Hélio de Menezes Silva, maio.2017
a) O próprio Calvino, em seu testamento redigido pouco antes de sua morte, me
parece demonstrar que de modo nenhum tinha certeza de que já tinha assegurada
sua eterna salvação, ou certeza de que viria a ter salvação eterna (http://reformed.org/calvinism/index.html?mainframe=/calvinism/calvin_will.html)?
"Eu humildemente imploro dEle [de Deus] que
me conceda vir a ser [no
futuro] tão
lavado e purificado pelo sangue do soberano Redentor, estabelecido para os
pecados da raça humana, que me venha a ser permitido estar diante de Seu
tribunal [para ser
julgado] na
imagem do próprio Redentor." (grifos e colchetes de Hélio).
b) muitos outros calvinistas que
encontrei na vida também estão longe de ter tal certeza absoluta, portanto, se
eles não ignoram o assunto (e não deviam fazer isso), então vivem em constante
dúvida, temor e inquietude (como os puritanos, que viviam diariamente
apavorados com superstições e pavor de perderem a salvação se morressem fora da
máxima santificação). Veem a declaração da C.F.Westminster como
estabelecendo que eles somente poderão ter absoluta certeza de salvação no
minuto final de suas vidas, se eles puderem pesar tudo e concluírem que
perseveraram de forma "suficientemente perfeita" e, naquele instante
final, estão sem nenhum pecado "muitíssimo grave" (o que é subjetivo)
e do qual não se arrependeram completamente e não pediram perdão, e o
abandonaram, e fizeram toda reparação possível. Portanto, pelo menos uma
significativa parte dos calvinistas não pode ter certeza total hoje, pois
pensam que o sinal final se foram (ou não) verdadeiramente eleitos será o grau
de perseverança DELES MESMO, pesado no dia final deles.
c) AP, foi um dos mais doces e espiritualmente profundos rapazinhos de 12 anos
que conheci na IBFundamentalista-CampinaGrande. Nos cultos de oração toda a
igreja se dividia em grupos de 3 ou 4 pessoas. Quando calhava de ele estar no
grupo em que eu também estava, eu ficava comovido com as suas fé e orações
simples e profundas. Mesmo um pouco calado e tímido, ele era um dos melhores
amigos dos meus dois filhos homens, e de vez em quando ia lá em casa. Aos 18
anos, ele começou a ter que tomar remédios controlados. Numa crise durante um
final de semana, transtornado, fugiu de casa, subiu ao mais alto prédio em
construção e suicidou-se. Nós o enterramos como crente, o pastor pregou uma mensagem
agradecendo pela vida dele e tendo-o como crente. Todos os carolas católicos romanos, e os calvinistas da cidade, passaram
semanas não tendo outro assunto senão odiar e criticar o pastor, dizer que AP
não tinha chances de ter sido salvo, de modo nenhum.
d) O pai de PHC, um amigo meu, nos USA, trabalhava como motorista numa
transportadora com muitas dezenas de motoristas (de caminhões e carretas,)
quase todos eles sendo crentes. O dono era um crente calvinista, muito
dedicado, todos os dias bem cedo, quando já tinham batido o ponto e já estavam
ganhando salários, ele juntava todos os seus empregados, e fazia uma rápida
meditação e oração. Um dia ele chegou muito abalado por um pesadelo, onde tinha
visto um estranho, um crente fiel e de muitos frutos, ter caído num horrível
pecado e, antes de poder se arrepender, ter morte instantânea num acidente, e o
dono chorava copiosamente, dizendo mais ou menos, "que desgraça horrível,
ter dado tão maravilhoso testemunho, ganho tantas almas para Cristo, mas no fim
provar que nunca tinha sido eleito! Que desgraça mais horrível!" O pai do
meu amigo não se conteve e tomou o microfone e repreendeu o patrão e disse que
isso era impossível, o morto teria perdido galardões e coroas, mas não Sua
salvação, exatamente como poderia ter acontecido com o incestuoso de 1Co 5. E
usou outros versos.
Só estou usando estes fatos para mostrar que há calvinistas (não sei se a
maioria ou a minoria) que não tem certeza de salvação.
Agora, vejamos quem prova que calvinistas são impedidos de ter certeza, ainda
aqui sobre a terra, de que não podem perder a eterna salvação:
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http://evangelicalarminians.org/arminius-vs-calvin-on-assurance-of-salvation-and-perseverance/
[não sou arminiano e não subscrevo o autor em tudo, mas concordo com a parte
que traduzi e adaptei deste seu artigo]
...
Poderia parecer que a doutrina de Calvino de incondicionais eleição e
predestinação garantiria que, a uma pessoa [com certeza de] ter sido
incondicionalmente eleita para a salvação desde antes da criação do mundo,
seria automaticamente garantida a salvação final. Isso, no entanto, não é o
caso. É significativo ter em mente que, no calvinismo, a uma pessoa ... é
concedida ou dada [como um presente] fé em Jesus Cristo logo depois
que ela é regenerada por Deus [arrependimento e fé são presentes dados em
consequência da regeneração- salvação]. Essa experiência [de ser
tornada uma nova criatura] é algo que acontece na ausência de qualquer
vontade do destinatário. Uma pessoa é mudada de não-regenerada para regenerada,
e de incrédula para crente, na ausência de qualquer pensamento ou movimento de
si mesma. E, uma vez que esta graça foi dada por Deus, também é direito dEle
retomá-la [de volta]. Calvino explica:
"E esta é a única razão pela qual alguns perseveram até o fim, e outros, depois de começar a caminhada deles, caem. A perseverança é um dom de Deus, que Ele não dá em abundância e promiscuamente a todos [e Calvino refere-se aos que foram chamados, regenerados e tiveram fé!], mas transmite [somente] a quem [e Calvino refere-se aos que foram chamados, regenerados e tiveram fé!] Ele deseja. Se for perguntado como a diferença surge -- por que alguns [e Calvino refere-se aos que foram chamados, regenerados e tiveram fé!] perseveram firmemente, e outros se mostram deficientes em firmeza -- não podemos dar outra razão senão que o Senhor, por Seu poder poderoso, fortalece e sustenta os primeiros, para que não pereçam, enquanto Ele não fornece a mesma assistência a estes últimos, mas os abandona para serem 'monumentos de instabilidade.' " (John Calvin, Institutes of the Christian Religion, trans. Henry Beveridge (Peabody, MA: Hendrickson Publishers, Inc., 2008), 2:5.3.)
Sinceramente, espero que você
entenda claramente o que Calvino sugeriu. Deus pode iluminá-lo e fazer com que
você deposite sua esperança em Jesus Cristo para a salvação, mas pode decidir
não lhe conceder perseverança e, por causa disso, [algum dia antes do fim]
você se afastará da fé e da salvação. Que enganação! E por que Deus faz
isso? Deus faz isso para fazer de você um 'monumento ou troféu de instabilidade.'
Calvino está usando a mesma linguagem que Agostinho. Este último escreve:
"É, de fato, algo a nos deixar perplexos, e muito perplexos, que a
alguns de Seus próprios filhos -- a quem Ele regenerou em Cristo -- a quem Ele
deu fé, esperança e amor, Deus não dá perseverança também." (Citado por Laurence M. Vance, The Other Side of Calvinism
(Pensacola: Vance Publications, 1999), 58.)
... Calvino também promove um Deus que [cruelmente]
provoca, zomba e engana [muitas] pessoas [e Calvino refere-se
aos que foram chamados, regenerados e tiveram fé!] dando-lhes o mais leve
lampejo de salvação, apenas para [cruelmente] retirá-la delas, deixando-as
totalmente desiludidas e envergonhadas – inescapavelmente destinadas ao
tormento eterno no inferno. No calvinismo,
não há absolutamente nenhuma esperança [com certeza] de salvação final, pois o
crente presente não tem idéia se ou não ele é verdadeiramente um dos eleitos.
Sim, Deus pode ter iluminado você até a fé [pelo menos você tem certeza
de que a tem] em Cristo Jesus, mas não há absolutamente nenhuma esperança de
que Ele não vai tirá-la de você no momento seguinte. Pois Deus pode desejar
e querer que você seja um 'monumento de instabilidade'.
A citação [3 parágrafos] acima, de Calvino, não foi mero escorregão impensado da
caneta [e que ele, depois, esclareceu que não pensava realmente assim]. Mais
uma vez, ele escreve: "Em suma, somos suficientemente ensinados pela própria experiência de
que o chamado e a fé são de pouco valor sem
a perseverança, a qual, no entanto, não é dom de todos [e Calvino refere-se aos que foram chamados,
regenerados e tiveram fé!]." (John Calvin, Institutes
of the Christian Religion, trans. Henry Beveridge (Peabody, MA: Hendrickson
Publishers, Inc., 2008), 3:24.6.) ... Nem
mesmo arminianos alguma vez atribuiriam a final falta de perseverança (ou o
final cair) de crentes a um decreto de Deus, tornando-os 'monumentos de
instabilidade'. A visão de Calvino sobre Deus tem mais em comum com o Islã do
que com o cristianismo ortodoxo. Dr. Ahmad Shafaat [muçulmano] explica: "Por estas razões [semelhantes às de João Calvino e padre
Agostinho], um
muçulmano é muito cauteloso sobre fazer qualquer declaração categórica sobre o
destino final de indivíduos específicos, incluindo ele mesmo. Ele nunca se
presume ser uma alma já salva, mas humildemente leva sua vida inteira em um
estado de espírito que está entre a esperança e o medo ".
Esperança e medo. O popular autor e professor da Bíblia, Dave Hunt, relata a
história de um calvinista que existia da mesma maneira: entre esperança e medo.
Hunt escreve:
Al imergiu-se em um detalhado estudo de cada um dos cinco pontos
de TULIP. E isso acabou sendo o início de uma queda na fé. . . . Al percebeu
que, se tivesse sido eleito para a salvação, só poderia ter sido
incondicionalmente e, portanto, completamente separado de qualquer
"fé" que ele poderia ter colocado em Cristo. Essa fé teve de ser dada
a ele depois que ele foi salvo e não poderia ter envolvido crença de sua
parte. Olhando para trás para aquilo que ele tinha uma vez pensado que era uma
clara lembrança de responder ao evangelho por simplesmente crer em Cristo, sua
confusão só cresceu. ...
O fato de ter lido pelo menos uma [boa] parte, embora não tudo, desse volume
imponente e intelectualmente desafiador, 'As Instituições da Religião Cristã',
de Calvino, uma vez deram a Al um considerável orgulho [intelectual]. ... Com
horror, Al leu o que agora parecia ser um raciocínio sádico:
<<< ... A experiência mostra que os reprobados [os predestinados
por Deus para o inferno] são às vezes afetados [levados
à fé] de uma maneira semelhante aos eleitos, [a experiência
mostra] que mesmo no próprio julgamento deles não há
diferença entre eles. ... Não que eles realmente percebam o poder da graça
espiritual e da luz segura da fé; mas o Senhor, para melhor condená-los, e
deixá-los sem desculpa, instila em suas mentes um sentido de Sua bondade, tanto
quanto pode ser sentida sem o Espírito de adoção.
Ainda
assim, é corretamente dito que os réprobados crêem que Deus lhes é propício, na
medida em que eles aceitam o dom da reconciliação, embora confusamente e sem o
devido discernimento. ... nem eu mesmo [Calvino] nego que Deus
ilumina suas mentes a este ponto, para que eles reconheçam Sua graça; mas essa
convicção Ele distingue do testemunho peculiar que Ele dá a Seus eleitos a este
respeito, para que os reprobados [e Calvino refere-se aos que foram chamados,
regenerados e tiveram fé!] nunca obtenham o completo resultado
ou fruição [posse e usufruto de vantagem de terem, por um tempo,
acreditado que tinham sido salvos]. Quando Ele [Deus] Se mostra
propício a eles, não é como se Ele verdadeiramente os tivesse resgatado como
uma manifestação desta presente misericórdia. Somente nos eleitos Ele implanta
a raiz viva da fé, para que perseverem até o fim.>>>
[John Calvin, Institutes of the Christian Religion, III: ii, 11-12]
"Não há nada que Lhe impeça de dar, a alguns, [somente] um
pouco de conhecimento de Seu Evangelho, e, a outros, incutir
completamente" [John
Calvin, Institutes of the Christian Religion, III:
ii, 12]
. (Dave Hunt, What Love is This? Calvin’s
Misrepresentation of God (Sisters, OR: Loyal Publishing, Inc., 2002), 385,
387, 390, 391.)
O calvinista só pode ter [no
máximo] uma [plausível] esperança, sem poder ter a certeza de que é
verdadeiramente eleito - uma pessoa a quem o Senhor irá conceder finais
perseverança e salvação. Mas não há garantia quanto a esse final. Calvino cita
algumas passagens muito tranquilizadoras sobre a salvação daqueles que o Pai
deu a Jesus em João 6: 37-39, 10:27-28 e outros lugares. Mas isso somente torna
o raciocínio circular: como alguém pode ter certeza de que ele não será aquele
a quem Deus não concede perseverança? Embora [perseverança] seja um dom de
Deus, certamente não é o dom de todos.
Novamente, em outro lugar, Calvino promove o Deus da Tortura [da Insegurança]:
"Além disso há um chamado especial [o chamado efetivo dos eleitos, em oposição ao chamado geral a todas as pessoas]: Na maioria das vezes, Deus o concede somente aos crentes, quando pela iluminação interna do Espírito Ele faz com que a palavra pregada tome profundas raízes em seus corações. Às vezes, no entanto, Ele comunica-a também àqueles a quem Ele ilumina APENAS POR UM TEMPO, e que depois, em punição justa por sua ingratidão, Ele abandona e fere com maior cegueira." (John Calvin, Institutes, 3:24.8.)
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O que se segue foi traduzido e adaptado de https://soteriology101.wordpress.com/2015/06/25/why-calvinists-cannot-have-assurance/
:
"Calvinistas afirmam que há
pessoas que acreditam sinceramente que serão salvas, mas na realidade estão
auto-enganadas. Por exemplo, John Piper disse o equivalente a "Você pode abraçar [com todo o seu coração e empenho, o mais
puro] sistema teológico, e nem mesmo ter nascido
de novo".
Calvinistas acreditam que Deus determina tudo [do melhor ou do pior]
que acontece. Portanto, são forçados a dizer que aqueles que são auto-enganados
o são porque, ao final das contas, Deus assim o determinou. Se acontecer de
você ser um dos indivíduos que Deus tem destinado a [sempre]
permanecer em auto-engano, acreditando falsamente [com todo o seu coração]
que você está salvo quando na realidade você não está [nunca esteve e
nunca estará], então você não poderia saber este fato [que você está
auto-enganado] até depois que você mergulhasse na condenação [eterna, do
inferno].
Calvinistas afirmam que Deus, pelo Seu [soberano, arbitrário] querer,
imutavelmente decreta indivíduos para serem auto-enganados, com o propósito de
eles serem objetos da ira divina, a fim de Deus, ao final, trazer a Si mesmo
mais glória. Portanto, é impossível a qualquer calvinista consistente ter a
certeza de que ele não é um dos escolhidos para este ignóbil propósito.
Acreditar que você se comprometeu e dedicou a Cristo, e teve experiências com
Ele em [doce e achegado] relacionamento, não significa nada se Ele não é
confiável para com a humanidade em geral. E, uma vez que está provado que Ele
[seundo o calvinismo] é capaz e desejoso de decretar que outros [homens]
sinceramente acreditem que são salvos, quando eles realmente não o são, então
não pode haver garantia de que Ele não está fazendo o mesmo com você. Não há
maneira de um calvinista consistente saber se ele foi [por Deus] escolhido para
o auto-engano ou para a verdadeira salvação."
Hélio de Menezes Silva, maio.2017.
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em http://BibliaLTT.org, com ou sem notas.
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.