Quando se fala da "Lei" é bom especificar a qual refere pois pela Bíblia, existe várias leis e significados da palavra "lei". A lei pode ser a ordem de eventos estabelecida (lei da luz, som e da relação entre os elementos químicos). Neste caso as leis podem ser interpretadas simplesmente como fatos. A lei pode ser também a força que causa a ordem de eventos (lei da gravidade, de calor, da eletricidade, do pecado, etc.). A lei pode referir-se também àquela que obriga a consciência à moralidade. Por existir uma norma há obrigação de conformidade à ela (à lei moral que não é escrita ou à qualquer lei que é escrita enquanto tem uma operação legítima) - Hodge, V.III, p. 259.
Qualquer que seja a lei, a existência de uma lei implica a existência de alguém que deu a lei; ou seja, uma inteligência que age voluntariamente para realizar um propósito. A perfeição das leis naturais que existem (tanto a ordem quanto a força que impulsiona a ordem e aquela que obriga a consciência à moralidade) revela a natureza perfeita desta inteligência (Rom 7:12; I Ped 1;15,16). Pelo fato de um que pode promulgar uma lei é entendida a autoridade tanto para requerer a obediência ou para castigar qualquer desobediência.
Nas Escrituras, o uso da palavra ‘lei’ revela uma manifestação da vontade de Deus (Salmos 40:8). Em hebraico ‘lei’ quer dizer instrução (traduzida ‘ensinamento’ em Provérbios 1:8 e em grego a palavra ‘lei’ significa costume ou aquele que rege a conduta do homem (Hodge, Vol III, p.265).
Na Bíblia, ao referir à lei de Moisés, não se acha a distinção de lei "moral", "cerimonia" ou "civil" mas somente: "lei", "lei do Senhor"e "lei de Moisés". Nisso podemos entender que aquele chamada popularmente "O Decálogo" é só parte da lei e não "a lei" em si. Há muitos que querem distinguir o decálogo como a mais importante parte da lei, a parte moral, e as outras partes, as cerimonias ou civis, inferiores. Essa distinção popular não é uma distinção bíblica. O decálogo, os dez mandamentos, não são a única moral na lei, mas, faz parte do que foi dada a Moisés no monte, escrito pelo dedo de Deus, é parte de que é dado pela inspiração e escrito pela mão de Moisés (Canright).
É claro que a lei tem as partes morais, cerimônias e civis. Essas partes, em si, não são distinguidas como sendo maior ou menor da "lei" mas contrariamente, a própria lei. A parte cerimonial (sacrifícios) é chamada "lei" (Lucas 2:27). A parte moral é chamada "lei" (I Timóteo 1:9). A parte civil é chamada "lei" (Atos 23:3).
A Bíblia se refere à lei como sendo os cinco livros do Pentateuco. As palavras "A Lei" na Bíblia geralmente se referem a Lei Mosaica, ou ao Pentateuco" (Dicionário Smith, citado por Canright). Pode entender isso comparando o resto da Bíblia com o Pentateuco. Entenderá que a Bíblia distingue o Pentateuco como sendo a lei. Gênesis é a lei (I Coríntios 14:34; Gênesis 3:16); Êxodo é a lei (Romanos 7:7; Êxodo 20:17); Levítico é a lei (Mateus 22:39; Levítico 19:18); Números é a lei (Mateus 12:5; Números 28:9) e Deuteronômio é a lei (Mateus 22:36, 37; Deuteronômio 6:5).
Existe limitações importantes na lei. Esse assunto é uma importante consideração para os que querem depender da lei para a sua justificação eterna ou mesmo para os que usem a lei como modelo de vida. O que diz a Bíblia sobre a lei? Ela nos mostra que ela é limitada, por isso aponta a Cristo Quem é perfeito e o único que pode nos aperfeiçoar.
A Lei não pode:
Aquele que Deus é influi naquilo que Ele faz e deseja. Ele não pode agir contra o Seu próprio desejo ou natureza (Heb 6:17,18). Por Deus ser perfeito e eterno, Ele tem um eterno propósito ou decreto (Rom 8:28; Efés 3:11, "eterno propósito"). Deus não tem vários planos temporários mas um plano que Ele revela em maneiras diferentes pelos séculos. Também por Deus ser santo (I Sam 2;2; Isa 6:3), Seu propósito eterno é perfeito e santo. Por isso Deus não precisa de um plano de reserva pois o propósito (usado no singular) é perfeito. Pela vontade santa e eterna, Deus faz todas as coisas (Efés 1:11). Do começo da eternidade até o fim da eternidade todas as coisas que venham a acontecer são pela vontade de Deus. A santidade de Deus e a Sua qualidade de ser eterno indica que Deus nunca mudará (Mal 3:6). Por isso o Apóstolo Paulo escreve aos Romanos que "tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito" (Rom 15:4). Se a vontade de Deus não muda, o Seu eterno propósito é santo e perfeito, e, se as Escrituras Sagradas foram produzidas para o nosso ensino; então há uso da Lei de Moisés ainda nos dias atuais. As cerimonias, estatutos, julgamentos e princípios da Lei de Moisés são proveitosas e boas, se usadas "legitimamente" (I Tim 1:8).
Pela Lei de Moisés somos ensinados que Deus é soberano (Deut 6:4; Êx. 20:1,2). Por Deus ser o soberano criador Ele tem direito de ser adorado singularmente por todos (Apoc 4:11; Sal 86:9). Por Deus ser santo Ele tem merecimento de ser adorado como o Soberano (Apoc 15:4). Por Deus ser soberano Ele tem a dignidade e poder para ser temido por todos (Sal 89:7; Luc 12:5). A Lei de Moisés mostra que Deus é soberano (Êx. 20:1-3) e por isso é proveitosa a lei ainda hoje.
A Lei de Moisés nos instrui que o soberano Deus deseja ser glorificado acima de tudo (Êx. 20:2-7). Deus é glorificado pela obediência rígida da sua lei (Num 20:12; Lev 10:1-3; Ecl 12:13). Se olhássemos à Lei de Moisés para entendermos que Deus é zeloso (Êx. 20:5; 34:14; Deut 4:23-26) seremos sábios. Essa sabedoria é pela instrução da Lei de Moisés e assim revela que a lei é benéfica para hoje.
Pela Lei de Moisés devemos ser conscientizados que Deus é santo. Se Deus é santo, a Sua lei é também (Neemias 9:13; Rom 7:12). Pela santidade da lei, Moisés anima o povo a obedecer a lei e amar Deus como Soberano (Deut 4:8). O Salmista nos diz que a "lei do SENHOR é perfeita" e por isso guardar a lei traz "grande recompensa" (Sal 19:7-11). A santidade de Deus é razão suficiente a procurar proveito na Lei de Moisés ainda hoje.
Pela Lei de Moisés percebemos que o homem é impiamente pecaminoso. O proposto da lei é revelar ao homem que ele é pecador por transgredir o desejo do Deus soberano e santo. Sem uma lei, não há transgressão (Rom 7:8, "sem a lei estava morto o pecado") mas com este ‘conjunto de normas’ (o significado da palavra ‘lei’ segundo o dicionário Aurélio) o pecado é entendido em toda a sua malignidade (Rom 7:9,13; I Cor 15:56; Tiago 2:9). O homem que usa a lei para se conhecer, será convencido que ele é um transgressor diante de Deus. Este que usa a Lei de Moisés como um espelho entenderá que o Deus soberano e santo é justo em derramar toda a Sua santa ira sobre homem transgressor (João 3;36). Se a Lei de Moisés mostra o homem como ele é verdadeiramente conhecido diante de Deus (Sal 14:3,4; 53:2,3; Rom 3:10-23) e se o homem ainda é pecador nos dias atuais, a Lei de Moisés é proveitosa agora.
Pela Lei de Moisés entendemos a justiça de Deus. O delito, mesmo que seja mínimo, tem que ser retificado pois aquele que "tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos" (Tiago 2:10). Mesmo que haja perdão com Deus, a lei é clara que "ao culpado não tem por inocente" (Êx. 34:7; Naum 1:3). A santidade e a perfeição de Deus pede a condenação do pecado e o poder de Deus garante a aplicação dessa condenação. Sem a Lei de Moisés revelando a justiça de Deus, a própria ira de Deus derramada em Cristo e a razão do Evangelho têm menos sentido. Se a justiça de Deus não seja percebida, o pecador terá uma compreensão menos clara da sua impiedade. A Lei de Moisés ensina que somente pelo sangue existe remissão (Heb 9:22). Sem a observação exata requerida pela lei a alma pecadora seria "extirpada do seu povo" (Lev 7:20,21; 18:29; 20:18; Num 15:30). Pela Lei de Moisés revelar a justiça de Deus claramente e pelo homem ser ainda pecador, o proveito da Lm é evidente para os dias de hoje.
Pela Lei de Moisés entendemos a eqüidade nas leis civis. É verdade que a Lei de Moisés serviu para a nação de Israel literalmente (Deut 6:4, "Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR"). Mas nem por isso a lei não é proveitosa para outras nações. Quando as leis civis tomam a Lei de Moisés como exemplo, a justiça reinará abertamente. Mais perto uma nação esteja aos princípios da Lei de Moisés menos tolerante às tolices em todos os níveis da sociedade fica. Ainda é uma verdade que a nação cujo Deus é o SENHOR, é bem aventurada (Sal 33:12). A lei pede amor uns aos outros (Rom 13:8-10; Gal 5:14; Tiago 2:8), salário justo para quem trabalha (I Cor 9:7-10), posição de submissão das mulheres diante dos homens (I Cor 14:34) e o respeito que filhos devem ter para com os pais (Efés 6:1-3). O tratamento da Lei de Moisés diante do criminal, o pobre, o desamparado, o surdo e o cego, a higiene, o casamento, os empregados, o comercio, etc., faz sentido para qualquer povo. A tendência do homem é se afastar de Deus em vez de reter os Seus princípios santos e assim trazer para ele em particular, e à sua sociedade em geral, o fruto da carne (Gal 5:19-21). A eqüidade civil que a Lei de Moisés promove faz com que ela seja proveitosa nos dias de hoje.
Pela Lei de Moisés compreendemos que Deus é gracioso. As lavagens, consagrações, holocaustos, ofertas e os princípios da lei tudo apontam à santidade de Deus e como um homem pecaminoso pode se aproximar a este Deus santo. A Lei de Moisés, pelas sombras e simbologia dela, apontava os "bens futuros" (Heb 10:1) que é o Cristo Jesus. A lei providenciou a remissão dos pecados assim mostrando a graça de Deus em fazer salvação. Mas a remissão que agrada Deus é somente pelo sangue (Heb 9:22). Por a lei apontar a Jesus João Batista, quando viu a Jesus, que vinha para ele, disse, "Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo" (João 1:29). As Escrituras apontam exclusivamente a Cristo como sendo o sacrifício verdadeiro que as sombras da lei apontavam (Heb 9:23-28; I Ped 13-23). Enquanto a lei mostra a abundância do pecado no homem, ela também revela a graça de Deus que superabunda por Jesus Cristo (Rom 5:18-21). Por causa da Lei de Moisés revelar claramente a graça de Deus em Cristo ela é proveitosa em qualquer tempo.
Já se julgou pecador culposo pela lei justa de Deus? Já clamou pela misericórdia de Deus? A Sua misericórdia é vista claramente no Seu filho Jesus Cristo. Pede perdão pelos seus pecados dependendo de Cristo como o sacrifício suficiente que Deus deu para todo pecador que se arrependa verdadeiramente. Não busque a sua própria justiça em qualquer outro plano, crença ou pessoa. Somente por Cristo temos a plena justiça de Deus (I Cor 3:11; II Cor 5:21).
Há utilidade da Lei de Moisés para o crente que está esperando em Cristo para toda a sua justificação? A liberdade Cristã é libertinagem Cristã? Devemos ou não obediência à Lei de Moisés? Se passou a Lei de Moisés, existe uma lei para o crente nos dias atuais? Se não passou a Lei de Moisés devemos ainda respeitar a cerimonia que a lei pede?
Pela Palavra de Deus podemos afirmar que o crente não tem mais uma obrigação à Lei de Moisés. A Lei de Moisés era à nação de Israel e não ao gentil. A lei era simbólica e não o atual. A lei era temporária apontando ao eterno: Jesus Cristo. Cristo cumpriu a lei sendo aquele que a lei simbolizava e apontava (Gal 3:24,25). Pela fé em Cristo, e não pela lei, o crente tem a justiça de Deus (Rom 3:21-24; II Cor 5:21), paz com Deus (Rom 5:1,2), vida eterna (João 3:16; Rom 6:23; Efés 2:1), uma herança incorruptível (Rom 8:16,17; I Ped 1:3-9), bênçãos eternas (Efés 1:3) e capacidade de agradar a Deus nesta vida terrena (Fil. 4:13; Tito 2:12-14). A Lei de Moisés cumpriu o seu propósito.
Ao mesmo tempo que afirmamos que o crente não tem obrigação à Lei de Moisés, devemos entender que o Cristão tem uma lei sobre ele. O crente não está sem lei. Mesmo que Cristo é toda a justiça para o crente ainda há lei sobre o Cristão. A diferença está qual lei rege sobre o Cristão e não se tem ou não tem uma lei. O soberano Deus não muda (Malaquias 3:6; Tiago 1:17) e podemos saber que desde o princípio, mesmo antes do pecado, Deus estipulou a lei que regia (Gên. 1:26; 2:17). Depois que Cristo cumpriu a lei (Mat. 5:17; João 19:30), e nisso, desfez, a lei dos mandamentos (Efés 2:15), a "justiça da lei", que era incorporada na Lei de Moisés, agora rege no crente. O crente pratica essa "justiça da lei" (que é igual à "lei de Cristo" - I Cor 9:21) pelo Espírito que está nele (Rom 8:3-5). É o Espírito Santo que leva o crente à santidade e, por causa da presença dEle, o crente deve e pode deixar o pecado (Efés 4:17-32; Prov. 4:18; I João 2:1-7; 3:1-11).
Não há obrigação, ou servidão, nesta lei de Cristo. Todavia há uma boa lógica de bom senso que afirma que na presença da lei há uma racionalidade de amor que ensina o nosso dever espiritual (Rom 8:12-16;12:1-3;6:17,18; Col. 3:1-25). A importância desta "lei de Cristo" (I Cor 9:21) não é que ela é a nossa justificação diante de Deus, mas, que por ela, os Cristãos, andem em santificação diante dos homens para serem testemunhas para glória de Deus (Rom 6:22; 8:4; Mat. 5:13-16; Atos 1:8).
João 1:17, "Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo."
Por causa de João 1:17 um pensamento surge que sugestiona a lei e a graça são dois sistemas separados e contrários ou contraditórios de um e outro. Há confusão sobre se antes do tempo de Cristo ministrar na terra existia a graça de Deus. A força da dúvida pode até sugestionar a salvação no Velho Testamento era pelas obras da Lei de Moisés e no Novo Testamento a salvação é pela fé em Cristo.
A verdade é que com Deus "não há mudança nem sombra de variação" (Tiago 1:17; Mal 3:6; Heb 1:11,12; 13:8). Em qualquer época, a verdade eterna é: se existe salvação existe a graça de Deus. Sem a graça de Deus não há salvação (Efés 2:8,9). Disso podemos entender, se houve salvação no Velho Testamento, houve graça também.
A graça que veio por Cristo não foi para destruir a lei ou os profetas, mas para a cumprir (Mat. 5:17). Pela fé em Cristo Jesus a lei é estabelecida porque a lei simbolizava a graça e apontava a Ele (Rom 3:21-31). O fim, quer dizer o alvo, propósito, finalidade ou objetivo ("fim" no grego # 5056, Strong’s), da lei era Cristo (Rom 10:4) e não contraria a Ele. A lei sempre estava no coração de Cristo e Ele a amava pois a Lei revela o desejo de Deus (Sal 40:6-8; Heb 10:3-12). A Lei de Moisés e a graça por Cristo não são opostos, mas, duas partes de um mesmo sistema (citação de Dr. McNichol por Pink, p. 3). A lei apontou a Cristo, e, Cristo cumpriu a lei (Gal 3:21-26).
Na verdade, o Velho Testamento é cheio de graça e o Novo Testamento é cheio de lei. A lei simbolizava a graça pela cerimonia dos holocaustos e oblações e Cristo é a graça de Deus da qual a lei simbolizava (Heb 10:1-10). A graça veio, não em oposição à lei, para oferecer outro plano, mas para satisfazer os requisitos da lei e mostrar por Quem as suas obrigações estão cumpridas. Por isso João 1:17 estabelece que a verdade (o atual a qual a lei apontava) veio por Jesus Cristo (Gill). O crente em Jesus Cristo cumpre tudo que a lei apresenta quando vive pelo Espírito para a honra de Deus por Cristo (Rom 8:4; Gal 5:16-18; 6:14-16).
Romanos 7:6, "Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra."
II Cor 3:6, "O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica."
Como já tem sido estabelecido, Deus não muda (Tiago 1:17; Mal 3:6; Heb 1:11,12; 13:8). A intenção de Deus sempre é ser visto e amado como Deus. A primeira aliança, com Abraão (Gên. 17:7-9) tinha a finalidade de Deus ser posto por Deus entre o Teu povo. O SENHOR comunicou ao profeta Jeremias este mesmo desejo (Jer 9:23,24) assim revelando o intento de Deus ser amado e louvado como o único vivo e verdadeiro Deus (Deut 6:4,5; Mar 12:29,30; Isa 45:22-25). Quando Jesus ensinou os discípulos a orarem ensinou-os a amar e louvar o Senhor Deus (Mat.. 6:9-13). A própria vida de Jesus declara claramente como amar a Deus (João 5:30; 17:4).
Como temos estudado (veja as Limitações da Lei e O Propósito da Lei) a lei veio, entre outros aspectos, revelar ao homem o seu estado de pecador e que o pecado se fizesse excessivamente maligno, ou seja, a completa falta da glória de Deus (santidade) diante de um Deus Santo (Rom 7:7-13).
Se qualquer olhar à letra da lei (o que é escrito) como uma finalidade em si, quer dizer, crer que não existe uma intenção maior na lei além de ser obedecida exteriormente à risca, o espírito da lei (o que a lei intenta) será perdido e ficará desobediente à lei (Rom 2:25-29).
A letra da lei (a cega obediência à todas as cerimonias) mata (II Cor 3:6) pois pelas obras da lei o pecado é conhecido e somos convencidos excessivamente malignos (Rom 7:6-13). Pela observação de tudo o que a lei diz (a letra) o pecado é conhecido (Rom 3:20) e entendemos a devida posição nossa sob a ira de Deus (Rom 4:15; João 3:36). A observação das obras da lei (a letra da lei) leva à maldição e nunca pode nos livrar dela (Gal 3:10,11).
O espírito da lei (a intenção da lei) é fé em Cristo (Gal 3:23-29) e pela fé Deus é glorificado com a adoração devida (João 4:23,24). O espírito da lei é a "justiça da lei" (Rom 2:26), a obediência da lei no coração (Rom 2:29) o qual Deus aprova. Pela fé em Cristo e pela nova criatura que vem por Ele (II Cor 5:17) os que entraram no espírito da lei são livres da letra da lei, pois, a letra já os matou e os conduziu a Cristo (Rom 8:2; Gal 2:20).
Os crentes, pela fé em Cristo, pelo Qual observam o espírito da lei, são determinados a circuncisão verdadeira (Fil. 3:3; Rom 2:25-29). Sirvam "em novidade de espírito" e não mais na "velhice da letra" (Rom 7:6; II Cor 3:6).
As cerimonias da lei (a letra) não estão mais em força sobre o crente, mas o intento da lei (o espírito) é, e, sempre será. Se os crentes não guardam as cerimonias exteriores da letra da lei (guardar o sábado, respeito da alimentação permitida e as outras milhares regras da lei) mas, de todo o coração amam Deus e seguem o espírito da lei que é a palavra e o exemplo de Cristo (dia do Senhor, submissão a Deus, ser santo) cumprirão o desejo eterno de Deus (João 4:24).
Os que andam em Cristo são da semente de Abraão quem, pela fé, ainda na incircuncisão, creu naquele que justifica o ímpio, Jesus Cristo (Rom 4:1-17). Como Abraão obedeceu o espírito da lei pela fé (para que seja da graça, v. 16) e foi justificado diante de Deus, hoje, os que crêem em Cristo pela fé (para que seja da graça, Efés 2:8,9) também são justificados diante de Deus.
Você está submissa à letra da lei (as obras) que mata e mostra a necessidade de ser salvo pela graça de Deus, ou, está já confiando no espírito da lei (a fé em Cristo para agradar a Deus) que vivifica (Rom 8:4-11)? A sua submissão a Deus de coração está vista pela sua testemunha pública de uma vida limpa pelo mundo afora? Eis o espírito da lei.
Pelo estudo da Lei de Moisés entendemos melhor o que significa a palavra ‘lei’ e de quantos tipos existem na Bíblia. Estudamos as diferenças destas leis mencionadas na Bíblia para que o servo de Deus maneja melhor a Palavra de Deus. Até o decálogo foi comparado em relação a lei para compreender que ele, em si, não residia a totalidade da lei mas era parte da lei.
As limitações da Lei de Moisés são entendidas quando qualquer procura pela obediência rígida da lei a justiça de Deus. A justiça de Deus é somente pelo Cordeiro de Deus, o Jesus Cristo, o qual a lei aponta.
A natureza e o propósito da lei foram estudados para entender como a lei foi programada ser utilizada no tempo de Israel e quais razões que ela foi promulgada.
Mas nem pela lei ser programada e promulgada para a nação de Israel ela torna ser um ensinamento obsoleto. Por causa da vontade de Deus nunca ter mudada e pelo fato do homem ser sempre um pecador a Lei de Moisés tem muitas utilidades ainda nos dias atuais. A utilidade da Lei de Moisés é entendida quando se percebe as verdades eternas existentes nela. Ela declara fielmente a realidade da santidade e a justiça de Deus, a condenação de todos que tropeçam em um só ponto dela, e a salvação perfeita por Jesus Cristo. Ela também é útil nos dias atuais para reger as sociedades pelos princípios justos que ela contém.
Considerações especiais foram tratados na consideração da atitude do crente ao respeito da lei para que ele veja uma responsabilidade não às cerimonias da lei, mas, ao espírito da lei. Mesmo o crente não tendo uma obrigação à letra da Lei de Moisés ele tem responsabilidade ao espírito da lei. O espírito da lei é a lei de Cristo que o Espírito Santo rege no crente. Pelo estudo mais preciso da lei diferenciamos a letra da lei e o espírito da lei entendendo o fato de se o Judeu ou o gentil observa só a letra da lei a condenação eterna é declarada, mas, se Judeu ou o gentil observar o espírito da lei pela fé, há justiça.
Concluímos que nunca devemos racionar que mesmo que Moisés veio antes de Cristo que nunca existia graça na lei. A graça que a lei apontava realizou se perfeitamente em Cristo.
Que todo homem seja julgado por ela e que a graça de Deus por Jesus Cristo seja validamente vista pela Lei de Moisés. Se assim se faz, o propósito da Lei de Moisés será realidade e a vontade eterna de Deus feita.
Bibliografia
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Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.