Nº 57
Pregado
na manhã de domingo, 23 de Dezembro, 1855,
Por
Charles Haddon Spurgeon,
Em
New Park Street Chapel, Southark – Londres.
"E
tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o
que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os
dias da eternidade." Miquéias 5:2
Essa é a época do ano quando, querendo ou não, estamos obrigados a pensar no
nascimento de Cristo. Considero que é uma das coisas mais absurdas debaixo do
céu pensar que existe religião quando se guarda o dia de Natal. Não há nenhuma
probabilidade de que nosso Salvador Jesus Cristo tenha nascido nesse dia, e a
observância dele é puramente de origem papal - sem dúvida os que são católicos
tem o direito de reivindicar-lo - mas não posso entender como os protestantes
consistentes podem ter-lo de alguma maneira como sagrado. No entanto, eu
desejaria que houvesse dez ou doze dias de Natal ao ano – porque há suficiente
trabalho no mundo e um pouco mais de descanso não faria mal ao povo
trabalhador.
O dia de Natal é realmente uma benção para nós, particularmente porque nos
congrega em redor da lareira de nossas casas e nos reunimos uma vez mais com
nossos amigos. No entanto, ainda que não seguimos os passos de outras pessoas,
não vejo dano algum em pensarmos na encarnação e no nascimento do Senhor Jesus.
Não queremos ser classificados entre aqueles que:
"Colocam
mais cuidado em guardar o dia de festa
De
maneira incorreta
Que
o cuidado que outros têm
para
guardar-lo de maneira correta"
Os antigos puritanos faziam ostentação do trabalho no dia de Natal, só para
mostrar que protestavam contra a observação desse dia. Mas nós cremos que
protestavam tão radicalmente, que desejamos como descendentes seus aproveitar o
bem acidental conferido há esse dia, e deixar que os supersticiosos sigam com
suas superstições.
Vou de imediato ao ponto que tenho que comentar-lhes. Vemos, em primeiro lugar,
quem foi o que enviou Cristo. Deus o Pai fala aqui, e diz: "de
ti me sairá o que governará em Israel." Em segundo
lugar, de onde veio no momento de Sua encarnação?
Em terceiro lugar, para que veio? "Para
governar em Israel". Em quarto lugar, já
tinha vindo antes? Sim, já o tinha feito. "cujas
saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade."
I. Então,
em primeiro lugar, QUEM ENVIOU CRISTO? A resposta nos é dada pelas próprias
palavras do texto: "De ti",
diz o Senhor, falando pela boca de Miquéias, "de
ti me sairá." É um doce pensamento que Jesus Cristo
não veio sem a permissão, autoridade, consentimento e ajuda de seu Pai. Foi
enviado pelo Pai para ser o Salvador dos homens. Ai! Estamos inclinados a
esquecer que, se é certo que existe distinções enquanto às Pessoas da Trindade,
não existe distinção no que toca a honra – e frequentemente atribuímos a honra
de nossa salvação, ou pelo menos as profundidades de Sua misericórdia e o
extremo de Sua benevolência, muito mais a Jesus Cristo do que ao Pai. Esse é um
grande erro. Jesus veio? Por acaso o Pai não foi quem o enviou? E se foi
convertido em um bebê, acaso não foi o Espírito Santo que o gerou? Se falou
maravilhosamente, não teria sido o Pai que derramou graça em Seus lábios, para
que fosse um capacitado ministro do novo pacto?
Se Seu Pai o abandonou quando tomou a amarga copa de fel, acaso não o amava? E
depois de três dias, não Lhe levantou dos mortos e O recebeu no alto, levando
cativo o cativeiro? Ah, amados irmãos, quem conhece ao Pai, o Filho, e o
Espírito Santo como deveria conhecer-lhes, nunca coloca Um em detrimento do
Outro – não está mais agradecido a Um do que com Outro – Vê a Eles todos em
Belém, em Getsemani e no Calvário, Todos igualmente envolvidos na obra de
salvação. "De ti me sairá."
Oh cristãos, têm colocado sua segurança unicamente Nele? E, está unido a Ele?
Então, deve crer que está unido ao Deus do céu – posto que vocês são irmãos do
homem Cristo Jesus, e têm uma íntima relação com Ele, então, por essa razão, estão
ligados ao Deus eterno, e "o Ancião de
dias" é Pai e amigo de vocês. "De
ti ME sairá"
Por acaso você nunca viu a profundidade do amor que havia no coração do Senhor,
quando Deus Pai preparou Seu Filho para a grandiosa empreitada de misericórdia?
No céu, houve um triste dia quando Satanás caiu, e levou consigo um terço das
estrelas do céu, quando o Filho de Deus, lançado de Sua grandiosa destra dos
trovões onipotentes, lançou o grupo rebelde ao fosso de perdição – porem, se
pudéssemos conceber uma pena no céu, deve ter sido num dia mais triste quando o
Filho do Altíssimo deixou o seio de Seu Pai, onde havia descansado desde antes
de todos os mundos. "Vê", disse o
Pai, "com a benção de teu Pai sobre Tua cabeça!" Logo
vem o despojar de seus vestidos. Como os anjos se reúnem em volta, para ver ao
Filho de Deus tirar suas vestes! Colocou de um lado Sua coroa - disse
"Pai, eu sou Senhor de tudo, bendito para sempre – porem, vou deixar minha
coroa de lado, e serei como os homens mortais." Despoja-se
de sua brilhante veste de glória – "Pai," diz "colocarei
uma roupa de barro, da mesma que os homens usam." Logo,
se despe de todas Suas jóias com as quais era glorificado – coloca de lado Seus
mantos bordados de estrelas e suas túnicas de luz, para vestir-se com a simples
roupa do campesino da Galiléia. Quão solene deve ter sido esse despojar!
Em seguida, podem imaginar a separação? Os anjos servem ao Salvador ao largo
das ruas, até que se aproximam das portas, quando um anjo exclama: "Levantai,
ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e sairá o Rei da
Glória." Oh! Sou do parecer que os anjos devem ter
chorado quando perderam a companhia de Jesus – quando o Sol do Céu lhes
arrebatou toda Sua luz. Porem, o seguiram. Desceram com Ele – e quando Seu
espírito entrou na carne, e se converteu em bebê, foi servido por esse poderoso
exército angelical - esses que depois de terem estado com Ele no casebre de
Belém, e depois de ver-lhe descansar no peito de Sua mãe, em seu caminho de
volta ao alto, apareceram para os pastores e disseram para eles que tinha
nascido o Rei dos judeus. O Pai o
enviou! Contemplem esse tema. Suas almas devem se agarrar nesse ponto, e em
cada período de Sua vida pensem que Ele sofreu o que o Pai assim quis – que
cada passo de Sua vida foi marcado com a aprovação do grandioso EU SOU. Cada
pensamento que tenham sobre Jesus deve estar conectado com o Deus eterno,
sempre bendito; pois "Ele," disse
o Senhor, "ME sairá." Então,
quem o enviou? A reposta: o Pai.
II. Agora,
em segundo lugar, DE ONDE VEIO? Uma palavra ou duas relativas à Belém. Foi
considerado bom e adequado que nosso Salvador nascesse em Belém, e isso devido
à história dessa cidade, ao nome de Belém, e a posição de Belém: pequena em
Judá
1) Em
primeiro lugar, considerou-se que Cristo nascesse em Belém, devido
à história de Belém. A pequena aldeia de Belém era muito
querida para todo israelita. Jerusalém podia brilhar mais que ela em esplendor,
pois ali estava o Templo, a glória de toda a terra, e "formosa
província, o gozo de toda terra, é o Monte Sião" –
no entanto, em torno de Belém aconteceu um número de incidentes que a
converteram para sempre em um lugar agradável de descanso para mente de cada
judeu. Até mesmo o cristão não pode deixar de amar Belém.
Creio que a primeira menção que temos de Belém é triste. Ali morreu Raquel. Se
buscarem no capítulo 35 de Gênesis, encontrarão que o versículo 16 diz:
Partiram
de Betel; e havia ainda um pequeno espaço de terra para chegar a Efrata, e deu
à luz Raquel, e ela teve trabalho em seu parto. E aconteceu que, tendo ela
trabalho em seu parto, lhe disse a parteira: Não temas, porque também este
filho terás. E aconteceu que, saindo-se-lhe a alma (porque morreu), chamou-lhe
Benoni; mas seu pai chamou-lhe Benjamim. Assim morreu Raquel, e foi
sepultada no caminho de Efrata; que é Belém. E Jacó pôs uma coluna sobre a
sua sepultura; esta é a coluna da sepultura de Raquel até o dia de hoje. (Genesis
35:16-20)
Esse é um incidente singular: quase profético. Não teria podido Maria ter
chamando a seu próprio filho Jesus de seu Benoni? Pois ele ia ser "o
filho de minha dor."
Simão lhe disse: (E uma espada traspassará também a tua
própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações. (Lucas
2:35) Mas, ainda que ela podia ter-lhe chamado Benoni, como Deus seu Pai o
chamou? Benjamim, o filho de minha mão direita – Benjamim enquanto a Sua
divindade. Esse pequeno incidente parece ser quase uma profecia que Benoni:
Benjamim, o Senhor Jesus, devia nascer em Belém
Porem, outra mulher faz esse lugar celebre. O nome dessa mulher era Noemi. Ali
em Belém, em dias posteriores, viveu essa mulher ,de nome Noemi, quando talvez
a pedra que o amor de Jacó por Raquel tinha levantado já estivesse coberta pelo
musgo e sua inscrição talvez já borrada pelo tempo. Ela também foi uma filha de
gozo, mas também foi uma filha de amargura. Noemi foi uma mulher que o Senhor
tinha amado e abençoado, mas ela teve que marchar a uma terra estranha; e ela
disse: "Não me chameis Noemi; chamai-me Mara;
porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso" (Rute
1:20) No entanto, ela não estava sozinha em meio de todas suas perdas, pois
agarrou-se a ela Rute, a moabita, cujo sangue gentil devia se unir com a
torrente pura e sem mancha do judeu, que devia gerar ao Senhor nosso Salvador,
o grandioso Rei tanto dos judeus como dos gentios.
O belíssimo livro de Rute tinha todo seu cenário em Belém. Foi em Belém que
Rute saiu a recolher espigas nos campos de Boaz; foi ali que Boaz a olhou, e lá
que ela se prostrou em terra diante de seu senhor; foi ali que foi celebrado
seu matrimonio, e nas ruas de Belém, Boaz e Rute receberam uma bênção que os
fez frutíferos, de tal forma que Boaz converte-se no pai de Obede, e Obede pai
de Jessé, e Jessé gerou a Davi. Esse último feito cinge Belém com glória: o
fato de Davi ter nascido ali – o poderoso herói que matou ao gigante filisteu,
que livrou aos descontentes de sua terra da tirania de seu monarca, que depois,
com pleno consentimento de um povo que assim o queria, foi coroado rei de
Israel e de Judá.
Belém era uma cidade real, porque reis foram gerados ali. Ainda que Belém fosse
pequena, tinha muito para ser estimada – porque era como certos principados que
temos na Europa, que não são celebrados por nada a não ser terem gerado
consortes das famílias reais da Inglaterra. Era um direito, então, pela história,
que Belém devia ser o lugar do nascimento de Cristo.
2) Mais
adiante, existe algo no nome do lugar. "Belém
Efrata." A palavra "Belém" tem um
duplo significado: quer dizer "casa de pão," e "casa
da guerra." Cristo não devia nascer na "casa
do pão?" Ele é o pão de seu povo, de Quem
recebe seu alimento. Como nossos pais comeram o maná no deserto, assim nós
vivemos de Cristo aqui embaixo. Famintos frente ao mundo, não podemos
alimentar-nos de suas sombras, pois eles são porcos; já nós precisamos de algo
mais substancial, e nesse pão do céu, feito do corpo ferido de nosso Senhor
Jesus, e cozido no forno de Suas agonias, encontramos um bendito alimento. Não
existe alimento como Jesus para a alma desesperada ou para o mais forte dos
santos. O mais humilde da família de Deus, vá a Belém por seu pão – e o homem
mais forte, que come sólidos alimentos, vá a Belém por eles.
Casa do Pão! De onde poderia vir nosso alimento fora de Ti? Temos provado ao
Sinai, porem em seus picos afiados não crescem frutos, e suas alturas
espinhosas não produzem o trigo que possa alimentar-nos. Fomos ao próprio
Tabor, onde Cristo foi transfigurado, e, no entanto, ali não fomos capazes de
comer Sua carne e beber Seu sangue.
Porem, você, Belém, casa de pão, corretamente foi nomeada – pois ali se lhe deu
ao homem pela primeira vez o pão da vida. E também é chamada "a
casa da guerra;" porque Cristo é para os homens "casa
do pão", ou do contrário, "casa
da guerra." Enquanto Ele é alimento para o justo,
faz guerra ao ímpio, segundo Sua própria palavra: "Não
cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu
vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora
contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares." (
Mateus10:34-36)
Pecador! Se não conheces Belém como "a casa do pão", então
ela será para ti uma "casa de guerra."
Se nunca bebes o doce mel dos lábios de Jesus – se não és como a abelha que
sorve do delicioso e doce licor da Rosa de Saron, então, dessa mesma boca sairá
uma espada de dois gumes contra ti – e essa mesma boca da quão os justos sacam
seu pão, será para ti a boca da destruição e a causa de teu mal.
Jesus de Belém, casa de pão e casa de guerra, nós confiamos em que lhe
conhecemos como nosso pão. Oh, que alguns que não estão em guerra Contigo
possam ouvir em seus corações, assim como em seus ouvidos, o hino:
"Paz
na terra, e indulgente Misericórdia;
Deus
e os pecadores reconciliados."
Agora, vamos nos referir a essa palavra: "Efrata".
Esse era o antigo nome do lugar, que os judeus conservavam e amavam. Seu
significado é "Fecundidade" ou
"abundância" Ah! Que adequado foi
que Jesus nascera na casa da fecundidade – pois, de onde vem minha fertilidade
e sua fertilidade, meu irmão, senão de Belém? Nossos pobres corações
infrutíferos nunca produziram nenhum fruto, nenhuma flor, até que foram regados
com o sangue do Salvador.
É a sua encarnação que enriquece o solo de nossos corações. Por toda terra
havia espinhas salientes, e venenos mortais, antes que Ele viesse – porem nossa
fertilidade vem Dele. "Sou como a faia verde; de mim é
achado o teu fruto." (Oséias 14:8) "todas
as minhas fontes estão em ti." (Salmo 87:7) Se nós
somos como arvores plantadas junto à corretes de águas, dando fruto na estação
própria, não é porque tenhamos sido naturalmente frutíferos, mas antes, por
causa das correntes de águas juntos as quais fomos plantados.
Jesus é que nos faz fecundos. "Quem está em
mim, e eu nele, esse dá muito fruto" (João 15:5)
Gloriosa Belém Efrata! Bem nomeada! Fértil casa de pão – a casa de abundante
provisão para o povo de Deus!
3) Continuando,
notemos a posição de Belém. É
dito que é "pequena para estar entre as famílias
de Judá." Por que é dito isso? Porque Jesus
Cristo sempre vai em meio dos pequenos. Ele nasceu na pequena aldeia "para
estar entre as famílias de Judá." Não na alta colina de
Basã, nem no monte real de Hebron, nem nos palácios de Jerusalém, mas sim na
humilde, porem ilustre, aldeia de Belém.
Há uma passagem em Zacarias que nos ensina uma lição: diz que um varão que
cavalgava sobre um cavalo vermelho, estava entre as murtas que estavam na baixada.
(Zacarias 1:8-10) Agora, as murtas crescem nas baixadas – e o homem cavalga seu
cavalo sempre trota ali. Ele não vai por cima da montanha – Ele cavalga entre
os humildes de coração. "Olharei, para o pobre
e abatido de espírito, e que treme da minha palavra." (Isaías
66:2)
Há alguns pequenos entre nós hoje: "pequena para se achar
entre os milhares de Judá." Ninguém escutou antes
o nome de vocês, não é verdade? Se os enterram e escrevem seus nomes em suas
tumbas, passariam despercebidos. Os que passassem ali diriam: "esse
não significa nada para mim: nunca o conheci."
Não sabe muito de si próprio, nem possui uma grande opinião sobre você mesmo –
talvez a duras penas possa ler. Ou, se têm algumas habilidades e talentos, é
desprezado pelos homens – ou, se não é depreciado por eles, você se despreza a
si próprio. É um dos pequenos. Bem, Cristo sempre nasce em Belém entre os
pequeninos. Cristo nunca entra nos grandes corações – Cristo não habita nos
grandes corações, mas nos pequeninos. Os espíritos poderosos e orgulhosos nunca
têm a Jesus Cristo, pois Ele entra por portas baixas, e nunca entrará por
portas altas e elevadas.
Quem tem um coração quebrantado, e um espírito humilhado, terá ao Salvador, e
ninguém mais. Ele não cura nem ao príncipe nem ao rei, mas sim, mas "ele
sara aos quebrantados de coração e ata-lhes suas feridas" (Salmo
147:3). Que doce pensamento! Ele é o Cristo dos pequeninos. "E
tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o
que governará em Israel."
Não podemos abandonar esse ponto sem outro pensamento aqui, quão
maravilhosamente misteriosa foi essa providência que trouxe a mãe de Jesus
Cristo para Belém, no mesmo momento que ia dar a luz! Seus
pais moravam em Nazaré – e com que motivo teriam desejado viajar nessa hora?
Naturalmente, teriam ficado em casa – não é nada provável que sua mãe teria
feito uma viagem a Belém encontrando-se nessa condição especial. Porem, Augusto
César promulga um edito que todo o mundo deve ser recenseado. Muito bem, então
que sejam recenseados em Nazaré. Não – agradou a Ele que todos deveriam ir para
Sua cidade. Mas, por que Augusto pensou nisso precisamente nesse momento em
especial? Simplesmente porque enquanto o homem pensa seu caminho, o coração do
rei está nas mãos do SENHOR. (Provérbios 21:1)
Mil variáveis se relacionaram entre si, como diz o mundo, para produzir esse
evento! Antes de tudo, César tem uma disputa com Herodes – certo alguém da
família de Herodes foi deposto. César diz: "Vou
impor impostos à Judéia, e vou convertê-la em uma província, em vez de
manter-la um reino separado." Pois bem, tinha que
se fazer assim. Mas, quando isso deve ser feito? Essa lei impositiva, se diz,
começou quando Cirino era governador da Síria. Porem, por que deve ser levada a
cabo nesse exato momento, suponhamos, que em Dezembro? Por que não foi feito no
mês de Outubro? E, por que o povo não poderia ser recenseado no local onde
residia? Não era seu dinheiro tão bom ai onde se vivia como em qualquer outro
lugar? Era um capricho de César; porem era o decreto de Deus.
Oh, nós amamos a sublime doutrina da absoluta predestinação eterna. Alguns têm
duvidado que seja consistente com o livre-arbítrio do homem. Bem sabemos que é
assim e nunca vimos nenhuma dificuldade no assunto – cremos que os filósofos
metafísicos são os que têm criado as dificuldades – nós não enxergamos nenhum
problema. Corresponde-nos crer que o homem faz o que lhe bem parece, mas, no
entanto, "para isto mesmo te levantei; para em
ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra."
(Romanos 9:17) O homem faz o que quer – mas Deus também faz com que o homem
faça o que Ele quer. E mais, não só
a vontade do homem está debaixo da absoluta predestinação do SENHOR, antes,
todas as coisas, grandes ou pequenas, são Dele. Bem disse o bom poeta: "sem
dúvida, o navegar de uma nuvem tem a Providência como seu piloto; sem dúvida a
raiz de um carvalho é encaroçada devido a um especial propósito, Deus rodeia
todas as coisas, cobrindo o globo terrestre como o ar." Não
existe nada grande ou pequeno, que não seja Dele.
O pó do verão move-se em sua rota, guiado pela mesma mão que dispersa às
estrelas pela extensão do céu – as gotas de orvalho têm seu Pai, e cobrem a
pétala da rosa conforme Deus o ordena; sim, as folhas secas do bosque, quando
são esparramadas pela tormenta, têm uma posição assinalada de onde devem cair,
e não podem modificar ela. No que é grande e no pequeno, Deus ali está: Deus em
tudo, fazendo todas as coisas de acordo ao conselho de Sua própria vontade; e
ainda que o homem busque ir contra seu Criador, ele não pode tal coisa.
Deus tem colocado um limite ao mar com uma barreira de areia; e se o mar
levanta uma onda trás outra, no entanto, não excederá seu limite assinalado.
Tudo é de Deus; e a Ele, que guia as estrelas e dá asas aos pardais, que
governa os planetas e também move os átomos, que fala trovões e sussurra
brisas, a Ele seja a glória, pois Deus está em cada coisa.
III. Isso
nos leva ao terceiro ponto: PARA QUE VEIO JESUS? Ele veio para ser "governador
em Israel." É algo muito singular que se dissera
de Jesus Cristo que era "nascido o rei dos
judeus." Poucos alguma vez "nasceram
reis." Alguns homens nascem como príncipes,
mas é coisa rara nascerem como reis. Não creio que se encontre algum caso na
história onde um menino tenha nascido rei. Nasceu como Príncipe de Gales,
talvez, e teve que esperar anos, até que seu pai morresse, e então fizessem do
herdeiro rei, pondo uma coroa na sua cabeça, e uma crisma sagrada, e outras
estranhas coisas desse tipo; mas não nasceu rei. Não recordo de ninguém que
tenha nascido rei, exceto Jesus – e existe um significado enfático nesse verso
que cantamos:
"Nascido
para libertar Teu povo;
Nascido
menino, mas, no entanto, rei"
No instante que veio à terra Ele era um rei. Não teve que esperar sua
maioridade para poder assumir Seu império – mas tão pronto como Seu olho saudou
a luz do sol, era rei – desde o instante que Sua pequeninas mãos tomaram alguma
coisa, tomaram um cetro; logo que seu pulso pulsou, e Seu sangue começou a
fluir, seu coração bradou com batidas reais, e seu pulso pulsou com uma medida
imperial, e seu sangue fluiu em uma corrente de realeza. Ele nasceu rei. Veio
para "governar em Israel." "Ah!" dirá
alguém, "então veio em vão, pois exerceu muito pouco
seu governo, pois 'Veio para o que era seu, e os seus não o receberam,'(João
1:11) veio a Israel mas não foi seu Rei, antes foi mais bem 'desprezado, e o
mais rejeitado entre os homens' ( Isaias 53:3) rejeitado por todos eles, e
abandonado por Israel, por quem veio."
Ai, mas "nem todos os que são de Israel são
israelitas;" (Romanos 9:6), nem tampouco porque
sejam da semente de Abraão são todos também chamados. Ah, não! Ele não é Senhor
de Israel segundo a carne, antes que, é Senhor de Israel segundo o espírito.
Muitos lhe obedeceram em seu caráter de Senhor. Por acaso os apóstolos não se
inclinaram diante Ele, e lhe reconheceram como rei? E agora, Israel não o saúda
como seu Senhor? Acaso toda a semente de Abraão segundo o espírito, todos os
crentes, pois ele é o "pai dos crentes," não
reconhecem que a Cristo pertencem os escudos dos poderosos, pois Ele é o Rei de
toda a terra? Não governa em Israel? Ai sim, Ele verdadeiramente reina; e
aqueles que não são governados por Cristo não são de Israel. Ele veio para ser
Senhor de Israel.
Meu irmão, já se submeteu ao governo de Jesus? É Senhor de seu coração, ou não?
Podemos conhecer a Israel por isso: Cristo veio a seus corações, para ser
Senhor deles. "Oh" dirá
alguém, "faço o que me dá na telha, nunca
estive debaixo da servidão de ninguém." Ah! Então você
odeia ao senhorio de Cristo. "Oh", dirá
outro, "me submeto a meu ministro, a meu
clérigo, a meu sacerdote, e penso que o que me diz é suficiente, pois ele é meu
senhor." É assim? Ah! Pobre escravo, não
conhece sua dignidade; pois ninguém é seu senhor legal senão o Senhor Jesus Cristo. "Ai," diz
outro, "professei Sua religião, e sou Seu
seguidor." Mas, governa Ele em seu coração? Tem
Ele o comando de seu coração? Ele guia seu juízo? Você busca em Sua mão o
conselho quando prova dificuldades? Está desejoso de honra-Lhe, e colocar coroas
sobre Sua cabeça? Ele é seu Senhor? Se for assim, então você é um dos de
Israel; pois está escrito: "governará em
Israel."
Bendito Senhor Jesus! Tu és Senhor nos corações dos que são Teu povo, e sempre
o serás; não queremos outro senhor, salvo a Ti, e não nos submetemos a ninguém
mais, alem de Ti. Somos livres, posto que somos servos de Cristo; estamos em
liberdade, já que Ele é nosso Senhor, e não conhecemos nenhuma servidão nem
alguma escravidão, porque somente Jesus Cristo é o monarca de nossos corações.
Ele veio para ser "Senhor em Israel;" e
atente bem, essa Sua missão não está, todavia, terminada, e não o estará até as
glórias futuras. Dentre de pouco verão Cristo vir de novo, para ser Senhor
sobre Seu povo Israel, e governar sobre eles, não somente como o Israel
espiritual, mas também como o Israel natural, pois os judeus serão restaurados
a sua terra, e as tribos de Jacó cantarão nas naves de seu templo; a Deus serão
oferecidos novamente hinos hebreus de louvor, e o coração do judeu incrédulo será
derretido aos pés do verdadeiro Messias.
Em breve, Aquele que em Seu nascimento foi saudado como rei dos judeus por
certos orientais, e de Quem em Sua morte um ocidental escreveu "Rei
dos Judeus", será chamado rei dos judeus em todas as
partes; sim, Rei dos judeus e também dos gentios; nessa monarquia universal,
cujo domínio se estenderá por todo o globo da Terra, e cuja duração será sem
tempo. Ele veio para ser Senhor em Israel, e com toda certeza será Senhor,
quando reine gloriosamente em Seu povo, com todos seus antepassados.
IV. E
agora, o ultimo ponto é, JESUS CRISTO JÁ VEIO ALGUMA VEZ ANTES? Respondemos que
sim, pois nosso texto diz: "... e cujas saídas
são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade." (Miquéias
5:2)
Primeiro ponto, Cristo teve Suas saídas em Sua divindade.
"desde os dias da eternidade." Ele
não tinha sido uma pessoa secreta e silenciosa até esse momento. Esse menino
recém-nascido fez maravilhas desde muito tempo antes; esse bebê dormindo nos
braços de Sua mãe, hoje é bebê, mas é o Ancião da eternidade; esse menino que
está ali não fez Sua primeira aparição no cenário desse mundo; Seu nome,
todavia, não tinha sido escrito no registro dos circuncidados; porem, ainda que
não o saibas, as "saídas são desde os tempos
antigos, desde os dias da eternidade."
1) Desde
tempos antigos, Ele saiu como nossa cabeça do pacto na eleição, "nos
elegeu nele antes da fundação do mundo" ( Efésio 1:4)
"Cristo
seja Meu primeiro eleito, disse,
E
logo elegeu nossas almas em Cristo
nossa
Cabeça"
2) Ele
saiu por Seu povo, como seu representante diante do trono, ainda antes que esse
povo fosse gerado no mundo. Foi desde a eternidade que Seus poderosos dedos
tomaram a pluma, e a caneta das eras, e escreveram Seu próprio nome, o nome do
eterno Filho de Deus – foi desde a eternidade que firmou o pacto com seu Pai,
no qual pagaria sangue por sangue, ferida por ferida, sofrimento por
sofrimento, agonia por agonia, e morte por morte, em favor de Seu povo – foi
desde a eternidade que Ele se entregou a Si mesmo, sem murmurar uma palavra,
que desde Sua cabeça até a planta dos Seus pés suaria sangue, que seria
cuspido, transpassado, burlado, seria partido em dois, sofreria a dor da morte,
e as agonias da cruz. Suas saídas como nossa garantia foram desde a eternidade.
Faça uma pausa, alma, e assombre-se! Você teve saídas na pessoa de Jesus desde
a eternidade. Não somente quando nasceu nesse mundo que Cristo lhe amou, porem,
Seus deleites estavam com os filhos dos homens desde antes que houvesse filhos
dos homens. Frequentemente pensava neles – de eternidade a eternidade Ele tinha
posto Seu afeto neles. Como então, crente, Ele esteve envolvido em sua salvação
desde muito tempo atrás, e não vai alcançar-la? Desde a eternidade Ele saiu
para salvar-me, e vai me perder agora? Como? Tem-me em Sua mão, como Sua jóia
preciosa, e deixará que resvale em meio de Seus preciosos dedos? Elegeu-me
antes que as montanhas fossem colocadas, ou que os canais das profundezas
fossem esculpidos, e agora me perderá? Impossível!
"Meu
nome das palmas de Suas mãos
A
eternidade não pode apagar;
Gravado
em Seu coração permanece
Com
marcas de graça inapagáveis"
Estou seguro que não me amaria durante tanto tempo, para logo após deixar de
fazê-lo. Se tivesse a intenção de se cansar de mim, já o teria feito há muito.
Se não tivesse me amado com um amor tão profundo como o inferno e tão
inexpressável como a tumba, se não tivesse dado todo Seu coração, estou seguro
que já teria me abandonado há muito! Ele sabia o que eu seria, e Ele teve muito
tempo para considerar isso; mas eu sou Seu eleito, e isso é definitivo. E,
apesar de indigno como sou, não me é dado resmungar, se Ele está contente
comigo. Porem, Ele está contente comigo: deve estar satisfeito comigo – pois
Ele me conheceu o suficiente para conhecer minhas falhas. Ele me conheceu antes
que eu me conhecera - sim, Ele me conheceu antes que eu existisse. Antes que
meus membros fossem formados, foram escritos em Seu livro: "Os
teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas
foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma
delas havia." (Salmos 139:16) Seus olhos de afeto
focaram nesses membros. Ele sabia quanto mal eu ia me portar com Ele, e no
entanto tem seguido amando-me:
"Seu
amor de tempos passados me impede
de
pensar,
Que
me deixará ao fim em problemas que me
afoguem."
Não – já que "suas saídas são desde o principio,
desde os dias da eternidade," serão "até
a eternidade."
Em segundo lugar, cremos que Cristo tem saído desde tempos remotos aos homens,
de tal forma que os homens o viram. Não me deterei para dizer-lhes que foi
Jesus Quem passeava no jardim do Éden, ao ar livre, pois Seus deleites estavam
com os filhos dos homens – nem vou me demorar assinalando-lhes todas as
diversas maneiras em que Cristo saiu em Seu povo na forma de anjo da aliança, o
Cordeiro pascal, a serpente de bronze, a sarça ardente, e outros dez mil tipos
com os quais a história sagrada está tão repleta – porem, prefiro mostrar-lhes
quatro ocasiões especificas quando Jesus Cristo nosso Senhor apareceu na terra
como um homem, antes de Sua grandiosa encarnação para nossa salvação.
E, primeiro, rogo que vamos ao capitulo 18 de Genesis, onde Jesus Cristo
apareceu a Abraão, de quem lemos:
"Depois
apareceu-lhe o SENHOR nos carvalhais de Manre, estando ele assentado à porta da
tenda, no calor do dia. E levantou os seus olhos, e olhou, e eis três homens em
pé junto a ele. E vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro e
inclinou-se à terra, E disse: Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus
olhos, rogo-te que não passes de teu servo." (
Genesis 18: 1-3)
Porem, ante quem se inclinou? Disse: "Senhor" só
a um deles. Havia um homem no meio deles mais eminente devido Sua glória, pois
se tratava do Deus-homem Cristo – os outros dois eram anjos criados, que tinha
assumido a aparência de homens temporariamente. Mas esse era o homem
Jesus: "E disse: Meu Senhor, se agora tenho
achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo. Que se traga
já um pouco de água, e lavai os vossos pés, e recostai-vos debaixo desta
árvore;" (Genesis 18:3-4) Notaram que esse
homem majestoso, essa pessoa gloriosa, se deteve para falar com Abraão? No
versículo 22, é dito: "Então viraram aqueles homens os
rostos dali, e foram-se para Sodoma; mas Abraão ficou ainda em pé diante da
face do SENHOR." Observaram que esse homem, o Senhor,
manteve uma doce comunhão com Abraão, e permitiu-lhe interceder pela cidade que
estava a ponto de destruir. Estava positivamente como um homem. De tal forma
que quando caminhou nas ruas da Judéia, não era primeira vez que era um homem –
já o tinha sido antes, "nos carvalhais de Manre...
no calor do dia."
Há outro exemplo – sua aparição a Jacó, que temos registrada no capítulo 32 de
Genesis, no versículo 24. Toda sua família tinha partido: "Jacó,
porém, ficou só; e lutou com ele um homem, até que a alva subiu. E vendo este
que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a
juntura da coxa de Jacó, lutando com ele. E disse: Deixa-me ir, porque já a
alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares. E
disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. Então disse: Não te chamarás
mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e
prevaleceste." ( Genesis 32:24-28) Esse era um homem,
e, no entanto, era Deus. "pois como príncipe lutaste
com Deus e com os homens, e prevaleceste."E
Jacó sabia que esse homem era Deus, pois disse no versículo 30:
"Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva."
Encontrarão outro exemplo no livro de Josué.
Quando Josué atravessou a baixa corrente do Jordão, e entrou na terra
prometida, e estava a ponto de tirar fora os cananeus, veja só, esse poderoso
homem-Deus apareceu a ele! No capítulo 5, no versículo 13, lemos: "E
sucedeu que, estando Josué perto de Jericó, levantou os seus olhos e olhou; e
eis que se pôs em pé diante dele um homem que tinha na mão uma espada nua; e
chegou-se Josué a ele, e disse-lhe: És tu dos nossos, ou dos nossos inimigos? E
disse ele: Não, mas venho agora como príncipe do exército do SENHOR." E
Josué viu imediatamente que havia divindade Nele, pois "se
prostrou com o seu rosto em terra e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu senhor
ao seu servo?". Agora, se esse tal tivesse sido um anjo
criado, teria repreendido Josué, dizendo: "sou
um servo como tu." Mas não – "disse
o príncipe do exército do SENHOR a Josué: Descalça os sapatos de teus pés,
porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué assim." (Gênesis
5:15)
Outro exemplo notável é o que está registrado no terceiro capítulo do Livro de
Daniel, onde lemos a história quando Sadraque, Mesaque e Abednego são lançados
no meio de um forno de fogo ardente, e como o tinham aquecido mais ainda, e
como a chama do fogo matou os que a tinham acalentado. Subitamente, o rei
perguntou aos de seus conselheiros: "Não lançamos nós,
dentro do fogo, três homens atados? Responderam e disseram ao rei: É verdade, ó
rei. Respondeu, dizendo: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam
passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é
semelhante ao Filho de Deus." (Daniel 3:24-25) Como
Nabucodonosor poderia saber isso? Só porque tinha algo de tão nobre e majestoso
na forma em que esse maravilhoso Homem se comportava, e uma terrível influência
o circundava que maravilhosamente quebrou os dentes consumidores dessa chama
devoradora e destruidora, de tal forma que nem mesmo podia chamuscar os filhos
de Deus. Nabucodonosor reconheceu Sua humanidade. Não disse: "vejo
a três homens e a um anjo", mas sim disse: "vejo
realmente quatro homens, e a forma do quarto é como ao Filho de Deus" Vem,
então, o que significa que Suas saídas são "desde
os dias da eternidade."
Observem aqui por um momento, que cada uma dessas quatros ocorrências sucederam
as santos quando eles estavam envolvidos em deveres muito eminentes, ou quando
estavam a ponto de se envolver neles. Jesus Cristo não aparece a Seus santos
cada dia. Ele não veio ver Jacó até que não esteve em aflição – Ele não visitou
Josué antes que estivesse a ponto de se meter em uma guerra santa. Somente em
condições extraordinárias que Cristo assim e manifesta a Seu povo
Quando Abraão intercedeu por Sodoma, Jesus estava com ele, pois um dos empregos
mais elevados e mais nobres de um cristão é esse da intercessão, e é quando ele
está ocupado dessa maneira que terá a probabilidade de obter uma visão de
Cristo. Jacó estava envolvido em lutar, e
essa é uma parte do dever de um cristão, que alguns de vocês nunca
experimentaram – consequentemente, vocês não tem muitas visitas de Jesus. Foi
quando Josué estava exercitando a valentia que
o Senhor se encontrou com ele. O mesmo foi com Sadraque, Mesaque e Abednego –
eles encontravam-se nos lugares altos da perseguição devido o apego ao dever,
quando Ele veio a eles, e lhes disse: "estarei com
vocês, passando através do fogo."
Há certos lugares especiais nos quais devemos entrar, para encontrarmos com o
Senhor. Devemos estar em grandes problemas, como Jacó; devemos estar em meio de
grandes trabalhos, como Josué; devemos ter uma grande fé de intercessão como
Abraão; devemos estar firmes no desempenho de um dever, como Sadraque, Mesaque
e Abednego – do contrário, não O conheceremos, "cujas
saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade." Ou,
se O conhecemos, não seremos capazes de "compreender,
com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a
profundidade." (Efésios 3:18)
Doce Senhor Jesus! Tu, cujas saídas foram desde o inicio, desde os dias da
eternidade, Tu que, todavia, não abandonou Tuas saídas. Oh, que saísses hoje
para animar ao desmaiado, para ajudar o cansado, para sarar nossas feridas,
para consolar nossas aflições! Saí, lhe suplicamos, para conquistar os
pecadores, para subjugar corações endurecidos, para romper as portas de ferro
de seus pecados e fazer delas pedaços! Oh, Jesus! Sai; e quando saias, vem a
mim! Sou um pecador endurecido? Vem a mim; eu necessito de Ti:
"Oh,
que Tua graça subjugue meu coração;
Quer
ser levado triunfante também;
Um
cativo voluntário de meu Senhor,
Para
cantar as honras de Tua palavra!"
Pobre pecador! Cristo não tem deixado de sair. E quando sai, lembre, vai a
Belém. Você tem um Belém em seu coração? É pequeno? Então Ele sairá para você.
Vá para casa e busque-lhe por meio de uma oração sincera. Se tiver sido levado
a chorar por causa do pecado, e sente-se muito pequenino para que te vejam, vá
a casa, pequeno! Jesus vem aos pequenos; suas saídas são desde o princípio, e
Ele está saindo agora. Ele virá a sua velha e pobre casa – Ele virá a teu pobre
coração infeliz – Ele virá, ainda que estejas na pobreza, e coberto de
farrapos; ainda que estejas desamparado, atormentado e aflito – Ele virá, pois
Suas saídas tem sido desde o principio, desde os dias da eternidade. Confia
Nele, confia Nele, confia Nele; e ele sairá e habitará em teu coração por toda
a eternidade.
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FONTE: http://www.spurgeon.com.mx/sermones.html
Traduzido do espanhol, do sermão "La Encarnación y el Nacimiento de
Cristo.", traduzido por Allan Román, com autorização deste para português
pelo Projeto
Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público
Sermão nº 57—Volume 2
Tradução: Armando Marcos Pinto
Projeto
Spurgeon - Pregando a Cristo Crucificado www.projetospurgeon.com.br
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