prosseguiu Jerônimo:
"Confesso-o de todo o coração e declaro com horror, que desgraçadamente
fraquejei quando, por medo da morte, condenei suas doutrinas. Portanto,
suplico a Deus Todo-poderoso Se digne perdoar meus pecados, e em
particular este, O MAIS HEDIONDO DE TODOS. Provai-me pelas escrituras
que estou em erro, e o abjurarei. São as tradições dos homens mais
dignas de fé do que o Evangelho do nosso Salvador?" São Jerônimo foi
logo levado à fogueira. Quando as chamas começaram a queimar seu corpo,
orou ao Pai:
"Senhor, Pai
Todo-poderoso, tem piedade de mim e perdoa os meus pecados; pois sabes
que sempre amei Tua verdade".
Uma das milhares de vítimas dos autos-de-fé do Santo Ofício. Dizendo-se
enviada por Deus, ela desejou e conseguiu, embora parcialmente, livrar
sua Pátria, a França, da dominação inglesa. A "heroína da França" não se
livrou das mãos dos inquisidores. Por causa de suas ousadas atitudes,
foi acusada de feiticeira, sortílega, bruxa, pseudo-profeta, invocadora
de espíritos malignos, idólatra maldita e amaldiçoada, escandalosa,
sediciosa, perturbadora da paz do País, incitadora de guerras,
cruelmente sequiosa de sangue humano, mentirosa, perniciosa, abusadora
do povo, mágica, supersticiosa, cruel, dissoluta, invocadora de diabos,
apóstata, cismática e herege. Joana d´Arc, vítima de uma traição, é
feita prisioneira e entregue ao Tribunal da Inquisição para julgamento
espiritual. O inquérito é comandado pelo Bispo Messire Pierre Cauchon,
bispo de Beauvais, a quem coube intermediar o resgate da donzela por dez
mil escudos franceses, a fim de ser entregue ao Vigário Geral da
Inquisição da Fé no Reino de França. A alegação era a de que, por ela,
"Deus tinha sido ofendido sem medida, a Fé excessivamente afrontada, e a
Igreja desonrada". O Tribunal da Inquisição funcionava assim: se o réu
reconhece a culpa, há esperança de ser reconduzido ao rebanho de Deus, e
será condenado à prisão perpétua; se não se retrata, será torturado uma
vez. Como a tortura não podia ser renovada, era apenas "interrompida" no
caso de desmaio. A nova sessão de tortura seria uma continuação, e não
uma nova tortura. Lembremos que o emprego da tortura foi permitido pelo
Papa Inocêncio III. Condenada a ser queimada viva como relapsa, herética
e feiticeira, Joana d´Arc foi supliciada publicamente na Praça do
Mercado Velho, em Rouen (França), em 30 de maio 1431. Por ato do Papa
Bento V, em 1920, a "maldita" donzela foi canonizada. Aos olhos da
Igreja Católica ela, agora, é uma santa. Aos olhos de Deus, ela sempre
foi uma santa, a Santa Joana d'Arc.
Considerado o
fundador da doutrina protestante, o santo Lutero, de naturalidade alemã,
doutorou-se em Teologia pela Universidade de Wittenberg, e, por esse
tempo, leu pela primeira vez a Bíblia. Tendo sido tomado de um imenso
desejo de ter uma comunhão mais estreita com Deus, resolveu ser monge e
entrou na Ordem dos Agostinianos, no ano de 1505. Lutero levava uma vida
de simplicidade, de jejum e orações. A leitura da Bíblia lhe havia
despertado a consciência. Foi tocado pela luz do Evangelho e estava
decidido em caminhar no Caminho chamado Jesus. Em 1510, "esteve sete
meses em Roma, a fim de tratar assuntos relacionados com a Ordem, e
voltou de lá impressionado com o que vira: luxo, pompa, casas suntuosas
para os monges que não raro de banqueteavam fartamente. E não apenas
isso. Ele se encheu de espanto ao ver a iniqüidade entre o clero,
"gracejos imorais dos prelados, profanidade durante a missa,
desregramento e libertinagem". "Ninguém pode imaginar", escreveu ele,
"que pecados e ações infames se cometem em Roma... Se há inferno, Roma
está construída sobre ele". Ainda em Roma, quando fazia penitência
subindo de joelhos a "escada de Pilatos", ouviu uma voz dizendo: "O
justo viverá pela fé" (Rm 1.17). Entendeu, então, que os homens não
podem alcançar a salvação por suas obras. As penitências exigidas pelo
clero romano não tinham valor algum. Seu afastamento de Roma se tornou
cada vez maior. Lutero se indignou com a venda de indulgências. Pecados
cometidos, ou os que porventura fossem praticados no futuro, eram
perdoados pela Igreja, bastando que o pecador pagasse certa quantia.
Lutero pregava que somente o arrependimento e a fé em Jesus Cristo
poderiam salvar o pecador. O destemido sacerdote resolveu tomar uma
atitude extrema. Afixou na porta da igreja de Wittenberg noventa e cinco
teses contra as indulgências. Com base na Bíblia, mostrava que o Papa
nem qualquer homem pode perdoar pecados. "Mostrava que a graça de Deus é
livremente concedida a todos os que O buscam com arrependimento e fé".
Rapidamente os ensinos de Lutero se espalharam pela Europa, e as
verdades bíblicas começaram a se instalar nos corações. "ASSIM SERÁ A
PALAVRA QUE SAIR DA MINHA BOCA: ELA NÃO VOLTARÁ PARA MIM VAZIA, MAS FARÁ
O QUE ME APRAZ, E PROSPERARÁ NAQUILO PARA QUE A ENVIEI" (Isaias 55.11).
"Aquele que deseja proclamar a verdade de Cristo ao mundo, deve esperar
a morte a cada momento". Com esse pensamento Lutero se dirigiu a
Augsburgo, cidade alemã, onde se defrontaria com os representantes do
Papa Leão X. Convidado a retratar-se, Lutero não se dobrou diante de
ameaças e confirmou todas as verdades que dissera em seus escritos. Não
poderia renunciar à verdade. O prelado inquisidor, cheio de ódio,
disse-lhe:
"Retrate-se ou
mandá-lo-ei a Roma".
Roma seria o
fim do caminho, o caminho da morte, a morte na fogueira, tal qual
acontecera com seu amigo John Huss. Na madrugada do dia seguinte,
estando a cidade às escuras, Lutero conseguiu se evadir de Augsburgo
contando, para isso, com a ajuda de amigos. Escapou milagrosamente das
mãos do representante papal que intentara prendê-lo. Embora diante de
tantas dificuldades, já classificado de herege, excomungado e condenado,
Lutero não diminuiu suas severas críticas ao papado e às doutrinas
romanas. Disse: "Estou lendo os decretos do pontífice e... não sei de o
papa é o próprio anticristo, ou seu apóstolo...". Enquanto isso os papas
intensificavam o negócio das indulgências. O Papa Alexandre VI,
predecessor de Júlio II, foi quem instituiu a venda de indulgências,
pois precisava de dinheiro "para adornar com diamantes e pérolas a filha
Lucrécia Bórgia". Esse papa não só foi amante de sua própria filha, a
célebre Lucrécia Bórgia, como foi amante, também, da irmã de um cardeal
que se tornou o papa seguinte, Pio III, em 1503. Os papas Júlio II e
Leão X, por sua vez, apelaram para o rendoso comércio do perdão, aquele
tendo em mira a construção da Basílica de São Pedro e este para
satisfazer seus gastos supérfluos. Um dos encarregados da venda de
indulgências, o frei João Tetzel, fazia-o com voz forte nas feiras
anuais, oferecendo a sua mercadoria. Dizia:
Assim que o
dinheiro tilinta na caixa, a alma salta fora do purgatório. Ninguém mais
se importava em pecar e a moralidade estava em baixa. Se algum padre
desejasse impor alguma penitência, os fiéis apresentavam o documento
comprovando a "compra" do perdão divino. Enquanto a Igreja de Roma
subtraía elevados recursos financeiros ao povo, com heresias,
superstições e ameaças, Lutero se aprofundava no estudo da Bíblia.
Declarava abertamente que não havia distinção entre pecado mortal e
pecado venial - como dizia o catolicismo - pois, afirmava, "pecado é
pecado, sem gradação, e qualquer pecado leva ao inferno, pois afasta o
pecador de Deus". Boa parte de seus sermões era destinada a protestar
contra o comércio das indulgências, dizendo que estas eram inúteis.
E perguntava:
"Se o Papa
pode libertar as almas do purgatório quando lhe dão dinheiro, por que
não esvazia de uma vez o purgatório?" Abrimos aqui um parêntese para
perguntar: se as missas de sétimo dia podem livrar as almas do
purgatório, por que não se faz uma única missa (um missão) em favor de
todas as almas e as livra de uma só vez do fogo purificador?
Martinho
Lutero continuou derrubando uma a uma, com a Palavra, as doutrinas
romanas. A um enviado do Papa Leão X, que lhe propôs uma reconciliação e
alegou, como argumento, a autoridade do Papa, Lutero respondeu com
firmeza: "Só na Bíblia e não no Papa reside a autoridade". E continuou:
"O próprio Cristo é o chefe da Igreja e não o Papa. Não lhe é permitido
estabelecer um artigo de fé, sem base bíblica. "O papa é soberano
legítimo, não com direito divino, mas humano". No dia 15 de junho de
1520, com a bula Exurge, o Papa Leão X "condenou quarenta e uma
proposições de Lutero, ameaçando-o de excomunhão, se não se retratasse
dentro de sessenta dias". Essa bula condenava, em suma, a liberdade de
consciência. O historiador Schaff assim definiu o documento: "Podemos
inferir daquele documento em que estado de servidão intelectual estaria
o mundo atualmente, se o poder de Roma houvesse conseguido esmagar a
Reforma. Difícil será avaliar quanto devemos a Martinho Lutero, no
terreno da liberdade e do progresso..." Num gesto memorável de audácia,
destemor e ousadia, utero queimou a bula papal em praça pública a 10 de
dezembro de 1520. Por mais de uma vez Lutero compareceu diante dos
emissários de Roma. Aconselhado a não se apresentar em razão do risco
que corria, Lutero respondeu: "Ainda que acendessem por todo o caminho
de Worms a Wittenberg uma fogueira... em nome do Senhor eu caminharia
pelo meio dela; compareceria perante eles... e confessaria o Senhor
Jesus Cristo". Na presença do imperador Carlos V, da Alemanha, de
príncipes e delegados de Roma, que esperavam uma retratação do
excomungado herege, Lutero falou: "visto que vossa sereníssima majestade
e vossas nobres altezas exigem de mim resposta clara, simples e precisa,
dar-vo-la-ei, e é esta: não posso submeter minha fé, quer ao papa, quer
aos concílios, porque é claro como o dia que eles têm freqüentemente
errado e se contradito um ao outro. A menos que eu seja convencido pelo
testemunho das Escrituras... não posso retratar-me e não me retratarei,
pois é perigoso a um cristão falar contra a consciência. Aqui permaneço,
não posso fazer outra coisa; queira Deus ajudar-me. Amém". As tentativas
de reconciliação do sacerdote Martinho Lutero com o papado, ou seja, os
planos de fazê-lo voltar ao aprisco de Roma fracassaram todos: "Consinto
em que o imperador, os príncipes e mesmo o mais obscuro cristão,
examinem e julguem os meus livros; mas sob uma condição: que tomem a
Palavra de Deus como norma. Os homens nada têm a fazer senão
obedecer-lhe. No tocante à Palavra de Deus e à fé, todo cristão é juiz
tão bom como pode ser o próprio papa, embora apoiado por um milhão de
concílios". O Concílio em Worms não se deteve em examinar, pelas
Escrituras, as verdades contidas nos pronunciamentos e escritos de
Lutero. "Deus não quer - dizia ele - que o homem se submeta ao homem,
pois tal submissão em assuntos espirituais é verdadeiro culto, e este
deve ser prestado unicamente ao Criador. Alertado de que estava proibido
de subir ao púlpito, recusou-se a obedecer:
"Nunca me
comprometi a acorrentar a Palavra de Deus, nem o farei".
Lutero Livra-Se Da Fogueira
Tão logo
expirasse o prazo de um salvo-conduto que o imperador lhe concedera,
Lutero, conforme resolução do Concílio, deveria ser preso, todos os seus
escritos destruídos; a ninguém era permitido dar-lhe comida ou bebida, e
os seus discípulos sofreriam igual condenação. Isto, em outras palavras,
significava FOGUEIRA. O plano de Deus era outro. Para livrá-lo da
fogueira um grupo de amigos "seqüestrou" a Lutero e o transportou,
através da floresta, para o castelo de Wartburgo, construído nas
montanhas, e de difícil acesso. Lutero alguns anos depois saiu daquele
castelo e continuou fazendo discípulos e pregando o Evangelho da
salvação. A Reforma estava implantada. A Luz alcançava muitos países.
Iluminou a Europa, as Américas, a América do Sul, o Brasil... porque
ninguém pode algemar a Palavra de Deus.
Físico
italiano, fez numerosas descobertas nos campos da Física e da
Astronomia. Com seu telescópio (luneta) descobriu as montanhas da Lua,
os satélites de Júpiter, as manchas solares, as fases de Vênus, os anéis
de Saturno. Suas descobertas e ensinos foram considerados uma heresia
pelos censores romanos. Acabrunhado, doente, preso em Roma, assinou sua
retratação. Antes, os inquisidores lhe mostraram a sala de tortura e os
respectivos instrumentos. Combalido e ajoelhado diante dos
representantes do Papa Urbano VIII, leu e assinou sua retratação:
"Eu, Galileu
Galilei, tendo sido trazido pessoalmente ao julgamento e ajoelhando-me
diante de vós, Eminentíssimos e Reverendíssimos Cardeais, Inquisidores
Gerais da Comunidade Cristã Universal contra a depravação herética...
juro que sempre acreditei em cada artigo que a sagrada Igreja Católica,
Apostólica de Roma, sustenta, ensina e prega.. Mas porque este Sagrado
Ofício ordenou-me que abandonasse completamente a falsa opinião, a qual
sustenta que o Sol é o centro do mundo e imóvel, e proíbe abraçar,
defender ou ensinar de qualquer modo a dita falsa doutrina... com
sinceridade abjuro, maldigo e detesto os ditos erros de heresia..."
A diabólica
Inquisição não só condenou os ensinos de Galileu, mas também os de
Copérnico. O Tribunal Inquisitório assim se pronunciou:
"A tese de que
o Sol é o centro do sistema e não se move ao redor da Terra, é néscia,
absurda, teologicamente falsa e herética, sendo frontalmente contrária
às Sagradas Escrituras..."
Galileu
livrou-se da fogueira, mas passou vários meses sob prisão. Muito doente
e cego, veio a falecer no dia 8 de janeiro de 1642. E a Igreja de Roma
acabava de escrever mais um capítulo de terror em sua história. Em
janeiro de 1998, o Papa João Paulo II, formalizou o tardio pedido de
perdão ao notável astrônomo Galileu. Podemos imaginar quão constrangedor
para esse notável homem foi ajoelhar-se diante de uma corte devassa e
negar anos e anos de estudo e observação. Dizem que Galileu, antes de
morrer, balbuciou: "a terra por si se move".
Wycliffe,
Huss, Jerônimo e Lutero foram citados apenas como exemplo. O caminho da
fogueira foi trilhado por milhares e milhares de mártires anônimos,
gente simples, discípulos fervorosos, pessoas indefesas e pobres,
homens, mulheres, jovens, velhos e crianças, vítimas da sanha assassina
dos representantes da poderosa Igreja Católica Romana, que, aliada ao
poder das armas, teve a pretensão de ser universal e de impor suas
doutrinas aos seus súditos. Mártires anônimos foram os albigenses e os
valdenses; mártir quase desconhecido foi Luís de Berquin, que,
apaixonado pelo Evangelho, foi estrangulado e queimado em 1529 sem tempo
para dar uma última palavra; mártires anônimos foram muitos franceses
queimados vivos com requintes de crueldade, sem direito a defesa. A
todos esses homens de fé e de coragem, baluartes da defesa das Sagradas
Escrituras como única fonte de autoridade, a eles nossa homenagem
póstuma, nossa gratidão, nossa admiração pelo que fizeram em prol de um
cristianismo livre de heresias, de idolatria, de práticas pagãs.
Recuso-me a
chamar a INQUISIÇÃO de Santo Ofício ou de Santa Inquisição. Seria santa
se inspirada por Deus ou a Seu serviço. Não foi de inspiração divina
porque Deus é amor. Deus não gera o ódio nos corações dos homens. Ele
não é a fonte do mal. Não foi de inspiração divina a Inquisição porque
Deus não iria perseguir, torturar e executar homens e mulheres que
defendiam as Escrituras Sagradas, ou seja, a Palavra de Deus; não foi de
inspiração divina porque muitos dos papas que direta ou indiretamente
comandaram os massacres - papas, frades, monges, padres, cardeais (o
clero romano) - não possuíam a direção do Espírito Santo, pois foram
chamados de "antipapas" em razão do baixo nível moral em que viviam
(adultério, imoralidade sexual, estupros, luxúria, etc). Quem comandou a
Inquisição ou os Tribunais Eclesiásticos foi o próprio Satanás". O maior
inimigo de Deus e do homem, ele, o Diabo, foi quem arquitetou esse plano
diabólico nos palácios de Roma, pois ele era e é o mais interessado em
algemar a Palavra de Deus; em não permitir a divulgação e propagação do
Evangelho; em cristianizar o paganismo ou paganizar o cristianismo. A
Inquisição teve, portanto, origem diabólica. O paradoxo é que esse crime
contra a humanidade foi urdido no seio de uma igreja que se declarou
infalível e dona da verdade. Em nenhuma outra época se assistiu com
tanta realidade o cumprimento da profecia de Jesus: -"Então vos hão de
entregar para serdes atormentados, e vos matarão. Sereis odiados de
todas as nações por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos se
escandalizarão, trair-se-ão mutuamente e se odiarão uns aos outros.
Surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos... e este
evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas
as nações. Então virá o fim". (Mateus 24.9-14).
O cumprimento
dessa profecia continua em andamento. Milhares de cristãos são mortos
anualmente em todo o mundo. Mas, por outro lado, o evangelho do reino
continua sendo pregado ("será pregado em todo o mundo"), mudando a vida
de milhões de pessoas. As Cruzadas e a Inquisição mataram mais gente do
que o nazismo na Segunda Guerra Mundial, na qual morreram seis milhões
de judeus. Os massacres em nome de Deus vitimaram um número bem superior
de pessoas classificadas de "hereges", acusadas de desenvolverem uma fé
contrária à da Igreja Católica, de não aceitarem a "infalível"
autoridade papal e de combaterem, ousadamente, a imoralidade, a ganância
e a corrupção no clero romano. Não se tem notícia de que os assassinos
da Inquisição tenham se submetido a um tribunal internacional para
responder por seus crimes. Um ou outro papa foi preso e condenado, como
no caso do Papa João XXIII (1410-1415) julgado e condenado pelo Concílio
de Constança por cinqüenta e quatro crimes da pior espécie. A História
condena a todos, mas a justiça maior virá do céu: o Rei dos reis e
Senhor dos senhores, o Justo Juiz, quando voltar, derramará seus juízos
sobre a Terra, e os criminosos que morreram sem arrependimento e
conversão receberão o merecido castigo. O sangue dos mártires estará
sempre na lembrança dos homens. As perseguições e os massacres foram
contra o próprio Jesus. Vejam o que disse Jesus a Saulo, este que
perseguia os cristãos (Atos 9.4-5):
- Saulo,
Saulo, por que me persegues?
- Eu sou Jesus, a quem tu persegues.
O que
relatamos neste estudo representa apenas uma pequena parcela do que
realmente foi a diabólica Inquisição e o que ela representou de negativo
para toda a humanidade. Os representantes papais nunca agiam sozinhos. A
igreja Católica estava atrelada de tal forma aos imperadores, reis e
governos que, por vezes, não se sabia o que pesava mais num massacre: se
o motivo religioso, em que Roma defendia seus altos interesses, ou o
político, sob manobra dos governantes. O certo é que a parceria
Igreja-Estado fabricou uma arma mortífera: A Inquisição. O sangüinário
Hitler tentou purificar a raça ariana executando o povo judeu. Os
sangüinários inquisidores tentaram purificar a fé católica matando
os"hereges". Uma pergunta que devemos fazer é a seguinte: a Igreja
Católica, apostólica e romana, foi realmente guiada desde sua
instituição pelo Espírito Santo? Se a resposta for negativa, então a
criação da Inquisição está plenamente justificada. Se positiva a
resposta, isto é, se aceitarmos a versão de que o Espírito de Deus guiou
essa Igreja desde o seu nascedouro, teremos que fazer outra indagação: O
Espírito Santo errou ao escolher homens sanguinários para dirigir a
Igreja de Cristo? O Espírito de Deus erra? Quando lemos o livro de Atos,
deparamo-nos com o Senhor Jesus orientando, exortando e guiando Sua
Igreja e até comissionando obreiros. Vejamos alguns exemplos:
1) " O anjo do
Senhor disse a Filipe: Levanta-te, e vai para a região do sul, ao
caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta" (Atos 8.26).
2) "Disse o
Senhor a Ananias, numa visão: Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e
pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso, chamado Saulo, pois ele
está orando... vai, ele é para mim um vaso escolhido para levar meu nome
perante os gentios, os reis e os filhos de Israel" (Atos 9.10-15).
3) "Disse o
Espírito Santo: Apartai-vos a Barnabé e a Saulo para a obra a que os
tenho chamado" (Atos 13.1-2).
4) "Passando
(Paulo e Timóteo) pela Frígia e pela província da Galácia, foram
impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. Quando
chegaram à Misia, tentavam ir para a Bitínia. MAS O ESPÍRITO DE JESUS
NÃO LHO PERMITIU" (Atos 16.6-7)
Assim, em
muitas ocasiões o Espírito de Deus conduziu os destinos da Igreja de
Cristo. Em nenhum momento vê-se aqueles santos cometerem qualquer
deslize, qualquer ato reprovável. Não alimentavam o desejo de exterminar
as essoas que não aceitavam o Evangelho ou não se convertiam. Para
justificar os crimes cometidos pelos inquisidores a Igreja de Roma põe a
culpa no Diabo. O Espírito Santo permitiu que forças demoníacas se
instalassem na sede dessa Igreja, em Roma, donde saíram as bulas e
decretos papais autorizando ou consentindo as Cruzadas, os massacres, as
perseguições? Proibindo a tradução da Bíblia em outras línguas?
Proibindo aos leigos a leitura das Sagradas Escrituras? Autorizando a
venda de perdão (indulgências) como se fora uma mercadoria? Impedindo a
livre manifestação do pensamento?
Não, não foi o
Espírito de Deus que comandou essa carnificina chamada Inquisição. Quem
armou essa trama foi o mesmo espírito que enganou a Eva; o mesmo que
tentou a Jesus no deserto, e o mesmo que encarnou em Hitler. Foi ele
mesmo, o Diabo, que assumiu o comando em Roma e dirigiu o banho de
sangue na Europa e em outras partes do mundo. A igreja Católica perdeu
uma das melhores oportunidades de sua história de voltar-se à Palavra de
Deus, remover os empecilhos, rever suas doutrinas, ouvir os
reformadores, humilhar-se, arrepender-se e suplicar a misericórdia do
Senhor. Somente assim a influência maligna seria contida.
Por mais que
desejemos fazer reflexões com serenidade, não conseguimos conter nossa
perplexidade diante de tantos desatinos promovidos por homens que se
diziam, "Vigários de Cristo" e "infalíveis". Os crimes cometidos em nome
da fé católica, quer nas Cruzadas, quer nos Tribunais de Inquisição, são
crimes inqualificáveis, crimes contra a humanidade, e como tal devem ser
lembrados por todos os séculos. Jesus afirmou que "AS PORTAS DO INFERNO
NÃO PREVALECERÃO CONTRA A SUA IGREJA" (Mateus 16.18). Não prevaleceram.
A Igreja de Cristo, que parecia aterrada diante do poder de Roma,
saiu-se vitoriosa. As muralhas de Jericó foram derrubadas. De nada
valeram as perseguições, as humilhações e a matança. A luz do Evangelho
se espalhou por todo o mundo. Não houve como impedir a propagação do
Evangelho do nosso Salvador. Mais uma vez o inimigo foi derrotado.
Acossados em determinada cidade ou região os crentes procuravam refúgio
nas cavernas, nos guetos ou em outras nações. Mas por onde passavam
davam testemunho de sua fé. Por toda a parte a fé bíblica era aceita com
alegria, em substituição à fé católica. A Igreja de Roma viu cair por
terra seu intento de ser universal. A palavra "católica" quer dizer
universal. Nas regiões onde o protestantismo prevaleceu, a Igreja romana
foi substituída por uma série de igrejas evangélicas autônomas,
completamente desligadas do poder papal. O sangue dos justos serviu para
regar a Palavra plantada. A Inquisição não impediu o crescimento
numérico e qualitativo dos protestantes, que, submissos a Deus e à Sua
Palavra, desprezam tradições e dogmas não alinhados com a Bíblia
Sagrada.
Louvado,
engrandecido e exaltado seja o nome do nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo. Eis aí apenas um esboço do que foi a diabólica INQUISIÇÃO, que
tantos malefícios causou à humanidade. Muito longe estamos de conhecer
todos os labirintos dos tribunais inquisitórios. O atual representante
da Igreja de Roma (estamos em agosto/98) tem ensaiado pedidos de perdão,
como no caso de Galileu Galilei. Mas pergunto: pedido de perdão a quem?
A Deus? À Humanidade? Às famílias das vítimas? Ora, não se pode pedir
perdão a Deus em nome de um pecador. Ademais, não é o caso de pedido de
perdão em nome da entidade religiosa, porque não será a Igreja Romana
que receberá o castigo eterno. O castigo será individual. Cada um
receberá pessoalmente a sentença do Justo Juiz. Logo, o pedido de perdão
formulado pela Igreja Católica, através de seu líder, é na verdade um
gesto elogiável, uma manifestação de humildade, mas, por si só, não
apaga o pecado dos algozes da Inquisição. Sem arrependimento não há
perdão e sem perdão não há salvação. Todos os envolvidos nos massacres -
papas, cardeais, frades, monges, reis e rainhas - se não se arrependeram
de seus crimes e não rogaram o perdão de Deus, ou seja, se não se
converteram ao Senhor Jesus antes de morrerem, certamente estão num
lugar de TORMENTOS, e ali aguardarão a plenitude dos tempos para serem
lançados no GEENA. É assim que ensina a Palavra de Deus:
"Mas, quanto
aos medrosos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos HOMICIDAS, e
aos adúlteros, a aos feiticeiros, e aos idólatras, e a todos os
mentirosos, a sua parte será NO LAGO QUE ARDE COM FOGO E ENXOFRE, que é
a segunda morte" (Apocalipse 21.8).
Católicos e
protestantes hoje vivem em paz. A Igreja Católica não mais classifica os
protestantes de "hereges". Hoje, chama-os de "irmãos separados". Exceção
feita às escaramuças na Irlanda do Norte, que duram 30 anos, crentes e
católicos não se defrontam, não se enfrentam no corpo a corpo. O
Vaticano, não se pode negar, empenha-se pela paz entre as nações. A
Igreja Católica reconhece seus erros e, humilde, pede perdão à
Humanidade. Devemos perdoá-la... mas não podemos apagar a História. A
verdade é que as fogueiras do Santo Ofício não mais se acenderão. Nunca
mais Inquisição. Graças a Deus.
GLOSSÁRIO
ABJURAR - Renunciar solenemente a uma crença ou
religião.Desdizer-se ou retratar-se.
ALBIGENSES
- Membros de uma seita religiosa no sul da França, nos séc. XII e XIII.
Negavam a realidade da encarnação de Jesus Cristo e condenavam a
procriação.
ANTIPAPAS
- São considerados os falsos papas. Chefe de igrejas locais, geralmente
bispo, que pretendeu, por oposição ao Romano Pontífice, governar toda a
Igreja Católica. Hipólito foi o primeiro antipapa de 217 a 235, nascido
em Roma, eleito pelo povo.
APÓSTATA - Aquele que renuncia à fé cristã.
AUGSBURGO
- Cidade da Alemanha.
AUTOS-DE-FÉ
- Cerimônias em que se executavam as sentenças da Inquisição. Passou a
chamar-se assim, principalmente, o suplício dos penitentes pelo fogo.
CLÉRIGO
- Aquele que pertence à classe eclesiástica. Sacerdote cristão.
CLERO - A corporação dos sacerdotes. Classe eclesiástica.
CONCÍLIO - Reunião de bispos da Igreja Católica, convocados para
estudar assuntos de interesse eclesiástico.
CONSTANÇA - Cidade da Romênia.
CONTRA-REFORMA - Movimento restaurador iniciado pela Igreja
Católica, com vistas a superar as dificuldades surgidas com a Reforma. O
Concílio de Trento (1545 - 1563) concretizou esses esforços.
CRUZADAS - Expedições militares de caráter religioso que se
faziam na Idade Média, contra hereges ou infiéis.
EXCOMUNGAR
- Separar da Igreja Católica qualquer dos seus membros. Expulsar, tornar
maldito, condenar.
GUETO -
Rua ou bairro onde são isoladas pessoas ou grupos por imposição
econômica, racial ou religiosa.
HEREGE
- Pessoa que professa doutrina contrária ao que foi definida pela Igreja
como sendo matéria de fé. Eram chamados os que se opunham às doutrinas
da Igreja Romana.
HUGUENOTE
- Designação depreciativa que os católicos franceses deram aos
protestantes, especialmente os calvinistas, e que estes adotaram.
ICONOCLASTA
- Indivíduo que não reverencia imagens ou obras de arte. Que as destrói.
ICONÓLATRA
- Diz-se do indivíduo que adora ou venera imagens, ídolos ou obras de
arte.
IGNOMÍNIA
- Grande desonra. Infâmia.
IMPETÉRRITO - Destemido, impávido, sem temor.
INCESTO - União sexual ilícita entre parentes consangüíneos,
afins ou adotivos.
INDULGÊNCIA
- Graça concedida pela Igreja Católica aos seus membros, perdoando total
ou parcialmente a pena devida a um pecado. Perdão de pecados. A venda de
indulgências pelo Papado foi a principal causa da Reforma.
INQUISIÇÃO
- Nome dado a um tribunal eclesiástico criado oficialmente em 1229, no
Concílio de Toulouse, também chamado Tribunal do Santo Ofício, com
poderes para julgar, condenar à morte ou prender pessoas suspeitas de
não professarem a fé católica.
INQUISIDOR - Juiz do Tribunal da Inquisição.
LUBRICIDADE - Qualidade de lúbrico: lascivo, sensual, devasso.
MANIQUEU - Adepto ou membro do maniqueísmo, seita que teve
simpatizantes na Índia, China, África, Itália e sul da Espanha, segundo
a qual o Universo foi criado e é dominado por dois princípios
antagônicos e irredutíveis: Deus ou o bem absoluto, e o mal absoluto ou
o Diabo.
MÁRTIR
- Pessoa que sofreu tormentos, torturas, perseguições ou a morte por
sustentar a fé cristã.
MONGE -
Religioso que vive em mosteiros e está sujeito a uma regra comum.
NOITE DE
SÃO BARTOLOMEU - Designação dada à matança de huguenotes que se
iniciou em Paris na noite de S. Bartolomeu (em 24 de agosto de 1572) e
se estendeu por toda a França, e até 3 de outubro daquele ano o número
de mortos elevou-se a 50.000.
PAPA -
Título dado ao chefe da Igreja Católica Apostólica Romana. Também
chamado Sumo Pontífice Romano.
PROCESSO
SUMÁRIO - Objetivo, resumido, sem formalidades, rápido, sem apelação
para a instância superior, sem direito a defesa.
PROTESTANTES - Nome dado aos partidários do protestantismo que, no
séc. XVI, compreendia uma crença contrária à fé católica e à autoridade
suprema do papa.
REFORMA
- Movimento religioso e político que, no princípio do séc. XVI, quebrou
a unidade católica, dividindoa Igreja em dois campos: o católico e o
protestante.
SEGUNDA
GUERRA MUNDIAL - Conflito iniciado no dia 1º de setembro de 1939 e
terminado em 2 de setembro de 1945. Iniciou-se com a invasão da polônia
pelos alemães. A Inglaterra e a França declararam guerra à Alemanha
poucos dias depois. A maioria dos países do mundo participou dessa
guerra, inclusive o Brasil. O conflito terminou com a derrota dos
alemães.
SIMONIA
- Tráfico de coisas sagradas ou espirituais, tais como sacramentos,
dignidades, benefícios espirituais.
SODOMIA
- Relação sexual anal entre homem e mulher, ou entre homossexuais
masculinos.
SÚDITOS - Aqueles que estão submetidos à vontade e outra pessoa.
Vassalos.
TE DEUM
- Expressão de origem latina que significa "A ti Deus". Cântico da
Igreja Católica em ação de graças, que principia por essas palavras.
TOULOUSE
- Cidade do sudoeste da França.
VALDENSES
- Nome pelo qual são conhecidos os membros de um grupo protestante
fundado na região francesa de Vaud (hoje cantão da Suíça), no séc. XII.
REFERÊNCIAS
BIOGRÁFICAS
ALEXANDRE IV - Papa de 1254 a 1261. Autorizou a instalação do
Tribunal Inquisitório em França.
BONIFÁCIO
VIII - Papa de 1294 a 1303. Sobre ele diz a The Catholic
Encyclopedia: "Dificilmente qualquer possível crime foi omitido -
infidelidade, heresia, simonia, grosseira e inatural imoralidade,
idolatria, mágica, perda da Terra Santa, morte de Celestino V, etc.
Historiadores protestantes e até mesmo modernos escritores católicos
classificam-no entre os papas iníquos, como ambicioso, arrogante e
impiedoso, enganador e traiçoeiro. O poeta Dante visitou Roma e
descreveu o Vaticano como um "esgoto de corrupção". Uma das frases desse
Papa: "Gozar e deitar-me carnalmente com mulheres ou com meninos não é
mais pecado do que esfregar as mãos".
GALILEU
GALILEI - (1564 - 1642) - Italiano nascido em Pisa. Introduziu o
método experimental como o mais importante dos métodos das ciências
naturais. Fez numerosas descobertas e invenções, a exemplo da luneta
(mais tarde telescópio) com que desvendou alguns mistérios dos astros.
Defendeu a tese de que a Terra e os demais planetas se moviam em torno
do Sol, sendo este o centro do Sistema. A Igreja Católica prestou um
desserviço à Ciência ao julgar, condenar e prender um dos mais fecundos
investigadores da época.
GREGÓRIO
XIII - Papa no período de 1572 a 1585. Aprovou a Cruzada contra os
huguenotes, cujo desfecho se deu a 24 de agosto de 1572, "Noite de S.
Bartolomeu". Como troféu, recebeu a cabeça de Gaspar de Coligny.
INOCÊNCIO
III - Papa no período de 1198 a 1216. Autorizou a Cruzada contra os
albigenses, sul da França, em 1208.
JERÔNIMO DE
PRAGA - Religioso tcheco, discípulo do reformador João Huss; acusado
de ataques às autoridades eclesiásticas, foi condenado à fogueira pelo
Concílio de Constança em 1416. Nasceu em 1360.
JOANA D´ARC
- (1412 - 1431) - Heroína francesa também chamada a "Virgem de Orleans".
À frente de um pequeno exército que lhe confiara o Rei Carlos VII,
venceu aos ingleses em Orleans e Patay (1429). Considerada herética, foi
condenada à fogueira em 1431 e canonizada em 1920.
JOHN HUSS
- Nascido em 1369 e queimado vivo na fogueira em 1415. Teólogo e
reformador religioso tcheco, natural de Husinec, Boêmia. Acusado de
heresia e condenado à morte por não abjurar suas idéias.
JOHN
WYCLIFFE - Nasceu em 1320 e faleceu em 1384. Teólogo inglês,
precursor da Reforma, natural e Hipswell. Pregava uma Igreja sem a
direção papal, era adversário das indulgências e combatia o excesso de
bens materiais dos clérigos. Suas doutrinas foram condenadas no concílio
de Constança.
JOSÉ JEOVAH
MENDES - Nasceu em Itapiúna (Ce), a 24 de maio de 1955. Na década de
60 ingressou na Escola Apostólica de Baturité - Ce, dos padres jesuítas,
para dar curso à sua vocação sacerdotal. Alguns anos depois desligou-se
dessa Ordem e ingressou no Convento dos Franciscanos, em Canindé (Ce),
onde permaneceu até 1976. Autor do livro "OS PIORES ASSASSINOS E HEREGES
DA HISTÓRIA", onde faz duríssimas críticas à Igreja Católica Apostólica
Romana.
LEÃO X
- Papa no período de 1513 a 1521. Nasceu em Florença (Itália).
Excomungou formalmente a Lutero em 1521. Seu nome civil: Giovanni de
Médicis. Seus recursos financeiros garantiram rápida ascensão na Igreja:
aos oito anos de idade já era arcebispo, e aos treze foi cardeal. A The
Catholic Encyclopedia relata que Leão X "entregou-se sem restrições aos
divertimentos... possuído por um amor insaciável ao prazer... gostava de
dar banquetes e divertimentos caros, acompanhados por orgia e
bebedeira".
MARTINHO
LUTERO - Nascido em 1483, natural de Eisleben, Saxônia, fundador da
doutrina protestante, em oposição ao catolicismo. Doutorou-se em
Teologia pela Universidade de Wittenberg. Em 1517 submeteu suas teses a
debate. Em 1520 foi excomungado como herege pelo Papa Leão X. faleceu em
1546.
TOMÁS DE
TORQUEMADA - (1420 - 1498) - Sacerdote espanhol da Ordem dos
Dominicanos, inquisidor-geral da Espanha por muitos anos, responsável
pela morte de 10.200 cristãos não católicos na fogueira, afora cerca de
cem mil pessoas encarceradas ou expulsas do país.
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA
- Bíblia de estudo pentecostal. Revista e corrigida. Sociedade Bíblica
do Brasil.
CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos. ENCICLOPÉDIA
BARSA. Enciclopaedia Britannica Ltda. 15 volumes, edição 1977.
MENDES,
Jeovah. Os piores assassinos e hereges da história. 1997.
VIDAS
ILUSTRES. Coleção - Volumes VI (os cientistas) e IX (líderes
religiosos).
WOODROW,
Ralph. Babilônia: a religião dos mistérios.
Pr. João Flávio & Presb. Paulo Cristiano
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(retorne a http://solascriptura-tt.org/Seitas/
Romanismo/
(retorne a http://solascriptura-tt.org/
Seitas/
retorne a http://
solascriptura-tt.org/
)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.