por
Aníbal Pereira dos Reis
ex-sacerdote católico romano
"... porque os costumes dos povos são
vaidade;pois cortam do bosque um madeiro,
obra das mãos do artífice, com o machado;com
prata e ouro o enfeitam,
com pregos e martelos o fixam,para que não
oscile.
Os ídolos são como um espantalho em pepinal, e
não podem falar;
necessitam que quem os leve, porquanto não
podem andar.
Não tenhais receio deles, pois não podem fazer
mal,
e não está neles o fazer o bem." Jeremias 10:1-5
ESTA PUBLICAÇÃO NÃO É UM ATAQUE OU DESRESPEITO ÀS
PESSOAS QUE PROFESSAM O CATOLICISMO ROMANO ...
... mas sim um serviço de utilidade pública, trazendo
à luz verdades comprovadas acerca da manipulação exercida sobre o povo
brasileiro, que tem o direito de saber dos fatos ocorridos e que ocorrem nos
bastidores e que por escusos interesses,
TENTA-SE POR TODOS OS MEIOS IMPEDIR A SUA
DIVULGAÇÃO
Conteúdo:
Prefácio
Capítulo 1 - DEVOTO DA SENHORA APARECIDA
Capítulo 2 - FUI UM PADRE DEVOTO DA SENHORA
APARECIDA
Capítulo 3 - NEM A GANÂNCIA, META PRIMORDIAL DOS
CLÉRIGOS "APARECIDÍCIOS", ME ABRIU OS OLHOS
Capítulo 4 - A SURPREENDENTE REVELAÇÃO
Capítulo 5 - A VERDADEIRA HISTÓRIA DA SENHORA APARECIDA
Capítulo 6 - A RAZÃO DO NOVO SURTO DO
"APARECIDISMO"
Capítulo 7 - A SANTACAP, "CAPITAL MARIANA"
DO PAÍS
Capítulo 8 - A ROSA DE OURO
Capítulo 9 - A SANTACAP, CENTRO DE TURISMO
Capítulo 10 - OS MILAGRES DE APARECIDA
No dia 24 de junho de 1967 apresentei este
livro ao público brasileiro com as seguintes palavras:
"A passagem do 250º aniversário da
Senhora Aparecida" oferece ao clero romano uma outra oportunidade para
neste ano de 1967, recrudescer a propaganda de sua seita neste país
infelicitado pelos seus embustes. Proporciona-me outrossim o feliz ensejo de
apresentar aos meus patrícios o relato verdadeiro sobre a 'aparição da santa'.
Sentir-me-ei recompensado pelo fato de poder contribuir assim com o esforço do
nosso povo no sentido de sua emancipação religiosa."
Com efeito, cumulou-me Deus com muitas
recompensas a autoria destas páginas. Reconheço-me compensado pelas inúmeras
pessoas que, ao lerem-nas, libertaram-se do embuste. Compensado pelas centenas
e centenas de almas que, libertas da aparecidolatria em resultado de sua
leitura, se renderam a Jesus Cristo e por Ele foram salvas. Compensado pelos
sofrimentos a mim impostos da parte dos interessados em usufruir as rendas
produzidas com a exploração da Senhora Aparecida, como aconteceu a Paulo
Apóstolo quando, em Éfeso, a Verdade do Evangelho punha em perigo o lucro dos
fabricantes de imagens da Senhora Diana e dos promotores da dianolatria.
O meu grande título de glória reside nesses
sofrimentos. E a sofrer mais me disponho conquanto isso resulte na promoção do
Nome Sacrossanto de Jesus Cristo e na salvação das almas.
Este livro, cuja 10ª. edição agora sai a
lume, todo refundido e recheado de novos fatos, é de uma atualidade permanente
porque o aparecidismo prossegue em seu nefasto programa de iludir os ingênuos e
estimular a idolatria com a sua seqüência de horrores. O simples relato do
episódio da "descoberta" da imagem e a exposição de alguns dentre os
muitos fatos vinculados à Aparecida são chocantes em sua contundência.
Daí a oportunidade deste livro. Aliás, a
Aparecida demonstra de maneira gritante ser o catolicismo romano o mesmo de
sempre. E refratário a qualquer substancial transformação, apesar de propalados
intentos renovadores do Concílio Ecumênico Vaticano II. E Aparecida não se
constitui em anomalia num organismo em renovação. Aparecida, conforme
demonstram o interesse da hierarquia episcopal em seu favor, a construção da
sua enorme basílica e a munificência pontifícia de Paulo VI ao lhe enviar,
através de um cardeal, seu legado "a latere", a ROSA DE OURO, nas
comemorações do jubileu de 1967, Aparecida se integra soberana na estrutura do
catolicismo romano, que é sempre o mesmo na sua pertinácia antievangélica e
idólatra.
Atual e oportuno continua este livro. A sua
10ª. edição prosseguirá a tarefa de disseminá-lo Brasil afora. E Deus
continuará a abençoá-lo como instrumento de Sua Misericórdia em benefício das
almas para libertá-las do pecado e da iniqüidade da idolatria.
Dr. ANÍBAL PEREIRA DOS REIS – ex-Sacerdote Católico
Romano
Araçatuba, 26 de setembro de 1974.
No clima profundamente religioso de minha
família, aprendi, desde muito criança, a ser ardente devoto da Senhora
Aparecida, padroeira do Brasil, segundo pretende o clero. Como bons católicos,
enviaram-me meus pais, aos seis anos de idade, ao catecismo paroquial na
igreja-matriz de São Joaquim da Barra (Estado de São Paulo), minha terra natal.
Lembro-me perfeitamente. Foi no último
domingo do mês de maio de 1931. Nossa aula de catecismo terminara mais cedo,
antes das 3 horas, por causa da procissão do encerramento de Maio, o "Mês
de Nossa Senhora"...
Sob a celeuma da enorme azáfama revoavam as
naves do templo. As "Filhas de Maria" davam os retoques finais nos
andores. O de "São" Benedito, todo de amarelo, deveria sair: –
"onde já se viu procissão sem a sua presença?". O de "São"
Sebastião, que só saia em sua festa, em janeiro, neste ano desfilaria no
encalço dos outros em cumprimento de uma promessa de um dos Junqueira, família
abastada da região. O da Imaculada Conceição estava sendo ornamentado na casa
de Dona Sara, a presidente da Pia União das Filhas de Maria. Iríamos vê-lo na
procissão. Reinava irrequieta curiosidade na expectativa de uma grande e
agradável surpresa. A imagem precisava ser mesmo um deslumbramento porque seria
coroada ao final da procissão, sob a chuva intensa de multicoloridos fogos de
artifício.
Raríssimamente nosso vigário, o padre
Eugênio, aparecia no catecismo. Aos domingos à tarde, o seu grande compromisso
se resumia em, cervejando, jogar baralho no bar do Paulo Trombini, ao lado do
cinema local. Naquele dia ele foi. Insofrido, depois de haver explicado que
cada país, cada estado, cada cidade tem um santo protetor, contou-nos que o
papa declarara "Nossa Senhora Aparecida", padroeira do Brasil.
Elucidou, ainda, que Maria "Santíssima" é uma só e que as diversas e
muitas denominações a ela atribuídas não supõem diversas "nossas
senhoras". É uma só! Tendo, porém, se manifestado em Lourdes, é chamada
"Nossa Senhora de Lourdes"; tendo aparecido em Fátima é dita
"Nossa Senhora de Fátima", etc. Relatou-nos, também como apareceu
"Nossa Senhora Aparecida" no Rio Paraíba. Explicou que o Rio Paraíba
não ficava no Estado desse nome, porém, sim no Estado de São Paulo.
Informou-nos, ainda na sua pressa, que no dia 31 daquele mesmo mês de maio, no
Rio de Janeiro, a então Capital da República, haveria uma grande festa, com a
presença de todos os bispos do País, para coroar rainha do Brasil a
"Senhora Aparecida".
Lembro-me outrossim do meu encantamento
quando na procissão, vi o andor dessa Senhora, o mais lindo de todos. Todo
iluminado, ornamentado de lantejoulas e ladeado de duas bandeiras e rodeado de
pajens trajados de veludo azul. E a imagem sobre o globo terrestre onde
apareciam os contornos do mapa de nossa Pátria. No sermão, o padre convidou os
fiéis para assistirem à missa do dia 31 em regozijo pelas solenidades a se
darem no Rio de Janeiro, oportunidade em que, a propósito, informou, contaria
os fatos relacionados com a aparição da "miraculosa Santa".
Com efeito, nesse dia, relatou: – Certa
ocasião, o Governador da Capitania de São Paulo, Conde de Assumar, em viagem
para Minas Gerais, pernoitou em Guaratinguetá, no Norte do nosso Estado. Então
a Câmara local decidiu oferecer-lhe um banquete com uma grande variedade de
pratos à base de peixe. À ordem dada pela Câmara, os três pescadores, Domingos
Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso foram ao Rio Paraíba, em cuja
margem direita se localiza a cidade de Guaratinguetá. Principiaram as suas
tentativas de pesca no Porto de José Corrêa Leite, descendo até o Porto de
Itaguassu, onde João Alves, ao lançar sua rede, colheu, entre alguns peixes, o
corpo de uma imagem, sem cabeça. E, ao repetir a operação mais abaixo,
estupefato, verificou, envolta nos fios da tarrafa, a cabeça da estátua.
Os esforços, antes improfícuos, tornaram-se compensados
com o êxito de abundante pescaria. A cabeça ajustou-se exatamente ao corpo da
imagem e, maravilhados, os pescadores viram ambas as partes colarem-se
fixamente, apenas encostadas. Foram os dois primeiros milagres da "Senhora
Aparecida" no Rio Paraíba, aos 13 de outubro de 1717.
E prosseguiu o vigário no seu conto:
– Felipe Pedroso, piedosamente, levou o achado para a
sua casa, onde o conservou pelo espaço de seis anos. Muita gente da redondeza
ia, especialmente aos sábados, rezar diante do oratório. Muitos
"milagres" aconteciam e a devoção se divulgou. Em 1743, construiu-se
uma capela. Em 1846, iniciaram-se as obras de construção de um templo mais
vasto, concluídas em Dezembro de 1888 e permanecem na atual basílica.
Findo o seu conto, o nosso vigário conclamou
todos os fiéis presentes a se prostrarem ajoelhados para, em uníssono,
repetirem uma reza à Senhora Aparecida coroada, naquela hora, lá no Rio de
Janeiro, padroeira e rainha do Brasil: – "Escolhendo por essencial
padroeira e advogada da nossa Pátria, nós queremos que ela seja inteiramente
Vossa. Vossa sua natureza sem par, Vossas as suas riquezas, Vossos os campos e
as montanhas, os vales e os rios. Vossa a sociedade, Vossos os lares e seus
habitantes, com seus corações e tudo o que eles têm e possuem; Vosso, enfim, é
todo o Brasil... Por Vossa intercessão, temos recebido todos os bens das mãos
de Deus e todos os bens esperamos ainda e sempre, por Vossa
intercessão..."
Demonstra essa fórmula, ainda outra vez, a
abismal distância entre o Evangelho e o catolicismo...
Durante os anos do meu curso primário, sempre
assisti e participei de comemorações de nossas datas nacionais, em cujos
programas sempre se acentuou a Aparecida. Para mim, ser devoto da Senhora Aparecida
era condição indispensável para ser bom brasileiro. Concluído o curso ginasial,
fui para Campinas (Estado de São Paulo) estudar no Seminário Diocesano
"Nossa Senhora Aparecida", onde não se ouvia um sermão sem que ela
fosse mencionada. A jaculatória: "Nossa Senhora Aparecida, rogai por
nós", repetia-se ao final de cada dezena do rosário desfiado na enfadonha
repetição da "Ave Maria" defronte do altar-mor da capela encimado com
a sua imagem.
Aconteceu em setembro de 1942 o IV Congresso
Eucarístico Nacional, em São Paulo. A Senhora Aparecida foi intitulada
"peregrina do Congresso". Programou-se o comparecimento da VERDADEIRA
IMAGEM. Então, certa noite, o diretor do Seminário foi à capela pedir rezas
para que ela ficasse em São Paulo também durante os dias do Congresso. E,
depois de haver eu ouvido pela centésima vez o relato de sua aparição, o padre,
naquela oportunidade, com o intuito de elucidar os seus receios, destacou este
pormenor: – Depois de aparecida, os pescadores levaram a imagem para a casa de
um deles, Felipe Pedroso, onde ficou alguns anos. Numa manhã, a família
espantada deu pela falta da "santa". Ansiosos, todos foram
procurá-la. Encontraram-na, depois de tanta angústia, no alto da colina.
Levaram-na, de novo, para o seu altarzinho antigo, na casa do pescador. Poucas
noites seguintes, repetiu-se o incidente. Desconfiaram os devotos que a Senhora
queria ficar numa igreja construída no alto do morro.
Vieram as contribuições, a capelinha foi
edificada e a imagem entronizada em seu altar, donde saíra uma única vez, em
maio de 1931, quando fora levada ao Rio de Janeiro para ser coroada rainha e
padroeira do Brasil. A história de imagens fujonas, por carência de imaginação
da parte do clero, se repete, como no caso da Penha, no Estado do Espírito
Santo e no Rio de Janeiro, e no Rocio, no Paraná. Pobreza idêntica ocorre na
aparição de tantas "Senhoras" a envolver, num fastidioso plágio,
crianças subnutridas e anormais, como em Lourdes, Salete e Fátima.
Receava-se agora, esclarecido pelo padre, que
"Nossa Senhora", durante a noite voasse de São Paulo para a sua
basílica em Aparecida do Norte. Pedia-nos rezas e mortificações para que a
"santa peregrina" se dignasse permanecer na Capital Paulista durante
os dias do Congresso Eucarístico. Fervoroso devoto, rezei muitos rosários e fiz
muitos "sacrifícios" nessa intenção.
A recepção da imagem aparecida constituiu-se
numa das mais pomposas festividades daquele congresso, cuja imponência se
constata pelo milhão de pessoas a acompanhar a procissão do seu encerramento,
quando a população de São Paulo ainda se encontrava aquém daquela quantidade de
gente. Conduzia-se processionalmente a estátua da "peregrina" todas
as noites, da catedral da Praça da Sé, onde fora entronizada, para o Vale do
Anhangabau, com o fim de presidir as sessões solenes. Essas procissões, sem
terem sido incorporadas no programa oficial das comemorações eucarísticas, se
transformaram em alvoroçadas apoteoses.
Retornava a imagem, em seguida, para receber
as homenagens das multidões a se revezarem dia e noite. O povo devoto
permanecia ali aos pés da "santa peregrina" no desígnio de venerá-la
condignamente porque – supunha-se – satisfeita permaneceria em São Paulo até ao
fim das solenidades.
A imagem ficou. Foi exaltada em extremo. O
Congresso programado para ser eucarístico, acabou sendo
"aparecídico". Dom José Gaspar de Afonseca e Silva, cognominado
"o arcebispo de Nossa Senhora Aparecida", a confirmar o mérito desta
alcunha, erigiu, na Várzea do Ipiranga, uma nova paróquia dedicada a essa
senhora. Mas, qual não foi o nosso desapontamento ao sabermos o engodo: a
verdadeira imagem não viera a São Paulo! Recebera-mos apenas um fac-símile!
Encerradas as festividades do Congresso, fora entregue à recém instalada
paróquia! Alguns seminaristas se revoltaram e se julgaram vítimas de um
ludíbrio.
– Rezamos tanto diante daquela imagem,
supondo-a A VERDADEIRA...
Conformei-me por estar convicto de que o povo
não merecia sua "augusta" presença... E porque "as autoridades
eclesiásticas agiram com prudência"...
Afinal, todas essas circunstâncias suscitaram
em minha alma um afeto entranhado à padroeira do Brasil...
Ao ordenar-me padre, em 1949, senti-me no dever de ir
à sua basílica cantar uma missa, por sinal a segunda porque cantara a primeira
em minha terra natal. Nesse ensejo, adquiri uma sua imagem, fac-símile, benta
pelo padre superior do convento, destinada por mim a me servir de companhia e
penhor constante das bênçãos celestiais em favor do meu sacerdócio.
Entranhadamente devoto da Senhora Aparecida, oferecia, como presente, uma sua
imagem fac-símile, a todas as noivas por mim abençoadas no casamento.
Completados dez anos de sacerdócio, recebi,
como uma verdadeira promoção, minha transferência para Guaratinguetá, a cidade
mais próxima de Aparecida. Localizada à margem direita do Rio Paraíba, no
Estado de São Paulo, Guaratinguetá, dista, pela Via Dutra, aproximadamente, 220
km do Rio de Janeiro, 185 de São Paulo e 8 de Aparecida.
Fui nomeado pároco da novel paróquia de "Nossa
Senhora da Glória", no Bairro do Pedregulho. Sua igreja, que de tão
pequena, o povo a cognominara de "igrejinha", não oferecia condições
para, realmente, ser uma matriz paroquial. Decidi, por isso, construir um vasto
templo. Constituía-se-me imensa prerrogativa edificar essa obra consagrada à
Virgem Maria, e sonhava com um templo majestoso erguido naquele outeiro do
Pedregulho a olhar a "Basílica Nacional da Padroeira", plantada na
colina de Aparecida. Lá do alto da torre da minha matriz, fiquei muitas vezes a
contemplar a "Basílica da Rainha do Brasil"...
Eu odiava os evangélicos, aos quais chamava de
hereges por combaterem "Nossa Senhora".
Nesse tempo, apareceu lá em Guaratinguetá, um
pastor. No seu desejo de esclarecer o povo, contratou, numa das emissoras
radiofônicas locais, um horário para um programa evangélico. Muitos católicos
se descontentaram com as suas explicações. Um meu colega, o clérigo Oswaldo
Bindão, no seu programa de rádio, decidiu responder ao pastor.
Estabelecida a polêmica, a cidade inteira se
transformou em estádio para assistir a contenda. O coitado do padre pediu água
em menos de uma semana.
Evidentemente, qualquer jovem das nossas
Escolas Bíblicas Dominicais, com a Bíblia na mão, põe qualquer padre a correr.
Nós, os padres em Guaratinguetá, estávamos acuados, arrasados, com o fracasso
do colega! E na certeza absoluta de que, se qualquer um de nós fosse responder
ao pastor, cairíamos no mesmo ridículo.
O Pastor João de Deus Soares prosseguia dando
os seus esclarecimentos. Nessas alturas, o assunto girava em torno de Maria, de
cuja face o pregador retirava toda a caiação ignóbil que à Mãe de Jesus impôs o
catolicismo ao longo dos tempos. Naquela oportunidade, encerrara eu, com uma
retumbante procissão, as festividades da padroeira da minha paróquia. O Pastor
Evangélico botou água na fervura do meu entusiasmo, criticando o meu desfile
mariano e citando Isaías (45:20). Transtornei-me de cólera!
Noutro dia, o Pastor resolveu apresentar aos
seus radiouvintes os pontos coincidentes entre a Diana dos efésios e a
Aparecida dos brasileiros, à luz do relato de Atos dos Apóstolos 19:23-41.Nós
não tínhamos força de argumento. E o jeito foi apelar para o argumento da
força! E se demorássemos, perderíamos muitos dos nossos melhores fiéis... A
mentira, a calúnia, o achincalhe são os melhores argumentos para os covardes
sem argumento. Incumbiram-me de resolver o problema. Apelei para a violência,
comandando um batalhão de fanáticos. E, em menos de uma hora, num domingo à
noite, foi destruído inteiramente, o templo do Pastor João de Deus Soares,
lotado de pessoas participantes do culto. A Senhora Aparecida deve-me também
este favor!
No dia imediato, no programa "Marreta na
Bigorna", da Rádio Aparecida, o clérigo Galvão, desatou uma gargalhada
satânica e parabenizou os católicos de Guaratinguetá pela façanha... O
arcebispo de São Paulo, congratulou-se vivamente comigo e, horas após o nosso
encontro, declarou, por um grande jornal de São Paulo, que lamentava os fatos
ocorridos em Guaratinguetá!
O clero católico é a hierarquia dos homens de
duas caras!!!
Dos refolhados!!!
Estreitíssimas mais ainda se tornaram minhas relações
com os padres responsáveis pela basílica de Aparecida, em cujo convento se
fabricava, exclusivamente para o consumo interno, cerveja mui apreciada entre
os reverendos. No trato com os clérigos seculares, constatei a falta de amor
fraterno entre eles. Supunha, todavia, que houvesse entre os regulares ou
conventuais, como os franciscanos, jesuítas, dominicanos, salesianos,
redentoristas. Engano! Entre estes últimos, que são os responsáveis pela
basílica e de quem mais me aproximei, acontece a mesma carência, senão pior.
Lá dentro do seu convento, ao lado da
"rainha" do Brasil, os padres se estracinham com ódio extremado. Os
apelidos são os mais humilhantes. Havia lá o "padre Tortinho", o
"padre Marreta", o "padre Aventura", o "padre
Zoraide", o "Madame Fifi"... E de cada um havia um motivo
especial indicado pelo próprio vocábulo...
Sentia, outrossim, a frieza espiritual
naquele ambiente de clérigos, profissionais da religião. Sempre os vi tratando
das coisas de sua seita com ganância sórdida. Só lhes interessava o que dá
lucro. A respeito de qualquer assunto, a pergunta é sempre esta: – Quanto
rende? – acompanhada do sinal característico de se friccionarem as pontas dos
dedos polegar e indicador. E fazem praça disso até na sua emissora. Certa
feita, chegou uma carta, perguntando sobres as riquezas da Senhora Aparecida.
Respondeu-a Victor Coelho de Almeida, no seu programa radiofônico: – "Sim,
'Nossa Senhora' é muito rica. Rica mesmo! Ela tem hotéis, restaurantes, bares,
casas de aluguel – muitas casas de aluguel! – kombis, peruas, automóveis. Ela
tem muito dinheiro... Dinheiro que os seus fiéis mandam e trazem... Ela tem
muitas jóias, anéis, braceletes, colares. Ela tem muito ouro e pedras
preciosas. Até a princesa Isabel lhe deu preciosas jóias. Quem tem ouro e
pedras preciosas, mande para 'Nossa Senhora'... "
A cupidez é tamanha que as suas lojas não respeitam
sequer o Domingo. Se cerrarem as suas portas deixarão de ganhar no dia de maior
afluência de peregrinos. O devoto chega para cumprir uma promessa. Compra uma
vela na loja pertencente aos padres e, a propósito situada ao lado da basílica
e anexa à porta de entrada da emissora. Ao entrar no templo, porém, depara-se
com a proibição terminante de acender velas. Apresenta-se-lhe, outrossim, a
solução: – deixar o brandão numa caixa adrede colocada ao lado do altar da
"padroeira". O "pagador de promessa" sai na doce ilusão de
que o padre vai, em sala adequada, queimar a sua vela em honra da santa.
Engana-se porque um dos sacristães recolhe todas as lá depositadas, levando-as
novamente para a loja. E a vela do devoto caiu no círculo rendoso dos clérigos.
Sai da loja. Vai para a caixa da basílica. Volta à loja. De novo na
basílica..., E o dinheiro cresce na "caixa registradora".
Tudo lá é comercializado! E os redentoristas
não admitem concorrência, nem por parte dos seus colegas de outras igrejas. Num
fim de ano, um sacerdote do Rio de Janeiro, com o objetivo de angariar fundos
para a construção de um templo, instalou, num terreno alugado, um presépio
mecanizado e movido a eletricidade, cobrando dos interessados o ingresso ao
local. Pois, os padres da basílica protestaram e obrigaram o coitado a
"arrumar a trouxa e dar o fora". Todo o mundo só pode ver o presépio
deles para lhes deixar o dinheiro. Em Aparecida, arrecadação de esmolas é
direito reservado... De todas as partes afluem contribuições para os seus
cofres. Mas, ninguém pode ir lá colher uma migalha...
A ganância atinge os paroxismos da
usura!
Fui convidado para celebrar um casamento de
pessoas amigas e muito ricas. Por ser sábado à tarde, havia muitos outros. Os
noivos, meus amigos, pagaram todas as elevadas propinas estabelecidas pela
direção do santuário aparecidiano. À medida em que os noivos adentravam no
templo, ao som da "marcha nupcial", um servente da basílica enrolava
o grosso tapete de veludo grená. É que logo atrás, entrava uma par de nubentes
pobres. Não lhes permitiram as posses, pagar a taxa referente ao tapete e
tiveram de passar "sob os olhares maternais da incomparável protetora dos
brasileiros", por essa humilhação. O pior ainda aconteceu depois! Chegados
junto aos degraus do altar da Senhora Padroeira, foram embargados seus passos
pele referido servente, que os encaminhou a um altar lateral. A noiva,
desconsolada, explicou ao sacerdote celebrante de suas núpcias, que viera do
Paraná precisamente para casar-se no altar da "rainha" em cumprimento
de uma promessa. Inúteis seus rogos e vãs as suas lágrimas... O padre irritado
alegou que essa promessa não tinha valor algum e "mastigou", em cinco
minutos, a fórmula do ritual.
Tudo isso me indignava. Mas, tudo isso
consolidava ainda mais minha devoção à Senhora Aparecida. Compadecia-me dela
por vê-la cercada desse deboche e explorada por essa chusma de crápulas. Um
bispo do interior paulista tem carradas de razões ao afirmar que a Aparecida é
a vergonha do catolicismo no Brasil! O Concílio Ecumênico Vaticano II, falido
desde seu início, foi incapaz de modificar essa situação sempre interessante
para o clero cúpido, em cujo peito, ao invés de coração, encontra-se instalado
um cofre.
O Ministro Mário Andreazza, dos Transportes,
a convite, visitou Aparecida, em 13 de julho de 1969. Cercaram-no de
salamaleques os clérigos chefiados pelo arcebispo aparecidólatra, o cardeal
Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, com a sua ladainha de reivindicações em
favor da construção da nova basílica e de outras obras católicas. Surpreendido
o cardeal e seus sabujos, incontido e sem subterfúgios, o Ministro demonstrou a
sua desaprovação à permanência, ao redor da basílica, das "caixinhas"
(pequenas bancas onde são vendidos santinhos, imagens e outros apetrechos
aparecídicos). Quase todos os dias freqüentava eu a basílica, onde permanecia
muito tempo rezando, de joelhos, o rosário diante da imagem.
Desde a tenra infância, ansiei por certeza de
minha salvação eterna. Procurei-a em inúmeras devoções a mim sugeridas ou
aconselhadas. Busquei-a no exercício do ministério sacerdotal católico.
Macerei-me, chicoteei-me, jejuei... Vali-me da prática da caridade, criando e
dirigindo obras sociais. Tudo em vão...
Tomei-me de esperanças quando cheguei em
Guaratinguetá. Imensa era minha expectativa de encontrar na Senhora Aparecida a
bênção da certeza da vida eterna. Por isso, ia amiúde à sua igreja rezar longos
rosários defronte da sua imagem, no aguardo de uma resposta celestial...
Numa tarde de quarta-feira, no começo do ano
de 1961, em seguida às funções rituais da "novena perpétua", a que eu
assistira, um sacerdote – com um "psiu" – tirou-me do meu
recolhimento devoto. Aproximei-me dele. Perguntou-me à queima-roupa:
– O que você vem fazer aqui quase todos os
dias?
– Rezar à "Nossa Senhora
Aparecida", respondi-lhe.
E, ante o sorriso gracejador do padre,
esclareci:
– Sou muito devoto de "Nossa
Rainha" e espero dela todas as graças necessárias para a minha salvação
eterna...
Não pude mais falar porque o padre me
interceptou com vivacidade:
– Você parece um beato vulgar. Que lhe poderá
dar essa estátua de barro? Ela não tem valor algum. Nós gostamos dela porque
nos traz muito dinheiro.
E, levando as duas mãos aos bolsos, fez o
gesto significativo de quem carreia vultuosas somas.
Pávido, arrisquei a pergunta:
– Mas... E os padres não crêem em "Nossa
Senhora Aparecida"?
Um retumbante NÃO! abafou as últimas sílabas
da minha interrogação.
– Ela não vale nada. Tanto assim que se cair
do altar ela se quebra. É de barro!!!
Saí da basílica atordoado. Passei a noite
seguinte em claro, rememorando fatos e tirando conclusões. Aterrorizado, sentia
esboroarem-se as restantes ilusões da minha vida religiosa. Encorajado pelo
propósito de servir a Deus desvencilhado de todos os embustes, decidi levar até
às conseqüências extremas a minha investigação sobre o assunto. Não me foi
muito difícil. Aproveitei a fraqueza daquele sacerdote e, noutro dia, abordei-o
novamente. Relatou-me ele os verdadeiros fatos relacionados com a imagem da
Senhora Aparecida. Relato esse confirmado ulteriormente por outros sacerdotes,
seus confrades conventuais. Compadeço-me do brasileiro... Povo de excepcionais
qualidades. Inteligente e dotado de sentimentos primorosos. Capaz de heroísmos
e tão paciente...
Haverá, porventura, povo mais paciente
que o brasileiro? Quanta esperança ele vem revelando em tanto sofrimento... Em
tanta exploração a que é submetido. Muitas vezes ludibriado em sua boa fé.
Porém, sempre confiante.
É um crime de lesa-humanidade explorar-se esse
povo.
Por isso, estou revelando estas informações.
Desejo ardentemente cooperar com esse povo
excepcional,
em sua libertação dos embusteiros.
Eu sei perfeitamente que recrudescerão as
perseguições
movidas pelo clero contra mim.
Mas, vale a pena sofrer pela emancipação
espiritual do Brasil.
Ao preparar a nova edição deste livro,
recordo-me das muitas almas, anteriormente devotas sinceras da "padroeira
do Brasil", pela instrumentalidade destas páginas, libertas da
aparecidolatria e convertidas a Jesus Cristo. Lembro-me, por exemplo, de Dona
Glorinha, residente no Interior Capixaba. Devotíssima da "incomparável
Senhora", em romaria, visitava a imagem pelo menos uma vez cada ano.
Pessoa amiga oferecera-lhe um exemplar deste livro. A curiosidade sobrepujara o
seu propósito de recusar a sua leitura, pois temia ofender a sua Senhora
Aparecida. Guardá-lo-ia por alguns dias e o devolveria ao proprietário, um
crente fiel e ansioso por esclarecer os iludidos. Sua curiosidade, porém,
superou a força do seu propósito.
Lendo-o, revoltou-se contra o escritor,
atirando-lhe, apesar de distante, insultos pesadíssimos. Quis buscar alívio
para os seus remorsos por ter feito semelhante leitura. E foi à Aparecida
confessar o seu grande pecado (???). O acerdote confessor recriminou-a asperamente
por haver lido o livro do "padre excomungado". E impôs-lhe, como
penitência, a reza de longas devoções diante do altar da "santa".
Concluída a penitência imposta, saiu à compra
de "lembranças" destinadas a parentes, comadres e companheiras de irmandade
do sagrado coração. Separara já medalhas, xícaras, copos, canecos, pratos,
quadros... Tudo com dísticos ou decalques da "senhora". Chegava ao
fim a sua tarefa de selecionar as "lembranças", quando os seus olhos
se esbugalharam numa coisa horrorosa. Esbugalharam-se num pinico a exibir,
colada no seu fundo, a estampa da "incomparável Aparecida".
Indignada, deixou todas as bugigangas sobre o balcão e o comerciante falando
sozinho.
Regressou à casa. Releu o livro. Procurou o
seu proprietário. Ouviu-lhe as explicações pormenorizadas sobre o plano de
salvação do pecador. Rendeu-se. Renunciou a idolatria. Arrependeu-se.
Converteu-se. Aceitou pela fé Jesus Cristo como o seu ÚNICO e TODO-SUFICIENTE
SALVADOR. Crente consagrada, hoje conta a sua experiência de conversão no
intuito de levar a Verdade do Evangelho a tantos pobres escravos da
aparecidolatria.
Brasileiros, a Senhora Aparecida é uma
falcatrua!
É um conto do vigário!!!
Você que se supõe seu devoto, está sendo
enganado!
Você que tem em casa a sua imagem e lhe
acende velas, está sendo ludibriado!
Você que lhe manda esmolas, está sendo
esbulhado!
Você que vai, em romarias, à sua
basílica, está sendo ridicularizado!
Sim, senhores! Eu vi os padres zombar e
pilheriar dos romeiros... Vi-os a praguejar os devotos romeiros que colocam no
"sagrado cofre" notas velhas e rotas a lhes exigirem consumo de
adesivos...
A um deles um devoto perguntou: – Seu
vigário, por que a Senhora Aparecida é morena? Eis a resposta: – Porque ela é de
barro!!!
Pobre povo que confia numa protetora feita de
barro...
Vou relatar os fatos verídicos referentes à
imagem dessa Senhora. Localiza-se o início de sua história no período da Colonização
Brasileira.
Corriam muitas lendas sobre descobertas de
jazidas riquíssimas de ouro e outras preciosidades. O contágio do entusiasmo
atingia as vascas do fascínio. O povo paulista, sobretudo, ardia numa febre
desvairada provocada pelas lendas das esmeraldas, as valiosíssimas pedras
verdes, cujas montanhas se encravavam quais seios úberes em plena selva.
Este sonho acutilante é que produziu as
maiores epopéias das nossas Bandeiras, uma das mais empolgantes páginas da
História-Pátria. Se não descobriram as montanhas verdes das esmeraldas, os
bandeirantes plantaram cidades e dilataram o território nacional apertado até
então na faixa estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, imposto pelo papa
Alexandre VI aos descobridores espanhóis e portugueses.
Sim! Essas Entradas é que desbravaram o
sertão, devassando e conquistando, com sua audácia o imenso território do Rio
Grande do Sul, de Santa Catarina, de Mato Grosso, do Paraná, de Goiás e de
grande parte de Minas Gerais. Porque a "bota de sete léguas" dos
bandeirantes chutou os limites de Tordesilhas... A miragem das montanhas de
pedras verdes ardeu, por várias décadas, na mente de muitos brasileiros do
Planalto de Piratininga. fulgurou, sobretudo, no espírito do indômito Fernão
Dias Paes Leme, o bandeirante por antonomásia, cuja morte, em plena selva,
transferiu para Sebastião Raposo Tavares o fascínio de desvendar o segredo
daquela descoberta alucinante.
O fim desastrado da jornada de Raposo
Tavares, em 1713, entanto, assinalou o último sonho das esmeraldas, que deixou,
em São Paulo, qual cicatriz, um profundo sentimento de frustração. É de se
notar que, à exceção de uma ou outra, todas as Bandeiras, iniciaram sua
jornada, saindo do Planalto Piratininga no pelo Rio Paraíba, em cujo Vale
deixavam, como rastro, uma enorme expectativa na alma do povo. Se as
esmeraldas, porém, foram uma quimera não transubstanciada em realidade,
diferente resultado ocorreu com o ouro, explorado em Minas Gerais, o causador
do incêndio de irresistível cobiça, origem de muitos crimes e inomináveis
traições.
Naquela época em que o Brasil era Colônia de
Portugal, não se dividia ele em Províncias ou Estados como hoje. Repartia-se em
Capitanias, dirigida cada qual por um governador nomeado por El Rei português e
vindo diretamente de Além-Mar. O Governador Dom Braz Baltazar da Silveira não
conseguiu mais por cobro às desordens reinantes na Capitania de São Paulo e
Minas Gerais, de sua jurisdição, nem reprimir o contrabando do ouro e, muito
menos, coletar os impostos estabelecidos pela Coroa Real. El Rei Dom João V
houve por bem, nessa conjuntura, chamar o inábil Governador e substituí-lo. E,
em junho de 1717, o Capitão Geral, Dom Pedro de Almeida, Conde de Assumar,
aportou no rio de Janeiro, donde, via Santos, se encaminhou, incontinenti, para
São Paulo, aos 4 de setembro de 1717.
Num ambiente tranqüilo e, ainda, oprimido
pelas frustrações da Bandeira de Raposo Tavares, o novo Governador, aos 4 de
setembro de 1717, foi empossado no seu cargo.
Ao contrário de Piratininga, nas Minas Gerais, o
clima era de exaltação incendiada pela ganância de ouro, cuja mineração
provocava os mais pacatos.
Competia ao Governador recém-empossado
restabelecer a justiça, recolher os tributos e exigir o retorno da ordem. O
Conde de Assumar toparia com uma barreira formidável a lhe embargar a
consumação dos seus propósitos.
É que os frades eram "dos
elementos mais perniciosos entre os que tinham entrado e continuavam a entrar
com as avalanches, que enchiam aqueles distritos, e não só porque se entregavam
desenfreadamente ao ganho como todo aquele mundo, mas ainda porque, valendo-se
do seu ascendente sobre o espírito da massa, eram quase sempre os promotores de
todas as desordens".
Desgraçadamente os compêndios de História do
Brasil adotados por nossas escolas aureolam os padres e os frades do tempo da
nossa Colonização com as glórias de heróis. Os seus autores sabem que, se
disserem a verdade, os seus livros não terão guarida nos ginásios, em grande
parte, dirigidos, maquiavelicamente, por padres e freiras, ou deles recebem
"orientação".
Aquelas nossas informações, acima
entre-aspeadas, são de Rocha Pombo, registradas em sua História do Brasil (Rio
de Janeiro - 1905, vol 6, página 245) cuja PRIMEIRA EDIÇÃO deveria ser lida por
todo intelectual patrício. Destaco em caixa alta a PRIMEIRA EDIÇÃO porque as
subseqüentes foram criminosamente resumidas e mutiladas. Destas podaram-se
todos os informes sobre os latrocínios, extorsões, atrocidades e crimes
cometidos pelos clérigos missionários. A maioria dos brasileiros supõe que
naqueles tempos, Portugal açambarcava todo o ouro bateado pelos lavageiros ou
garimpado nos veios das rochas. Supõe-se, também, que, em tempos posteriores, a
Inglaterra usurpou-o das bruacas lusitanas. Verdade é que o Reino estabelecia
impostos, arrecadados pela quintagem, com o fim de beneficiar o seu erário.
Os frades, contudo, não vieram para o Brasil
com a missão de catequizar. O Historiador Rocha Pombo, no passo já referido,
informa-nos que o Conde de Assumar, dentre as questões a enfrentar, tinha de se
haver com a da "expulsão de todos os religiosos regulares que não tivessem
naquela Província do seu domínio uma função certa, própria do seu apostolado".
Tinham esses "religiosos" (frades cognominados pela legislação
romanista de "religiosos regulares") outra incumbência bem diversa da
apregoada e que causou graves prejuízos ao Brasil. Vieram carrear ouro para o
papa e para os seus conventos na Europa!
O ouro do Brasil, em grande parte,
encontra-se ainda hoje em poder do Vaticano, que o faz ocupar o segundo lugar
mundial no mercado desse valor precioso, cujas reservas o papa deposita no
Federal Reserve Bank, em Washington. O papado não ocupa o primeiro lugar no
mundo nesse mercado porque preferiu trocar uma parte do seu ouro com outros
valores, como dólares, que atingem a cifra astronômica de 15 bilhões, e em
títulos de sociedades italianas avaliados em 1 trilhão de liras e de sociedades
de outros países cotados em 2 bilhões de libras esterlinas. E essa riqueza
fabulosa e atual do Vaticano o faz o maior acionário de todo o mundo!
Convencido da gravidade da situação em Minas
Gerais e da sua responsabilidade em recobrar a ordem, o Conde de Assumar
decidiu interferir pessoalmente. Deixando como seu substituto em São Paulo, o
oficial de grande patente, Manuel Bueno da Fonseca, partiu, em fins do mesmo
mês de sua posse (setembro de 1717), com destino a Ribeirão do Carmo (hoje
Mariana), em Minas Gerais. Naqueles remotos tempos essa viagem só podia ser
feita via Vale do Paraíba (Norte do Estado de São Paulo).
Guaratinguetá é uma das cidades desse Vale.
Foi fundada à margem direita do Rio Paraíba, em 1641, pelo Capitão-Mór Dionísio
da Costa, lugar-tenente do donatário e, por isso, gozava de grande prestígio
até os fins do regime das Capitanias. O conde de Assumar chegou, com sua
comitiva, nessa cidade, aos 12 de outubro. Prontamente, as autoridades locais,
solícitas em aguardá-lo, promoveram-lhe toda sorte de homenagens e respeitos.
Por ser o catolicismo a religião oficial do Reino, o vigário destacava-se nas
cidades como a autoridade mais importante. O "batizado" pelo padre
católico eqüivalia ao registro civil. O casamento era só no religioso. Quem não
era católico, como um criminoso de lesa-pátria, não podia casar-se e nem
registrar os filhos...
Esta posição do catolicismo outorgava aos
vigários, o ensejo de serem ótimos arrecadadores de riquezas para o pontífice
de Roma. Em Guaratinguetá, encontrava-se, como vigário, o jovem padre José
Alves Vilela. Como todo clérigo, conhecia perfeitamente a arte de bajular. Pelo
próprio fato de ser o catolicismo romano a religião oficial do Reino de
Portugal, a nomeação dos bispos dependia inteiramente da indicação feita pelo
Rei. O padre Vilela sofria de "bispite" aguda. Do desejo desenfreado
de ser bispo!
Percebeu na passagem do Conde de Assumar por
sua paróquia, uma extraordinária oportunidade de, sabujando, credenciar-se às
boas graças do Governador, que o apontaria a El Rei como candidato à mitra. E
mãos à obra! A par das demonstrações cívicas de respeito ao Governador
promovidas pela Câmara, o padre Alves Vilela, como autoridade mais importante
do lugar, programou festas religiosas de grande aparato para impressionar o
homenageado. Desde sempre o clero gostou de se valer de seu ritualismo
litúrgico para engodar as autoridades civis com o objetivo de sugar-lhes
subvenções ou propiciar clima para se manter prestigiado. Num dos nossos Estados,
os bispos condenaram a candidatura de certo cidadão à governança. Feridas as
eleições e vitorioso o candidato anatematizado, os "amantíssimos
ordinários" promoveram-lhe demonstrações de "afeto e
deferência", culminando a sabujice, no dia de sua investidura com uma
missa de "ação de graças" mui solene.
Note-se, a título de informação, que o termo
canônico designativo do bispo diocesano é "ordinário". Para se
colocar bem diante do Conde Governador, preocupado e zangado com os clérigos
baderneiros de Minas Gerais, "promotores de todas as desordens"
(Rocha Pombo – loc.cit.), o padre Vilela tomou atitude oposta aos seus colegas.
Reconheceu na sua subserviência ao chefe da Capitania uma oportuníssima manobra
para conquistar-lhe a simpatia. Entre o clero há traidores dos padres
traidores! Enquanto os frades de Minas traíam sua posição aparentemente de
catequistas, causando baderna, o padre Vilela manifestava-se servil.
Nas águas turvas da situação de descrédito em
que se imergiam os frades, o padre Vilela quis pescar um peixe gordo. O peixe
de uma posição perante o Governador favorabilíssima às suas pretensões
"bispais". E, como o peixe se pega pela boca, alvitrou oferecer ao
Conde um opíparo banquete. Mas, um desses banquetes de assinalar marco na
história da culinária! Notabilizara-se o Rio Paraíba pelas suas águas
piscosas. Por isso, os pratos em peixe distinguiam a cozinha valeparaibana. O
banquete oferecido pela comunidade guaratinguetaense ao ilustre viajante, na
programação estabelecida pelo incensador clérigo Vilela, revelar-se-ia por
grande fartura de peixes nas mais diversas modalidades de temperos.
O jovem e pretensioso vigário divisou no
ambiente uma circunstância especialíssima para ser aproveitada naquele
acontecimento. E decidiu capitalizar a seu favor a frustração do povo do Vale
pelos insucessos das últimas Bandeiras, cujas miragens de esmeraldas se
esboroaram. Decepcionado, todavia, não se descoroçoara o povo. Esperava
encontrar alguma coisa de notável. Desde o princípio do seu paroquiato travara
Vilela conhecimento com os pescadores de sua freguesia e da região. Deles, e
somente deles, é que esperava a mais decidida colaboração nas suas festividades
religiosas porque a pesca, naqueles tempos, acima mesmo da agricultura incipiente,
se estabelecia como a mais importante fonte de riquezas do Norte da Capitania.
E, dentre os pescadores seus conhecidos, três
se distinguiam pela espontaneidade em auxiliar, pela singeleza da sua fé e,
sobretudo, pelo seu acatamento às solicitações do vigário. Domingos Martins
Garcia, João Alves e Felipe Pedroso, os seus nomes! Procurou-os, então, o
clérigo Vilela, incumbindo-lhes da pesca para o banquete-homenagem. Nem
estranharam a dedicação e o interesse do seu vigário por aquela pesca.
Supunham-no desejoso realmente de exaltar à vista do Governador as qualidades
da cozinha da Vila, de lhe demonstrar respeito e, certamente, creditar a região
a favores futuros.
Admirados, contudo, receberam no dia do
banquete (13 de outubro de 1717), manhã cedo, as ordens do vigário no sentido
de que lançassem suas redes no Porto de Itaguassú, próximo do Morro dos
Coqueiros. Como ativos pescadores, sabiam que os peixes permanecem mais nas
partes calmas do rio e não é possível pesca alguma junto de um porto, onde há
tanta movimentação. Toda aquela zona dispunha do Rio Paraíba como principal via
de comunicações e transportes. E, dentre os portos, o de Itaguassú se
notabilizara por servir vasta extensão.
Em vista da sua própria profissão, entenderam
os pescadores a ineficácia da ordem estravagante do vigário. Mas, ingênuos, e
submissos, obedeceram. Não lhes convinha desacatar o sacerdote ameaçador e
capaz de praguejá-lo e amaldiçoá-los. Lançaram a rede na convicção de nada
apanhar. Surpresos, porém, retiraram das águas uma imagenzinha, de 0,30m de
altura, talhada em terracota escura, nos moldes da Madona de Murilo, que o
clero se utiliza como símbolo da "IMACULADA CONCEIÇÃO" de Maria.
Decidiram guardar a imagem aparecida nas
águas dentro do embornal e prosseguir além sua tarefa. Obtida a quantidade de
pescado exigida pelo clérigo anfitrião, foram à sua residência fazer-lhe a
entrega. E, jubilosos e na sua crença ingênua, mostraram ao padre, misturado na
comitiva do Governador, a imagem aparecida. Enternecido o vigário pelo sucesso
do seu empreendimento, pois, ninguém soubera e nem desconfiara de sua ida
durante a madrugada ao Portão de Itaguassú para deixar nas águas aquela imagem,
despejava suas expressões religiosas e deslambidas acentuando o "fator
milagre" daquela descoberta.
Todo o povo daquela região, presente em
Guaratinguetá, para receber o Governador, Conde de Assumar, ludibriado em sua
credulidade, exultou com o "milagre" sucedido, vinculando-o à
santidade do seu vigário e divulgou a notícia à distância.
– "Arre! Se falharam as aventuras em busca de
esmeraldas, o "milagre" interveio para dar ao povo desiludido uma
preciosidade muito maior!!!", parafusava o padre, que, de propósito, havia
colocado a imagem nas águas do Porto de Itaguassú.
Na intenção de valorizar o enredo do seu
estratagema religioso achou melhor entregar a estátua a um dos pescadores,
Felipe Pedroso, residente no sopé do Morro dos Coqueiros. Retirando-se
o Conde de Assumar no seguimento de sua viagem, os fiéis, em procissão,
acompanharam o felizardo pescador, que, piedosamente, colocou, sob a emoção dos
circunstantes, a imagem aparecida entre os "santos" do seu tosco
oratório.
Inglórios os esforços do vigário Vilela junto
ao Governador! Tão assoberbado de problemas em sua curta estadia no Brasil à
testa da Capitania de São Paulo, não teve sequer a lembrança de sugerir a El
Rei o nome do pároco de Guaratinguetá como candidato a bispo de alguma diocese
do Reino. Não se desesperançou o padre. Decidiu incentivar a devoção da senhora
aparecida, promovendo atos religiosos na casa de Felipe Pedroso. Quem sabe se o
seu nome assim ligado à estátua aparecida "milagrosamente", se
encheria de fama e repercutiria nos ouvidos do supersticiosíssimo El Rei Dom
João V, que ouvia missas sobre missas, distribuía dinheiro a rodo a quantos
santos figuravam no calendário, enchia de ouro os conventos e, enlevado por
violenta paixão à sua amante, a freira Paula, do Convento de Odivelas, alcançou
do papa o título de Rei Fidelíssimo.
As esmolas lançadas, em grande cópia, no
oratório da "santa", permitiram ao vigário sonhador da mitra
episcopal, repartir com o devoto Felipe Pedroso, que pode obter numerário para
comprar uma pequena fazenda e construir casa nova em Ponte Alta, também nas
proximidades do Porto de Itaguassú, onde entronizou, em oratório novo, a imagem
de terracota aparecida.
A devoção mais importante e mais concorrida
nesse local acontecia aos sábados à noite. Sucedeu a Felipe Pedroso,
após sua morte, na incumbência religiosa, o seu filho Atanásio. Um pouco
arredio a essas beatices, este herdeiro achou melhor construir fora da casa uma
capelinha para se ver livre das importunações dos devotos e transferiu à
Silvana da Rocha o mister de puxar as rezas e os cânticos. Primava a
rezadeira-mor, Silvana, em dirigir o rosário dos sábados, incrementando a
afluência dos humildes com animados bailes regados a pinga após a reza, na
intenção de alegrar os devotos caboclos desprovidos de outros divertimentos. Os
anos se passaram e o nome do padre Alves Vilela, sem ser sugerido nas eleições
dos bispos!
Em 1742, Dom João V foi acometido de uma
paralisia que o imobilizou para sempre, apesar de suas treze jornadas às Caldas
da Rainha (nas proximidades de Leiria, ainda muitas pessoas por ser uma das
mais importantes estações termais de Portugal), escoltado por um exército de
freiras e padres interesseiros. O vigário de Guaratinguetá, agora já
encanecido, porém esperançoso, mantinha-se a par de todas as notícias vindas de
Além Atlântico.
Conhecedor da carolice de El Rei e sua
magnanimidade em proveito dos clérigos, urdiu outra investida com o objetivo de
atrair as atenções "majestáticas" sobre si. Certo sábado, em 1743,
quando os devotos chegaram à capela, surpresos, deram pela falta da santa
aparecida. Atônitos ficaram quando Silvana Rocha desconhecia também o seu
paradeiro, mesmo depois de se informar com Atanásio. Desesperados, correram
falar com o vigário, que se fingiu surpreendido. Aconselhou-os, porém, a que
dessem uma batida nas redondezas e que não se esquecessem de ir até o alto do
Morro dos Coqueiros. Dóceis à orientação do padre, vasculharam todos os
recantos, e, por fim, subiram os rapazes ao Morro, onde, para alívio geral,
encontraram a imagem encostada em uma pedra. Nessa noite, o rosário foi rezado
com mais fervor, os hinos mais vibrantes e o baile mais animado com cachaça
distribuída abundante na algazarra do reencontro da Senhora Aparecida.
Noutros sábados, o fato misterioso se repetiu
sem que os pobres devotos percebessem a mão do vigário atrás de tudo. O padre
Vilela, ao sentir-se seguro do êxito de seu plano, num sábado, foi até Ponte
Alta puxar ele a reza. Desta feita, ainda outra vez, a busca da imagem fugidiça
precedeu o ato religioso, porque o padre ainda outra vez, retirara-a às ocultas
e levara-a para o cume do Morro. Então, na qualidade de vigário e ministro de
Deus, aconselhou o povo devoto que se construísse no alto do Morro dos
Coqueiros um templo para a "santa".
– "Nossa Senhora, afirmava, quer que se
construa uma capela lá no alto do Morro".
De imediato, foram abundantes os donativos.
Todos queriam concorrer a fim de contentar os desejos da "santa"
aparecida no sentido de que lhe erigissem um templo no cume do Morro dos
Coqueiros, conforme havia interpretado o vigário aquelas fugas constantes. Em
cumprimento de exigências eclesiásticas, o padre José Alves Vilela valeu-se do
Bispado do rio de Janeiro, a cuja jurisdição canônica se submetia para requerer
a devida licença a fim de edificar o templo. Recorde-se que o Bispado de São
Paulo, a cuja jurisdição eclesiástica, posteriormente, pertenceram Aparecida e
Guaratinguetá, somente foi criado em 1745.
Na esperança de divulgar nas altas rodas
clericais o valor sobrenatural da sua "santa" aparecida, o que lhe
poderia render prestígio junto a El Rei, saliento em seu requerimento:
"...que pelos muitos milagres que tem feito a dita Senhora, a todos
aqueles moradores, desejam erigir uma capela com o título da mesma Senhora da
Conceição Aparecida, no distrito da dita freguezia em lugar decente e público
por concorrerem muitos romeiros a visitar a dita Senhora que se acha até agora
em lugar pouco decente..."
A provisão de licença foi passada na
chancelaria do bispado do Rio de Janeiro, em 5 de maio de 1743. E tudo se
tornou mui fácil, porquanto, Dona Margarida Nunes Rangel, proprietária do Morro
dos Coqueiros, houve por magnanimidade, fazer doação de toda a colina. Afluíram
donativos abundantes e, a 26 de julho de 1745, o padre Vilela benzeu o templo e
rezou nele a primeira missa, suspirando para que El Rei, o beato sonso Dom João
V, se lembrasse dele nas escolhas dos bispos. Já alquebrado pela idade avançada
morreu, como simples vigário de Guaratinguetá, o padre ambicioso, e a Aparecida
caiu na vala comum das pequenas capelas do Interior Brasileiro.
Em fins do século passado, Aparecida foi
tirada de sua insignificância, onde permanecera por mais de cem anos após a
morte do seu criador, o vigário José Alves Vilela. Em 8 de dezembro de 1888, o
bispo de São Paulo, Dom Lino Deodato de Carvalho, benzeu um novo templo
construído em substituição do anterior erigido pelo sacerdote inventor da
"santa" e resolveu entregá-lo à administração de alguma ordem ou
congregação religiosa.
A congregação dos padres redentoristas
gozava, na época, de grande nomeada nos círculos romanistas, pois o seu
fundador, o italiano Afonso de Liguori, além de ser canonizado santo, em 1839,
havia sido, em 1871, proclamado pelo papa Pio IX, "doutor da igreja".
Dentre as suas diversas obras literárias, destacam-se a "Teologia
Moral" e as "Instruções e Método para os Confessores", pelo seu
conteúdo repleto de normas utilizáveis com grande resultado no confessionário,
o instrumento infernal da escravização das consciências. Por causa da
"importância" de Liguori, cresceu a influência de sua ordem
religiosa, e também em razão da sua finalidade, que consiste em se disporem os
padres, seus membros, a pregar missões populares. Distinguem-se estas por uma
série de pregações retumbantes e fantasmagóricas com arremates de procissões
imbecilizadoras.
Liguori estabeleceu a sua congregação para a
Itália Meridional do seu tempo, com uma população rural ignorante e de sangue
quente. Referindo-se a esses italianos, o clérigo redentorista Hitz, observa:
"gostam das manifestações fortes... São superficiais, levianos,
desmazelados, supersticiosos, e apegam-se, sobretudo, às práticas exteriores da
religião" (Hitz – "A pregação missionária do Evangelho",
Livraria Agir Editora, Rio de Janeiro, 1962, pág. 181). Foi para conservar
esse povo agrilhoado às superstições romanistas, assim considerado pelos seus
líderes religiosos, que Liguori determinou, com minúcias, os temas e os
esquemas dos sermões das "santas missões" a serem pregadas por seus
padres. No plano do fundador dos padres redentoristas, os fiéis devem, ao final
desse trabalho, ser encaminhados ao confessionário para que se consume o seu
cativeiro espiritual.
As "santas missões" dos
redentoristas fundam-se num moralismo antropocêntrico, infinitamente distante
do Evangelho. Aliás, servem bem ao romanismo, cujo ritual coloca o endeusamento
da criatura acima de tudo. O bispo de São Paulo, Dom Lino Deodato de Carvalho,
julgou os brasileiros semelhantes aos depreciados italianos meridionais por
estarem também, os nossos patrícios, seus contemporâneos, encharcados das
superstições católicas. E entregou o templo da Senhora Aparecida à direção dos
padres redentoristas, em fins de 1894.
Esses padres, incontinenti, começaram suas
incursões fanatizadoras pelo Interior dos Estados de São Paulo, Minas Gerais,
Paraná e Rio de Janeiro, por meio das missões populares, quando divulgaram
profusamente as lendas referentes à Senhora Aparecida. O nosso povo, humilde e
distante das fontes puras da Bíblia, aceitou ingenuamente e sem qualquer exame,
essa fábula, que, também eu, em criança, ouvi. Pelo confessionário, os
redentoristas impunham aos fiéis, narcotizados com as suas mentiras e modelados
aos seus caprichos, penitências de rezar fórmulas especiais à Aparecida e de ir
ao seu santuário em romarias.
O povo desprovido de recursos essenciais a
uima subsistência condigna e imerso nas trevas do analfabetismo, é sempre presa
fácil dos embusteiros, máxime quando se apresentam revestidos de roupagens
exóticas e com a voz repassada de acentos ameaçadores. Os pregoeiros do
"aparecidismo" espalharam entre o nosso pobre e abandonado povo, no
intuito de fanatizá-lo e escravizá-lo mais, aquela deslambida "Oração a
Nossa Senhora Aparecida para pedir a Sua Proteção", que assim começa:
"Oh Incomparável Senhora da Conceição Aparecida, Mãe de Deus, rainha dos
anjos, advogada dos pecadores..." Em seguida a esta relação de tantas
heresias, o pobre brasileiro suplica-lhe que o livre da "peste, fome,
guerra, trovões, raios, tempestades e outros perigos e males que nos possam
flagelar".
Aconselhado pelo missionário, o simplório
cola o papel dessa reza atrás das portas de sua casa e se supõe imunizado,
protegido e livre de todas as desgraças. Quando eu era pároco em Guaratinguetá,
num domingo, fui rezar missa numa capela da zona rural. Desabara durante a
noite precedente um horrendo temporal. E a notícia lúgubre enchia de tristeza
todos os moradores da região! Um raio penetrara numa choça e fulminara todos os
seus moradores. Encaminhei-me para lá. Entrei no casebre. Olhos esgazeados de
pavor, encontrei três corpos esturricados no chão. E atrás das portas toscas a
protetora reza da "incomparável"...
As primeiras "santas missões"
populares produziram os frutos esperados. Já em 1900 começaram as romarias. O
novo bispo de São Paulo, Dom Antonio Cândido de Alvarenga, continuou o
interesse de seu antecessor, Dom Lino, pela Aparecida, pois previa os
resultados financeiros com o comércio da credulidade das massas. Em
conseqüência, não só incentivou os vigários das paróquias a promoverem
romarias, mas, ele pessoalmente organizou uma. A comercialização e a
traficância da devoção à Senhora Aparecida tornaram-se rendosas, além de todas
as estimativas, que o bispo de São Paulo não admitiu se tornasse ela paróquia
da Diocese de Taubaté.
Com efeito, em julho de 1908, o papa Pio X
desmembrou da Diocese de São Paulo, que abrangia todo o território do Estado,
as dioceses de Botucatu, Campinas, São Carlos, Ribeirão Preto e Taubaté. Esta
incluía todo o Norte do Estado de São Paulo, desde o Município de Jacareí,
inclusive, até o limite do Estado Fluminense, à exceção de Aparecida que,
apesar de encravada bem no centro do bispado de Taubaté, continuava pertencendo
à jurisdição eclesiástica do arcebispado de São Paulo. Ocorreu esta anomalia
escandalosa como resultado da ganância do arcebispo, ávido de se locupletar com
as fortunas continuamente depositadas nos cofres da Senhora Aparecida.
Em 1931, conforme já referimos, vieram sua
proclamação e coroação como padroeira e rainha do Brasil, em execução de uma
astúcia política. Antes, o padroeiro do Brasil era "São" Pedro de
Alcântara, que, por haver sido membro de ilustre e principesca família
espanhola durante o domínio da Espanha sobre o Reino de Portugal, obtivera de
Roma esse "padroado".
Os tempos eram outros e o povo brasileiro não
se tornara fã do frade espanhol. Então, os "ordinários" brasileiros
decidiram aposentá-lo e arranjar do papa um outro padroeiro. Afora o prestígio
popular, o candidato, por certo, precisaria satisfazer injunções políticas e ter
a sua meca localizada onde houvesse maior concentração demográfica. A paraense
Senhora de Nazaré, a capixaba Senhora da Penha e o baiano Senhor do Bonfim, se
bem que prestigiados popularmente em suas regiões, careciam satisfazer as
outras condições.
Cumprindo-as todas a Senhora Aparecida foi a
eleita. Mais recentemente, em junho de 1958, o papa Pio XII criou a
Arquidiocese de Aparecida, com o território da paróquia do mesmo nome
desmembrado da Arquidiocese de São Paulo, e de outras paróquias retiradas da Diocese
de Taubaté. Não obstante, porém, todas as promoções em torno da divulgação dos
"fatos" relacionados com a Aparecida, das demonstrações de fé na
mesma, das romarias, de suas imensas riquezas... Não obstante os padres
afirmarem – da boca prá fora – que crêem na aparição prodigiosa da Senhora
Aparecida... Apesar da oferta da Rosa de Ouro pelo pontífice Paulo VI e sua
aparatosa entrega em agosto de 1967... Apesar de tudo isso, até hoje, o
Vaticano se conservou silencioso a respeito.
Desafio a qualquer padre de Aparecida a que
me apresente um documento do pontífice romano pelo qual haja pronunciado sobre
a autenticidade dos "acontecimentos prodigiosos" pelo clero divulgado
entre o povo. Eles não aceitam o desafio porque nem o papa crê nesse
"prodígio". Bem ao contrário! Ele sabe que tudo é falcatrua. E
falcatrua tão mal engendrada que nem é capaz de forjar documentos, tática tão
de sua índole.
Só as pessoas fanaticamente narcotizadas pela
idolatria não querem enxergar e continuam devotas da Aparecida. A fim de dar
aos padres reptados uma dose de calmante, apresento-lhes o parecer do monge
beneditino, Estêvão Bettencourt:
"As autoridades eclesiásticas não se empenham
por definir a autenticidade de tais portentos, nem mesmo a dos episódios concernentes
à aparição da Senhora Imaculada no Porto de Itaguassú em 1717... A Santa
Igreja, de modo nenhum, entende fazer de tais relatos matéria de fé..."
(in "pergunte e responderemos" – 71/1963, questão 5).
Católico! Não continue enganado!
Use sua cabeça para raciocinar e não vá mais
no conto do vigário! O próprio monge beneditino Estêvão Bettencourt declara que
aquilo tudo não é "matéria de fé". Ele não crê! Nem o papa e nem os
padres prestam fé aos seus relatos sobre a Senhora Aparecida!
Elevada, em 1958, à categoria de
Arquidiocese, só em 1964 recebeu o seu arcebispo na pessoa do cardeal Carlos
Carmelo de Vasconcelos Motta, até então ocupante do sólio paulopolitano. Motta
sempre se revelara interessado em promover Aparecida e, com a habilidade
política peculiar ao seu temperamento, conseguiu da Santa Sé conteporarizasse a
nomeação do seu titular, pois desejava ser ele o investido no munus de
arcebispo da "capital brasileira da fé".
Se envidara esforços para a sua instalação
como Arquidiocese, parecer-lhe-ia justiça instalar-se ele próprio em seu trono
arquiepiscopal, embora 6 anos devessem decorrer como sede vacante. Idealizara e
empenhara-se em transformar Aparecida num dos centros católicos mais
importantes do mundo.
Seria nesse intento insuficiente a devoção
popular à Senhora Aparecida. Aliás, aquela efervescência de fé incrementada
pelo IV Congresso Eucarístico de São Paulo, celebrado em 1942, fora passageiro.
Como arcebispo de São Paulo, a cuja Arquidiocese pertencia a simples paróquia
de Aparecida, Motta notara na segunda metade da década de 40 o decréscimo do
número de peregrinos em proporção com o aumento populacional do País e com a
imensa propaganda intensificada através da distribuição, sobretudo às
paróquias, de imagens fac-símiles.
Insuficiente a devoção popular como
fundamento para concretizar o seu sonho de criar a SANTACAP, à imitação dos
grandes e antigos centros idólatras do mundo, como Éfeso com a sua Senhora
Diana, em cuja honra se construíra uma das sete maravilhas do orbe, o cardeal
Vasconcelos Motta optou pela construção de um grande e soberbo templo. Uma
basílica gigantesca e de ricas proporções arquitetônicas a se credenciar ao
orgulho do catolicismo brasileiro.
– O maior templo religioso do mundo depois
da basílica de São Pedro, em Roma !!!
A basílica de São Pedro tem 200 metros de
comprimento, incluindo-se o pórtico. A de Aparecida, 170. E, depois dela, vem a
de São Paulo, em Londres, com 158 metros. Esta é seguida do templo de
Liverpool, também na Inglaterra, que mede 154 metros de comprimento.
Seguem-se-lhe o Duomo, em Florença, da Itália, com 150; o de Colônia, na
Alemanha, com 145; o da Imaculada, em Washington, EEUU, com 137; o Duomo, em
Milão, com 135; o templo de Notre Dame, Chartres, na França, com 133; o de
Sevilha, na Espanha, com 129; o de São João de Latrão, em Roma, com 124; o de
São Paulo, no Brasil, com 100; o de S.Patrick, em Nova Iorque, EEUU, com 99; o
de Santa Maria Maior, em Roma, com 98; o de Bauprais, no Canadá, com 80 metros.
A nova basílica de Aparecida, quando inteiramente concluída terá 170 metros de
comprimento por 150 metros de largura, cobrindo um espaço de 25.500 metros
quadrados.
Por sonhar alto, o arcebispo aparecidólatra
inclui no plano completo da obra outros departamentos inclusive o prédio para a
emissora radiofônica e de televisão. Em conseqüência salta à vista a
impossibilidade de se construir no cume do antigo Morro dos Coqueiros, onde se
encontra a atual basílica, apodada da velha. Recorde-se o fato de haver sido
esta erigida no alto daquele morro em atenção às exigências da própria Senhora
Aparecida, inconformada de ficar embaixo e, por isso, "fugia" da capelinha,
indo postar-se lá em cima. As suas repetidas "fugas" revelaram (?)
aos devotos a sua vontade de lhe ser dedicada uma capela no cocuruto do
outeiro, inaugurada, aliás, em 1745, sob o hissopo do vigário José Alves
Vilela, ao tempo, pároco em Guaratinguetá.
Esta pequena capela, quando, em fins do
século passado, se incrementara a devoção aparecídica, se tornara exígua, foi
pelo bispo de São Paulo, Dom Lino Deodado de Carvalho, substituída por um
templo maior, ainda, no cume do antigo Morro dos Coqueiros.
Afigurava-se impossível desagradar a
"santa" e contrariar-lhe a mariana vontade de ser instalada lá em
cima da colina, cujos coqueiros cederam lugar ao casario que se comprime em
suas rampas.
– Constrói-se o templo noutro lugar... E se
depois a imagem aparecida não quiser ficar nela?, decerto refletia o bispo,
que, aos 8 de dezembro de 1888, benzeu a então nova basílica, hoje reputada
velha, por ser anacrônica, obsoleta e superada. Ao cardeal Motta, embora se
confesse devoto aparecidiano, falecem aqueles escrúpulos.
– Como se conseguir tamanha construção lá em
cima do Morro dos Coqueiros? Se são necessários 400 mil metros quadrados de
área, como derrubar todas as casas empoleiradas colina acima? Seria acabar com
a cidade...
A crer-se nos informes clericais, a imagem
"milagrosa" saiu do lugar, por ela própria escolhido apenas duas
únicas e rápidas vezes: quando de sua coroação no Rio de Janeiro, em maio de
1931, e, em 14 de julho de 1945, quando, em São Paulo esteve numa manifestação
político-católica.
– Tirar-se a imagem de lá de sua querida
basílica é arriscar-se ao desagrado da Senhora.
Era isso que se proclamava anos passados. Se
o arcebispo aparecidopolitano e empreendedor da nova basílica acreditasse no
"milagre" de haver ela própria escolhido o lugar do seu trono no topo
da colina, esta construção seria lá em cima mesmo. Como incorreria em
desobediência à Senhora? Jamais! Nem que fosse para gastar todos os milhões de
cruzeiros depositados pelos fiéis devotos nos cofres aos seus pés instalados,
com o fim de cobrir as desapropriações da cidade inteira.
Mas a AURI SACRA FAMES – a sagrada fome do
ouro – fala muito mais alto do que todos os escrúpulos... E, como resultado, a
edificação da nova e descomunal basílica em outro local, iniciada em 1952, já
se encontra em fase final.
O mais interessante, porém, é que a Senhora
mudou de opinião. Assanhou-lhe a vaidade a grandeza do seu novo templo. Para
ele transportada, decidiu submeter-se à vontade cardinalícia e se acomodou em
seu novo altar erigido num elevado octogonal, a 1,5m de altura com 9 degraus e
10 metros de diâmetro. Ela gosta mais do bem-bom das novíssimas instalações...
Hoje, para evitar qualquer comentário da oposição ou o raciocínio de algum
devoto mais inteligente, os padres deixaram de mencionar em seus relatos
aparecídicos a antiga "vontade" da Senhora fujona.
Nos planos clericais a nova basílica, pelas
suas proporções arquitetônicas e pela sua suntuosidade, deve se constituir no
grande motivo de atração de romeiros a elevar Aparecida à categoria de
principal centro de peregrinação do mundo, dignificando este País, o mais
católico de todos. Em estilo romântico-moderno, cobre uma área construída de
25.500 metros quadrados, tendo à sua frente a Praça das Comemorações de 69 mil
metros quadrados com a capacidade de 300 mil pessoas. No interior do templo se
estendem três naves de 22 x 40 metros cada, além das naves deambulatórias ou de
circulação de 7 metros de largura cada uma num desenvolvimento de 340 metros.
As capelas sacramentais, onde se administram os chamados sacramentos do
batismo, da confissão, da confirmação, da eucaristia e do matrimônio, são de 22
x 38 metros cada.
A torre imponente, levantada na superfície de
20 x 20 metros, atinge a 100 metros de altura, abrangendo 16 andares, com 336
janelas de vidro com caixilhos e venezianas de alumínio e consumiu um milhão e
meio de tijolos. Dois elevadores com capacidade para 60 pessoas transportam os
visitantes. Erguida fora do templo, a ele se liga por uma galeria de 36 metros
de comprimento, 8 de largura e 11 de altura. Como seria impossível deixar de
ser, no interior da torre os padres instalaram um bar-restaurante e lojas.
Construída a basílica em forma de cruz grega,
a sua cúpula, como uma meia esfera, erguida bem no centro de toda construção,
com o diâmetro interno de 34 metros e a altura de 60, cobre 2.327 metros
quadrados e é revestida de alumínio anodizado a lhe fornecer uma cor dourada.
Esta cúpula sustenta, num pequeno mirante, uma cruz grega de 3 metros de
altura, sob cujo centro geométrico se eleva sobre 9 degraus, o altar-mor da
basílica, de 10 metros de diâmetro, a ostentar, em nicho de ouro, a imagem da
Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil, recoberta de jóias e pedrarias
preciosas, onde imensa população padece fome e sofre a carência dos recursos
básicos para uma vida digna. Ao redor deste soberbo altar-mor, em torno da
plataforma, se enumeram 12 pequenos altares a permitir a celebração simultânea
de 13 missas, o supremo culto idólatra do catolicismo, em homenagem à
aparecidolatria.
Por considerarem antiquado o método, os
padres redentoristas responsáveis pela administração da basílica e pela
promoção do aparecidismo, hoje em dia, deixaram de utilizar tanto as chamadas
"santas missões" inculcadas pelo seu fundador, Afonso de Liguori, nos
estatutos da ordem. Prevalecem-se de meios mecânicos de divulgação, como o
jornal e o rádio.
A Rádio Aparecida, pela sua potencialidade, se
emparelha com a grandeza material da nova basílica e se capacita a atender os
planos de incrementar sempre mais a aparecidolatria. Reservaram-se 12 mil
metros quadrados dentro da área dos 400 mil para se erguer um prédio dividido
em 3 pavimentos. O térreo se reserva para um auditório com a capacidade de
alojar 1.500 pessoas, que terão o seu cinema. No 1º pavimento ficam os
escritórios, uma capela e o salão nobre destinado às reuniões do Clube dos
Sócios com cerca de 400 mil arrolados. O 2º andar se destina à instalação de
todo o equipamento da Rádio Aparecida, que deverá ser a mais potente emissora
da América Latina, e da futura TV, com 6 estúdios: um de gravação de
radioteatro, 3 de locução, um de gravação de peças orquestrais e outro de
gravação de discos e fitas – e a técnica central de comando dos estúdios, além
da discoteca, do departamento técnico e do almoxarifado.
É a técnica da comunicação superlativamente
refinada a serviço da massificação do aparecidismo, porque, dentro dos
prognósticos clericais o brasileiro deve continuar agrilhoado aos seus
embustes. A SANTACAP, com a sua descomunal basílica, pretende reviver a idade
áurea da Senhora Diana, cujo templo se contava entre as sete maravilhas do
mundo. Aliás, em Éfeso, aos 11 de outubro de 431, se deu o início oficial da
mariolatria com a proclamação do dogma de Maria Mãe de Deus.
Nesta era intitulada de pós-conciliar, quando
muitos ainda supõem haver o catolicismo romano se transformado e aberto mão de
certas doutrinas contrárias à Bíblia, inclusive as relativas a Maria, a
religião do papa recrudesce e reaviva o culto mariolátrico acrescentando-lhe
novos dogmas, como o de Maria Mãe da Igreja, que inclui os da Maria
Co-redentora, Advogada, Medianeira e Adjutrix, proclamado aos 21 de novembro de
1964. Recrudesce e reaviva o culto mariolátrico entre o pobre povo subjugado às
suas feitiçarias, prestigiando os santuários marianos, centros de romarias e
peregrinações.
O próprio papa Paulo VI, em 13 de maio de
1967, viajou até Fátima, em Portugal com o propósito de oficializar as
comemorações cinqüentenárias daquela Senhora. Aparecida ofertou o romano
pontífice uma Rosa de Ouro, trazida por uma cardeal a latere, a assinalar a
passagem dos seus 250 anos. Dom Humberto Mozzoni, o núncio papal no Brasil, no
dia 5 de julho de 1969, ano de sua chegada, viajou à SANTACAP no intento de
prestar o seu culto pessoal à Senhora Aparecida. "Vim à cidade de
Aparecida, disse ele, para, como todo o povo brasileiro, venerar Nossa Senhora
Aparecida. E colocar sob sua proteção a minha missão no Brasil"( O Estado
de São Paulo, 6 de julho de 1969).
O Cloncílio Ecumênico Vaticano II deixou
intactas as estruturas romanistas sobre as quais simplesmente passou uma
caiação a fim de lhe dar novos ares. E só! eixou outrossim intocáveis os
cediços métodos de envolvimento político tão do gosto multissecular do clero.
Quando, em 1972, o Brasil celebrou o sesquicentenário de sua Independência,
quis ele vincular-se oficialmente à sua programação. E, para se promover, nada
melhor do que promover a aparecidolatria. Alegou, então, contra todas as
evidências, haver Pedro I estado em Aparecida com o fim de rezar diante da
imagem, na oportunidade em que pernoitou em Guaratinguetá, quando de sua viagem
do Rio de Janeiro a São Paulo, onde proclamara dias seguintes a Independência
de nossa Pátria.
Desprovido de qualquer pejo, reivindicou o
clero a passagem por Aparecida do coração de Dom Pedro I, quando, em 1972, foi
de Portugal trazido em definitivo para o Brasil. Desprovido de qualquer
pejo e sem o receio de ser desmascarado porque o povo evita o trabalho de
raciocinar, pois em 1822 nada existia em Aparecida, além da pequenina e tosca
capela no alto do Morro dos Coqueiros, construida pelo ganancioso padre Vilela.
Aparecida continuava ainda incógnita do beatério. Aparecida era ainda o Morro
dos Coqueiros. E só Morro dos Coqueiros.
As estatísticas dos últimos anos demonstram
intensificar-se entre o nosso povo o culto aparecidolátrico. s números abaixo
comprovam nossa assertiva:
ANO 1971 ANO 1972
BATIZADOS 16.303 18.892
COMUNHÕES 1.383.053 1.628.140
A SANTACAP, de cuja promoção em larguíssima
escala se incumbe a Rádio Aparecida, a SANTACAP, centralizada agora na soberba
basílica, com o aumento crescente dos romeiros em cada ano, demonstrado no
pequeno quadro estatístico acima, é o atestado gritante de encontrar o
catolicismo romano em polo diametralmente oposto ao Evangelho, o que o torna
absolutamente refratário à Bíblia, a Palavra de Deus.
Catolicismo é idolatria em todas as suas formas
ignóbeis e alienantes de Deus.
O Ecumenismo, pois, é ridícula fanfarronada. Ridícula
fanfarronada com a vil missão de assinalar os apóstatas misturados entre o povo
de Deus.
No dia 15 de agosto de 1967, ano comemorativo
do 250.º aniversário do encontro da imagem de terracota no Porto de Itaguassú,
a basílica de Aparecida recebeu das mãos do cardeal Amleto Giovanni Cicognani,
legado "a latere" de Paulo VI, uma ROSA DE OURO, munificência do sumo
pontífice. Esta ocorrência serviu para assanhar a aparecidolatria.
Mobilizaram-se todos os recursos a fim de assinalar o evento com estrepitosas
solenidades.
Esculpida pelo prof. Mário de Marchis,
constituí-se numa jóia. Dois grandes ramos com folhas e botões de ouro se
entrelaçam até o vértice onde se desabrocha a rosa, também de ouro. No lugar do
pistilo da rosa engasta-se um opérculo, uma cápsula, que contém bálsamo do Peru
e pó de almíscar, significando a fragrância da rainha das flores. Entre os dois
ramos encontra-se esculpido o emblema de Pauilo VI, pois ambas, a mariolatria e
a papolatria, andam de parelha. E na base lê-se a seguinte inscrição:
"Paulus VI PM – Apparitiopolitanae aedi sacrae B.M. Virgini Imm. – DD.III
Non. Mar. A + MCMLXVII ".
A outros santuários marianos, como Guadalupe, Fátima
e Lourdes, o pontífice Montini tem, outrossim, contemplado com semelhante
presente régio. ós, os brasileiros conscientes da espoliação sofrida pela nossa
Pátria, quando, ao tempo de sua Colonização, os clérigos carregaram o nosso
ouro e transformaram Portugal num mero entreposto na execução dos seus planos
de exorção e chantagem carreando essa nossa riqueza para os depósitos do romano
pontífice; nós, os brasileiros conscientes, sentimo-nos indignados com esse
gesto de Paulo VI, pois desejamos que, em nome da Justiça, ele repare os crimes
praticados contra o Brasil, devolvendo todo o nosso "metal precioso"
guardado nos seus cofres vaticanos.
Dispensaríamos de bom grado o envio da ROSA
DE OURO feita com as nossas próprias riquezas há séculos de nós roubadas. e
esse presente se constitui num sarcasmo à Nação Brasileira espoliada em seus
bens naturais pelo clero romanista, a ROSA DE OURO expressa sobremodo o
contexto católico-romano de todas a eras. om efeito, expressa o catolicismo
pós-conciliar, ainda mais alvorotado na mariolatria, porque ao benzer na Capela
Sixtina, aquela jóia, em 5 de março de 1967, quando a liturgia romana
assinalava o IV Domingo da Quaresma, chamado Dominica Laetare ou Domingo das
Rosas, o pontífice declarou na presença de uma representação brasileira:
"No Santuário de Nossa Senhora Aparecida, ela (a rosa) dará testemunho de
nossa constante oração à Virgem Santíssima para que interceda junto de seu
Filho pelo progresso espiritual e material do Brasil (...) Vamos a Maria para
chegar a Jesus. Amando desse modo Nossa Senhora, poderemos compreendê-la em sua
real grandeza e, através dela, chegaremos ao Cristo, filho de Deus".
Dispensam-se profundos conhecimentos
bíblicos para se constatar à luz do Evangelho os absurdos desse pronunciamento
do papa.
Se as palavras pontifícias proferidas na
oportunidade da bênção da ROSA DE OURO demonstram a relutância, a
procrastinação, do catolicismo na idolatria, apesar da farta propaganda de suas
reformas levadas a efeito pelo Concílio Ecumênico Vaticano II; se o envio dessa
jóia é um insulto do clero romano ao Brasil, vilipendiado e espoliado por ele
desde os primórdios de sua Colonização, quando aqui aportaram os primeiros
missionários do embuste, a ROSA DE OURO comprova outra vez ser o catolicismo,
embora rotulado com terminologia bíblica, a continuação e a sustentação do
paganismo antigo.
Catolicismo e paganismo se eqüivalem porque
são idênticos. Ou melhor, o catolicismo é o nome atual do paganismo encarregado
de enxovalhar os vocábulos mais sagrados, inclusive o Nome Sacrossanto de Jesus
Cristo. nde terá ido buscar o catolicismo a prática de se oferecerem Rosas de
Ouro senão no paganismo antigo? Efetivamente, na mais longínqua antigüidade o
paganismo celebrava a chegada da primavera e a uberdade da terra com típicas
festas populares e cerimônias religiosas aos seus deuses, destacando-se as
procissões quando o povo levava braçadas de flores e as depositava nos altares
dos seus templos.
O catolicismo, ao encampar quase todas as
práticas do seu antecessor pagão, adotou também essas comemorações. Na Idade
Média, quando o romanismo usufruiu o seu apogeu, recebia-se a primavera como a
vitória sobre o inverno com procissões presididas por sacerdotes e bispos, em
que os fiéis desfilavam portando flores colhidas nos campos e jardins,
cristalizando-se assim o costume pagão. No século X a festa passou a ser
celebrada no IV Domingo da Quaresma, Dominica Laetare, que sempre cai no
princípio da primavera da Europa. Este domingo se apresenta como um parêntesis
de alegria no tempo penitencial da Quaresma, o período precedente à semana
chamada santa.
Neste dia, então, o papa em Roma presidia a
procissão das rosas – daí o domingo se cognominar também o Domingo das Rosas –
levando uma ROSA DE OURO com a determinação de oferecê-la a altos dignatários,
igrejas ou instituições religiosas. Encontra-se uma referência documental do
ano de 1049 do fato de haver o papa Leão IX lembrado "a obrigação
determinada ao mosteiro das religiosas de Santa Cruz de Tulle (Alsácia), em
recompensa de terem sido isentas da jurisdição do bispo local e sujeitas diretamente
ao sumo pontífice, do envio anual de uma Rosa de Ouro ou de doze onças do
precioso metal" – que o papa destinaria, posteriormente, a eventuais
ofertas.
A prática de se oferecer a Rosa de Ouro a
santuários, catedrais, igrejas, dignatários eclesiásticos, príncipes, reis,
imperadores, firmou-se como tradição e multiplicou-se enormemente durante o
período de permanência dos papas em Avinhão (1305 – 1378). Dessa época, quando
se compôs a fórmula de sua bênção especial, expressando os seus simbolismos,
até o século XV, a dádiva consistia apenas em uma rosa que, freqüentemente,
tinha também uma pedra preciosa incrustada. A partir desse século,
especialmente depois do papa Sixto V (1471 – 1484), acrescentaram-se-lhe ramos,
folhas e botões, mantendo-se, com freqüência, as incrustações de pedras de rara
beleza e alto valor.Têm sido oferecidas rosas valiosíssimas. Sabe-se lá quanto
ouro brasileiro, transubstanciado nessas flores, já anda espalhado mundo afora,
enquanto nosso País se submete a ingentes sacrifícios na ânsia e na busca de
melhores condições, que o libertem do subdesenvolvimento.
Em 1886, Leão XIII, num impulso escandaloso
de munificência perdulária, ofereceu à Rainha Cristina, regente da Espanha, uma
Rosa de Ouro composta de 9 flores, 12 botões e 100 folhas – tudo em ouro –
sobre um vaso artisticamente trabalhado. E sendo a Aparecida um capítulo
integrante da estrutura idólatra do catolicismo, fica-lhe bem uma Rosa de Ouro,
reminiscência de antigas práticas pagãs... Com a rósea e áurea honorificência,
"o papa deseja honrar a riqueza espiritual do Brasil".
Ofereceu-a ao santuário de Aparecida por se
concentrar no culto a Maria toda essa riqueza. Sua entrega, a fazer juz ao seu
valor intrínseco, ao seu simbolismo e à sua finalidade, deveria revestir-se de
grande pompa. Começaram estas com a especial dinstinção de ser o portador da
preciosa jóia, o cardeal Amleto Giovanni Cicognani, designado pop Paulo VI o
seu legado "a latere" para vir de Roma ao Brasil investido no munus
de, em seu nome, depositá-la no altar da Senhora de terracota. O clero
mobilizou todo o seu arsenal de recursos no sentido de recepcionar, à altura de
sua dignidade, o cardeal legado. Em sendo outrossim o papa chefe de um Estado,
o Vaticano, cabia ao Governo Brasileiro a tarefa de distinguir o
"nobre" representante com as honrarias atribuídas considerada um dos
maiores centros de peregrinação do mundo. Eis o motivo principal para
transformá-la num grande local de turismo. Como se encontra, a cidade de
Aparecida é um escândalo de miséria. Miséria de higiene nos insuficientes
restaurantes. Miséria nos sanitários integrados numa miserável e obsoleta rede
de esgotos que despeja o volume de detritos no Rio Paraíba, emporcalhando as
águas onde fora descoberta a rica imagem e que serve para desalentar e
envenenar a população. Miséria de água, porque além de poluída, se esforça por
chegar às torneiras através de um serviço hidráulico de mais de 30 anos
passados. Miséria de planejamento, a causa de subir o casario colina acima,
saturando desordenadamente a topografia.
Um grupo investidor da Capital Paulista
decidiu aplicar bilhões de cruzeiros no intento de tornar a cidade-santuário no
principal centro de atração turística e religiosa da América do Sul.
"Empreendimentos Nossa Senhora Aparecida" é a sociedade limitada que
se propõe a, numa área de 40 alqueires, construir o Parque de Aparecida, o
super-centro turístico-reeligioso. Nele encontrar-se-á tudo para uma
permanência mais prolongada dos romeiros e turistas na cidade. Planejam-se
terrenos ajardinados, arborizados e urbanizados, com locais próprios para as
crianças brincarem e guardas especialmente treinados para cuidar delas.
Uma lagoa com barquinhos, aves decorativas e
pequenos iates para passeios fluviais pelo Paraíba completarão o panorama
ecológico. Um jardim zoológico e outro botânico exibirão a fauna e a flora
brasileiras. Um museu iconográfico exporá as imagens mais veneradas em todas as
regiões do Brasil. Capelas votivas recolherão os ex-votos. Reproduzir-se-ão os
mais famosos santuários do mundo (Fátima, Lourdes, Guadalupe, El Pilar e Luján)
facilitando a organização de festas religiosas com a participação das colônias
correspondentes no Brasil.
Lances da História Pátria serão recordados na
cidade colonial, com instalações nos moldes da Disneylândia, que reproduzirão
fortes e outras construções do Brasil Colônia, e pequenas lagoas terão réplica
das caravelas de Cabral. Uma estação rodoviária, dotada de "shopping
center" bares e restaurantes, receberá os ônibus de excursão.
Repetir-se-ão por todo o Parque as casas de lanche, churrascarias,
estacionamentos e postos de serviço. Instalar-se-ão motéis para hospedagem de
famílias com carros em pequenos bangalôs. Um enorme e confortável hotel oferecerá
acomodações completas para as classes A e B.
Um teatro com concha acústica e auditório ao
ar livre apresentará peças de temas religiosos, cívicos, clássicos e
folclóricos, e também concertos musicais, danças típicas e missas campais.
Charretes e trenzinhos conduzirão os devotos-turistas a diversos passeios. Um
bondinho aéreo do tipo monotrilho circulará por toda a extensão do Parque e
também fará ligação com as duas basílicas, propiciando nas estações elevadas
mirantes e bares. A Associação dos Romeiros de Aparecida, uma entidade
religiosa já existente, terá a sua sede social, com restaurantes, piscinas,
salas de repouso e de leitura, campos e quadras para a prática de esportes
diversos, auditório, cinema, capela e outras dependências.
O grupo "Empreendimentos Nossa Senhora
Aparecida" lançou em fins de 1967 o projeto mirabolante. No dia 6 de
janeiro de 1968, o cardeal Agnelo Rossi, então arcebispo de São Paulo, celebrou
missa no Mosteiro de São Bento a impetrar o amparo da Senhora Aparecida sobre
os idealizadores presentes e genuflexos. Benzeu a maquete e os projetos da ARA
("Associação dos Romeiros de Aparecida") e entronizou a imagem
aparecídica nos escritórios centrais da ENSA ("Empreendimentos Nossa
Senhora Aparecida"), instalados em São Paulo, à Rua Boa Vista, 314.
Fecundados os projetos e os planos com as bênçãos cardinalícias de Agnelo
Rossi, a ENSA passou a promover a venda de quotas de valor imobiliário e
comercial capazes de oferecer o direito à participação nos lucros em forma de
renda mensal crescente e reajustável.
A vasta propaganda feita pela grande
imprensa, sob o título: "VAMOS TRANSFORMAR APARECIDA NA MAIOR
CIDADE-SANTUÁRIO DO MUNDO", anunciava: "O preço de lançamento da
QUOTA TOTAL é de Cr$ 655,00, fixo e não reajustável, a ser pago da seguinte
forma: Cr$ 55,00 de entrada e 30 prestações mensais de Cr$ 20,00. Propunha-se a
ENSA dar imediato início às obras, que deveriam ser entregues por etapas e
concluídas totalmente até 1970. Decerto a bênção de Agnelo Rossi redundou em
maldição, pois já nos encontramos em fins de 1974, quando se prepara a 10ª
Edição deste livro, e as obras nem começadas foram. Continuam restritas à
maquete e aos engavetados projetos.
Quem sabe se no futuro outra bênção cardinalícia será
mais forte do que a do Rossi ou a Senhora Aparecida se compadecerá de outros
empreendedores propiciando-lhes a exploração de um negócio rendosíssimo.
O melhor processo criado pelo inferno para
enganar os inadvertidos, anestesiar a consciência do pecador e confundir a
pureza límpida do Evangelho foi o dos "prodígios miraculosos". O
milagre autêntico só pode ser realizado pelo poder de Deus, pois se trata de um
fenômeno que se dá além ou acima das leis da natureza, mudando o seu curso
normal num caso particular. Jesus ao praticar muitos milagres tinha em mira
patentear a Sua Divindade. Nicodemos mesmo reconheceu-a por isso (João 3:2).
O cristão aceita o milagre, porém, dentro das
normas da Bíblia, a sua Única e Exclusiva Regra de Fé e Prática religiosa.
Portanto, todo o prodígio contrário às normas e aos ensinamentos da Revelação
Divina contida na Bíblia, não procede de Deus. Com efeito, Deus ameaça com
terríveis castigos aqueles que acrescentarem ou retirarem dela qualquer coisa
(Apocalipse 22:18–19). Ninguém tem o direito de acrescentar nada à Palavra de
Deus e quem o fizer é mentiroso (Provérbios 30:6). Em matéria religiosa, tudo o
que estiver fora da Bíblia é um acervo de mentiras.
Satanás tem muito interesse em perverter as
almas, apresentando-lhes doutrinas espúrias, contrárias à Revelação de Deus. Os
seus sequazes andam soltos, fazendo prodígios até em nome de Deus!
Relativamente a estes é que Jesus advertiu: "Muitos Me dirão naquele dia:
Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu Nome, e em Teu Nome não expulsamos
demônios e em Teu Nome não fizemos muitas maravilhas? E, então lhes direi
abertamente: nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a
iniqüidade" (Mateus 7:22–23).
Esses prodígios são iniqüidade!!! Mesmo
feitos em Nome de Deus, mas contra Sua Santíssima Vontade revelada na Bíblia! É
uma iniqüidade o que o clero pratica no Brasil, Ludibriando o povo! A Bíblia é
categórica em proclamar: "Há um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus
Cristo, homem" (1 Timóteo 2:5). A Bíblia é peremptória ao preconizar:
"De tanto melhor concerto Jesus foi feito fiador... Portanto, pode também
salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles" (Hebreus 7:22 e 25).
A Bíblia, repito, é explícita ao anunciar:
"...se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o
justo. E Ele é a propiciação pelos nossos pecados..." (1 João 2:1–2). Todo
o Novo Testamento revela a Total Suficiência de Jesus Cristo, como Salvador,
Mediador e Advogado. Enganaram-se muitos evangélicos ao supor que o romanismo
com o seu Concílio Ecumênico Vaticano II estaria disposto a reformar suas
doutrinas nefastas, aproximando-se da Palavra de Deus e aceitando Jesus Cristo
como Único e Todo-Suficiente Salvador, Mediador, Intercessor e Advogado. O
romanismo, porém, confirmou os seus velhos dogmas, contrários à Bíblia e
engendrou outros...
Negando ao Nosso Bendito Salvador a
exclusividade restrita e conseqüente de todos aqueles atributos, em
discrepância absurda da Bíblia, exalta Maria como advogada, auxiliadora,
protetora, medianeira, aberrando dos ensinamentos claros de Deus. Engajada
nesse mesmo torvelinho de heresias está a Senhora Aparecida sobre quem o cardeal
Vasconcelos Motta, arcebispo de sua Arquidiocese, escreveu, em 1º de janeiro de
1967, para comemorar o 250º aniversário da falcatrua, uma carta pastoral,
classificada pelo chaleirismo do órgão católico: "O São Paulo" (22 de
janeiro de 1967) como "um tesouro de magistério".
Nesse "tesouro de magistério" –
magistério do inferno porque absolutamente contrário à Revelação Divina e,
ignominiosamente depreciador de Jesus Cristo! – nesse "tesouro de
magistério", repito, falando da Senhora Aparecida, como medianeira,
advogada e intercessora, saiu-se o cardeal aparecidopolitano com esta heresia
blasfema: "Ora intercedendo por nós, embora pecadores, a maior santidade,
o maior nome e a maior dignidade, como poderá resistir a Justiça Divina ou negar
a Sua Misericórdia a uma tão forte, suave e poderosa intercessão? Intercessão é
o meio entre dois extremos; para ser poderosa e eficaz, há de tocar a ambos:
Deus, a quem intercede, e os pecadores, por quem intercede. E a Senhora posta
entre Deus e os pecadores, quão chegada é a um e a outro extremo? É tão chegada
a Deus que só lhe falta ser Deus; é tão chegada aos pecadores que só lhe falta
o pecado".
Confrontem-se essas expressões
pós-conciliares com a doutrina de Deus demonstrada nos versículos bíblicos
acima citados. São incompatíveis! Torna-se evidente que os "milagres"
da Aparecida não procedem do poder de Deus porque não são consentâneos com a
Sua Vontade expressa em Sua Revelação, a Bíblia Sagrada. Procedem, sim, do
inferno para perverter as almas! Constituem-se na marca da apostasia!!!
Os seus pregoeiros e divulgadores se aliam
com os falsos profetas referidos por Jesus Cristo (Mateus 24:24). A religião
dos crendeiros aparecidanos consiste em fazer promessas e esperar milagres.
Anestesiados pelas mentiras ridículas com que os padres os ludibriam, por
qualquer pretexto, fazem seus votos à "santa" pescada em Itaguassú. A
excêntrica "sala de milagres" revela como são entorpecidos na prática
de uma religião de fábulas e embustes. O devoto faz a sua promessinha de mandar
uma fotografia para ser exposta na "sala dos milagres", mas, ao mesmo
tempo, coloca na pereba a pomada que o "doutor" receitou. Quando
sara, foi milagre da Aparecida. Se não melhora, o médico é que não presta!
A moça se apavora com a possibilidade de
ficar solteira e embarca, para se livrar dessa conjuntura, no primeiro bonde
que aparece; e manda as tranças dos seus cabelos, como ex-votos, para serem
dependuradas na "sala dos milagres". Quem lucra são os padres porque
as vendem caríssimo aos fabricantes de perucas... Um time de futebol sagra-se
campeão de qualquer torneio, os seus jogadores vão em romaria, levar à
"incomparável" as esmolas das promessas. No concurso de miss-Brasil,
em 1956, ouvi pelo rádio o general Porfírio da Paz, devotíssimo aparecídico,
invocar as bênçãos da Senhora Aparecida em favor das beldades semi-nuas.
Durante três anos freqüentei assiduamente a
basílica e jamais vi um milagre... Milagre, milagre mesmo, isto é, ressuscitar
um morto, como Lázaro (João 11:1-45), dar vista a um cego de nascimento (João
9:1-7), fazer aparecer um braço no lugar do amputado, colocar um pulmão novo no
lugar do extraído... ela nunca fez! A Senhora Aparecida é tão incapaz em
matéria de milagre que é uma coitada! Garanto que, se cair seu nicho,
espatifar-se-á no chão!!!
A sua cidade está cheia de aleijados,
estropiados e cegos a mendigar pelas ruas. Se os padres abastados de ouro e
dinheiro não os socorrem porque são avarentos, a Senhora Aparecida, de sua
parte, nem lhes dá atenção aos gemidos. Ela é tão coitada que não tem poder nem
de curar de lombrigas as crianças dos seus devotos. Por isso, a sua emissora
faz propaganda de vermífugos. Frustra-se o diabético que se socorre de sua
valia... Os padres da basílica, então, reconhecem-na tão fraquinha que, por
meio do seu jornal, lhe recomenda o "corpo medicinal". Reconhecem-na
tão ineficiente que, aos devotos alcoólatras, aconselham produtos
farmacêuticos. O "Santuário de Aparecida", "órgão oficial da
Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida", desapontou-se tanto com a
impotência da "incomparável" milagrenta que, a par da propaganda de
produtos farmacêuticos, veiculada em suas poucas e desengonçadas páginas, abriu
um "Consultório de Medicina Caseira", sob a responsabilidade do Frei
Esculápio.
Ainda mais desapontados devem estar os seus
devotos com a retumbante demonstração de impotência da "incomparável
senhora" verificada na oportunidade da fuga da ursa "Negrito" de
sua jaula. Os supersticiosos cismam com o dia 13 e pior ainda quando cai de
sexta-feira. Para aumento do medo deles o fato ocorreu no dia 13 de setembro,
sexta-feira, de 1968.
Um cidadão aparecidólatra, residente em
Avaré, Estado de São Paulo, leu esse fato numa das edições anteriores deste
livro. Revoltado, quis uma entrevista comigo. Interrogado sobre a fonte de
informação a respeito, retruquei-lhe com a pergunta sobre o jornal que
considerava mais sério e absolutamente idôneo em suas notícias. Respondeu-me
ser "O Estado de São Paulo", "um dos jornais mais importantes do
mundo". Eis o relato desse órgão da imprensa paulista em seu exemplar de
14 de setembro de 1968: "A ursa 'Negrito' escapou ontem de manhã de sua
jaula no Zoológico de Aparecida do Norte, impôs à cidade três horas de pânico e
medo, e acabou sendo capturada graças à habilidade do "capitão
Álvaro", domador do Circo Berlim, ora se exibindo na cidade. Uma guarnição
do Corpo de Bombeiros e tropas da Força Pública e da Escola de Aeronáutica
foram enviadas com urgência ao local". Depois de pormenorizar a fuga,
prossegue o órgão:
"A notícia espalhou-se, rápida, pela
cidade, causando pânico. O socorro veio rápido também: Corpo de Bombeiros,
soldados da Força Pública e da Escola de Aeronáutica da FAB, e todos os que
supunham ter condições de ajudar. Evitou-se atirar em 'Negrito', mas o trabalho
para recapturá-la foi exaustivo e cheio de perigos. Por volta de meio-dia e
meia todos já estavam ficando exaustos e desalentados, quando o domador
'Capitão Álvaro', usando o laço com habilidade, conseguiu imobilizar a fera.
Sangrando um pouco no focinho, 'Negrito' voltou à jaula, vigiada, agora, com
atenção redobrada".
Por que a mobilização de tantas forças? Por
que tamanho aparato bélico? Lá não estaria a "santa" Aparecida para
proteger os habitantes da cidade onde se instalou o seu trono? Não é ela a
"incomparável" protetora? Acaso assustara-se a Cidoca com os 2 metros
de altura e os 480 kg de peso da fera, que come, por dia, 40 kg de polenta, 20
de maçãs, 5 de verduras e 1 litro de mel? A "incomparável" protetora
nem se apiedou do pobre veadinho-campeiro estraçalhado pela ursa, que, na hora
da fuga, o arrancou da jaula. Porque nenhum aparecidense confia realmente na
"santa", o alívio só aconteceu quando todos se certificaram do
reenjaulamento do animal feroz. A Senhora Aparecida, no entanto, foi
desmoralizada na sua impotência com a manchete de alguns jornais: "Ursa
Causa Três Horas de Pânico" (O Estado de São Paulo de 15/9/68);
"Diabo Esteve à Solta 3 Horas em Aparecida do Norte" (Diário da
Noite, de igual data).
Em Aparecida se concentram, por ser excelente
mercado, numerosos vendedores de bilhetes de loteria federal. Preferem os
devotos-romeiros fazer a sua fézinha na SANTACAP porque, quem sabe, o palpite será
abençoado pela "incomparável" Senhora com a sorte grande. No dia da
fuga da "Negrito" todos os gasparinos foram vendidos e os bilheteiros
ficaram imposssibilitados de atender o enorme volume da procura. O resultado da
loteria, porém, desapontou os apostadores: não "deu urso"!
A SANTACAP é o reduto da idolatria com todas
as suas trágicas conseqüências. Como IDOLATRIACAP é ROUBOCAP. EXPLORAÇÃOCAP.
MISÉRIACAP. PROSTITUIÇÃOCAP. DESGRAÇACAP. Os ladrões e marginais agem dentro e
fora da basílica. Lá estão os lanceiros batendo carteiras. E que autoridade têm
os padres redentoristas se querem coibir semelhantes crimes? Se eles exploram a
credulidade pública! A exploração desbragada campeia no comércio. Nas lojas,
inclusive dos clérigos, o que controla o preço é a aparência do freguês, que
nem sempre consegue nota fiscal da mercadoria comprada. Faz milagres a Senhora
Aparecida? Por que, então, não purifica o ar de sua cidade, empestado pelo mau
cheiro exalado do Rio Paraíba, onde se despeja o esgoto da cidade?
Por que ela não cura os miseráveis que se
arrastam, mendigando, pelas ruas, como opróbrio da humanidade? Será que tão
dolorido espetáculo não a comove? Por que ela não faz o milagre de converter os
padres em seres mais humanos? Por que ela não sensibiliza os seus devotos
romeiros excitados pelas raparigas, em número elevadíssimo, impedindo-os de
entrar nos bordéis, onde se corrompem os corpos com a sífilis e doenças
venéreas? Por que ela não regenera essas desgraçadas mulheres traficantes de
suas próprias carnes? Essas mulheres que se instalam em Aparecida exatamente
por ocorrer lá maior procura do que a oferta?
Sim! A responsabilidade de tantas misérias
materiais e morais recai sobre a idolatria, ensinada, divulgada, incrementada e
explorada pelo clero... A Senhora Aparecida é uma "incomparável"
ingrata! Permite que recaiam sobre a sua cidade e o Vale do Paraíba as piores
desgraças justamente quando lhe são oferecidas as mais solenes homenagens. Não
se constrói agora a sua grande basílica, um dos templos mais soberbos do mundo?
O povo não tem aumentado as romarias em sua
honra, quando em multidões se prostra adorante aos seus pés? Não lhe foi
oferecida uma ROSA DE OURO, símbolo do seu título de Rosa Mística e
munificência do papa, o cognominado vigário de Cristo na terra? Para o seu
culto o povo pobre não tira da miséria dos seus filhos? Ingrata!!! Sim,
ingrata, mil vezes ingrata que ela é!!! No Vale do Paraíba nunca se ouviu falar
em esquistossomose. Mas, em 1953 – no ano seguinte ao do início das obras da
nova basílica – aconteceu o primeiro caso. E hoje a esquistossomose infesta
todo o Vale do Paraíba. A praga está ali debaixo dos olhos da
"miraculosa" Senhora, minando a saúde de milhares e milhares de
pessoas.
Já em 1967, no ano da entrega da ROSA DE
OURO, o Instituto Adolfo Lutz, de Taubaté, informou haver na região da Senhora
Aparecida, 2.161 casos comprovados de doentes de esquistossomose, distribuídos
da seguinte forma, cidade por cidade:
Taubaté: 474 Roseira: 359 Jambeiro: 30 Monteiro
Lobato: 2
Tremembé: 107 Guaratinguetá: 40 S.J.dos Campos:
243
Cachoeira Paulista: 2 Pindamonhangaba: 500 Lorena:
7 Santa Branca: 14 Quiririm: 1 Aparecida: 118 Caçapava: 152 Jacareí: 4
Redenção da Serra: 5
Note-se: a incidência do mal se acentua nas
cidades mais próximas de Aparecida. Roseira, a mais próxima, por exemplo,
dentre todas, se não é a menor, é uma das menores. E, em 1967, apresentou 359
casos diagnosticados!
A ingrata recompensou a sua região, em 1968,
logo depois de haver recebido a rósea e áurea honorificência pontifícia, com
uma longa seca. Pelo seu poder de "incomparável Senhora" se vinga dos
devotos valendo-se até da meteorologia. Em Dezembro de 1967, a leitura mínima
do nível do Rio Paraíba foi de 2,66m. Em 1968, no segundo domingo de dezembro,
o rio tinha o seu nível fixado em 1,50m; caindo no dia 16 para 1,48m pela manhã
e 1,40m à tarde. A barragem de Santa Branca, pertencente ao grupo Light (a
grande empresa da energia elétrica dos principais centros industriais e
populacionais do País: São Paulo e Rio de Janeiro), é uma das obras
regularizadoras do Rio Paraíba. Seu objetivo é o de gerar energia nas usinas
que integram o aproveitamento do Ribeirão das Lajes, abastecendo várias indústrias,
como a Usina Siderúrgica Nacional, sediada em Volta Redonda. Sua capacidade é
de 424 milhões de metros cúbicos por segundo e sua vazão média, no local da
barragem, é de 78 metros cúbicos por segundo. Em 1968, porque os índices
pluviométricos foram muito abaixo do normal, faltou água para cobrir aquela
capacidade, provocando enormes prejuízos às populações trabalhadoras da região
e ao próprio País.
Se a ingratidão da "santa" se
revelou nessa longa estiagem, manifestou-se também com o forte temporal
desabado durante meia hora apenas, em 26 de dezembro de 1968, inundando toda a
parte baixa de Aparecida, e derrubando, em conseqüência, muitas casas. Casas
dos pobres. Daqueles que conservam afixada na porta ou na parede da sala, a
oração: "Oh, incomparável Senhora..." Retribuiu a Senhora o início
das obras de sua majestosa e arquibilionária basílica, em 1953, com o início da
esquistossomose no Vale do Paraíba, a proliferar assustadoramente. Que se
cuidem as autoridades sanitárias porque da Senhora Aparecida, os seus devotos
só podem esperar ingratidão. Que se cuidem essas autoridades porque de
Aparecida as multidões de romeiros ávidos das "graças", voltarão para
suas cidades, levando, como desgraçado presente o vírus da esquistossomose...
Retribuiu a Senhora a ROSA DE OURO com aquela
longa estiagem e com a tromba d'água. Terá a ingrata retribuído também a
criação de sua Arquidiocese? É claro! Em 1958, o ano da instalação da
Arqudiocese de Aparecida, aconteceu no Vale um estado de calamidade pública com
a proliferação da raiva demosdina (semelhante à raiva canina, conhecida também
como "hidrofobia"). É uma doença infecto-contagiosas e se inclui
entre as zoonoses, isto é, transmite-se dos animais ao homem, tornando-se
letal. Primariamente, é transmitida por morcegos hematófagos (que se alimentam
de sangue). Pode, ainda, ser transmitida por outras espécies de morcegos, como
os insetívoros (devoradores de insetos) e frugívoros (que se alimentam de
frutos). Uma das características do vírus é o seu tropismo especial pelo
sistema nervoso (aloja-se de preferência nos centros nervosos da vítima) e ai,
em seu reduto preferido, não pode ser combatido e o enfermo (animal ou pessoa)
morre.
O único combate à enfermidade é o preventivo
por meio de séria profilaxia, porque, uma vez manifestada, é impossível a sua
cura. Rebanhos de gado, em todo o Vale do Paraíba, ali nos redutos da
"milagrosa", foram dizimados. Muitas famílias se cobriram de luto com
a morte de seus membros, embora, desesperadas, clamassem valimento da ingrata
"incomparável protetora"... Em 1968, além da estiagem e da
tempestade, os focos de morcegos portadores do vírus da demosdina, cooperaram
com a ingrata, cuja basílica havia sido enriquecida com a ROSA DE OURO, espalhando
outra vez o terror nas regiões aparecídicas. A Senhora Aparecida faz-nos
lembrar o mandamento do Senhor: "Não farás para ti imagem de escultura,
nem alguma semelhança do que há encima nos céus, nem embaixo da terra, nem nas
águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o
Senhor Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a
terceira e quarta geração daqueles que Me aborrecem, e faço misericórdia em
milhares aos que Me amam e guardam os Meus mandamentos: (Êxodo 20:4–6).
Deus não tem o culpado por inocente (Êxodo
34:7).
E a Sua Glória não dá a outrem (Isaías 48:11).
Nem à Senhora Aparecida! E muito menos à Senhora
Aparecida!!!
A "santa" aparecida no Porto de
Itaguassú, em 13 de outubro de 1717, foi um estratagema do falsário e ambicioso
clérigo José Alves Vilela. A sua trapaça, porém, foi tão mal feita que o clero,
nesse legado de abusões, não encontrou ainda elementos para transformar a
fraude em matéria de fé. Até mesmo para esconder a estátua disforme, cobre-a,
de alto a baixo, com um manto azul, preso com a coroa de ouro, o que lhe dá o
formato de um triângulo. Apesar de tudo, porém, vão os padres enganando o povo
crendeiro. A atitude favorável a essa devoção, por parte do clero, visa
exclusivamente a exploração comercial dos supersticiosos.
O monge beneditino, Estevão Bettencourt,
sócio dessa empresa de especulação da credulidade pública, afirma que "a
bem da verdade, deve-se notar que tal atitude favorável é independente de
qualquer pronunciamento da autoridade eclesiástica sobre a genuinidade dos
prodígios que se narram em torno da Virgem e do santuário de Aparecida"
(In PERGUNTE E RESPONDEREMOS – 71/1963, questão 5).
"A bem da verdade..." Leiam-se de
novo as declarações do monge Bettencourt!
Que coisa!!!
Os reverendos proclamam tanto a eficiência da
devoção à Aparecida de terracota, divulgam os seus "milagres" e
expõem, em sala adequada, tantos ex-votos e não podem sair desta: nem esses
"milagres" merecem qualquer pronunciamento oficial sobre a sua
genuinidade... Pestes, tempestades, doenças, secas, a "ingrata" não
pode impedir... E permite – o que é pior de tudo – sejam assim ludibriados os
seus devotos! É mesmo uma trapaça essa Senhora de terracota! Desde menino, ouvi
muitas vezes o milagre da libertação de um escravo na hora de ser, preso ao
tronco, retalhado com chicote em castigo de sua fuga. Foi mentira! Isso não
aconteceu.
Se quem nega a veracidade desse episódio,
fosse um evangélico, logo sofreria insultos dos carolas fanáticos. Mas, quem
diz ser isso uma mentira, uma lenda fantasiosa, é o devoto Fred Jorge, em seu
livro: "APARIÇÃO E MILAGRES DE NOSSA SENHORA APARECIDA" (Editora
Prelúdio Ltda., São Paulo, 1954). Este livro foi sacramentado com o Imprimatur,
que, por delegação do cardeal e sob a chancela da cúria paulopolitana, lhe apôs
o cônego J.LafaYette, posteriormente bispo auxiliar da Capital de São Paulo, e,
em seguida, bispo diocesano ("ordinário") em Bragança Paulista.
Esse mesmo livro, sacramentado, indulgenciado
e "aguabentado" por um solene Imprimatur do ordinário paulista, diz
que, "para enumerar todas as graças concedidas seriam precisos muitos
volumes de milhares de páginas..." (pág. 20). Propõe-se Fred Jorge colher
alguns dentre aquela quantidade enorme, a fim de apresentá-los aos leitores.
Contudo, por falta de autenticidade e seriedade nesses tantos, apresenta, uns
poucos apenas, esclarecendo a sua necessidade de usar de fantasia (página 22).
É! Depois de tanta fanfarronada, condessa-se fantasmagórico!
Teve razão aquele padre da basílica que, em
princípios do anos de 1961, disse-me, referindo-se à Aparecida: "Ela não
tem valor algum. Nós gostamos dela porque nos traz muito dinheiro".
ANÍBAL PEREIRA DOS REIS
Nascido aos 9 de março de 1924 em São Joaquim da
Barra, no Estado de São Paulo. Filho de católicos: Manoel Pereira dos Reis e
Emília Basso Reis, desde a infância aspirou servir a Deus.
Com esse propósito, submeteu-se à ordenação
sacerdotal aos 8 de dezembro de 1949, em Montes Claros, no Estado de Minas
Gerais, depois de haver feito os seus estudos eclesiásticos na Faculdade
Teológica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Naquela cidade do Norte Mineiro, além de
professor de literatura portuguesa e de matemática, coadjutor da catedral,
confessor do Colégio Imaculada Conceição, Diretor do jornal diocesano
"Tribuna do Norte", Diretor Diocesano do Ensino Religioso,
desenvolveu amplas atividades do setor de assistência social, criando e
dirigindo o Círculo Operário de Montes Claros.
Transferido para o Recife, Capital de Pernambuco,
em 1952, prosseguiu as mesmas atividades sociais à frente da Companhia de
Caridade, que, sob sua administração, chegou a ser, como rede de orfanatos e
asilos para velhos, a maior e a mais bem organizada obra social católica do
País. Tido como excelente conselheiro, seu confessionário era procuradíssimo
por muita gente, inclusive freiras e sacerdotes.
Na aspiração de melhor servir no confessionário,
fez curso de neuro-psiquiatria. Vindo para o Estado de São Paulo, em 1960, foi
pároco em Guaratinguetá e em Orlândia. Vastíssima folha de serviço deve-lhe o
catolicismo.
Sua ânsia de conhecer sempre mais, levou-o também
a fazer o curso de ciências jurídicas. Apesar de ser muito apreciado em seus
trabalhos, jamais conseguiu tranqüilizar o seu coração anelante. Quanto mais
confissões atendia, mais o seu coração se angustiava. Ansiava ter segurança
espiritual conseqüente da certeza de sua salvação.
Em 1961, começou, dirigido pelo Espírito Santo, a
estudar a Bíblia com toda a sinceridade de alma. Deus lhe proporcionou, através
do novo nascimento, a alegria perene de possuir segurança inabalável de sua
salvação.
Com a aceitação de Jesus Cristo, como seu Único e
Todo Suficiente Salvador, abandonou a batina e se afastou do catolicismo
romano. Em 30 de maio de 1965, fez sua pública decisão por Jesus Cristo e a 13
de junho seguinte desceu às águas, cumprindo uma das ordenanças de Cristo.
Cumprindo determinações impostas por Deus, em seu
coração, tornou-se missionário do Evangelho. Deus vem abençoando ricamente esse
ministério. Sua longa experiência de sacerdote angustiado, agora se transformou
em instrumento do poder de Deus para a conversão de inúmeras almas.
Foi promovido para junto do Senhor em 30 de maio
de 1991.
LEIA A SUA AUTOBIOGRAFIA:
"ESTE PADRE ESCAPOU DAS GARRAS DO PAPA !!!"
ADENDO:
Teor da carta de 12/11/71 de D.Agnelo Rossi a
D.Evaristo Arns.
Firma reconhecida no Cartório do 1º Ofício de Notas -
S.Paulo e
AUTENTICADA no 25º Cartório de Notas - Tabelião
Milani em 15/12/71:
“Roma, 12 de Novembro de 1971
Exmo snr. D.Paulo Evaristo Arns,
PAX ET BONUM
Faço votos de que os seus empreendimentos à
frente da saudosa Arquidiocese de São Paulo estejam se concretizando.
Tivemos conhecimento da sentença judicial
favorável ao Padre Aníbal Pereira dos Reis. Certamente ele tomará medidas para
proclamar e divulgar amplamente essa decisão porque isso lhe interessa. É
lamentável que a sorte lhe haja favorecido. Agora, por certo, ele se inflamará
ainda mais na sua pertinácia de pregador protestante.
Como seu antigo professor e observador de suas
atividades como seu bispo que fui, reconheço ser ele um dos sacerdotes mais
cultos do Brasil. É invejável a sua enorme capacidade de trabalho. Inteligente,
culto é, ainda, teimosamente trabalhador. No momento é o herege mais em
evidência no Brasil e quem mais perturba o avanço do ecumenismo. Não fosse ele
e muito mais já se teria conseguido. Os seus livros, além de suas pregações,
vêm causando enormes dificuldades para os nossos planos aí no Brasil. Tememos
que essa literatura seja traduzida em outras línguas, o que iria alastrar o mal
em outros países.
O Santo Padre, informado de tudo e apreensivo,
solicita-lhe, por meu intermédio, que insista nas reuniões da CNBB para que se
estudem medidas a serem adotadas para coibir e neutralizar os efeitos do
trabalho desse sacerdote. Se nós o perdemos, o que foi enorme prejuízo, agora é
necessário barrar-lhe a impetuosidade.
O que fazer? Como já disse, é preciso que se
estudem medidas adequadas. Talvez promover alguma coisa para desmoralizá-lo
entre os próprios protestantes.
Os bispos do Brasil devem se convencer de que
o Padre Aníbal é o sacerdote que atualmente mais causa preocupações a Paulo VI,
que está sumamente interessado numa urgente solução.
Mande-me sempre notícias, bem como recortes
interessantes de jornais e revistas.
Envie-me também informações sobre o exame e as
medidas a serem tomadas pela CNBB sobre o assunto Padre Aníbal Pereira dos Reis
a fim de manter informado o Santo Padre.
Com um abraço de + Agnelo Rossi”
- o -
É nossa intenção tornar de conhecimento público
o que realmente aconteceu, conforme o testemunho de um ex-padre, que participou
ativamente da administração eclesiástica na época, e foi duramente perseguido
após ter largado a batina, PARA QUE NÃO DIVULGASSE AS TERRÍVEIS TRAMAS DO
SISTEMA RELIGIOSO.
Hoje ele já não mais está entre nós, mas
seu nome ainda causa temor nos meios romanistas, pois seus escritos são
realmente a expressão COMPROVADA da verdade, e um testemunho sempre presente do
poder do Filho do Deus Vivo, o Senhor Jesus Cristo, que lhe deu a certeza da
salvação eterna e o libertou das garras do inimigo.
- o -
" ...
O Conde de Assumar toparia com uma barreira
formidável a lhe embargar a consumação dos seus propósitos. É que os frades
eram "dos elementos mais perniciosos entre os que tinham entrado e
continuavam a entrar com as avalanches, que enchiam aqueles distritos, e não só
porque se entregavam desenfreadamente ao ganho como todo aquele mundo, mas
ainda porque, valendo-se do seu ascendente sobre o espírito da massa, eram quase
sempre os promotores de todas as desordens".
Desgraçadamente os compêndios de História do
Brasil adotados por nossas escolas aureolam os padres e os frades do tempo da
nossa Colonização com as glórias de heróis. Os seus autores sabem que, se
disserem a verdade, os seus livros não terão guarida nos ginásios, em grande
parte, dirigidos, maquiavelicamente, por padres e freiras, ou deles recebem
"orientação". Aquelas nossas informações, acima entre-aspeadas, são
de Rocha Pombo, registradas em sua História do Brasil (Rio de Janeiro - 1905,
vol 6, página 245) cuja PRIMEIRA EDIÇÃO deveria ser lida por todo intelectual
patrício.
Destaco em caixa alta a PRIMEIRA EDIÇÃO porque as
subseqüentes foram criminosamente resumidas e mutiladas. Destas podaram-se todos
os informes sobre os latrocínios, extorsões, atrocidades e crimes cometidos
pelos clérigos missionários. A maioria dos brasileiros supõe que naqueles
tempos, Portugal açambarcava todo o ouro bateado pelos lavageiros ou garimpado
nos veios das rochas. Supõe-se, também, que, em tempos posteriores, a
Inglaterra usurpou-o das bruacas lusitanas. Verdade é que o Reino estabelecia
impostos, arrecadados pela quintagem, com o fim de beneficiar o seu erário.
Os frades, contudo, não vieram para o Brasil com a
missão de catequizar. O Historiador Rocha Pombo, no passo já referido,
informa-nos que o Conde de Assumar, dentre as questões a enfrentar, tinha de se
haver com a da "expulsão de todos os religiosos regulares que não tivessem
naquela Província do seu domínio uma função certa, própria do seu
apostolado".
Tinham esses "religiosos" (frades
cognominados pela legislação romanista de "religiosos regulares")
outra incumbência bem diversa da apregoada e que causou graves prejuízos ao
Brasil. Vieram carrear ouro para o papa e para os seus conventos na Europa! O
ouro do Brasil, em grande parte, encontra-se ainda hoje em poder do Vaticano,
que o faz ocupar o segundo lugar mundial no mercado desse valor precioso, cujas
reservas o papa deposita no Federal Reserve Bank, em Washington..."
No livro "PODER-SE Á CONFIAR NOS
PADRES? " TAMBÉM DA AUTORIA DO DR. ANÍBAL PEREIRA DOS REIS, É DEMONSTRADA
A INCOMPETÊNCIA INTELECTUAL E MORAL DO CLERO ROMANO QUANDO SE PÕE A DITAR
NORMAS NO SENTIDO DAS REFORMAS DAS NOSSAS ESTRUTURAS SÓCIO-ECONÔMICAS. EM SEU
ÚLTIMO CAPÍTULO, INTITULADO "O SUPERCAPITALISMO ECLESIÁSTICO É AMEAÇADO
PELA INSTABILIDADE POLÍTICO-SOCIAL DA ITÁLIA", É PATENTEADO O HORROR DOS
SEUS MÉTODOS DE VAMPIRO PANTAGRUELICAMENTE GANANCIOSO E SÃO RELACIONADAS
ALGUMAS DE SUAS FABULOSAS E ATUAIS FONTES DE RIQUEZA.
Enquanto os brasileiros lutam
desesperadamente para escaparem dessa situação de sub-desenvolvimento,
estrangulante de nossas energias, o Ali-Babá do Vaticano se enriquece cada vez
mais à custa dos investimentos do ouro e de outras riquezas levadas do Brasil
pelos seus clérigos.
- o -
Fonte: http://web.prover.com.br/mbm/famarte/aparecida.html
Formatado em arquivo “RTF” por Betel Net –
www.gospelbr.net/betel com o objetivo de transferir as informações contidas em
sites evangélicos – Sem finalidade lucrativa.
© Os direitos autorais e de publicação do livro são
de propriedade de Edições Caminho de Damasco.
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(retorne a http://solascriptura-tt.org/Seitas/ Romanismo/
(retorne a http://solascriptura-tt.org/ Seitas/
retorne a http:// solascriptura-tt.org/ )
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.