SÁBADO OU DOMINGO: A OPÇÃO
CRISTÃ
Pr Airton Evangelista da Costa
Milhares de estudos já foram realizados sobre esse tema de certa forma polêmico.
As opiniões se dividem: de um lado, os que defendem a sacralidade do sábado,
exemplo dos Adventistas do Sétimo Dia; do outro, os demais cristãos, que
consideram o domingo como o dia do Senhor, tendo como principal razão a
ressurreição de Jesus, nesse dia. Vejamos quais os principais argumentos
apresentados pelos dois grupos (sábado, do hebraico shabbath, dia de cessação
do trabalho, de descanso). Em primeiro lugar vamos conhecer o que dizem os pró-sabáticos:
- O sétimo dia foi abençoado
e santificado por Deus e marcou o término de toda a Sua obra criadora (Gn
2.2-3).
- O Quarto Mandamento
declara que "o sétimo dia é sábado do Senhor teu Deus. Não farás
nenhum trabalho...pois em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e
tudo o que neles há, mas no sétimo dia descansou" (Êx 20.8-11).
- Jesus não aboliu a Lei
Moral, os Dez Mandamentos, escrita por Deus (Êx 31.18). A que foi cravada
na cruz (Ef 2.15) foi a lei cerimonial composta de ordenanças e ritualismo,
escrita por Moisés num livro (Dt 31.24-26; 2 Cr 35.12; Lc 2.22-23). Os
mandamentos morais são irrevogáveis porque perpétuos. Os mandamentos
cerimoniais, para observância de certos ritos, foram ab-rogados
(holocaustos, incenso, circuncisão).
- O fato de estarmos sob
a graça não nos desobriga da observância da Lei de Deus. Não é correto
dizermos que a graça existiu apenas a partir de Jesus: "... e a graça
que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos" (2 Tm 1.9).
Não existisse a graça no Antigo testamento, teriam sido salvos pelas obras
Adão, Noé, Moisés, Abraão, Enoque, Isaías, Daniel e outros?
- O novo mandamento dado
por Jesus (Jo 13.34) não ocupa o lugar do Decálogo, mas provê os crentes
com um exemplo do que é o amor altruísta. Jesus, na qualidade do grande EU
SOU, proclamou Ele próprio a Lei Moral do Pai, no Monte Sinai (Jo 8.58). Ao
jovem curioso, Ele disse: "Se queres, porém, entrar na vida, guarda os
mandamentos" (Mt 19.17).
Os que defendem a
sacralização do primeiro dia da semana - o domingo - como um dia santo, de
descanso, dedicado ao Senhor, apresentam os seguintes argumentos:
- Com a Sua morte Jesus
inaugurou uma Nova Aliança. Durante Sua vida terrena, Ele, judeu nascido
sob a lei (Gl 4.4), foi circuncidado e apresentado ao Senhor (Lc 2.21-22))
cumpriu a Páscoa (Mt 26.18-19), e assim por diante. Todavia, a partir da
cruz, a lei não mais tem domínio sobre nós.
- A lei serviu para nos
conduzir a Cristo: "Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo
beber ou por causa dos dias de festas, ou de lua nova, ou de sábados. Estas
coisas são sombras das coisas futuras; a realidade, porém, encontra-se em
Cristo" (Cl 2.16-17). "Mas, antes de chegar o tempo da fé, a Lei
nos guardou como prisioneiros, até ser revelada a fé que devia vir.
Portanto, a lei tomou conta de nós até que Cristo viesse para podermos ser
aceitos por Deus por meio da fé. Agora chegou o tempo da fé, e não
precisamos mais da Lei para tomar conta de nós" (Gl 3.23-25, Bíblia
Linguagem de Hoje).
- Diversas passagens bíblicas
são citadas pelos defensores da adoração dominical, para reforçar sua
tese de que vivemos sob uma Nova Aliança. A antiga Aliança cumpriu sua
finalidade. Exemplo: "O mandamento anterior é ab-rogado por causa da
sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e
desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a
Deus" (Hb 7.18-19). E mais: "Pois se aquela primeira aliança
tivesse sido sem defeito, nunca se teria buscado lugar para a Segunda... ela
não será segundo a aliança que fiz com seus pais no dia em que os tomei
pela mão, para os tirar da terra do Egito, porque não permaneceram naquela
minha aliança, e eu para eles não atentei, diz o Senhor. Dizendo nova
aliança, ele tomou antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado
e envelhecido, perto está de desaparecer" (Hb 8.7-13).
- Prestem atenção no
seguinte: "Pois Ele [Cristo Jesus] é a nossa paz, o qual de ambos os
povos fez um, e destruiu a parede de separação, a barreira de inimizade
que estava no meio, desfazendo na sua carne a lei dos mandamentos, que
consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo
homem..." (Ef 2.14-15). Os pró-sabáticos vêem aí uma distinção
entre as leis cerimoniais de Moisés, e os Dez Mandamentos. Estes não
teriam sido revogados. Os anti-sabáticos, regra geral, não fazem diferença,
mas consideram que os princípios morais dos Dez Mandamentos continuam sendo
pertinentes aos crentes de hoje, porém em outro contexto. Dizem, ainda, que
em diversas ocasiões "mandamentos cerimoniais" eram chamados de
lei do Senhor. São exemplos: holocaustos dos sábados e das Festas da Lua
Nova (2 Cr 31.3-4); Festa dos Tabernáculos (Nm 8.13-18); consagração do
primogênito (Lc 2.23-24).
- Não prevalece o
argumento da perpetuidade da guarda do sábado ("Os filhos de Israel
guardarão o sábado, celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua"
- Êxodo 31.16-17). Outras leis foram classificadas de "perpétuas"
e nem por isso se perpetuaram, como exemplo: a páscoa (Êx 12.24), a queima
de incenso (Êx 30.21), o sacerdócio Levítico (Êx 40.15), ofertas de paz
(Lv 3.17), sacrifício anual de animais (Lv 16.29,31,34), e outros.
- Os anti-sabáticos
levantam ainda os seguintes argumentos a seu favor: a) os primeiros cristãos
se reuniam e adoravam no domingo (At 20.7; 1 Co 16.1-2); b) Cristo
ressuscitou no primeiro dia da semana (Mc 16.9); c) as aparições de Jesus
pós-ressurreição ocorreram seis vezes no primeira dia da semana (Mt
28.1-8, Mc 16.9-11, 16.12-13, Lc 24.34, Mc 16.14, Jo 20.26-31); d) a visão
apocalíptica de João se deu no dia do Senhor, assim considerado o primeiro
dia da semana (Ap 1.10); o Espírito Santo desceu sobre a Igreja no domingo
(At 2.1-4).
- Nove dos Dez
Mandamentos foram ratificados no Novo Testamento, mas a guarda do sábado
foi excluída. Vejamos: 1) "Não terás outros deuses diante de
mim"(Êx 20.3) = "Convertei-vos ao Deus vivo"(At 14.15); 2)
"Não farás para ti imagem de escultura"(Êx 20.4) =
"Filhinhos, guardai-vos dos ídolos"(1 Jo 5.21); 3) "Não
tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão"(Êx 20.7) = "Não
jureis nem pelo Céu, nem pela terra"(Tg 5.12); 4) "Lembra-te do
dia do sábado, para o santificar"(Êx 20.8) = Sem ratificação no NT;
5) "Honra teu pai e a tua mãe"(Êx 20.12) = "Filhos,
obedecei vossos pais"(Ef 6.1); 6) "Não matarás"(Êx 20.13)
= "Não matarás"(Rm 13.9); 7) "Não adulterarás"(Êx
20.14) = "Não adulterarás"(Rm 13.9); 8) "Não furtarás"(Êx
20.15) = "Não furtarás"(Rm 13.9); 9) "Não dirás falso
testemunho"(Êx 20.16) = "Não mintais uns aos outros"(Cl
3.9)); 10) "Não cobiçarás"(Êx 20.17) = "Não cobiçarás"(Rm
13.9). Diante disso, os anti-sabáticos afirmam que a Nova Aliança não
indica um dia especial da semana para o descanso.
- Há quem divide o Decálogo
em duas partes: 1) Leis cerimoniais ou religiosas, as que tratam dos deveres
dos homens para com Deus (não ter outros deuses; não fazer imagens, nem
adorá-las; não blasfemar, e lembrar do sábado. 2) Leis morais ou sociais,
as que tratam da relação dos homens entre si (honrar os pais; não matar;
não adulterar; não furtar; não proferir falso testemunho, e não cobiçar
os bens e mulher do próximo. A guarda do sábado, como cerimônia, fora
anulada na cruz (Ef 2.14-15; Cl 2.14).
- As leis do Antigo
testamento, de um modo geral, foram feitas para os judeus, especialmente
para eles. São exemplos: a) "Tu, pois, fala aos filhos de Israel,
dizendo: Certamente guardareis meus sábados, porquanto isso é um sinal
entre mim e vós nas vossas gerações"(Êx 31.12-18); b) "O
Senhor, nosso Deus, fez conosco concerto, em Horebe...com todos os que hoje
aqui estamos vivos" (Dt 5.2-3).
CONCLUSÃO
Na sua Carta Apostólica DIES DOMINI, João Paulo II adota uma postura
conciliadora. Ele não toma partido na discussão dos aspectos moral e
cerimonial dos mandamentos; não alimenta a tese da revogação do sábado na
cruz, e sintetiza: "Mais que uma substituição do sábado, portanto, o
domingo é seu cumprimento, em certo sentido sua extensão e expressão completa
no encomendado desenvolvimento da história da salvação, que alcança real
culminância em Cristo".
Samuele Bacchiocchi,
Ph.D., professor de História da Igreja e de Teologia, na Universidade Andrews,
Estados Unidos, questionou a posição do papa, com o seguinte comentário:
"Nenhuma das alocuções do Salvador ressurreto revela alguma intenção de
instituir o domingo como o novo dia cristão de repouso e culto. Instituições
bíblicas tais como sábado, batismo e ceia têm origem em um ato divino que as
estabeleceu. Mas não existe ato semelhante para sancionar um domingo semanal
como memorial da ressurreição".
O mandamento do sábado
está associado à obra da criação, à saída do povo de Israel do Egito, e à
necessidade de descanso do homem. Vejam: "Pois em seis dias fez o Senhor o
céu e a terra...mas no sétimo dia descansou"(Êx 20.11); "Seis dias
trabalharás...mas no sétimo dia não farás nenhuma obra"(Êx 20.9-10);
"Lembra-te de que foste servo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus,
te tirou dali...e te ordenou que guardasses o dia de sábado"(Dt 5.15).
Sabemos que Deus
manifestou sua vontade e promulgou suas leis de forma gradual, escrevendo-as na
consciência (Rm 2.15), em tábuas de pedra (Ex 24.12), mediante Cristo, a
Palavra vivente (Jo 1.14), nas Escrituras (Rm 15.4; 2 Tm 3.16-17), e em nós,
como cartas vivas (2 Co 3.2-3). Tudo dentro do seu tempo e dentro do contexto do
Seu superior plano de salvação. Era imperioso que a saída daquele povo do
Egito e os grandiosos feitos de Deus fossem lembrados de geração em geração.
De igual modo a instituição da páscoa serviu para idêntica recordação.
Em nenhum momento o Novo
Testamento ordena o descanso sabático, apesar de ratificar os demais
mandamentos. Aliás, não nomeia diretamente qualquer dia da semana para adoração
e culto. Jesus em várias ocasiões passou por cima da lei sabática, curando
enfermos e permitindo que seus discípulos colhessem espigas para comer, no dia
santo (Lc 13.14; 14.1-6; Mt 12.1,10). Interrogado por isso, Ele disse: "O sábado
foi feito para o homem, e não o homem por causa do sábado" (Mc 2.27).
Também disse: "Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor'' (Mt
12.8).
Os primeiros cristãos
adotaram o domingo para descanso, recolhimento espiritual e adoração a Deus, e
chamaram-no de "o dia do Senhor" (At 20.7; 1 Co 16.1-2; Ap 1.10),
clara referência ao dia em que o "Senhor do sábado" ressuscitou.
Nada melhor do que seguirmos o exemplo dos apóstolos, guiados como foram pelo
Espírito Santo.
Se judeus ainda não
convertidos recolhem-se no sábado para recordarem a libertação do Egito,
motivos bem maiores temos nós para nos recolhermos em Cristo, no dia de Sua vitória
sobre a morte, para darmos graças pela remissão de nossos pecados e libertação
de nossas almas do domínio do diabo.
Sopesados os prós e os
contras, entendemos que o dia de descanso e culto pode recair no sábado ou no
domingo, observado o princípio de trabalhar seis dias e descansar um. Não
vemos pecado na consagração do sábado ou do domingo, desde que o dia
escolhido não seja apenas um formalismo. Sábado ou domingo, sem propósito, não
passam de mais um dia de lazer. Da mesma forma, jejum sem propósito é dieta.
Julgamos que a opção pela escolha do dia ficou manifesta nas seguintes
palavras de Paulo:
"Mas agora,
conhecendo a Deus, ou antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a
esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais
dias, e meses, e tempos, e anos"
(Gl 4.9-10).
"Portanto, ninguém
vos julgue pelo comer, ou pelo beber ou por causa dos dias de festa, ou de lua
nova, ou de sábados. Estas são sombras das coisas futuras; a realidade, porém,
está em Cristo" (Colossenses 2.16-17).
Airton Evangelista da Costa, Pastor da Assembleia
de Deus Palavra da Verdade, em Aquiraz (CE) E-Mail: aecosta@secrel.com.br
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(retorne a http://solascriptura-tt.org/
Seitas/
retorne a http://
solascriptura-tt.org/
)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.