Hélio de Menezes Silva, 2017.
O Credo Apostólico, inventado pelo catolicismo, versão Gaulesa de 650 dC (a que
mais tempo foi usada sem alterações, por católicos e reformados), é:
Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador dos Céus e da
terra.
Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
o Qual foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
nasceu da virgem Maria;
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e
sepultado;
desceu ao
INFERNO *,
ressurgiu dos mortos ao terceiro dia;
subiu ao Céu;
está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso,
donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo;
na santa Igreja católica;
na comunhão dos santos;
na remissão dos pecados;
na ressurreição do corpo;
na vida eterna.
Amém.
* - Através dos séculos, há inúmeras versões
significativamente diferentes do assim chamado Credo Apostólico,
invenção da igreja católica, que diz que foi dada forma por Santo Atanásio de
Alexandria no século IV, daí também ser chamado de Credo Atanasiano, mas
não existem manuscritos daquela época https://pt.wikipedia.org/wiki/Credo_de_Atan%C3%A1sio
e https://en.wikisource.org/wiki/Creeds_of_Christendom/Apostles'_Creed.
-Versões com "desceu ao inferno" (em latim, "descendit ad
inferna" ou "descendit ad inferos" ou "descendit ad
infernum") foram adotadas em muitos séculos, em muitos países, por muitos
grupos, tanto católicos como reformados. O livro Early Christian Creeds,
de J.N.D. Kelly, reproduz pelo menos 4 versões do credo, em diferentes países e
séculos bem antigos, contendo "desceu ao inferno" (pags. 174, 177,
179, 369, 370): a Antiga Versão Romana, do ano 150 dC; a versão adotada (não
criada) pelo monge Tyrannius Rufinus (340/345–410) como parte do "credo de
Aquileia"; a versão de Venantius Fortunatus (antes do ano 600); a versão
gaulesa (do ano 650), que praticamente tornou-se a definitiva. Mais
detalhes em "Commentary on the Apostles' Creed", http://www.newadvent.org/fathers/2711.htm (site
católico) e em "Descendit at Inferna, ...", do presbiteriano Heber
Carlos de Campos, http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_IV__1999__1/Heber.pdf.
************************* Hélio vai começar resumido e adaptando de http://www.calledtocommunion.com/2009/09/john-calvins-worst-heresy-that-christ-suffered-in-hell/
(cuidado, o autor disso, Dr. Taylor Marshall, é reformado que voltou ao
catolicismo romanista. A grande maioria dos 22 autores do site é de católicos
que vieram de igrejas reformadas.)
Referindo-se ao Credo Apostólico [na versão Gaulesa, que adotou], Calvino
escreveu:
"Mas, além do Credo
[Apostólico], devemos buscar uma exposição mais segura da descida de Cristo ao
inferno: e a Palavra de Deus nos fornece uma [exposição] não somente piedosa e
santa, mas repleta de excelente consolo. NADA teria sido feito [efetivando
salvação] se Cristo tivesse suportado somente a morte CORPÓREA. A fim de Se
interpor entre nós e a ira de Deus e satisfazer o Seu juízo justo, era
necessário que Ele [Cristo] sentisse [todo] o peso da vingança divina. Por
isso, também foi necessário que Ele se engajasse [sofresse], por assim
dizer, de perto com os poderes do INFERNO
e os horrores da MORTE ETERNA.
"Nós recentemente citamos a partir do Profeta [Isaías 53], que "o castigo que nos traz a paz [estava] sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados", que "Ele foi moído por causa das nossas
iniquidades", que "Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades", [versos] que intimam que, como um patrocinador
e fiador dos culpados e, por assim dizer, sujeito à condenação, Ele [o
Cristo] assumiu e pagou TODAS as penalidades que deviam ter sido exigidas deles
[dos homens culpados], excetuando-se apenas que as dores da morte não O puderam
conter [depois de 3 dias e 3 noites]. Por isso, não há nada estranho em ser
dito que Ele [o Cristo] desceu ao inferno [de sofrimento condenatório],
visto que Ele suportou a morte que é infligida aos ímpios por um Deus irado.
É frívolo e ridículo objetar que desta forma a ordem é pervertida, sendo
absurdo que um acontecimento [ter descido ao inferno] que precedeu o
sepultamento [os instantes entre a morte e sepultamento] deva ser colocado [no
Credo] depois dele [o sepultamento]. Mas, depois de explicar o que Cristo suportou
à vista do homem, o Credo adequadamente acrescenta o julgamento invisível e
incompreensível [de modo que a cruz como julgamento visível não foi
suficiente. Cristo sofreu [queimando] dentro do inferno ...] que ele
suportou diante de Deus, para nos ensinar que não só o CORPO de Cristo foi
dado como o preço da redenção [na cruz], mas que havia um preço maior e
mais excelente - que Ele suportou em Sua ALMA as torturas [no inferno] de um
homem condenado e arruinado. [Assim, depois de sofrer no corpo, sobre a
cruz, a alma de Cristo sofreu torturas dos condenados, no inferno.]" (Calvin, Institutas 6:10, https://www.ccel.org/ccel/calvin/institutes.iv.xvii.html.)
[tudo que está entre colchetes são explicações minhas, de Hélio, para facilitar
o entendimento, mas acredito que são explicações justas, honestas, nem mesmo
Calvino discordaria delas, nem nenhum calvinista de hoje]
************************* Agora, Hélio traduz de https://en.wikipedia.org/wiki/Harrowing_of_Hell (Tormentos do
Inferno):
[1] "João Calvino
expressou sua preocupação de que muitos cristãos "nunca consideraram seriamente o que é ou o
que significa que fomos redimidos do julgamento de Deus. Contudo, esta é a
nossa sabedoria: devemos sentir o quanto a nossa salvação custa ao Filho de
Deus ". A conclusão de Calvino é que "a descida de Cristo ao INFERNO era
indispensável para a EXPIAÇÃO dos cristãos, porque CRISTO SUPORTOU A PENA PELOS
PECADOS DOS REDIMIDOS." [Aqui, o
artigo Harrowing_of_Hell diz estar citando o Center for Reformed
Theology and Apologetics (Centro de Teologia Reformada e Apologética).]
[2] "Calvino opôs-se
veementemente à noção de que Cristo [desceu como vitorioso e] libertou
prisioneiros [do inferno], ao contrário [da verdade] de VIAJAR AO INFERNO A FIM
DE COMPLETAR OS SOFRIMENTOS ´[expiatórios] DELE" (o artigo Harrowing_of_Hell apresenta
esta sentença como sendo o sumário do pensamento de Calvino em Institutes of
the Christian Religion, Book 2, chapter 9, sections 8-10. Hélio leu tudo,
achou Calvino meio confuso, escorregadio e contraditório, mas achou que o
sumário pode ser considerado suficientemente honesto e justo),
************************* Finalmente, Hélio esboça uma breve REFUTAÇÃO ao
ensino de Calvino e do artigo "Harrowing_of_Hell", de que
Cristo foi ao inferno de fogo para ali queimar no fogo e sofrer a morte eterna,
completando Sua obra expiatória [em uma espécie de segunda expiação]:
1. A
tipologia da expiação no Velho Testamento sempre aponta para UMA ÚNICA expiação
por Cristo ao derramar todo o Seu sangue na cruz do Calvário, pois a expiação no VT sempre foi tipificada somente
através de um único derramamento de todo o sangue da vítima animal macha
imaculada, num único momento, a Páscoa. Nada foi necessário depois, nem além,
do derramamento de todo o sangue.
Defender a necessidade de uma segunda obra expiatória do Cristo, feita queimando
e sofrendo dentro do inferno de fogo, é negar a suficiência da cruz, do
sangue, e da morte de o Cristo.
1. Versos
apontando que o sofrimento expiatório de Cristo, nos substituindo, nos
salvando, foi na CRUZ, somente na cruz, e que Cristo não teve que
sofrer queimando no inferno de fogo:
Jo
19:30 E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: ESTÁ CONSUMADO. E,
inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Cl
2:14 Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a
qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós,
CRAVANDO-A NA CRUZ.
[Toda a obra expiatória e redentora foi
terminada na CRUZ]
Is 4 Verdadeiramente *Ele*
tomou sobre Si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre Si; e nós
O reputávamos por GOLPEADO, FERIDO de Deus, e oprimido. 5 Mas
Ele foi TRASPASSADO por causa das nossas
transgressões, e MOÍDO por causa das nossas iniquidades; o castigo-
corretivo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas PISADURAS
fomos sarados. 6 Todos nós andávamos desgarrados
como ovelhas; cada um se desviava pelo seu próprio caminho; mas o SENHOR fez
cair sobre Ele a iniquidade de nós todos. (LTT)
Lc 23:43 E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que
hoje estarás comigo no PARAÍSO.
2. Defesa contra deturpação de versos por quem quer forçar que a cruz
não foi suficiente; que a expiação por Cristo em nosso favor, lá, não bastou;
que foi indispensável Cristo fazer uma 2ª expiação, sofrendo a morte eterna,
queimando do inferno, para, só assim, poder nos salvar:
Mt 12 40 Pois,
assim como esteve Jonas dentro do ventre da baleia [durante] três dias e três noites, assim estará o Filho do homem dentro do
coração da terra [durante] três
dias e três noites.
O Cristo ficou 3 dias e 3
noites (isto é, do pré-alvorecer da quinta-feira até o do domingo) no coração
(o centro) da terra, com a porta do túmulo fechada, mas isto não implica que
foi dentro do sofrimento da condenação do inferno de fogo.
Ef 4 9 (Ora,
isto, "Ele ascendeu", que é, senão que também Ele desceu, antes (disso),
para dentro das partes mais baixas da terra
O Cristo "desceu" não meramente "para dentro da terra", mas
sim "para dentro das partes mais baixas da terra", o seu centro (para
lá estar 3 dias e 3 noites), mas isto não implica que foi dentro do sofrimento
da condenação do inferno de fogo.
Sl 16 10 Pois não deixarás a Minha alma
no inferno, nem permitirás que o Teu Santo veja corrupção.
A alma do Cristo não ficou
para sempre no "Hades = Sheol = inferno" (lugar da habitação dos
mortos, que então tinha 2 compartimentos eternos e inescapáveis (um o paraíso
dos salvos, outro o local de sofrimento dos perdidos) Lc 16:19-31, e agora,
atualmente, só tem 1 compartimento (de sofrimento).
E o corpo do Cristo não conheceu a menor corrupção.
Mas o verso não implica que o Cristo foi para dentro do sofrimento da
condenação do inferno de fogo, cremos que Ele manteve-se no inferno bem
aventurado, o seio de Abraão, mesmo que tenha pregado aos salvos "Vencí!
Paguei vosso resgate, vou vos levar para o céu", e mesmo que tenha
proclamado aos perdidos ao longe (homens, e demônios já no Tártaro),
"Vencí! Chorai vossa justa condenação inescapável".
1Pe 3:18-20 18 Porque também [o] Cristo, de uma só vez por todas, por causa d[os nossos] pecados padeceu, [o] justo em- lugar- d[os] injustos, a fim de que nos levasse a Deus; em verdade, tendo [Jesus] sido feito morrer n[a] carne, mas havendo [Ele] sido vivificado pelo Espírito (Santo); 19 Em Quem (o Espírito Santo), também, [o Cristo], aos espíritos em prisão, havendo ido, pregou, 20 [Àqueles homens] havendo descrido- desobedecido noutro tempo, quando, de uma [só] vez por todas, anelantemente- esperava a longanimidade de Deus n[os] dias de Noé, [enquanto] [estava] sendo preparada uma arca (para dentro da qual [arca] poucas (isto é, oito) almas foram salvas, (flutuando) por instrumentalidade da água). LTT-ComNotas
- O Cristo
"pregou" (proclamou, sem exigir a ideia de oferta de 2ª
oportunidade!) julgamento aos espíritos em prisão.
- Se estes "espíritos em prisão" (com não acredito) são demônios que
já hoje estão no Tártaro 2Pe 2:4 e Jd 1:6 [por terem tentado corromper a carne
humana e assim impedir a prometida encarnação do Cristo? Gn 3:15; 6:1-4]),
então esta pregação de o Cristo será apenas a proclamação de derrota final
deles, e poderia ter o título: "Vocês falharam! Queimem para sempre,
lembrando disso!". Mas a população deste Tártaro, depois da ressurreição
de o Cristo, ainda é a mesma de antes, seus demônios lá sofrem crucialmente
aguardando o Julgamento Final de todas as coisas, no Trono Branco, para serem,
então lançados no Lago de Fogo, para sempre
- Se estes "espíritos em prisão" são (como acredito) aqueles homens
havendo descrido- desobedecido na pregação de Noé, então esta pregação de o
Cristo será apenas a proclamação de derrota final deles, e poderia ter o
título: "Vocês falharam! Vocês deviam ter crido na pregação de Noé, e a
obedecido. Queimem para sempre, lembrando disso!"
- Em qualquer das 2 últimas hipóteses, o Cristo depopulou a metade do Hades que
abrigava o paraíso e todos os salvos do VT e que já que haviam morrido Lc
16:19-31. Uma vez que o débito deles já tinha sido efetivamente pago ao tempo
em que o Cristo desceu ao centro da terra, eles puderam entrar no 3º céu 2Co
12:2.
- 1Pe 4 6 Porque
para isto também a[os] (que,
então, estarão) mortos foram as boas- novas (o
evangelho) (dantes) proclamadas, com o
propósito de que fossem (os crentes) julgados, na
verdade, segundo os homens, (ainda estando os crentes)
na carne , mas [re]vivessem
(segundo Deus) em [o]
Espírito.
Mesma
explicação de 1Pe 3:18-20
Hélio de Menezes Silva, 2017.
Espero que Calvino realmente não tenha assim pensado, ou depois tenha se corrigido, porque, nas suas palavras abaixo citadas, ele é meio ambíguo, não é totalmente claro, mas me parece que pelo menos as vezes ele dá essa impressão.
Leia "institutes-of-the-christian-religion", Book 2, Chapter 16, em
https://genius.com/John-calvin-institutes-of-the-christian-religion-book-2-chapter-16-annotated
Seria melhor ler desde seção 8 até 10, mas vou traduzir somente a 10.
10. Mas, além
do Credo [Apostólico], devemos procurar uma exposição mais segura da descida de
Cristo ao inferno: e a palavra de Deus nos fornece uma [explicação] não apenas
piedosa e santa, mas repleta de excelente consolo. Nada teria sido conseguido se Cristo tivesse sofrido
apenas a morte corporal. Para interpor-se entre nós e a ira de Deus e satisfazer seu julgamento
justo, era necessário que ele sentisse
o peso da vingança divina. De onde também era necessário que ele se envolvesse, por assim dizer, de
perto com os poderes do INFERNO e os
horrores da MORTE ETERNA. Ultimamente, citamos do Profeta que "o castigo que nos traz a paz [estava] sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados", que "Ele foi moído
por causa das nossas iniquidades", que
"Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades"; expressões íntimas de que, como patrocinador e fiador dos culpados
e, por assim dizer, submetido à
condenação, empreendeu e pagou TODAS as penalidades que lhes deviam ser
exigidas, a única exceção sendo que as dores da morte não poderiam segurá-lo. Por isso, não há nada de estranho em dizer que ele desceu ao inferno, pois suportou a morte que é
infligida aos ímpios por um Deus irado. É frívolo e
ridículo objetar que, dessa maneira, a ordem [primeiro sofrimento e morte,
depois o sepultamento] é pervertida, sendo absurdo que um evento que precede o
enterro deva ser colocado depois dele. Mas, depois de explicar o que Cristo
suportou aos olhos do homem, o Credo [que Roma chama de apostólico] acrescenta
apropriadamente o julgamento invisível e incompreensível que ele sofreu diante
de Deus, para nos ensinar que não
apenas o CORPO de Cristo foi entregue como preço da redenção, mas que havia um
preço maior e mais excelente - que ele carregava em sua ALMA as torturas do
homem condenado e arruinado.
Se alguém puder me mostrar que eu traduzi errado, ou mostrar outro local
posterior onde Calvino se retratou ou se esclareceu melhor e declarou explicitamente
que Cristo em nenhum sentido desceu ao inferno, ardeu no seu fogo, sofreu os
terríveis sofrimentos que Deus reserva para o inferno, fez uma segunda obra
expiatória, então me alegre apresentando prova indiscutível.
Hélio, jan. 2019.
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente
por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão
das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras
das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT
(Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em http://BibliaLTT.org,
com ou sem notas.
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Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.