O Calvinismo é uma teologia desenvolvida por John Calvin nos anos 1500. Ele
apresentou essa teologia nas suas Institutes of Christian Religion
(Instituições de Religião Cristã), que em seguida chegou a ser a pedra
angular das teologias Presbiteriana e Reformada. Ela também é
chamada de teologia TULIP. Calvino mesmo não usa o termo TULIP para descrever
sua teologia, mas tal termo é um reflexo preciso, apesar de simplificado,
dos seus pontos de vista; e, ao contrário do que alguns clamam, cada
elemento básico da teologia TULIP pode ser encontrada nas Institutes
de Calvino.
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Total Depravity (Depravação Total): O homem é totalmente corrupto e morto, e não pode receber o Evangelho a não ser que Deus o capacite, de maneira soberana.
Unconditional Election (Eleição Incondicional): Deus escolhe incondicionalmente aqueles que serão chamados para salvação. Calvino acreditou que Deus também escolhe aqueles que vão para o inferno. “[Deus] destina para destruição aqueles que Lhe apraz… eles são predestinados para a morte eterna sem falta de mérito deles mesmos, simplesmente pela Sua vontade soberana. … Ele ordena todas as coisas pelo Seu conselho e decreto de tal maneira, que alguns homens nasceram destinados desde o útero para uma certa morte, a fim que o Seu nome seja glorificado na destruição destes. ... Deus escolhe como Seus filhos quem Lhe apraz … enquanto Ele rejeita e reprova outros” (Instituições de Religião Cristã, Livro III, cap. 23).
Limited Atonement (Expiação Limitada): A morte de Cristo foi somente para aqueles que Deus chamará para salvação. Calvino denunciou o sacrifício universal do Evangelho. “Quando parece que quando a doutrina da salvação está sendo ofertada a todos para o seu próprio benefício, isto é uma prostituição corrupta do que foi declarado estar reservado especialmente para os filhos da Igreja” (Instituições, Livro III, cap. 22).
Irresistible Grace (Graça Irresistível): A chamada de Deus para salvação é eficaz e não pode ser resistida.
Perseverance of the Saints (Perseverança dos Santos): Aqueles que são salvos continuarão na fé.
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1. Estudei o Calvinismo de primeira mão [diretamente da boca dos
próprios maiores defensores do Calvinismo]. Para ter um bom
entendimento do Calvinismo para mim mesmo, estudei as Institutes of
Christian Religion de Calvino, como também os escritos de muitos
Calvinistas influentes, tanto aqueles contemporâneos como os do passado. No
final de 2000, fui convidado a pregar numa conferência sobre o Calvinismo na
Heritage Baptist University em Greenwood, Indiana, que foi organizada em
Abril de 2001. A conferência era oposta ao Calvinismo e concordei em falar
porque eu simpatizava com um tal modo de pensar. No entanto, antes de fazer
a mensagem para a conferência, fiz muitas coisas. Uma delas foi estudar com
muita atenção as Instituições de Calvino, por mim mesmo. Também entrei
em contato com o Dr. Peter Masters em Londres, Inglaterra, que me ligou a
seguir e discutimos a respeito do Calvinismo. Ele distribuiu alguns dos meus
livros durante muitos anos. Falei-lhe que o amo e o respeito em Cristo e
também amo e respeito o seu predecessor, Charles Spurgeon, apesar de não
concordar em todos os pontos com nenhum desses dois homens a respeito do
Calvinismo (ou alguns assuntos, enquanto a isso). Estudei durante muito
tempo as pregações de Spurgeon e isto me beneficiou. Nos últimos anos,
passei muitos dias frutíferos e abençoados estudando na Spurgeon’s Library
em Missouri perto de Kansas City. Contei ao Dr. Masters que gostaria que ele
me falasse quais livros ele poderia me recomendar para que eu possa
corretamente entender o que ele acredita sobre o assunto (sabendo que há
muitas variedades do Calvinismo). Eu não queria apresentar o Calvinismo de
modo errado. No meio de outras coisas, o Dr. Masters recomendou que eu lesse
Spurgeon vs. the Hyper-Calvinists (Spurgeon contra os hiper Calvinistas)
de Iain Murray. Comprei o livro e o apreciei grandemente. Foi uma grande
ajuda no alvo de entender melhor o Calvinismo. Assim fiz um esforço
considerável para entender o Calvinismo corretamente e para não apresentá-lo
de modo errado.
2. Os batistas precisam encarar o assunto do Calvinismo. É um assunto
que divide, mas precisa ser encarado porque toca um dos pontos mais
importantes da verdade bíblica e afeta a maneira como os crentes percebem o
evangelho e a própria pessoa de Deus. É interessante observar que sempre
houve muitas divisões entre os Batistas quanto ao Calvinismo. Os Batistas
da primeira hora na Inglaterra eram divididos entre General Baptists
(Batistas Gerais) e os Particular Baptists (Batistas Particulares),
referindo-se ao modo como consideraram a expiação de Cristo, seja ela para
todos os homens (geral) ou somente para os eleitos (particular). O livro de
Adam Taylor History of the General Baptists of England (1818) (História
dos Batistas Gerais da Inglaterra) trata da história dos Batistas não
calvinistas na Grã-Bretanha, e eles eram muitos. Que eu saiba, [Taylor] é o único
historiador batista britânico do século 19 que não era calvinista. Está por
certo que a grande maioria das histórias batistas foram escritas por
calvinistas e eles tipicamente negligenciam e às vezes pervertam a história
e as crenças dos batistas não calvinistas. Seja como for, o fato permanece
que os Batistas sempre foram divididos neste assunto e não seria sábio
evitar tocar no assunto, mesmo provocando divisões.
3. Estou convicto de que John Calvin causou grandes e desnecessárias
divisões entre o povo de Deus por causa dos seus erros, e poucas coisas
impediram o evangelismo bíblico mais do que o Calvinismo. Como veremos
mais tarde, isto quase matou as igrejas batistas da Inglaterra nos anos 1700
e no princípio dos anos 1800. Sei que muitos não estarão de acordo comigo,
mas estou convicto do que, entre os Calvinistas, evangelismo está sendo
feito APESAR do Calvinismo, e não por causa dele.
4. É importante entender que o Calvinismo é uma teologia não assentada.
Calvinistas estão seriamente divididos entre si e sempre o foram. Há muitas
variações da teologia TULIP, e há alguns Calvinistas que totalmente rejeitam
alguns pontos de TULIP. Sempre que alguém tenta apresentar a teologia TULIP
e depois a recusa, há calvinistas que vão discutir com você falando que você
está apresentando o calvinismo de modo errado. Não é tanto que você esteja
apresentando o Calvinismo de modo errado, na verdade. Você poderia estar
citando diretamente vários calvinistas ou até Calvino mesmo. O problema é que
você está apresentando de modo errado o Calvinismo deles! Há
Calvinistas de Calvino e Calvinistas de Thomas Fuller e Calvinistas de Arthur
W. Pink e Calvinistas Presbiterianos e Calvinistas Batistas e muitos outros
tipos de Calvinistas. E eles disconcordam entre si sobre muitas coisas. Muitos
Calvinistas nunca leram as Institutes of Christian Religion de
Calvino.
Eles simplesmente estão seguindo alguém que segue alguém que pretende seguir
a Calvino. Calvinistas acreditam que têm o direito de rejeitar ou modificar
algumas partes ou conclusões de Calvino. Concordo com eles a 100%, e, além
disso, digo que também temos o direito de rejeitar a coisa inteira se
estivermos convencidos do que ela não está sendo confirmada pelas Escrituras!
5. Deus não manda Seu povo escolher entre Calvinismo ou Arminianismo!
A Bíblia diz “Examinai tudo. Retende o bem” (1Tes. 5:21). A Bíblia mesma
é o teste da verdade, não a teologia sistemática de alguém. Tenho o direito
e a responsabilidade de testar cada teologia pela Bíblia e tenho a liberdade
diante do Senhor de rejeitar qualquer parte ou até tudo dessa teologia. Não
preciso escolher entre teologias humanas. Eu posso ficar firme
exclusivamente com a Bíblia mesma. Ela é a única autoridade para a fé e a
prática. Muitos Calvinistas não autorizarão fazer isto. James White, autor
de “The Truth about the King James Bible Controversy” ("A Verdade sobre a
controvérsia da Bíblia do Rei Tiago") e vários outros livros, me
escreveu um ano atrás e me desafiou a entrar num debate público. Ele me
impeliu para “defender o Arminianismo.” Achei uma coisa estranha pois não
sigo o Arminianismo e não dou a mínima pelo Arminianismo. Estudei um pouco a
teologia de James Arminius e encontrei erros nela como também encontrei
erros na teologia de John Calvin. White tem essa idéia tipicamente
calvinista que um Cristão precisa seguir o Calvinismo ou precisa seguir o
Arminianismo. Se não for Calvinista, com certeza é um Arminiano. Nada disso!
Mas essa idéia teve início com Calvino mesmo. Ele tratava aqueles que não
estavam de acordo com a sua posição sobre a eleição como inimigos de Deus e
do evangelho, e não admitia que pessoas rejeitassem o Calvinismo e podiam
ainda acreditar na Palavra de Deus! Desde a época que fui salvo pela Graça
maravilhosa e gratuita de Deus, há 28 anos atrás, até hoje, quis entender a
vontade de Jesus Cristo e quis ser um fiel servo dEle através da Palavra
preservada de Deus, as Escrituras. Fiz disso a minha única teologia, da
melhor maneira que podia. Eu gosto de teologia sistemática; no momento estou
ensinando um curso de doutrina bíblica numa nova escola bíblica que
começamos no sul da Ásia e estou preparando a publicação dum livro sobre
Doutrina Bíblica , mas estou comprovando as várias teologias com as
Escrituras só, e nunca concordei inteiramente com alguma teologia humana.
Louvo a Deus de não estar debaixo de alguma obrigação divina de seguir o
Calvinismo ou o Arminianismo.
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Apesar de eu não concordar com a teologia calvinista, preciso
admitir que há muitas coisas boas a respeito do Calvinismo, especialmente
quando contrastado com a teologia e o evangelismo raso, focalizada no homem,
que está tão popular hoje em dia. Quatro coisas logo vêm a mente:
1. O Calvinismo exalta Deus como o único Autor de salvação e dá glória
somente para Ele. Neste assunto, o Calvinismo está correto e
perfeitamente bíblico e acerta bem no alvo. Não tem salvação à não ser em
Deus. Não há nada de bom no homem e não há nada que ele possa fazer para
obter a sua salvação. Precisa ser inteiramente de Deus. Se não fosse pela
misericórdia e a graça de Deus que providenciou salvação em Cristo e atraiu
homens para essa salvação, convencendo-os e iluminando-os e concedendo-lhes
fé e arrependimento (que são ambas dádivas de Deus), ninguém seria salvo.
Toda Glória a Deus.
2. O Calvinismo faz o homem humilde e não lhe dá parte nenhuma na
salvação e nada para se glorificar. Isso é a outra parte do ponto
prévio, e nisso o Calvinismo está seguindo perfeitamente as Escrituras. A
Bíblia não dá razão nenhuma para o homem se gloriar. Salvação é uma coisa
inteira de Deus e nada do homem. Romanos 4:2 diz que se a salvação de Abraão
não fosse inteira de Deus, ele teria alguma coisa para se gloriar, mas isso
claramente não é possível já que nenhum homem pode em momento algum se
gloriar de coisa alguma diante de um Deus três vezes santo. Até a justiça do
homem, as melhores ações dele, não passam de imundícia diante de Deus
(Isaías 64:6).
3. O Calvinismo dá uma segurança eterna àquele que crê. O Calvinismo
promete uma segurança eterna ao crente, porque sabe que (1) salvação é
inteira de Deus e assim não depende de algum modo das obras do homem, sejam
elas boas ou más , (2) Deus elegeu e ordenou a pessoa salva para uma herança
gloriosa e eterna, e (3) os salvos perseveram na fé através da obra efetiva
e a moradia do Espírito Santo. Nisso [o Calvinismo] acerta bem no alvo.
4. O Calvinismo ensina que os eleitos darão provas da sua chamada. O
Calvinista sabe que a salvação produz uma mudança total na vida de uma
pessoa, e nisso [o Calvinismo] acerta bem no alvo. Uma “salvação” que não dá
início a uma mudança de vida e direção e pensamento e propósito não é uma
salvação bíblica.
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É importante entender que existe uma grande variedade de doutrinas e
práticas no meio dos Calvinistas, e não considero, de forma alguma, um homem
como inimigo da verdade somente porque aceita parte da teologia calvinista.
O livro de Iain Murray "Spurgeon vs. Hyper Calvinists: The Battle for Gospel
Preaching" (Spurgeon Contra Hiper Calvinistas: a Batalha da Pregação da
Palavra) (Edinburgh, Banner of Truth Trust, 1995) descreve de modo excelente
as diferenças entre os Calvinistas. Existem Calvinistas ganhadores de almas,
Calvinistas com muito zelo evangelístico e missionário; e existem Calvinistas
que condenam estas coisas. Alguns interpretam o Calvinismo de tal maneira
que não acreditam em oferecer salvação ou pregar a Palavra para todos os
pecadores; até mesmo não acreditam que Deus ama a todos os homens.
Charles Spurgeon encarou isto um dia. Ele acreditou no Calvinismo em parte,
apesar de recusar permitir que qualquer teologia possa revirar o ensino da
Bíblia. Nos seus comentários sobre 1 Timóteo 2:3-6, por exemplo, Spurgeon
escreveu:
“E então? Tentaremos colocar um outro sentido no texto do que já tem? Penso que não. Precisa-se, para a maioria de vocês, conhecer o método comum com qual os nossos amigos Calvinistas mais velhos lidaram com esse texto. ‘Todos os homens,’ dizem eles, -- ‘quer dizer, alguns homens’: como se o Espírito Santo não poderia ter falado ‘alguns homens’ se quisesse falar alguns homens. ‘Todos os homens,’ dizem eles; ‘quer dizer, alguns de todos os tipos de homens’: como se o Senhor não poderia ter falado ‘Todo tipo de homem’ se quisesse falar isto. O Espírito Santo através do apóstolo escreveu ‘todos os homens,’ e sem dúvida quer dizer todos os homens. Estava lendo agora mesmo uma exposição de um doutor muito apto o qual explica o texto de tal forma que muda o sentido; ele aplica dinamite gramatical no texto, e explode o texto expondo-o … O meu amor pela consistência com as minhas próprias doutrinas não é de tal tamanho para me autorizar a alterar conscientemente um só texto da Escritura. Respeito grandemente a ortodoxia, mas a minha reverência para a inspiração é bem maior. Prefiro aparecer cem vezes ser inconsistente comigo mesmo do que ser inconsistente com a palavra de Deus” (C.H. Spurgeon, Metropolitan Tabernacle Pulpit, 1 Timothy 2:3,4, vol. 26, pp. 49-52).
Amém e amém. Este é que é um Calvinista sábio!
Spurgeon recusou-se a tentar reconciliar toda contradição aparente na
Bíblia, e era sábio o suficiente para saber que não podia entender cada
mistério de Deus. Ele disse:
“Que Deus predestina, e que o homem é responsável, são duas coisas que poucos enxergam. Acredita-se que são inconsistentes e contraditórias; mas elas não são. É simplesmente a culpa do nosso julgamento fraco. Duas verdades não podem ser contraditórias. Se, então, acho ensinado em um lugar que tudo foi pré-ordenado, é verdade; e se achar em outro lugar que está sendo ensinado que o homem é responsável para todas as suas ações, é verdade; e é a minha grande tolice que me leva a imaginar que duas verdades podem se contradizer. Não acredito que essas duas verdades jamais poderão ser amalgamadas numa só sobre qualquer bigorna humana, mas elas serão uma só, na eternidade: são como duas linhas que são tão paralelas, que a mente que persegui-las o mais longe possível, nunca descobrirá que elas convergem; mas elas convergem sim, e se encontrarão em algum lugar na eternidade, perto do trono de Deus, de onde nasce toda verdade ” (C.H. Spurgeon, New Park Street Pulpit, Vol. 4 (1858), p. 337).
Spurgeon advertiu para não se criar teologias que tentam reconciliar cada
dificuldade bíblica:
“Homens com uma ansiedade mórbida de ter uma crença coerente, uma crença que se ajunte para formar um quadrado como um quebra-cabeça chinês,--são muito aptos a estreitar as suas almas. Aqueles que somente acreditam naquilo que eles podem reconciliar necessariamente duvidarão muito quanto à revelação divina. Aqueles que recebem pela fé tudo o que eles encontram na Bíblia receberão duas coisas, vinte coisas, ou vinte mil coisas, apesar de não conseguirem construir uma teoria que possa harmonizá-las todas” (C.H. Spurgeon, “Faith,” Sword and Trowel, 1872).
Nesses assuntos, Charles Spurgeon era um Calvinista, mas ele era muito mais
do que um Calvinista; ele era um Biblicista. Fala-se a respeito de Spurgeon,
que se você desse uma furada nele, até o sangue dele era “bibliano.” Ele
amava teologia e estudou teologia com diligência, mas a coisa mais
importante é que ele tinha uma fé de criança em tudo o que a Bíblia fala e
não admitiu que alguma teologia humana revirasse um ensinamento claro das
Escrituras.
E mesmo se Spurgeon pode ser considerado como Calvinista, ao mesmo tempo ele
era um grande evangelista e acreditou que podia-se oferecer a salvação a
todos os homens. Spurgeon pensava que mais pecadores poderiam ser salvos se
o evangelho fosse pregado para [mais de] eles, e ele não tentou reconciliar
um tal ponto de vista com a eleição de Deus. Ele pensava que a sua
responsabilidade era de pregar o evangelho para o maior número de pecadores
possível. Ele acreditava que instrumentos como a oração poderiam resultar em
uma maior ceifa de almas. Ele tinha reuniões de oração antes dos cultos, e
toda segunda-feira a noite, e também em outras ocasiões. Às vezes, quando o
auditório do Metropolitan Tabernacle estava cheio, um grupo ficaria na sala
de oração de baixo para orar durante a pregação (informação recebida por
e-mail da Sra. Hannah Wyncoll, Assistente Administrativa, Metropolitan
Tabernacle, June 2, 2000). Spurgeon gostava de ganhar almas e ensinou as
suas ovelhas a serem ganhadoras de almas. O seu famoso livro The Soul Winner
("O Ganhador de Almas") continua sendo impresso. Havia alguns na igreja de
Spurgeon que “fizeram sua a tarefa especial de ‘olhar para almas’ na nossa
grande congregação, e de tentar levar a uma decisão imediata aqueles que
aparentemente foram impressionados pela pregação da Palavra. [Nota do Irmão Cloud: Observa-se a palavra “decisão” na descrição que Spurgeon dá destes
ganhadores de almas!] Um irmão ganhou para si o título
de meu [de Spurgeon] cão de caça, porque
sempre está pronto a pegar as aves feridas. Uma segunda-feira à noite, numa
reunião de oração, ele estava sentado ao meu lado no palco; de repente senti
a sua falta, e agora o ví do outro lado do prédio. Depois da reunião,
perguntei-lhe porque ele saiu tão rápido, e ele falou que o gás iluminava o
rosto de uma mulher na congregação, e ela tinha um olhar tão triste que ele
deu volta, foi sentar do lado dela, pronto para falar sobre o Salvador
depois do culto” (C.H. Spurgeon, The Full Harvest, p. 76). Assim, vemos que
Charles Spurgeon era um homem muito zeloso para ganhar almas, e o seu
Calvinismo e suas convicções sobre a soberania de Deus não impediram isso de
modo nenhum.
De outro lado, muitos Calvinistas da época se opuseram de modo veemente a
Spurgeon, tanto nos seus púlpitos como nas suas revistas, e denunciaram sua
prática de estender convites a pecadores para virem a Cristo. (Na verdade
ele não convidava as pessoas para virem à frente durante o culto, como se
faz hoje em dia, mas os convidava a vir para Cristo assim mesmo; e ele
acreditava que no final um pecador era salvo em cada assento no enorme
auditório do Metropolitan Tabernacle daquele dia.) Por exemplo, um jornal
calvinista muito popular na época de Spurgeon era o Earthen Vessel. Numa das
suas edições em 1857, simplesmente declarou que “é um absurdo pregar que é
dever do homem crer em Cristo para salvação.” Era exatamente o que Spurgeon
pregava. Portanto, para muitos Calvinistas da sua época, Spurgeon era um cara
absurdo!
Isso nos lembra que há vários tipos de Calvinistas e não seria sábio
considerá-los todos da mesma forma.
Tive o privilégio de conhecer, ou pelo menos de comunicar-me à distância,
com muitos Calvinistas homens de Deus e ganhadores de almas. Muitas vezes
correspondei-me com Dr. David Otis Fuller, o pastor formado em Princeton da
Wealthy Street Baptist Church em Grand Rapids, Michigan, e também editor de
muitos livros importantes defendendo a English Authorized Version ("Versão
Autorizada Inglesa [também conhecida como King James Bible, a Bíblia do Rei
Tiago]"). Dr. Fuller acreditava no Calvinismo, pelo menos em parte, mas
faleceu enquanto estava levando uma menina a Cristo na escola dominical.
Dr. Ian Paisley, pastor da Martyrs Memorial Presbyterian Church em
Belfast, Irlanda do Norte, é outro exemplo. Tenho muita consideração por
ele, apesar de ele ser um inabalável Calvinista. Lembro com alegria o nosso
encontro em um restaurante no centro de Belfast, alguns anos atrás. Eu estava
pregando em algumas igrejas batistas na Irlanda, e ele me chamou para a sua
casa e me convidou para almoçarmos juntos. Foi uma bênção encontrar este
homem de Deus, e isto foi a parte mais destacada desta viagem interessante e
proveitosa. Ele me deu dois livros da sua biblioteca para ajudar na minha
pesquisa sobre a história da defesa da King James Bible. Ele me mostrou a
sua cópia do meu livro “For Love of the Bible: The History of the Defense of
the Authorized Version and the Received Text from 1800 to Present.” ("Por
amor da Bíblia: A História da Defesa da Versão Autorizada e do Texto
Recebido, de 1800 até hoje.") Ele tinha escrito [sobre o livro] as palavras, “Cloud is not
beclouded.” ("Cloud não está sendo nublado.") [Observação do tradutor:
aA palavra "cloud"
quer dizer "nuvem", então se trata aqui de um jogo de palavras com o nome do
autor deste artigo. Na verdade é quase impossível oferecer uma tradução que
reflita corretamente o verdadeira sentido desta frase.] Isso foi um
encorajamento, porque eu estimava muito o Dr. Paisley pelo seu zelo, pela
fé, e a pela sua exposição do mistério da injustiça.
Dr. Timothy Tow, pastor da Life Bible Presbyterian Church, Dr. S.H. Tow (M.D.), pastor da Calvary Bible Presbyterian Church, e
Dr. Jeffrey Khoo,
Academic Dean do Far Eastern Bible College, são outros exemplos. Esses
homens são inabaláveis Calvinistas mas também são Calvinistas ganhadores de
almas e de grande zelo missionário. Eles e outros dos seus companheiros
foram responsáveis pela pregação da palavra em muitos cantos escuros da
Ásia, e me regozijo por isso. Eles distribuem os meus livros nas suas
livrarias e comunicaram-se comigo em várias ocasiões, e considero-os como
amigos na fé; apesar de não concordar com o Calvinismo deles nem com a
posição deles sobre o batismo. E eu não posso, por essa última razão em particular,
falar nas suas igrejas. Mas amo-os e não os considero como inimigos. (Se
alguém dos meus leitores batistas pensa de modo diferente e pensa que homens
como estes deveriam ser inimigos, é o seu privilégio, mas gostaria que não
me escrevesse e me chateasse sobre este assunto.)
Dr. Peter Masters, pastor do Metropolitan Tabernacle em London,
Inglaterra, é um outro exemplo. Correspondi-me com ele e falei com ele pelo
telefone. Essa igreja continua seguindo os passos do seu estimado pastor de
antigamente,
Charles Spurgeon, neste sentido que a sua teologia é Calvinista mas também é
zelosa quanto à evangelização e missões estrangeiras. O Tabernacle organiza
a sua grande evangelização da Escola Dominical durante a tarde. A Escola
Dominical e as Young People’s Bible Classes (Aulas Bíblicas para Jovens)
começam às 3 da tarde. Tem mais de 100 funcionários, e uma frota
considerável de carros ajunta-se aos 15 microônibus e ônibus maiores da
igreja para buscar as crianças. Além das aulas que se dão no prédio
principal da igreja, há outras filiais em outras partes da cidade. O número
total de pessoas freqüentando a Escola Dominical era de cerca de 750 quando
me informei alguns anos atrás. O Tabernacle também hospeda todo mês um encontro
da Student Focus no sábado à noite durante os meses de aula. Esses encontros
têm um caráter evangelista e recebem um bom número de participantes. Algumas
reuniões com grande publicidade reuniram mais de 400 estudantes. A igreja
também organiza um “chá para estudante” (uma refeição leve) cada domingo à
tarde, “em parte porque senão os estudantes hospedados em albergues da
juventude perderiam uma refeição vindo para igreja.” Ela mantém um camelô gospel semanal na área de shopping Elephant & Castle que está ao redor da
igreja. Há uma entrada principal do metrô de Londres logo do outro lado da
rua do Tabernacle. O camelô oferece Bíblias e literatura tanto para os não
salvos como para os crentes, e destaca cartazes com frases como “Answers to Questions Everyone Asks about Religion” (Respostas às Perguntas que Todos
Fazem à Respeito de Religião). É mantido por voluntários. O Tabernacle
também usa cartazes evangelistas colocados em estações chave do metrô de
Londres. O desenho muda de vez em quando. Os cartazes atuais mostram várias
coisas que impedem as pessoas de ir para igreja para ouvir a Palavra. O
título em cima pergunta, “O QUE IMPEDE VOCÊ DE OUVIR A PALAVRA?” Por baixo
há seis desculpas comuns que as pessoas dão para não atender a igreja ou se
interessar pela Bíblia. Entre essas encontra-se “Não vim a Londres para me
tornar religioso”, “O Cristianismo não é nada além de mitos hebraicos, gente
velha e hipócritas”, e “O que meus amigos falariam se soubessem onde fui?”
Os cartazes apresentam repostas breves a essas idéias e convidam o leitor a
“vir, ouvir, e decidir por si mesmo”, e a “ENCARAR OS FATOS NO TABERNACLE,
PRÓXIMO DOMINGO ÀS 6:30 DA TARDE.” A Sword & Trowel fez a observação: “Estes
[cartazes] são vistos por milhões de pessoas, e ao decorrer dos anos muitas
pessoas que entraram pela primeira vez depois de ter visto um cartaz, foram
salvas.” Assim o Calvinist Metropolitan Tabernacle (que tem 350 anos de
idade) envergonha um grande número de igrejas não-Calvinistas no seu zelo
para evangelizar.
Na minha opinião, Calvinistas como estes não são inimigos da verdade. Apesar
de eu fortemente não concordar com eles quanto à sua teologia Calvinista, e
apesar do fato que eu não
gostaria de me tornar membro das suas igrejas por causa do modo diferente como
consideramos este assunto, também não os considero inimigos. O Calvinista
que é inimigo da verdade é o Calvinista que autoriza a teologia Calvinista
a impedir ou até matar o zelo evangelista e a paixão ganhadora de almas e
a visão missionária.
Poderíamos dar muitos exemplos de como o Calvinismo fez exatamente isso. A
teologia Calvinista quase matou as igrejas batistas da Inglaterra nos anos
1700 e no início dos anos 1800, e a visão missionário tinha totalmente
desaparecida.
Consideramos a citação seguinte do livro History of the Baptists ("História
dos Batistas") (1890) de Thomas Armitage: “O livro de William Carey ‘Inquiry
into the Obligations of Christians to Use Means for the Conversion of the
Heathen’ (Pesquisa sobre as Obrigações de Cristãos para Usar Meios para a
Conversão de Pagãos) foi publicado em 1792, mas encontrou poucos leitores e
produziu pouco resultado. Para a maioria dos Batistas, os pontos de
vista de Carey eram visionários e até extravagantes, em conflito aberto com a
soberania de Deus. Numa reunião de pastores, onde Ryland senior era
presidente, Carey propôs que no próximo encontro eles discutiriam a tarefa
de tentar espalhar a Palavra para os pagãos. ... Ryland, escandalizado, se
colocou de pé e ordenou o Carey se sentar, dizendo: ‘Quando agradar a Deus
converter pagãos, Ele o fará sem a sua nem a minha ajuda!’” Onde foi que
este líder batista encontrou uma tal idéia? Com certeza não foi na Bíblia,
mas na sua teologia desviada.
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A Bíblia ensina que o homem é moralmente corrupto (Jer. 17:9; Rom.
3:10-18) e morto em ofensas e pecados (Ef. 2:1) e espiritualmente cego (1
Cor. 2:14), mas ela não ensina que o homem não pode responder ao Evangelho.
Muito pelo contrário, a Bíblia ensina que Cristo dá luz para todo homem (Jo.
1:9), que Ele atrai todos os homens a Si (Jo. 12:32), e que Ele convence os
homens através do Espírito Santo (Jo. 16:8). Deus chama os homens para
salvação através do Evangelho (2 Tess. 2:14), e Ele deu ordens para que o
Evangelho fosse pregado a toda criatura (Mc. 16:15).
A Bíblia é muito clara quanto ao fato de que os homens não são eleitos
para destruição. Homens não vão para o inferno por causa de eleição, mas
porque rejeitaram ou negligenciaram o Evangelho (Mt. 23:37; Atos 13:46; 2
Tess. 2:10-11).
A Bíblia afirma claramente que Deus estendeu Sua graça para os homens e ela foi rejeitada por eles.
Caim (Gen. 4:6,7)
O mundo antes do dilúvio (Gen. 6:3)
O velho Israel (Rom. 10:21)
Israel na época de Cristo (Mt. 23:37; Jo. 5:40)
Os Judeus na época de Paulo (Atos 13:46)
Deus ama a todos os homens (Jo. 3:16)
Deus deseja que todos os homens sejam salvos (2 Pe. 3:9)
Deus deu ordens que o Evangelho seja pregado para toda & cada pessoa
(Mc. 16:15)
Jesus é o preço de redenção para todos os homens (1 Tim. 2:6)
Jesus provou a morte por todos os homens (Heb. 2:9)
Jesus providenciou propiciação para todos os homens (1 João 2:2)
Deus providenciou reconciliação para todos os homens (2 Cor. 5:19)
Jesus comprou até falsos mestres não salvos (2 Pe. 2:1)
A iniqüidade de todos os homens foi colocada sobre Jesus (Is. 53:6).
Se a primeira parte de Isaias 53:6 é universal, e sabemos que ela é, fica
bizarramente inconsistente interpretar a segunda parte como limitada.
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João 6:37 “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim
de maneira nenhuma o lançarei fora.” Este versículo é usado por
Calvinistas para ensinar que Deus escolhe quem será salvo, e quando Ele
escolhe que uma pessoa será salva, esta pessoa sem dúvida virá a Cristo.
Então, este versículo é usado para suportar as doutrinas Calvinistas da
Eleição Incondicional e da Graça Irresistível. Como sabemos que a
interpretação Calvinista está errada? Este versículo deve ser
interpretado à luz do seu contexto. Se o versículo fosse deixado isolado
do resto da Bíblia, poderia ser interpretado de maneira Calvinista, mas ele
deve ser interpretado à luz do resto do ensino de Cristo em João. O
versículo 40 explica o versículo 37. É a vontade de Deus que cada um que crê
em Jesus seja salvo. Os que Deus Pai deu ao Filho são aqueles que crêem
nEle. Este é o ensino consistente do Evangelho de João. Vejam João 1:11-12;
3:15-18, 36; 5:24; 6:29; 11:25-26; 20:31.
João 6:44 “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não
trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.” Este versículo é usado
por Calvinistas para suportar sua doutrina da Eleição Incondicional, que
somente aqueles que foram escolhidos por Deus de modo soberano é que podem ser
salvos. O problema aqui é duplo: (1) Cristo falou que Ele atrairia todos
os homens a Si (Jo. 12:32; 1:9). (2) A Bíblia fala que Deus deseja
que todos os homens sejam salvos (1 Tim. 2:3-4; 2 Pe. 3:9). Então,
enquanto seja verdade que ninguém pode vir a Cristo a não ser que ele seja
atraído por Deus, também é verdade que todos os homens são atraídos e que
aqueles que são rejeitados são aqueles que rejeitam a verdade e não crêem (2
Tess. 2:10,12).
Atos 13:48 “E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e
glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados
para a vida eterna.” O Calvinista interpreta este versículo à luz da
própria teologia e fala que a eleição de Deus não tem nada a ver com a
reposta do homem para o Evangelho, embora isso ignore o contexto imediato do
versículo. Logo antes disto, no versículo 46, Paul declarou porque os Judeus
não crêem. Não foi porque eles não foram escolhidos por Deus para crer. Foi
porque eles mesmos O colocaram longe deles. Eles mesmos rejeitaram a
verdade. Não era da vontade de Deus que agissem assim. Não foi porque eles
foram preordenados para a danação eterna. Eles receberam a luz de Cristo (Jo.
1:9) e eles foram atraídos por Cristo (Jo. 12:32) e eles foram convencidos
pelo Espírito Santo (Jo. 16:8), mas eles rejeitaram tudo isso, e por esta
razão foram rejeitados por Deus.
Romanos 9:13-16 “Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú.
Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma.
Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei
misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do
que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.” Estes
versículos são usados por Calvinistas em geral para suportar sua doutrina da
Eleição Soberana, que Deus escolhe de modo soberano quem será salvo e quem
será perdido. Como sabemos que está interpretação está errada? (1) O
contexto não trata de salvação pessoal, mas da eleição por Deus da nação
Judaica e do programa geral de Deus pelos tempos. Deus escolhendo Jacó e
rejeitando Esaú não se refere à salvação pessoal deles, mas ao lugar deles
no plano de Deus para Israel. Quando a Bíblia fala que Deus odiou a Esaú,
isso não quer dizer que Ele não amou Esaú. Isso quer dizer que Ele rejeitou
Esaú como aquele que era para fazer parte da descendência de Israel. A mesma
palavra é usada em Lucas 14:26, onde Cristo falou que um discípulo deve
odiar seu pai e mãe e esposa e filhos e irmãos. Será que isso quer dizer que
é da vontade de Deus que um crente não sinta amor pela sua família? Alguns
cultos falsos interpretaram isto assim, mas não faz sentido. O resto da
Bíblia demonstra claramente que é da vontade de Deus que o crente ame seus
pais e esposa e filhos. A palavra “odiar,” como está sendo usada nestes
versículos, não quer dizer falta de amor; quer dizer que alguma coisa é
rejeitada como tendo o primeiro lugar na vida ou no propósito de alguém.
Jacó foi escolhido para ter a posição exaltada, enquanto Esaú foi rejeitado
para essa posição. Da mesma forma, o discípulo de Cristo deve colocar seu
Mestre na posição exaltada [suprema] na vida dele e rejeitar todos os outros desta
posição. Em comparação com o amor do discípulo a Cristo, o amor dele às
demais coisas deveria ser como ódio. (2) Além disso, o contexto também
ensina que a salvação é disponível para todos os homens e que os homens se
condenam rejeitando o Evangelho (Rom. 10:1-4,9-13). (3) O trecho em Romanos conclui falando que Deus encerrou a todos
na falta de fé a fim de poder ter misericórdia de todos (Rom.
11:32). Assim a Bíblia ensina de modo consistente que a salvação está
disponível para todos.
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Um perigo pelo menos tão danoso para o evangelismo quanto o
Calvinismo, é o chamado “Easy Believism” (“Crença fácil”) ou “Quick
Prayerism” (“Oramento rápido”) que prevalece tanto no meio de
[alguns]
Batistas fundamentalistas como em muitos outros grupos. Prefiro chamá-lo de Quick
Prayerism ao invés de Easy Believism, porque o fato é que a salvação vem pela fé
(Jo. 3:16) e a esta [fé salvadora] não é difícil. Aqueles que praticam o Quick Prayerism podem ser
caracterizados como abaixo explicado:
(1) Eles são ávidos & rapidíssimos para levarem pessoas a pronunciarem uma oração [pré-fabricada, curtinha, mecânica] até mesmo quando não têm prova de convicção ou de regeneração, ao oposto do Apóstolo Paulo o qual, como João Batista, exigia prova de arrependimento. “Antes anunciei primeiramente aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por toda a terra da Judéia, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a Deus, fazendo obras dignas de arrependimento.” (Atos 26:20).
(2) Eles são ávidos & rapidíssimos para ignorarem [o assunto] arrependimento, ou para redefinirem arrependimento de modo a não ter nada a ver com afastamento do pecado ou mudança de vida. Eles tipicamente rejeitam as definições básicas [e bíblicas] do arrependimento como sendo “uma mudança da mente que resulta numa mudança de vida”, e redefinem o arrependimento, em lugar disso, como uma simples “mudança do estado de falta de crer para o estado de crer.” Eles não têm medo de contabilizar grandes números de confissões falsas, porque não acreditam que o arrependimento sempre traz uma mudança de vida.
(3) Eles são ávidos & rapidíssimos para dar uma segurança para as pessoas mesmo quando não houver prova de salvação. A segurança bíblica vale somente para aqueles que realmente nasceram de novo, e os tais darão provas claras disso (2 Cor. 5:17). Dar uma segurança para alguém somente porque essa pessoa orou uma [pré-fabricada, curta, mecânica] oração de pecador, ou foi à frente através de um corredor entre os bancos da igreja, e confessou Cristo para um oficial daquela igreja, é muito perigoso, porque dá uma falsa esperança para grandes números de pessoas não regeneradas.
(4) Eles são ávidos & rapidíssimos para contar números, não importa quão enganadores eles sejam. Aqueles que praticam o Quick Prayerism tipicamente relatam que têm grandes números de “salvações”, apesar de uma porcentagem significante das suas confissões não dão prova de salvação. Na minha experiência, não é caso raro que 90% das confissões produzidas em tais ministérios ficam sem fruto. É desonesto dar tais relatórios [dessa maneira]. Falar que “20 homens oraram para receber a Cristo na prisão ontem à noite” ou “500 pessoas oraram a oração do pecador através do ministério da nossa igreja o ano passado” é uma coisa. Mas é uma coisa totalmente diferente falar que “20 homens foram salvos na prisão ontem à noite” ou “500 pessoas foram salvas através do ministério da nossa igreja o ano passado.” Isso é mais verdadeiro ainda quando aquele que traz a notícia sabe por experiência que a maioria dos seus “convertidos” não ficam na bateia do garimpeiro [isto é, não são verdadeiros, não depositam no fundo como ouro, mas saem pelas bordas, como areia amarela] e que a grande parte das confissões produzidas no seu ministério são tão vazias quanto a geladeira de um homem sem um lar.
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Concluindo, não estou dizendo que há formas de Calvinismo que são escriturais e
que somente alguns tipos de Calvinismo mais extremo são não escriturais.
Spurgeon falou que precisamos voltar ao Calvinismo de John Calvin. Apesar de
eu ter um grande respeito para Charles Haddon Spurgeon (sabendo, também, que
era somente um homem), preciso discordar deste grande velho guerreiro
neste assunto particular. Digo que precisamos ir bem além disso. Calvino
mesmo voltou até Augustino, mas isso, também, não é longe o suficiente. Na
verdade, apoiar-se sobre o muito inconfiável Augustino foi um dos erros maiores
de Calvino. Não precisamos voltar até Calvino. Precisamos voltar o caminho
todo até a fé dispensada aos santos como foi perfeitamente e suficientemente
registrada nas Escrituras! Este é o ponto onde a nossa teologia sistemática
deve começar e terminar.
David Cloud
Copyright 2001, Fundamental Baptist Information
Service, P.O. Box 610368, Port Huron, MI 48061-0368, 866-295-4143,
fbns@wayoflife.org.
Traduzido por Philippe van Mechelen, 2004.
Todas as citações bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). As ACF
e ARC (ARC idealmente até 1894, no máximo até a edição IBB-1948, não a SBB-1995)
são as únicas Bíblias impressas que o crente deve usar,
pois são boas herdeiras da Bíblia da Reforma (Almeida 1681/1753),
fielmente traduzida somente da Palavra de Deus infalivelmente preservada
(e finalmente impressa, na Reforma, como o Textus Receptus).
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.