João 3:5: Respondeu Jesus: "Em verdade, em verdade te digo: se algum homem não for nascido
proveniente- de- dentro- da água
e (ademais) proveniente- de- dentro- de o Espírito (Santo), não pode entrar para o reinar de Deus.
Antes de tudo, não posso ter nenhum grau de comunhão e identificação com aqueles
que (à semelhança dos romanistas) defendem que o nascer proveniente- de-
dentro- da água de Jo 3:5 é aquilo que chamam de batismo nas
águas, e que este batismo é condição indispensável para salvação (regeneração
batismal).
Mas, afora isto, esta questão de a que se refere "água" não é uma
questão que decide se posso ou não ter comunhão com outro bom e fundamentalista
crente batista que crê literalmente em cada e toda palavra da Bíblia do TR: a
não ser contra a regeneração batismal, não pretendo me separar nem iniciar
guerra contra nenhuma outra posição sobre tal "água", eu posso
conviver com bons batistas fundamentalistas que creiam diferentemente de mim,
embora eu esteja convicto de como creio.
Também, antes que eu prossiga, note que os judeus (particularmente os fariseus)
da época do NT ensinavam que havia 8 maneiras garantidas para se gozar das
bênção do mundo por vir (http://www.hadavar.org/getting-to-know-god/you-must-be-born-again/
), e a 1ª era ter nascido como um Israelita. Este fato se deduz da Mishnah, a
tradição oral, Sanhedrin 10:1, e do Talmud, Sanhedrin 90.a, que dizem (tradução
para o inglês): "All
Israel have a portion in the world to come, for it says, “Your people,
all of them righteous, shall possess the land for ever; They are the shoot that
I planted, my handiwork in which I glory” (Isaiah 60:21)" Outra tradução, agora para
português:"Todos os israelitas terão sua parte no mundo vindouro. Pois
está escrito: 'O teu povo será todo justo, herdará a terra para sempre, o ramo
por mim plantado, a obra das Minhas mãos, para que Eu seja glorificado.' "
Note também que os judeus da época do NT usavam a terminologia "nascer
da água" para significar o nascimento físico, ver "Nicodemus,
A Rabbi’s Quest," Ariel Ministries, Manuscript #16, pg. 2.
Mais uma última coisa antes de começarmos: Nicodemos, usando a expressão
"segunda vez" (1208 deuteros δεύτερον) no verso vizinho João 3:4, prova que
a tradução correta de "509 anothen ἄνωθεν", no verso João 3:3, é "DE
NOVO" (como em todas as 12 Bíblias de antes de 1881 que tenho, em 4
idiomas), e não "do alto". Isto é muito importante, não deixe de
notar isso.
Agora, comecemos lendo toda a passagem em torno do v. 5:
João 3:1-21 (LTT, a tradução
Literal do Texto Tradicional, com anotações):
1 ¶ Ora, havia um homem proveniente- de- entre os fariseus (Nicodemos era o seu nome), um chefe dos
judeus.
2 Este veio a Jesus de noite, e disse-Lhe: "(ó Meu) Grande- Professor, temos
conhecido que proveniente- de- junto- de Deus Tu tens vindo como Professor- Mestre; porque
nenhum homem pode fazer estes sinais que Tu fazes, a não ser que seja Deus com
Ele."
3 Respondeu Jesus e disse-lhe: "Em verdade, em verdade te digo: se algum homem não for de novo
nascido, não pode ver o reinar de Deus."
4 Diz-Lhe Nicodemos: "Como pode um homem nascer, já velho
sendo? Pode ele ir para- dentro- do útero da sua mãe, pela segunda vez, e (de novo) ser
nascido?"
5 Respondeu Jesus: "Em verdade, em verdade te digo: se algum
homem não for nascido proveniente- de- dentro- da água e |
6 Aquilo tendo sido nascido proveniente- de- dentro- da carne, carne é; e aquilo tendo sido nascido
proveniente- de- dentro- de o Espírito (Santo), espírito é.
7 Que não te maravilhes de que Eu te disse: 'Necessário *vos* é serdes nascidos de
novo.
8 O vento aonde quer assopra, e a voz dele ouves, mas não tens conhecido de
onde ele vem, nem para onde ele vai; assim é todo aquele tendo sido nascido
proveniente- de- dentro- de o Espírito (Santo)."
9 Respondeu Nicodemos, e disse-Lhe: "Como pode ser isso?"
10 Respondeu Jesus, e disse-lhe:
"Tu és o professor- mestre de Israel, e isto não sabes?!
11 Em verdade, em verdade te digo que aquilo que temos sabido dizemos, e aquilo
que temos visto estamos testificando. E o Nosso testemunho não recebeis.
12 Se das
coisas terrestres vos falei, e não credes,
como, se Eu vos falar das coisas celestiais, crereis?...
13 Ora, nenhum homem tem subido para- dentro- do céu, exceto Aquele havendo
descido proveniente- de- dentro- do céu, a saber, o Filho do
homem, Aquele (Filho) estando
dentro- do céu.
14 E, exatamente- como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário ser levantado o Filho
do homem,
15 Para que todo aquele (homem) que está crendo para- dentro- dEle não se faça perecer, mas tenha a vida eterna.
16 Porque de tal maneira amou Deus ao mundo
que ao Seu Filho, o Seu unigênito, deu, a fim de que todo aquele que
está crendo para- dentro- dEle (o
Filho) não se faça perecer, mas tenha a vida eterna.
17 Porque Deus não enviou o Seu Filho para- dentro-
do mundo a fim de que condene o mundo, mas a fim de ser salvo o mundo através
dEle (o Filho).
18 Aquele que está crendo para- dentro- dEle (o Filho) não é condenado; aquele, porém, que não está crendo para- dentro- dEle (o
Filho) já tem sido condenado, porquanto
não tem crido para- dentro- de o nome de o unigênito Filho de Deus.
19 E esta é a condenação: que a Luz tem vindo para- dentro- do mundo, mas os
homens amaram muito mais a treva do que a luz, porque eram más as obras deles.
20 Porque todo aquele que o mal está
fazendo odeia a luz e não vem em direção à luz, a fim de que não sejam descobertas
e reprovadas as obras dele.
21 Aquele, porém, que está
praticando a verdade, vem em direção à luz, a fim de que sejam manifestas as
obras dele (que em Deus elas estão tendo sido feitas)."
No v. 4 Nicodemus está falando em nascimento físico, parto, útero, mãe.
Portanto, o mais natural é que Jesus, ao começar a lhe esclarecer sobre como
ser salvo, comece a construir uma ponte de entendimento a partir do lado em que
Nicodemos estava, e comece falando de algo que tenha a ver com nascimento
físico, parto, útero, mãe.
Não usemos nós a palavra "amniótico", que só surgiu no século XVI
(não é?), mas reconheçamos que, antes disso, muitas vezes se usava a simples
palavra "água" para se significar o que hoje a Medicina chama de
"líquido amniótico". Usávamos frases como "a bolsa rompeu e a
água escorreu", ou "o saco uterino rompeu e desceu água". Como
eu e minha esposa não somos médicos, nos 4 partos dela, no século 20, usamos
exatamente essas frases, com "água" significando o que os médicos de
hoje chamam de "líquido amniótico". Pois bem, os judeus e gregos do
século I faziam exatamente o mesmo, pois não tinham outra palavra para que não
"água" quando queriam falar no que hoje se chama de líquido
amniótico. Capisci? Entendeu?
V. 5 faz um contraste entre duas coisas diferentes: uma
coisa material (envolvendo a "água") e uma coisa imaterial
(envolvendo o Espírito, que todos entendemos ser Deus, o Espírito Santo): 5 Respondeu Jesus: "Em
verdade, em verdade te digo: se algum homem não for nascido
proveniente- de- dentro- da água e (ademais) proveniente- de- dentro- de o Espírito (Santo), não pode entrar para o reinar de Deus."
O próximo verso diz "6 Aquilo tendo sido nascido proveniente- de-
dentro- da carne, carne é;
e aquilo tendo sido nascido proveniente- de- dentro- de o Espírito (Santo), espírito é."
Portanto, é justo se reconhecer que v. 6 é uma repetição do v. 5 explicando-o
em outros termos, para melhor entendimento do confuso Nicodemos, e de todos
futuros leitores. Somos justificados em traçar uma seta associando
"água" (em amarelo, no verso 5) com "carne" (em amarelo, no
verso 6), e em traçar uma seta associando "Espírito" (em verde, no
verso 5) com "Espírito" e "espírito" (ambos em verde, no
verso 6).
Além disso, em v. 4 (Diz-Lhe Nicodemos: "Como pode um
homem nascer, já velho sendo? Pode ele ir
para- dentro- do útero da sua mãe, pela segunda vez, e (de novo) ser
nascido?"), Nicodemos, confuso, não percebeu o
contraste implicado por em "de novo" (o verso 3). Nicodemos usa a
expressão "pela segunda vez", no verso 4, porque entendeu o "de
novo" expresso por Jesus no verso 3, ficou muito admirado com esta ideia,
por isso não entendeu que Cristo fazia um o contraste entre o 1º nascimento
sendo físico (material) e o 2º sendo espiritual (não material), por isso
Nicodemos tomou o 2º nascimento como também sendo físico, o que o deixou
perplexo, e ele apenas perguntou por detalhes sobre como nascer fisicamente uma
2ª vez, portanto tudo indica que Jesus lhe respondeu ensinando uma distinção,
um contraste entre o nascimento físico e o espiritual, e fez isso fazendo uma
análise de contrates expostos em paralelo, associando o 1º nascimento físico
com uma coisa física (a água) e o 2º nascimento com o Espírito, ao invés dEle
saltar etapas e ir logo definindo em termos explícitos e claros o que é
nascimento espiritual. Mas, mesmo sem ser de forma direta, quem discordaria que
versos 9 a 11 (ou mesmo 9 a 21) esclarecem exatamente que o nascimento
espiritual somente e sempre vem em consequência de crer em Jesus
(isto é, crer em todas as palavras dEle e todas as palavras da Bíblia a
respeito dEle, portanto crer em toda a Bíblia, porque Ele a atestou e assim nos
ordenou nela crer em cada palavra dEla)? Quem discordaria?
Resumamos os contrates expostos em paralelo, pondo-os em forma de tabela:
1º nascimento, físico, material |
2º nascimento, espiritual, imaterial |
|
v. 4 Nicodemos menciona dois nascimentos: |
De
dentro do útero de sua mãe. |
Nicodemus, erroneamente, toma o 2º nascimento como se fosse também físico, e, perplexo, roga que Cristo esclareça isso. |
v. 5 - Jesus menciona dois nascimentos: |
De dentro da água. |
Do
Espírito |
v. 6 - Jesus menciona dois nascimentos, mais uma vez: |
Proveniente da carne. |
Proveniente
do Espírito |
Tenho esta posição, acima resumida, deste final de 1974, poucos meses depois de
ser salvo, quando, ao ler sistematicamente a minha Bíblia inteira pela primeira
vez, em casa e sem falar com ninguém mais, analisei palavra por palavra a
passagem, e cheguei a crer assim, sem nenhuma sombra de dúvida, pelos motivos
acima resumidos. Desde então até hoje, 2014, ouvi alguns 2 ou 3 pastores (um
deles Carl, de Hendrix, Nebraska) (e alguns 5 a 10 pregadores leigos e
evangelistas pessoais) batistas fundamentalistas pregarem sobre o texto do
mesmo modo que eu cria. Também preguei em igrejas ou em evangelismo pessoal, na
presença de tais pastores e missionários, algumas 2 ou 3 vezes no Canadá e
Estados Unidos, e algumas 10 a 20 vezes no Brasil (por exemplo, ante Pastores
P. Collins em Campina Grande e J. Pereira em João Pessoa), expressando o que
creio sobre Jo 3:5, e sempre assentiam com a cabeça em aprovação ou, pelo
menos, nenhum deles nunca expressou discordar de mim, por isso eu pensei que
era a posição unânime entre batistas fundamentalistas, e nunca me dei ao
trabalho de anotar os nomes de todos os pastores que as pregavam (no início de
1975, eu ainda sendo um novo crente, um pastor presbiteriano- neoevangélico-
carismático visitou-me em minha casa em Campina Grande e terminou chateado
comigo sobre Jo 3:5 quando me testou pedindo que eu explicasse toda a passagem,
expliquei, mas ele, chateado, zangou-se, zombou de mim, e se retirou; fiquei
sem entender sua brabeza, ele nem tentou explicar sua posição, apenas zombou e
se retirou, eu não entendi nada de nada e resolvi esquecer o caso). Somente
hoje, 14.08.2014, como fui perguntado sobre a passagem por outro irmão batista
fundamentalista, um meu bom amigo, escrevi este resumo, e ainda sem ter lido
nenhum comentário ou artigo sobre o assunto. Mas, logo a seguir, procurei em
meus livros e não achei nada. Depois procurei na internet e achei, num fórum,
que há alguns artigos bons e que basicamente defendem o que acredito (e
certamente eles citam outros autores mais antigos), por exemplo:
- Wiersbe, Warren W. The Bible
Exposition Commentary. 2 vols. Wheaton: Scripture Press, Victor Books,
1989. Volume 1, page 295.
Não obtive o livro mas somente uns slides em http://pt.slideshare.net/FreeLeaks/the-wiersbe-bible-commentary-new-testament-28820451?qid=7f445ba9-19de-4005-8308-643e445c97f2&v=default&b=&from_search=1
, dos quais tomarei apenas uma frase do comentário sobre Jo 3:1-7: "... nosso Senhor tomou as palavras de Nicodemos e explicou ainda
mais o novo nascimento. Ser "nascido da água" é ter nascido
fisicamente."
- Russell Fowler, “Born of Water and the Spirit
(John 35),” Expository Times 82 (February 1971): 159, and D. G. Springs,
“Meaning of ‘Water’ in John 35,” Expository Times 85 (February 1974):
149–50.
- Carl Laney, John (Chicago: Moody Press,
1992), p. 78.
- Isto é mencionado como uma possibilidade em Ben Witherington III, “The Waters of Birth: John 3.5 and 1 John 5.6–8,” New
Testament Studies 35 (1989): page 156 (ou 150-156).
Mas a internet só tem referências bibliográficas sobre estes artigos, não os localizei em íntegra. Portanto, para dar pelo menos um exemplo de outra pessoa com minha mesma posição, segue-se um artigo (mesmo sendo de um judeu messiânico, acho):
Pastor
Jeremy Thomas, em http://www.fbgbible.org/09.2006%20John%203.5%20Born%20of%20Water%20and%20the%20Spirit.rtf
, escreveu:
In
verse 3 Jesus told Nicodemus that one must be “born again” to see the kingdom
of God. Nicodemus misunderstood Jesus’ use of “born again” to be referring to
physical birth when he asked in verse 4, “How can a man be born when he is
old?” Apparently, Nicodemus held the common Jewish belief that being a physical
descendant of Abraham was enough to enter the kingdom of God. Jesus,
recognizing Nicodemus’ misunderstanding, brilliantly used his misapplication of
the phrase “born again” and made an analogy between physical and spiritual
birth. Jesus
argumentou que uma pessoa tem que ter dois nascimentos para entrar no reino de
Deus; um parto para fora da água e um nascimento do Espírito. A água é
claramente associada com o nascimento físico. Quando um bebê está prestes a nascer
a membrana (que envolve o bebê) rompe-se e faz descer o líquido amniótico, que
é principalmente água. Ainda hoje dizemos: "Sua bolsa de água
estourou". Jesus não tem em mente o batismo de água, mas o nascimento
físico. But, in addition
to physical birth Jesus said a person must have a spiritual birth. As the
teacher of Israel Nicodemus should have understood these things (v 10). That
Jesus was clearly comparing physical and spiritual birth is clarified in verse
6 when He said “That which is born of flesh is flesh, and that which is born of
the Spirit is spirit.” Nicodemus had already been born of water which is
equivalent to being born of the flesh, but he still needed to be born again,
that is, born of the Spirit, a phrase which clearly refers to
“regeneration””. In addition Jesus said, “If I told you earthly things
and you do not believe, how will you believe if I tell you heavenly things?”
Once again, physical birth is an “earthly thing” and spiritual birth is a
“heavenly thing”. Jesus could not be clearer. In conclusion, two births are
required to enter the kingdom of God. First, one must be physically born into
the world. This is all Nicodemus thought was required. But he was mistaken.
Therefore, Jesus says one must be “born again”, “born of the Spirit”. Obviously
no one can decide whether he is physically born into the world. However,
because all who are physically born into the world are born in a state of
spiritual death (Eph 2:1) they must be spiritually born in order to enter the
kingdom. The condition for being spiritually born is given in verse 15,
“whoever believes will in Him have eternal life.” Jesus equates having eternal
life with having spiritual life. What Jesus did not say was that a person
needed to be water baptized in order to enter the kingdom. That idea is foreign
to the context. The sole condition for being born again is faith alone in
Christ alone. The result is always spiritual birth and guaranteed entrance into
the kingdom of God.
Além
disso, http://www.fountainofgrace.us/doctrine-2/is-water-baptism-necessary-for-salvation-2/water-baptism-cont/
analisa 6 interpretações para Jo 3:5 e decide-se pela que também tomamos.
Por outro lado, buscando na internet durante alguns minutos, fiquei pasmo com
tantas explicações tão longes da mais simples e literal:
A) Encontrei muitas, muitas dezenas de artigos católicos defendendo que Jo 3:5
ensina a herética regeneração batismal;
B) Encontrei muitos artigos espíritas defendendo que Jo 3:3,5 ensinam a
herética doutrina da reencarnação, mas isso é radicalmente negado pelo contexto
e por He 9:27;
C) Encontrei vários reformados e batistas (como John Gill no passado e,
atualmente, John Piper (neocalvinista, que é o casamento do calvinismo com
o mundo, e desaprovo a frase dele que o crente deve ser hedonista, pois os
dicionários definem hedonismo como a busca de prazeres)) alegorizando e
totalmente confundindo a promessa soteriológica de todo capítulo 3 de
João (entrada no reino de DEUS, a todo aquele que crê) com a promessa escatológica
de Ez 36:24-28 (reajuntamento de entre as nações, reavivamento e salvação, que
se cumprirá literalmente ao final da 70ª Semana de Daniel, a Tribulação, para
entrada no reino dos CÉUS, promessa dada aos ISRAELITAS; tal fuga do
literalismo totalmente possível, e completa distorção do assunto principal de
Jo 3, e tal alegorismo, são tão absurdos e contrárias ao contexto e à Bíblia
que nem sequer precisam de comentários. (mas eu não resistiria à vontade de
perguntar aos seus defensores, se tivesse a oportunidade: "se você
estivesse em um ônibus a 5 minutos de saltar dele, e vizinho a você estivesse
uma pessoa que o reconhecesse como um crente, e ele lhe fizesse uma pergunta
escatológica sobre se Israel seria convertida no futuro, usaria você João 3
para lhe responder? Claro que não, não é? Você usaria Ez 36. Mas, se fosse uma
pergunta soteriológica sobre como ser salvo, usaria você Ez 36 para lhe
responder? Óbvio que não, não é? Você usaria Jo 3. Como, pois, você quer tomar
as duas passagens como paralelas, para você poder interpretar "água"
em Jo 3:5 do modo que lhe agrada???!!! Isto me deixa perplexo.")
D) Encontrei alguns outros reformados e batistas (tais como do neo-evangélico
inimigo do Textus Receptus e da KJB, D.A. Carson, no seu livro The Gospel According
to John: An Introduction and Commentary): Tal e como os padres
católicos faziam quando eu, menino, lhes fazia alguma pergunta sobre a Bíblia,
estes de agora tentam nos amedrontar e paralisar através de um
falso e superficial conhecimento de grego:
a) dizendo que "kai" no v. 6 é uma conjunção contrastiva ("O que é nascido da
carne é carne, MAS, EM CONTRASTE, o que é nascido do Espírito é
espírito"), mas que "kai" no v. 5 é uma
conjunção explicativa ("não nascer da água, ISTO É, do
Espírito"). Este argumento é tão ridicularmente
forçado e sem justificativas que não precisamos nem mesmo respondê-lo, não é?
Não há nenhuma razão para uma mesma palavra significar coisas diferentes no
mesmo fôlego de Quem falou, e na mesma linha de quem escreveu!
b) Carson
diz "Second, the preposition ‘of’ governs both ‘water and ‘spirit’. The most natural way of taking this construction is to see the phrase
as a conceptual unity: there is a water-spirit source (cf. Murray J. Harris,
NIDNTT 3. 1178) that stands as the origin of this
regeneration." No todo, ele está dizendo que o v. 5 estava duas vezes falando da
mesma coisa, isto é, que água e espírito seriam sinônimos (um hendiadys). Em outras palavras, dizendo que
a ausência de artigo definido "a" antes de "água" e
ausência de artigo definido "o" antes de "Espírito" FORÇAM,
obrigatoriamente, que entendamos que água e Espírito estão tão ligados que não
mais devem ser encarados como coisas diferentes e independentes, mas como
conceitos tornados equivalentes e sinônimos, colados, formando uma só coisa,
são uma só coisa. Ora, ninguém precisa saber um pingo de grego para perceber
que tal regra gramatical é uma invenção deles e é errada, pois há muitos casos
na Bíblia em que tal "regra infalível" falha e é evidentemente
demolida, por exemplo, em Rm 11:22 "...
Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: ...", onde não há os artigos definidos
"a", em grego, mas ninguém é louco de dizer que bondade e severidade
são sinônimos, são equivalentes, são uma só e mesma coisa. Ouçam, amigos, a
linguagem humana é uma coisa muito mais rica e complexa do que imaginamos,
desconfie sempre de regras de gramáticas que usam as palavras "sempre/
nunca/ com toda certeza", pois quem define a linguagem é o
"povão" que a fala, os gramáticos apenas tentam simplificar as
coisas, muitas vezes esquecendo ou escondendo que há muitas e importantes
exceções às regras que eles inventam. Por exemplo, no Canadá, um meu amigo de
lá, Jacques, estava estudando português porque queria vir morar no Brasil, e
logo nas primeiras aulas ele me disse que o professor tinha lhe ensinado uma
regra que nunca tinha nenhuma exceção e que declarava que, em nossa língua,
nunca a ordem dos adjetivos tem o menor valor, "uma faca afiada" e
"uma afiada faca" significam exatamente a mesmíssima coisa. Eu pensei
2 segundo e lhe respondi que tal generalização era ridiculamente errada, a
regra valia na maioria dos casos mas nem sempre, e lhe expliquei a diferença
entre "um homem grande" e "um grande homem", entre "um
pobre prefeito" e "um prefeito pobre", e lhe dei mais uns 2
exemplos. Ó amigos que estejam aprendendo uma língua moderna, sempre confiem
mais no significado imediato que o homem da rua entende, do que nas regras dos
gramáticos. Ó irmãos, sempre confiem mais no significado primeiro que lhe vem à
mente quando lê o mesmo texto em 3 ou mais traduções de antes de 1881, fiéis e
competentes, e tal sentido imediato é o que se encaixa perfeitamente com o
contexto mais imediato possível.
Falsos malabarismos com falsa erudição com pretextos de gramáticas não
intimidam os homens simples vindos dos pés de serra, mas que simplesmente creem
nas palavras da Bíblia (tomadas em seu contexto mais imediato possível).
Repetimos que vemos com suspeita e aversão todos os muitos e poderosos que,
depois de 1881, tentam nos amedrontar inventando complicadas nuances de regras
da gramática grega ou de significado de palavras, para, com isso, chegarem a
traduções que nunca existiram antes, eles chegam e dizem "Pessoal!
Descobri que todas as 100 traduções mais respeitadas desde a época da Reforma,
em 100 idiomas, estão erradas em 1000 versículos. Por exemplo, aqui neste
ponto, "todos" significa "somente a maioria"; neste outro
ponto, "e" significa "ao contrário"; ali, o adjetivo A não
se aplica ao substantivo S1 mas ao S2; e, acolá ... .
Reconhecem vocês o quanto sou maravilhoso? Fico imaginando como seria o
cristianismo sem mim, mas somente com essas 100 velhas Bíblias de 400 anos, tal
como era entendida pelos simplórios durante 400 anos."
D.A. Carson e seus colegas estão errados. Ninguém precisa abandonar suas dúzias
de antigas traduções adotadas pelos melhores batistas e reformados durante 400
anos. Mas, se você tive tempo e quiser, leia nos dicionários de grego e verá
que "kai" é uma conjunção que tem o sentido PRIMÁRIO (e mais
frequente) COPULATIVO, de {e, além disso, ademais} (junta, conecta palavras ou
grupos de palavras de sentidos diferentes, como em "ele é brasileiro e bom
matemático"; "havia crentes e descrentes"); e, SECUNDARIAMENTE
(menos frequentemente), tem, além do sentido copulativo, também o sentido
CUMULATIVO, de {e em cima disso, e cumulativamente} (junta palavras ou grupos
de palavras que vêm numa sequência ascendente de um certo grau ou intensidade
dentro de ima mesma categoria, como em "ele é graduado, e mestre, e PhD em
Matemática"); terciariamente, tem o sentido de conjunção adverbial
EXPLANATÓRIA, de {isto é, a saber, até mesmo, e equivalentemente, então, posto
que}, como em "ele é músico, a saber, tocador de instrumento
musical"; e nunca tem o sentido de conjunção ADVERSATIVA de {mas, porém, ao
contrário, ...}. Bem, a não ser que seja totalmente impossível, devemos sempre
adotar o sentido primário, e isto põe "água" e "Espírito"
como coisas diferentes. Mesmo se pudéssemos e tivéssemos que adotar (e não
temos) o sentido secundário, isto é, o sentido cumulativo, ainda assim
"nascer da água" e "nascer do Espírito" não seriam
equivalentes. E quem seria louco em adotar o sentido terciário, explanatório
"nascer da água, que significa, é o mesmo que nascer do Espírito",
sem nenhuma necessidade disso?!?!?!
Estendendo-me mais um pouco, a regra V do famoso gramático Granville Sharp diz
o contrário do que os D.A. Carson e seus camaradas alegaram:
Regra V.
E como também quando não há artigo antes do primeiro substantivo, a inserção do copulative kai antes do próximo substantivo (ou nome) da mesma declinação indica que este [segundo substantivo ou nome] é uma pessoa ou coisa diferente da primeira: tal como nos exemplos seguintes -
Ora,
temos, em João 3:5
5 ἀπεκρίθη Answered
V-ADI-3S ὁ T-NSM Ἰησοῦς Jesus, N-NSM Ἀμὴν Verily HEB ἀμὴν Verily HEB λέγω I Say V-PAI-1S σοι To Thee,
P-2DS ἐὰν COND μή Se
não PRT-Negação τις algum
homem X-NominativoSingularMasculino γεννηθῇ for
nascido V-AoristoPassivoSubjuntivo-3PessoaSingular ἐξ proveniente-
de- dentro de PREPosição ὕδατος água Substantivo-GenitivoSingularNeutro καὶ e CONJunção πνεύματος de
Espírito Substantivo-GenitivoSingularNeutro οὐ PRT-N δύναται He
Cannot V-PNI-3S εἰσελθεῖν Enter V-2AAN εἰς Into PREP τὴν The T-ASF βασιλείαν Kingdom
N-ASF τοῦ T-GSM θεοῦ Of God.
N-GSM
Note que a regra V de Sharp se aplica perfeitamente: temos "e"
antecedido por um substantivo "água" sem há artigo definido, e
seguido por um substantivo "Espírito" também sem artigo definido,
portanto os dois substantivos referem-se a coisas diferentes.
As referências a água e espírito claramente estão contrastando
duas coisas diferentes. Tanto gregos "comuns" como brasileiros
"comuns" entendem a frase "se algum homem não entrar no
curso, E (além disso) se ele não for aprovado, então não pode
entrar no mercado de trabalho" como significando que a 1ª premissa
"não entrar no curso" (que vem antes da preposição "E") e a
2ª premissa "ele não for aprovado" (que vem depois da preposição
"E") são duas coisas DIFERENTES, e que AMBAS são indispensáveis para
a conclusão lógica "não pode entrar no mercado de trabalho."
Nenhum brasileiro "comum" ou grego "comum" entenderá que as
2 premissas são uma só e mesma coisa, são sinônimos. Semelhantemente, a frase
"se algum homem não for nascido proveniente- de-
dentro- da água e (ademais)
proveniente- de- dentro- de o Espírito (Santo), não pode
entrar para o reinar de Deus" tem que ser entendida, quer por
brasileiros "comuns" ou gregos "comuns", como significando
que as 1ª e 2ª premissa são DIFERENTES, e que AMBAS coisas ("ter nascido
proveniente- de- dentro- da água", e "(ademais)
ter nascido proveniente- de- dentro- de o Espírito") são
necessárias para a conclusão lógica ("pode entrar para o reinar de
Deus").
E) Encontrei alguns outros reformados e batistas defendendo a teoria de que
água se refere ao poder da Palavra (se ouvida e atendida) nos purificar, e
alegam Ef 5:26; Rm 10:17. Isto é tão evidentemente errado ... mas estou com
preguiça de escrever, o que escrevi sobre outros erros pode ser estendido para
este.
F) Encontrei alguns outros reformados e batistas que têm posição semelhante à
nossa em identificarem água com algo físico ... no entanto, infelizmente
e estranhamente, usam Pr 5:14 e outros escritos em hebraico para pensar que
água se refere ao sêmen ou à semente (veja, por exemplo, Hugo Odeberg, The
Fourth Gospel (Amsterdam: B. R. Grüner, 1968), pp. 48–71 https://ia600508.us.archive.org/14/items/MN41506ucmf_4/MN41506ucmf_4.pdf
). Isto é errado, pois o assunto levantado por Nicodemos, o contexto do verso,
é de nascimento (ser dado à luz), não é de concepção.
Vou tentar concluir este breve artigo sobre este assunto tão interessante.
Restringindo-nos apenas ao capítulo 3 de João, permitam-me usar exatamente as
palavras de Deus, mas "colorir" [enfeitar] um pouquinho o que PODE
(talvez) ter se passado na mente de Nicodemos.
Nicodemos diz que não entende o que significa "se algum homem não for de novo
nascido, não pode ver o reinar de Deus.".
Jesus começa a explicação pedida, sobre o que significa "de
novo nascido", dizendo:
"5 se algum homem não for nascido proveniente- de-
dentro- da água e (ademais) proveniente- de- dentro- de o Espírito
(Santo), não
pode entrar para o reinar de Deus"
É possível que Nicodemos ainda não entendeu, concorda? Por isso
Jesus continua explicando:
"Aquilo tendo sido nascido proveniente- de-
dentro- da carne, carne é."
Ainda é possível que talvez Nicodemos apenas começou a entender,
por isso Jesus continua explicando:
"e aquilo tendo sido nascido proveniente- de-
dentro- de o Espírito (Santo), espírito é."
E ainda é possível que ainda restava um pouquinho de confusão na
cabeça de Nicodemos, por isso Jesus estende a explicação:
"Que não te maravilhes de que Eu te disse:
'Necessário *vos* é serdes nascidos de novo."
Acho que a este ponto Nicodemos finalmente entendeu o ensino,
percebeu que Jesus está CONTRASTANDO o 1º nascimento (físico) com o 2º
nascimento, e que este é o oposto do 1º, é o nascimento espiritual e é
proveniente do Espírito Santo. Jesus continua no versículo 8, para reforçar o
ensino, e explicar que o 2º nascimento é real mas é invisível, imaterial:
"O vento aonde quer assopra, e a voz dele ouves,
mas não tens conhecido de onde ele vem, nem para onde ele vai; assim é todo
aquele tendo sido nascido proveniente- de- dentro- de o Espírito (Santo)."
Por que tantas pessoas complicam tanto, viajam para tão longe do texto,
perambulam na Bíblia à maior distância possível do texto em análise, procuram
por pretextos bem longe do texto tão claro, tentam igualar "água" com
"batismo"? Outros, tentam igualar água com o Espírito Santo? Outros,
tentam igualar água com o poder regenerador da Palavra de Deus? Etc. Mas acham
tão difícil aceitar que Jesus significa carne quando diz "carne", e
significa água (do nascimento físico) quando diz "água" (como
paralelo ao nascimento físico)?!?!?! ... ... ...
É tão simples:
1) "se algum homem não for nascido proveniente-
de- dentro- da água" à
isto se refere ao nascimento físico,
que coisa tão clara, para gregos "comuns" e brasileiros
"comuns"!
2) "e (ademais,
não for nascido) proveniente- de- dentro-
de o Espírito (Santo), " à isto se refere ao nascimento espiritual, que coisa tão clara, para
gregos "comuns" e brasileiros "comuns"!
Hélio,
14.08.2014.
**********************************
APENDICE
Veja o que diz James Davis em "Single Prepositions with Multiple
Objects in Matthew 3:11 and John 3:5: An Exegetical Argument Running Amok?"
(17
páginas) em https://bible.org/assets/pdf/James%20Davis-%20NTS%20Single%20Preposition%20Multiple%20Object.pdf
:
Regardless of one’s position on both of these passages, the one preposition
with multiple object argument is seen to be having an influence on
interpretation in ruling out certain views and arguing for others. The purpose
of this paper then is to question the value of the argument based on linguistic
norms and flexibility of both Semitic and Koine syntax, and more importantly
New Testament usage itself. In short, it appears the presence of a single
preposition with multiple objects as requiring a close conceptual unity that
would not be present if two prepositions were used should not be used as an
exegetical argument giving much, if any, weight in interpretive decisions in
the New Testament
Não vou juntamente com Hugo Odeberg na questão do "sêmen celestial",
mas é útil se ver como ele percebe que v. 5 faz um contraste entre duas coisas
diferentes, água e Espírito. Veja as páginas 48 e 49 de Hugo Odeberg (ele prossegue no assunto
por muitas páginas, mas estas duas já dão uma ideia do que defende)
John 3:5 ... ... Ἀμὴν Verily HEB ἀμὴν Verily HEB λέγω I Say V-PAI-1S σοι To Thee,
P-2DS ἐὰν COND μή a não ser que PRT-N τις algum homem X-NSM γεννηθῇ seja nascido V-APS-3S ἐξ proveniente de dentro
de ὕδατος água N-GSN καὶ e CONJ πνεύματος [proveniente de dentro
de] Espírito N-GSN οὐ PRT-N δύναται He
Cannot V-PNI-3S εἰσελθεῖν Enter V-2AAN εἰς Into PREP τὴν The T-ASF βασιλείαν Kingdom
N-ASF τοῦ T-GSM θεοῦ Of God.
N-GS
What does the expression eC oSatog xal TcvsujJiaro? mean? The
question may here be put forth, whether the 'water' is necessarily
to be taken as an allusion to baptism. To decide this, it will be
well to begin by considering the context. Then it may be suggested
that the import of the yevvTjOTjvat E oScaoc xal
can not be essentially different from the yevvYjG'/jyai sx
referred to in vs. 6. One may even venture the hypothesis, that
yevv/)6Yjvat.
! oSaro? xal 7uve6[/.aTOs is identical in sense with the
yevy/]6-/jvai ex ^vso^ato?. The whole context, it may be furthered
be considered, views the yevvY]6Yjvat ex jrveu^aTOc with uma forte
ênfase no contraste entre os dois mundos do espírito e
carne, this contrast put on a par with the contrasts m eTcoopavta
v. ta sTiiyeia (vs. 12) ava> v. xatw, the celestial-spiritual reality
v. the terrestrial-physical reality, o oopavo? v. 6 xoa^o?. Thus
the expression e oSatog xal Tcveo^atoc should be put in contraposition
to its corresponding contrasting expression. The contrast
from the terrestrial realm corresponding to the s oSatoc
xal 7cvs6[J.ai:o<;
is to be found in Nicodemus' reference to the terrestrial
birth in speaking of the si? TVJV xocXtav TYJ? (j.V]Tp6^ aoTOO
eotspov eiaeX6eiv xal '(evvTrjGyjvac. The words that here correspond
to the uSwp are si? r/jv xotXtav . . . SsDTepov sloeX0siv, for the right
understanding of which it must be emphasized, that SeuTepov sloeXOsiv
não significa "retorno a", mas "entrar pela segunda vez", ou seja
a comparação não é a de uma involução, mas de uma repetição da
evolução de nascimento, ou em outras palavras, o entrar pela segunda
vez não é a criança que foi uma vez nascido, mas o sêmen
que está para dar à luz a criança. O argumento de Nicodemos,
ace. . ao JN, é esta: é preciso nascer de novo de cima, a partir da
mundo celestial, você diz; como isso pode ser feito no caso de quem
já nasceu? como o processo pode ser repetido e um homem entrar
no ventre de sua mãe outra vez como um sêmen de cima, como um
sêmen celestial? A resposta dada é: na verdade, é como você diz, o
processo deve ser repetido, porque o que nasce a partir de um sarcical (carnal)
sêmen permanece sarcical (carnal), nunca pode tornar-se em si mesmo espírito, e que
que é tornar-se espírito deve nascer espiritualmente de um
sêmen espiritual. Este, pode-se sugerir, é o verdadeiro sentido de ἐξ Of PREP ὕδατος Water N-GSN
3Sff-
49
u Tuvso^aro?: the uSoop is that which in the spiritual process corresponds
to the semen in the sarcical process. From this interpretation
the intent of what follows in vss. 8 12 becomes clear:
:{j/?j 6aD[Ada-(]<; OTI swrdv aor 8sl u[xa? yevv7]0yjvat avwGsv. TO rcveo^a
OTTOO 6eXsc Tryst, xai
TYJV (ptovvjv au-cou axooeis, aXX' oox olSa? 7c60sv
sp/etai xal TTOD 6 Trays t. OOTCO? sauv Trac 6 ysyevv/](ievo<; ex TOO TCVSO-
(iato?, that is: marvel not that I said unto thee, Ye must be born
again; the birth of the spirit is not a repetition of the sarcical
process, where you know rcoGev sp^etai xai TCOO o Trays t; that which
.gives rise to the spiritual birth comes you know not whence, from
a world, a reality, you do not know, and the birth itself does not
take place in the terrestrial world but in the spiritual, celestial,
world, a world you do not know (by own experience) but of
which I can speak, for I know it and have seen it, having myself
come from that world (8 ol'Sajisv XaXoDfxsv xai 8 ea)pdxa|iev [laptopo5[
xev cf. vs. 13 6 sx, TOD oopavoo xatajBas). The section is concluded
by the statement, that the whole matter of which has
been spoken belongs to the sTtoDpavta, the heavenly things: si
"ca sTriysta eiTtov o[uv xai ou TTLOTSOETS, TTW? lav elrroi) OJJAV Ta STIODpavta
TrwcsoasTe; the entire exposition of the section moves in the
same sphere of ideas and uses the same contrasts as 1 J 3: 01 oux
s aofJ-dTWV oos Ix 6sXvj[ji,aTO? aapxo^ ODS ex 0sXv](Ji.ai:o<;.av5p6<; aXX'
."/, 6eo5 sysvv7]0Yjoav (cf. I Cor. 15 50 aapi xai ai(ia paocXsiay 6so5
3tX7]povo[U)aai oo Sovarat, OD '^ 0opa r/|V a<p0apaiav xXvj
Is there any foundation for the interpretation of e
.xat Trveo^aTOc as forming a contrast to semen and adp^? Some
illustrations bearing on this question may be brought from the
Rabbinical and -Jewish-mystical uses of the words HD1^ 'drop', and
te 'water'. Classical are the following passages
1
: TB Nid 16 b:
-i-'-.nn by nsro'on i^b'o -ni^ xsr in - f
ix "'my ms^a m ^Dn \un -naj my
bsn
R. Hanina bar Pappa (3rd gen. Pal. Amor.) expounded : the angel
that is appointed over the conception is called Laila and he takes
the HD1^ (semen) and brings it before the Holy one, and says
before him: Lord of the Universe! what shall arise out of this
a strong man or a weak man, a wise or a fool, a rich
MfLevy s. v.
427451. H. Odebcrg.
50 3 5 ffor
a poor? and if the words a righteous or a wicked are not
included in the question, this is in accord with R. Hanina's opinion,
for R. Hanina used to say: 'Everything is in the hands of
Heaven except the fear of Heaven' (TJ3 Ber. 33 b, Meg. 25 a)
The physical and intellectual properties of man and even his
external fate are potentially extant already in the oTtspjJ-a, whereas
the moral, or spiritual, qualities are not given in the a7rp[i.a.
Pirqc, 'Aboj> 3 1 'Aqabya ben Maha
Jal'el (ist. gen. Tann., contemporary
of R. Gamliel the elder, the teacher of Paulus) said:
nrrnD ns'tra nnX2 ]\N in Know whence thou earnest: from a fetid
drop (Ch. Taylor 56, 5/).
The dictum intends to convey the lowly, earthly, one may
say 'sarcical', origin of man and approaches the Jn-ine that which
is born of flesh is flesh. By the side of this may be put GenR
46 2, where the reason why Abraham circumcized himself at the
age of 99 years (with reference to Gen. 17 2
4) is given thus:
TIBTip flD'EE pniP N'SW "nr : in order that Isaac should go forth
from a holy HS1^*. The last dictum, thus, affirms, that the quality
of holiness may be inherent in the H^E. This seems to imply a
determination of the nature of the one who is to be born, in the
sense that which is born of a holy HE^CO is holy especially when
considered in the light of TB Nidda i6b cited above. 1
The earliest occurrence of ns^tO in Jewish-mystical Hebrew
texts is 3 En 6 2
, in a context relating Enoch's elevation into the
highest heaven and his transformation into a celestial being; the
highest beings in the celestial hierarchy are there represented as
objecting to Enoch's entrance into the highest heaven, with these
words: What smell [one reading has: what spirit\ of a womanborn
is this and what taste of a white drop
2
(drop of semen) that
1 On the supposition that Nicodemus, or the particular kind of Jewish
mind that Jn 3 has in view and which is represented by Nicodemus, moved in
somewhat the same sphere of thoughts as those appearing in the Rabbinical
dicta selected here, his arguments might be presented in approximately the
following vein: we are taught that man's entering the kingdom of Heaven
depends on his manner of living, whether he lives as a righteous or as a wicked
{TB Nidda 16 b), but granted that you are right, in saying that one must be born
from above in order to enter the Kingdom above, hence that no one who is
not born of a holy semen can become holy, then there is no sense in your
requesting us who are not, according to your word, born of a holy semen, to
be born from on high; for how can we, who are already born, become a semen
again and enter our mother's womb a second time?
- Cit.: drop of white (li
35ff. 5 i
ascends to the high heavens? There is a word-play in the latter
clause, giving the double-meaning: what is the reason that a white
drop ascends to the high heavens?*. [cj/EC HEl nt'{s%
"ll'T rp~] HE
DHD5
? i~6iy N^riE' pb n^E1
-] The idea is that one bora of a woman
and a drop of semen from the terrestrial world has no right to
enter the highest realm of the celestial world: does not belong
there. (The (3aatXeia TOD 6so5 corresponds with the Vp"! nmy of
3 Enoch). Cf. also 3 En. 4807. 1 The term DV2 is connected with
engendering functions already at an early time, i En. 54s 2 has:
and all the waters shall be joined with the waters: that which
is above the heaven is the masculine, and the water which is
beneath the earth is the feminine*. The upper waters, basing upon
Gen. 1 7, are in Rabbinic termed c\5T6y D^C and also D1"}!" D1 !^
(the celestial water, resp. the male water). The idea of fructification
by the celestial water is of course applied to the fructifying
properties of the rain; but the speculation upon the upper water
is no more restricted to the literal meaning of the word than the
Johannine 7cvsD{ia is restricted to the sense of 'wind' attested in
3s. On the contrary, the mystical speculation used the literal
meanings merely as illustrations for the spiritual laws they desired
to convey, just as does Jn. 3s when speaking of the iryso^a=
'wind', to illustrate a property of the 'spirit'.
That this is so may be judged from TY Ta'an. 64 b, GenR
13 13. 14-'
a v/an -nb -"s :'ui Tmas bipb Niip ainn bN ainn a?:: n-a
ap itf ix a 'VEIN ini mapi a^Dinnnni S-'-IDT a
'^n ba ni-'-o zn
nnnis NTTJJ "
napss }
r - nnsn ~"~-
T in-' n-'-as-' np-^-i -pa-,-, ]--
I'avi-'b" ab-y bus 3'pnb pnsin
What is the meaning of Ps. 487 'Deep calleth unto deep at
the noise of the waterspouts' etc.? R. Levi (3rd gen. Pal. Am.)
said: '(this is the explanation:) The celestial waters are male and
the lower waters are female'. The former said to the latter: 'receive
us! you are creations of the Holy One, blessed be He, and we
1 In the earliest Jewish mystical writings the birth, or 'creation' (rise of
life) in the celestial world is spoken of in the terms of the Divine word creating
(generating) out of the 'river of fire', the 'fire' being the celestial
ii),yj.
Vide
3 En 15, 35, 47.
2 Vide R. H. Charles, / En-, note ad loc..
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em http://BibliaLTT.org, com ou sem notas.
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.