Salvação Infantil



“Vai bem com teu filho? E ela disse: Vai bem.” – II Reis 4.26



O assunto do sermão de hoje de manhã será “Salvação Infantil”. Talvez não ele seja interessante para todos presentes, mas eu não me lembro de ter pregado sobre este assunto para esta congregação e, além disso, eu estou ansioso para que as séries impressas [dos sermões pregados nesta Metropolitan Baptist Chruch] contenham sermões abrangendo o inteiro escopo da Teologia. Eu não creio que haja um ponto sequer [da Teologia Sistemática] que deveria ser deixado para trás no nosso ministério, mesmo que ele conceda conforto para apenas uma classe [de ouvintes e leitores]. Talvez uma grande proporção desta platéia, em algum tempo ou outro, tenha derramado lágrimas sobre o caixão de criancinhas;-- e talvez, através desta pregação, consolação seja dada a eles.

[Primeiramente] Geazi perguntou a essa boa Sunamita se estava bem quanto a ela. Ela estava lamentando o filho que havia morrido, e mesmo assim ela disse “Vai bem;” ela sentia que sua provação seria certamente abençoada [no final das contas]. [Geazi também perguntou:] “Vai bem com teu marido?” Este era velho e avançado em dias, e estava já no processo de amadurecimento final para a morte, mas ainda assim ela disse “Sim, vai bem”. Então veio a pergunta sobre o filho que estava morto em casa, e a pergunta renovaria as suas dores: “Está tudo bem com a criança?” Ela ainda disse: “Vai bem”, talvez respondendo assim porque tinha uma fé que ele logo deveria ser restaurado para ela, e que a ausência temporária estava bem; ou, eu acho, ela respondeu assim porque estava persuadida de que, fosse o que fosse que tivesse acontecido com o espírito do seu filho, ele estava seguro debaixo do cuidado de Deus, ele estava feliz à sombra das Suas asas. Portanto, não temendo que ele estava perdido, não tendo qualquer suspeita de que seu filho foi lançado para longe do lugar de gozo —  porque tal suspeita teria impedido ela de dar tal resposta —  ela disse “Sim, o meu filho está morto, mas ‘vai bem’”.

Agora, que toda mãe e todo pai, aqui presentes, saibam com segurança que tudo está bem com o seu filho, se Deus o tirou de vocês nos dias da infância. Vocês nunca ouviram a sua declaração de fé (pois ele não era capaz de tal coisa); ele não foi batizado no Senhor Jesus Cristo, não foi sepultado com Ele em batismo; não foi capaz de dar aquela “resposta de uma boa consciência para com Deus;” todavia, vocês podem descansar seguros de que tudo vai bem com a criança, bem em um sentido mais alto e melhor do que está bem com vocês mesmos; bem sem limitação, bem sem exceção, bem infinitamente, “bem” eternamente. Talvez vocês irão dizer “Quais razões temos para crer que tudo vai bem com o nosso filhinho [já morto]?”

Antes que eu entre nisso eu faria uma observação. Tem sido maliciosamente, enganosamente e caluniosamente dito a respeito dos Calvinistas, que nós cremos que algumas crianças [mortas] perecem. Aqueles que fazem esta acusação sabem que tal denúncia é falsa. Eu não ouso mesmo esperar, embora desejasse assim poder fazer, que é com ignorância que tais acusadores nos deturpam. Eles impiamente repetem [e nos atribuem] o que [por nós] tem sido negado mil vezes, o que eles sabem não é a verdade. No conselho de Calvino para Omit, ele toma [a promessa- justificativa em] Exo 20:6 “E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos” [dada por Deus para] o segundo mandamento [“4 Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.” (Êx 20:4-5 ACF)] e a interpreta como referindo-se a gerações, e então ele parece ensinar que crianças que têm ancestrais piedosos [isto é, verdadeiros salvos], não obstante quão remotamente [na árvore genealógica], morrendo como crianças são salvas. Isso certamente incluirá [as crianças mortas] de toda a raça [humana]. Dos Calvinistas modernos, não conheço nenhuma exceção, mas todos nós esperamos e cremos que todos que morrem quando crianças são eleitos. Dr. Gill, que tem sido recentemente visto como sendo o padrão de Calvinismo, e talvez do ultra-Calvinismo, nunca dá a mínima dica em nenhum momento, nem afirma que qualquer criança tem perecido, mas afirma que isto é um assunto misterioso e nebuloso, mas que é a sua posição, e ele crê que tem as Escrituras para justificar, que os natimortos não pereceram, mas foram contados com os escolhidos de Deus e, portanto, entraram no descanso eterno. Nunca temos ensinado contrariamente, e quando somos taxados assim eu o rejeito e digo: “Você pode ter dito assim, mas nós nunca dissemos assim, e você sabe que nunca dissemos tal. Se você ousar repetir tal difamação de novo, então que a mentira marque na sua face em escarlata, se você ainda tiver a capacidade de sentir vergonha”. Nós nunca nem sequer sonhamos com tais coisas. Com poucas e raras exceções, tão raras que eu nunca ouvi delas a não ser da boca de difamadores, nunca imaginamos que as crianças que morreram em tenra idade têm perecido, e temos crido que entrem no paraíso de Deus.

Então, nesta manhã, primeiramente procurarei explicar como cremos que as criancinhas são salvas; em segundo lugar darei as razões para tal crença; e depois, em terceiro lugar, buscarei uma aplicação prática do assunto.



I. Primeiramente ... COMO CREMOS QUE AS CRIANÇAS SÃO SALVAS.

Alguns apóiam a idéia do gozo eternal da criancinha na sua inocência. Não fazemos tal; cremos que a criancinha caiu [em pecado] dentro do primeiro Adão, “Assim como todos morrem em Adão”. A posteridade inteira de Adão, infante ou adulta, era representada por ele – ele representou todos; e, quando ele caiu, caiu em lugar de toda ela [todos caíram dentro dele]. Não houve nenhuma exceção na aliança das obras feito com Adão [e no alcance das conseqüências de sua queda] a respeito das criancinhas morrendo; e estes que estavam incluídos em Adão, mesmo que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, têm a sua culpa original. Estes são “nascidos no pecado e inteiramente em iniqüidade; em pecado são concebidos pelas suas mães”, assim diz Davi de si mesmo, e (por inferência) de toda a raça humana. Se são salvas não cremos que seja por inocência natural. Entram no céu pelo mesmo caminho que entramos; são recebidas no nome de Cristo. “Ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto”, e não penso nem sonho que haja um fundamento diferente para a criancinha além do que aquele posto para o adulto. Igualmente, é tão distante das nossas mentes crer que criancinhas vão ao céu através do batismo — afirmando, em primeiro lugar, que cremos que aspersão infantil é uma invenção humana e carnal, um acréscimo à Palavra de Deus, e portanto, ímpia e danosa. Quando refletimos que [o batismo infantil] é algo pior do que superstição (uma vez que é introduzido com deliberada intenção de falsificar e enganar), quando refletimos como as crianças são ensinadas que através de seu batismo tornam-se filhos de Deus e herdeiros do reino de Deus (o que é a pior mentira criado no inferno ou expressa em baixo dos céus), nossos ânimos afundam-se por causa dos aterrorizantes erros que têm sutilmente se introduzido na Igreja pela portinhola da aspersão infantil. Não! As crianças não são salvas por serem batizadas, pois, se o fossem, então os seguidores de Edward Bouverie Pusey teriam razão em se negarem a enterrar as nossas criancinhas se estas morrerem não batizadas. Sim, o bárbaro tem razão em, como faz até o dia de hoje, mandar os pais para fora do cemitério de propriedade da sua própria igreja nacional, dizendo que o filho deles pode decompor-se a céu aberto e que [depois] não será enterrado a não ser à meia-noite, porque as supersticiosas gotas de água nunca foram aspergidas sobre a face da criança. Ele tem razão se o batismo torna a criancinha cristã, e se aquela criança não puder ser salva fora dele. Tão revoltante insulto [a Deus, Sua Graça, Seu evangelho] deve ser imediatamente evitado pelos cristãos. Se for arrebatada pela morte, a criancinha estará salva do mesmo modo pelo qual nós fomos salvos, estará [salva] por razões outras que as de rituais e cerimônias, e a vontade do homem.

Por qual razão, então, cremos que as criancinhas [mortas] são salvas? Cremos que uma criancinha [viva] está tão perdida como toda a humanidade, e [totalmente] condenada pela sentença que disse “no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Ela é salva por ser eleita. No escopo da eleição, no livro da vida do Cordeiro, cremos que serão achadas milhões de almas que só [brevemente] apareceram sobre a terra e depois voaram para o céu. Todas elas são salvas por terem sido também, como nós, redimidas pelo precioso sangue de Jesus Cristo. Aquele que derramou Seu sangue para todo Seu povo, comprou-os com o mesmo preço com o qual redimiu os pais delas e, portanto, elas são salvas porque Cristo representou-as e sofreu por elas no seu lugar. São salvas não sem regeneração, pois “aquele que não nascer de novo” —  o texto não designa um homem adulto mas uma pessoa, qualquer um ser da raça humana —  “aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus”. Sem dúvida, numa maneira misteriosa o Espírito de Deus regenera a alma da criancinha e ela entra na glória e é feita adequada para ser participante da herança dos santos da luz. Que isto é possível é comprovado das Escrituras. João, o Batista, foi cheio do Espírito Santo desde a ventre da sua mãe. Lemos de Jeremias, também, que a mesma coisa ocorreu a ele; e de Samuel encontramos que ainda criança o Senhor o chamou. Cremos, portanto, que antes que o intelecto possa funcionar [plenamente], Deus, o Qual não opera segunda a vontade do homem, nem do sangue, mas pela agência misteriosa do Seu Espírito Santo, cria na alma da criancinha uma nova criatura em Cristo Jesus, e então ela entra naquele “repouso para o povo de Deus”. Pela eleição, pela redenção, pela regeneração, e em nenhuma outra maneira, a criança entra na glória pela mesmíssima porta pela qual cada crente em Cristo espera entrar. Se não pudéssemos crer que crianças podiam ser salvas como os adultos, se fosse necessário propor que a justiça de Deus tem que ser infringida, ou que o Seu plano da salvação deveria ser ajustado para responder em particular ao caso [das criancinhas], então estaríamos em dúvida; mas podemos perceber que é com os mesmos meios, pelo mesmo plano, apoiados no mesmo fundamento, e através das mesmas agências, que a alma da criancinha [morta] pode contemplar a face do Salvador na eterna glória, e portanto somos consolados nesse assunto.



II. Agora tudo isto me leva a notar AS RAZÕES PORQUE CREMOS QUE CRIANCINHAS SÃO SALVAS

Primeiramente, temos que deixar bem claro que a nossa convicção [sobre salvação de crianças] está fundamentada sobre a bondade da natureza de Deus. Dizemos que a doutrina oposta, que diz que algumas criancinhas perecem e estão perdidas, é inteiramente repugnante ao entendimento que temos sobre Aquele cujo nome é Amor. Se tivéssemos um Deus cujo nome era Moloque, se Deus fosse um tirano arbitrário, sem benevolência ou graça, poderíamos supor algumas criancinhas sendo lançadas no inferno; mas nosso Deus, que dá sustento aos filhos dos corvos quando clamam, certamente não achará nenhum regozijo no clamor e gritos das criancinhas lançadas para longe da Sua presença. Lemos dEle que Ele é tão bondoso que cuida dos bois, que não teria atada a boca do boi que trilha o cereal. Sim, Ele cuida do passarinho no seu ninho e não deixaria morrer a mãe deles enquanto está aninhando os seus pequenos. Ele deu mandamentos e ordenanças até para as criaturas irracionais. Ele providencia comida para o animal mais bruto, e também não negligencia nenhuma minhoca mais do que um anjo, e podemos nós crer que, com tal bondade universal quanto essa, que Ele lançaria a alma da criancinha, digo eu, seria contrário a tudo que temos lido e crido dEle, que a nossa fé enfraqueceria diante de uma revelação que afirmaria um fato tão singularmente excepcional ao grau usual de Seus outros feitos. Temos aprendido humildemente a submeter-nos à Sua vontade e não nos atreveremos a criticar ou acusar o SENHOR de tudo; nós confiamos que Ele é justo em tudo que Ele quer fazer! Portanto, qualquer coisa que é revelada por Ele, aceitaremos; mas Ele nunca pediu, e eu acho que Ele nunca pedirá de nós, tão desesperada fé quanto imaginar bondade [de Deus] na miséria eterna de uma criancinha lançada no inferno. Lembremos que, quando Jonas —  o petulante e espontâneo Jonas —  desejou a perdição de Nínive, Deus disse a razão pela qual Nínive não deveria ser destruída, ou seja, que continha mais de 120 mil criancinhas,--pessoas, Ele disse, que não sabiam discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda. Se [Deus] poupou a Nínive, cuja vida mortal seria poupada, pensaria você que as almas imortais delas [das criancinhas mortas) seriam descartadas desnecessariamente? Eu deixo tudo ao seu raciocínio. Não é um caso que devemos ter muitos argumentos. O seu Deus lançaria fora uma criancinha? Se o seu Deus faria isto, então eu estou feliz em dizer que Ele não é o Deus que eu adoro.

Novamente, cremos que [lançar no inferno a criancinha que morre] seria grosseiramente inconsistente com o caráter revelado do nosso Senhor Jesus Cristo. Quando os Seus discípulos impediram os meninos cujos mães ansiosas Lhe trouxeram, Jesus disse: "Deixai vir os meninos a Mim e não os impeçais; porque dos tais é o Reino de Deus." Assim Ele nos ensinou, como John Newton corretamente afirma, que tais como estes meninos constituem grande parte do Reino de Deus. E, quando consideramos, usando as melhores estatísticas, que é calculado que mais de um terço da raça humana morre ainda criança, e quando consideramos aquelas vastas regiões onde prevalece o infanticídio [e os abortos, naturais ou por assassinato], como nos países pagãos tais como a China e outros assim, [de modo que] talvez metade da população mundial morra antes de chegar à idade da razão — [então] a instrução do Salvador carrega grande força de fato, "dos tais é o reino de Deus". Se alguns me relembram que o Reino de Deus significa a dispensação da Sua graça sobre a terra, eu respondo: Sim, é verdade, mas também significa a mesma dispensação no céu, pois enquanto parte do Reino de Deus está sobre a terra na igreja, então, desde que a igreja é sempre uma, aquela outra parte da igreja que já está no alto [céu] também é o reino de Deus. Sabemos que este texto é usado constantemente como uma [pseudo] prova [da permissão e ordem] de Batismo [infantil], mas em primeiro lugar, Cristo não batizou estas crianças, pois "Jesus mesmo não batizava", e também Seus discípulos não os batizaram, pois eles os impediam de vir e os queriam expulsar para longe. Então, se Jesus não os batizou, e nem os seus discípulos, quem os batizou? Este texto não tem mais a ver com batismo do que tem com circuncisão. Não há a mínima alusão ao batismo no texto ou no contexto. Posso provar a circuncisão de criancinhas deste texto com a mesma lógica que outros procurem usá-lo para provar batismo infantil. Contudo, o texto prova isto: que criancinhas compõem uma grande parte da família de Cristo e que Jesus Cristo tem amor e amabilidade para com os pequeninos. Quando os meninos clamavam no templo: Hosana! Ele os reprovou? Não, mas regozijou-se nas infantis exclamações. "Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor". Este texto também parece afirmar que no céu haverá "perfeito louvor" dado a Deus pela multidão dos querubins [as criancinhas mortas] que estavam aqui na terra — aqueles pequeninos acariciados no seio dos pais — e subitamente [e prematuramente] levados ao céu. Não posso crer que Jesus diria às criancinhas "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos"! Eu não posso pensar que seja possível que Aquele que é amoroso e terno, quando Ele se assentar a julgar as nações, coloque as criancinhas na Sua esquerda e as bana para sempre da Sua presença. Como imaginar que Ele poderia dizer às criancinhas "Tive fome e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; estando nu, não me vestistes, e enfermo, e na prisão, não me visitastes"? Como poderiam as criancinhas ter feito isto? Se a maior razão de condenação está nos pecados de [consciente e deliberada] omissão, então como iria Cristo condenar os infantes e lançá-los na perdição (por um pecado que as criancinhas não tinham a possibilidade de cometer, por não terem o poder de fazerem o dever)?

Ademais, pensamos que a natureza da graça [de Deus], se a consideramos, faz com que seja muito improvável, para não dizer impossível, que uma alma de uma criancinha [morta] devia ser destruída. O que diz as Escrituras? "Onde abundou o pecado, superabundou a graça." Tal verdade não pode ser dita a respeito de uma criancinha lançada na perdição. Sabemos que Deus é abundantemente gracioso, que tais expressões como "as riquezas incompreensíveis de Cristo", "Deus, que é riquíssimo em misericórdia", "grande em benignidade", "abundantes riquezas da Sua graça", e outras tais, são verdadeiras sem exageração e sem hipérbole. Sabemos que Deus é bom para com todos, e que as Suas misericórdias são sobre todas as Suas obras, e que, na Sua graça, Ele pode fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos. A graça de Deus buscou no mundo o pior dos pecadores. Não se desviou do mais vil de todos os vis. Aquele que se auto-intitulou o maior dos pecadores tornou-se participante do [banquete do] amor de Cristo. Todo tipo de pecado e blasfêmia tem sido perdoado ao homem. Ele já salvou perfeitamente os que por Cristo se chegaram a Ele e, pergunto, será consistente com tal graça que ela deve ignorar os multidões de multidões de pequeninos que têm a imagem do Adão terrestre, e não coloque sobre eles a imagem do [Adão] celestial? Eu não posso conceber tal coisa. Todo aquele que tem provado, experimentado e tocado da graça de Deus, penso eu, vai instintivamente sentir repugnância e se afastar de qualquer outra doutrina senão esta: que, muito seguramente, aqueles que morrem como criancinhas estão salvos.

E, ainda, um dos mais fortes argumentos de sã inferência se acha no fato que as Escrituras positivamente afirmam que o número das almas salvas, no final das contas, será muito grande. No livro de Apocalipse, lemos a respeito de uma multidão a qual ninguém podia contar. O salmista fala dos tais como sendo tão numerosos com as gotículas de orvalho no ventre da manhã. Muitas passagens Bíblicas profetizam para Abraão, como o pai dos crentes, uma semente tão numerosa quanto as estrelas do céu, ou quanto a areia nas praias. Cristo verá o trabalho da Sua alma e será satisfeito; asseguradamente, não é um pouco que O satisfará. O poder e a beleza da preciosa redenção incluem a redenção de uma grande multidão. Em todo lugar nas Escrituras aparece o ensino de que o céu não será um mundo pequeno, e que a sua população não será como um punhado rabiscado nos campos de uma grande fazenda, mas que Cristo será glorificado por dez milhares de dez milhares que foram redimidos pelo Seu sangue. De onde virão estes? Considerando o mundo geográfico, somente uma pequena parte dele é usualmente chamada de cristandade! Observe num mapa. Daqueles países que são considerados como sendo de crentes em Cristo, quão poucos de seus cidadãos [sequer cogitam em] carregar o nome de crente [verdadeiro]! De quão poucos poderia ser dito que têm pelo menos uma ligação nominal com a igreja de Cristo? Entre aqueles membros [ativos] de alguma das [poucas] igrejas [verdadeiras e fiéis], muitos são hipócritas e não conhecem a verdade! Eu não vejo como possível (a não ser que o milênio venha muito em breve e que se estenda muito além de mil anos [e seja muito grandes a taxa de natalidade e a percentagem dos salvos], eu não entendo como pode ser possível que um número tão grande deve entrar nos céus a não ser a possibilidade de que as almas das criancinhas [mortas] constituem sua grande maioria. É uma doce crença para a minha mente que serão mais os salvos do que os perdidos, pois em todas as coisas a preeminência será dada a Cristo, portanto por que não nisso também [isto é, no aspecto quantitativo]? Foi um pensamento de um grande teólogo que talvez naquele dia o número dos perdidos não será em proporção maior em relação ao número dos salvos do que, hoje, o número dos criminosos nas penitenciárias não é em maior proporção em relação a aqueles que estão livres. A minha esperança é que seja assim. De qualquer modo, não é o meu dever perguntar: "Senhor, são poucos os que serão salvos?" A porta é estreita, mas o Senhor sabe trazer milhares por ela sem fazê-la mais larga, e nós não devemos tentar esbarrar qualquer pessoa por a estreitarmos ainda mais. Sim! Eu sei que Cristo terá a vitória e que Ele é seguido por hostes inumeráveis, sei que o vil príncipe do inferno nunca terá tantos seguidores quanto Cristo no Seu triunfo resplandecente. E, se isto é assim, então as [almas dos que que morrem como] criancinhas têm que estar salvas, porque, se não estiverem, nós [de algum modo] temos que fazê-las [crer e] ser salvas [antes de morrerem], porque, de algum modo, sentimos que elas têm que vir a ser numeradas com os abençoados, e [irão] morar com Cristo no porvir.

Agora abordemos um ou dois casos incidentais que ocorrem na Escritura, os quais podem esclarecer este assunto. Você não tem esquecido o caso de Davi. Seu filho por Bate-Seba teria que morrer como castigo pelo ofensa do pai. Davi orou, jejuou, e afligiu sua alma, e, no fim, informaram-no de que a criança morrera. Então ele não jejuou mais, mas disse "Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim." E agora, para onde Davi esperava ir? Para o céu, dizemo-lo com toda segurança. Então o seu filhinho tem que estar lá, pois ele disse, "Eu irei a ela." Eu não escuto-o dizendo a mesma coisa a respeito de Absalão. Ele não se pôs de pé junto ao cadáver de Absalão e pronunciou "Eu irei a ele", pois não tinha esperança para aquele filho rebelde. No caso da criancinha, Davi não chorou "quem me dera que eu morrera por ti." [como fez com Absalão]. Não, ele pode deixar a alma desta criancinha partir, tendo ele perfeita confiança, pois ele pode dizer, "Eu irei a ele." "Eu sei," ele poderia ter dito, "que Ele estabeleceu comigo uma aliança eterna, a qual em tudo é bem ordenada e guardada, e quando ando pelo vale da sombra da morte não temerei mal algum porque Tu estás comigo. Irei a meu filho e no Céu seremos reunidos uns com os outros". Você relembra também aqueles casos que já tenho citado que dizem que as crianças antes que saíram da madre foram santificadas. Estes casos nos sugerem que não é impossível que uma criancinha possa ser um participante da graça [de Deus] ainda sendo um bebê. Também existe a passagem "Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?" A saída de Egito foi um símbolo da redenção da semente escolhida, e você sabe que neste caso os pequeninos foram juntos [com os adultos que creram e obedeceram e foram tirados da escravidão para a liberdade]. Sim, nem mesmo uma unha foi deixada para trás. Na maior redenção, por que as crianças não poderiam ajuntar-se no cântico de Moisés e do Cordeiro? Também existe a passagem em Ezequiel onde quem tem só pouco, devemos apanhar até mesmo as migalhas e fazer como o nosso Mestre fez, "Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca." Há uma passagem em Ezequiel 16.21 onde Deus censura o Seu povo por dar as suas crianças a Moloque, fazendo-lhes passar pelo fogo, e Ele diz em referência a estes pequeninos, "E mataste a meus filhos, e os entregaste a elas para os fazerem passar pelo fogo." Então, esses pequeninos, que morreram nos braços ardentes de Moloque como criancinhas, eram filhos de Deus. Podemos, portanto, crer concernente a todos os que dormem nestes primeiros dias de vida, que Jesus disse deles: “Estas são as minhas crianças.” E que Ele, ainda hoje, enquanto leva as Suas ovelhas às fontes de água viva, ainda não esquece de cumprir a Sua própria ordem: “Apascenta os meus cordeiros.” Sim, ainda hoje Ele carrega os "Seus cordeirinhos no Seu regaço" e, mesmo diante do trono eterno, Ele não se vergonha de dizer: “Eis-me aqui, com os filhos que me deu o SENHOR.” Há uma outra passagem nas Escrituras que penso que pode ser usada. No primeiro capítulo de Deuteronômio, houve uma ameaça pronunciada sobre os filhos de Israel no deserto, que, com a exceção de Calebe e Josué, eles nunca veriam a terra prometida; contudo, é dito: “E vossos meninos, de quem dissestes: Por presa serão; e vossos filhos, que hoje não conhecem nem o bem nem o mal, eles ali entrarão, e a eles a darei, e eles a possuirão.” A vocês, pais e mães que não temem a Deus, que vivem e morrem sem Cristo, eu ousaria dizer, a incredulidade de vocês não pode barrar seus filhinhos [mortos de entrarem] no Céu, e eu louvo a Deus por isso. Sim, vocês não podem usar este texto que diz: “A promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos...a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar”, mas, do mesmo modo como o pecado da geração no deserto não impediu a próxima geração de entrar na Canaã, assim o pecado de pais incrédulos não necessariamente será a ruína dos seus filhinhos [mortos], mas estes serão, pela graça soberana de Deus e pela Sua superabundante misericórdia, participantes do descanso que Ele tem reservado para Seu povo. Nesta manhã, entendam que eu não tenho feito distinção entre os filhos de pais piedosos e os de pais ímpios. Se os filhos morrem na infância, eu não me importo sobre quem é o pai ou a mãe deles, tais filhos estão salvos. Eu não endosso a teoria de um líder presbiteriano que supõe que os filhos de pais piedosos terão um lugar melhor no Céu do que aqueles que por força das circunstâncias vêm de pais ímpios. Eu não creio em nada disso. Eu não tenho certeza de que há graus nos céus; e, mesmo se houvesse, eu não tenho certeza de que isso provaria que nossos filhos têm mais direitos do que os outros. Todas as criancinhas [mortas], sem exceção, seja lá de quais lombos vieram, alcançarão, não pelo batismo, não pela fé dos pais, mas simplesmente como todos nós somos salvos pela eleição de Deus, através do sangue precioso de Cristo, pela influência regeneradora do Espírito Santo, digo, alcançarão glória e imortalidade, e terão a imagem do [Adão] celestial , tanto quanto eles têm tido a imagem do [Adão] terrestre.



III. Agora quero aplicar O USO PRÁTICO DESTA DOUTRINA.

Primeiramente, que seja [esta doutrina] um conforto aos pais enlutados. Você diz que [seu filho] é uma cruz pesada para carregar. Lembre-se, é mais fácil carregar uma cruz morta do que uma cruz vivente. Carregar uma cruz vivente é uma verdadeira tribulação, -- ter um filho que é rebelde na sua infância, violento na sua juventude e depravado na sua maioridade! Ah, quem dera que tivesse morrido no ventre! Que Deus tivesse impedido que ele visse a luz! Muitos corações de pais têm sido trazidos à sepultura através das dores [ou mesmo assassinatos] causadas pelos seus filhos viventes, mas eu penso que nenhum tem sido trazido através dos seus filhos natimortos, com certeza se os pais fossem cristãos poderiam ser confortados pelas palavras do apóstolo: “que não vos entristeçais”. Você gostaria que o seu filhinho [morto] vivesse [até bem mais tarde]? Ah, se você pudesse ver além do véu do futuro e ter percebido a vida que ele teria tido! Desejaria que ele vivesse numa penitenciária? Desejaria que ele amaldiçoasse o Deus do seu pai? Desejaria que ele tornasse o seu lar desestruturado, e fizesse você molhar o seu travesseiro com lágrimas, e mandasse você para o seu trabalho diário com suas mãos pesadas por causa de tristeza? Este poderia ser o caso; mas não é assim, pois agora seu filho canta diante do trono de Deus. Você sabe de quais desastres o seu pequeno se livrou? De certo, você já tem tido o suficiente e demasiado [de dores, desastres, pecados, remorsos]. Este foi nascido de mulher, teria sido de poucos dias e cheio de problemas, assim como você. Ele escapou destes sofrimentos, você se lamenta disto? Lembre-se também dos seus próprios pecados e da profunda tristeza do arrependimento. Se este filho não tivesse morrido, teria sido um pecador e deveria ter conhecido a amargura da convicção do pecado. Disso ele escapou; ele regozija-se agora na glória de Deus. Entendendo isso, desejaria você tê-lo de volta? Pais enlutados, se vocês pudessem por um momento só ver a sua posteridade lá no Céu, penso que com determinação enxugariam as suas lágrimas. Lá, entre as vozes doces que cantam o cântico perpétuo, pode ser ouvido a voz do seu próprio filho – agora um anjo e você a mãe de um cantor que está diante do trono de Deus. Você não teria resmungado se você tivesse recebido a promessa de que seu filho seria elevado à posição [e palácio] de um par dos homens mais ilustres [do país], saiba que ele tem sido elevado [infinitamente] mais alto do que tudo isso – à elevada posição [entre os filhos do Rei], no céu. Ele tem recebido a dignidade dos imortais, tem sido vestido em vestimentas melhores do que as dos reis, e é mais rico e mais abençoado do que se ele tivesse todas as coroas da terra. Do que então você reclamaria? Um poeta do passado escreveu uns versos propícios para um epitáfio de criança:

            Curta foi minha vida, o meu descanso é maior,
            Deus leva mais cedo aqueles que mais ama.
            Quem nasce hoje e morre amanhã,
            Perde umas horas de gozo, mas anos de tristeza.
            Outras mazelas sempre vêm nos torturar,
            A morte vem uma vez, e isto para nos aliviar.

De uma vez por todas a morte visitou seu filho e, por isso, ele foi aliviado de todas estas mazelas, e você pode concluir: disso sabemos, ele é abençoado supremamente, tem escapado do pecado e dos cuidados e das dores, e com o Salvador descansa.
 “Feliz o nenê” diz Hervey, “que,

            Privilegiado pela fé, um labor encurtado e um peso menor,
            Recebeu, senão ontem, a dádiva da vida,
            E foi ordenado para amanhã ser ceifado pela morte.”

Enquanto um outro diz, olhando para cima, em direção ao céu,

            “Que viagem abençoada, que sorte cobiçada,
            Sem nenhum conflito, coroado,
            Sem dor ter conhecido, só gozo experimentado
            Sem [conquistar] fama, renomado.”

Assim é. É louvável estar guerreando e receber [o gozo] no futuro, mas também é bom receber [o gozo] sem ter que guerrear! É bom cantar o cântico da vitória depois de ter atravessado o Mar Vermelho com todos os seus terrores, mas cantar o cântico sem [sofrer] o mar é ainda glorioso! Eu não sei se eu mesmo preferia a condição de uma criança no céu. Eu creio que é mais nobre ter suportado a tempestade e ter lutado contra o vento e a chuva. Creio que será objeto de congratulações por toda a eternidade, para você e para mim, o fato de que não chegamos ao céu de uma maneira tão fácil, pois esta vida mortal é transitória como a furada de um alfinete, mas, depois, há a excedentemente grande glória no porvir. No entanto, mesmo assim, creio que podemos agradecer a Deus por aqueles pequeninos que não experimentaram os nossos pecados ou as nossas enfermidades e nem nossas dores, e já entraram no seu descanso eterno. Assim, o Senhor diz a você, ó "Raquel chorando os seus filhos, E não querendo ser consolada, porque já não existem." Assim diz o SENHOR: "Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos; porque há galardão para o teu trabalho, diz o SENHOR, pois eles voltarão da terra do inimigo.”

A próxima conclusão, e talvez a mais útil e proveitosa que pode vir deste texto, é esta: muitos de vocês são pais que têm filhos no céu. Não é uma coisa desejável que você possa ir para lá também? Será que tenho neste auditório alguns talvez que não têm nenhuma esperança no porvir? Você tem deixado aquilo que é além do túmulo para ser tratado num outro dia, você tem dado todo o seu tempo e preocupações aos cuidados curtos e transitórios desta vida mortal. Mãe, mãe não convertida, das margens do céu o seu filho acena para você vir ao paraíso. Pai, pai sem arrependimento, o olhar daquele que antes você olhou com gozo vê você agora, e os lábios que fracamente te chamaram “pai” mas foram fechados em silêncio pela morte, podem ser ouvidos como se fossem uma voz mansa, ainda essa manhã, “Pai, devemos ser para sempre divididos por esse grande abismo que nenhum homem pode passar?” Não coloca a própria natureza um desejo na sua alma de poder vir a ser ligado com a vida dos seus próprios filhos? Então pare e pense! No estado em que você está agora, você não tem esperança para aquilo, pois seu caminho é pecaminoso, você tem esquecido de Cristo, não se arrependeu do seu pecado, tem amado mais o salário da iniqüidade [do que a Deus]. Eu rogo-lhe que você vá ao seu aposento esta manhã e pense da sua [presente] condição que [se não for mudada] o levará a permanecer separado dos seus pequeninos, banido para sempre da presença de Deus, lançado “Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.” Se pensar nestes assuntos, talvez o seu coração começará a se mover, e os olhos podem começar a lacrimejar, e talvez assim o Espírito Santo colocará diante dos seus olhos a cruz do Salvador, o abençoado Jesus! E, lembre-se, se você voltar o seu olhar para Ele, viverá; se você [agora] crer nEle de todo o seu coração, você estará com Ele aonde Ele está, e estará com todos aqueles que já partiram e a quem o Pai os deu a Ele. Não é necessário que você seja banido de lá. Assinará você a sua própria maldição e escreverá a sua própria condenação? Não despreze e jogue fora essa grande salvação, mas [ao contrário,] que a graça de Deus opere em você para que você a procure, pois assim a achará – que a graça de Deus faça você bater, porque assim a porta abrirá – que a graça de Deus faça você pedir, pois aquele que pede, receberá! Ó, que eu possa tomar a você pela mão – talvez você veio de um sepulcro novinho ou tem deixado o filho em casa já morto e Deus me fez um mensageiro para você, essa manhã; Ó, que eu possa tomar a você pela mão e dizer-lhe: “Não podemos trazê-lo de volta, o espírito partiu e não há retorno para ele, mas você pode segui-lo!” Observe a escada de luz diante de você! O primeiro grau nessa escada é arrependimento, o próximo é a sua fé em Cristo, e, quando você ali estiver, já estará bem encaminhado, e não demorará muito para você ser recebido no portal do Céu por aqueles pequeninos que partiram antes e que podem saudar-te quando chegares no sublime e eterno lar.

Mais uma lição de instrução e eu não o deterei mais. Que devemos nós dizer aos pais que têm filhos ainda vivos? Já falamos a respeito daquelas [crianças] que já partiram. O que diremos a respeito das [crianças] ainda vivas? Talvez eu devo dizer, "Guardem as suas lágrimas, pais enlutados, para os filhos que vivem. Vocês pode ir ao pequeno sepulcro, e podem olhar e dizer: 'Este meu filhinho é salvo; ele descansa eternamente além de qualquer risco de perigo.' Você volta a estes que estão ao redor da sua mesa e você olha de um a um: 'Estes meus filhos, muitos dos quais não são convertidos, nada têm de Deus nem de Cristo. Alguns estão amadurecendo e é claro que os corações deles são como o coração do homem natural, demasiadamente ímpio." Aí há razão para chorar. Eu oro que vocês [ó pais] nunca cessem de chorar por eles até que eles cessem de pecar; que nunca cessem de ter esperança por eles até que cessem de viver; nunca cessem de orar por eles até que vocês mesmo cessem de respirar. Levem-nos para diante de Deus nos braços da fé, e não fiquem desapontados porque não são o que você deseja que eles sejam. Eles serão ganhos ainda, se você apenas tiver fé em Deus. Não pense que não há esperança. Aquele que salvou a ti pode salvar a eles. Levem cada um deles, constantemente, ao propiciatório de Deus, e lutem com Ele dizendo: “Não te deixarei ir, se não me abençoares.” A promessa é para você e para os seus filho, a tantos quanto o Senhor teu Deus chamar. Orem, lutem, se esforcem e possa a sorte de vocês ser bendita em verem salvo o seu lar. Esta foi a palavra que o apóstolo deu ao carcereiro: “Crê no Senhor Jesus Cristo e será salvo, tu e a tua casa.” Temos tido muitas provas disso, pois neste batistério tenho batizado não só o pai e a mãe, mas, em muitos casos, todos os seus filhos também, um após outro têm sido trazido pela graça [de Deus], pondo sua confiança em Jesus. Deve ser o desejo do coração de cada pai ver todos seus filhos pertencerem a Cristo, e ver todos aqueles oriundos dos seus lombos no número das hostes que cantarão ao redor do trono de Deus. Podemos orar pela fé, pois temos a promessa disso; podemos orar pela fé, pois há muitos exemplos na Escritura. O Deus de Abraão é o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, “Ainda por isso serei solicitado pela casa de Israel, que lho faça”. Solicite dEle, suplique junto a Ele, vá diante dEle com o poder da fé e sinceridade e verdadeiramente Ele te ouvirá.

Uma palavra a todos da congregação. Uma criança estava falando, outro dia – e crianças, às vezes, dizem coisas estranhas – “Papai, eu não posso voltar atrás [para o que era antes].” Quando foi perguntado o que quis dizer, ele explicou que ele estava aqui, que já começou a sua vida, e ele percebeu que ele não poderia cessar de ser – ele não poderia voltar atrás [para o que era antes]. Você e eu podemos dizer o mesmo; aqui estamos; temos crescido, não podemos voltar a ser crianças como éramos antes; não temos, portanto, aquela porta de escape. O saudoso John Bunyan, antigamente, desejava ter morrido quando criancinha. Ele esperava que fosse um descendente de um judeu, pois ele tinha a idéia de que todos os hebreus seriam salvos.

Aquela porta Deus fechou. Toda porta está fechada para você e para mim, exceto aquela em nossa frente, e ela tem sobre si o sinal da cruz. Existe aí a campainha de oração. Escolheremos nós nos desviar daquela para achar uma outra – um portão de cerimônias, ou de sangue, ou de linhagem? Nunca entraremos por nenhum outro caminho. Mas há aquela maçaneta [de bater chamando, e de abrir a porta] de ouro! Pela fé, ó Todo-Poderoso, eu a acionarei agora. “Eu sou o pior dos pecadores. Tenha misericórdia de mim!” Jesus está aí. “Entre,” diz Ele, “Entre, bendito do SENHOR; por que estás fora?” Ele me recebe nos Seus braços, me lava, me veste e me glorifica quando vou a Ele. Serei tão tolo que não entre? Sim, eu sou assim por natureza – e que tolo sou! Ó Espírito de Deus! Faze-me sábio para saber o meu perigo e meu refúgio! E agora, pecador, em nome dAquele que vive, e que foi morto, e que vive para todo o sempre, procure entrar por aquela porta e faça a sua oração, antes de sair deste santuário: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” Que o Senhor ouça e abençoe, por amor do Seu nome!




29 de Setembro de 1861

Sermão pregado por C.H. Spurgeon (1834-1892)

Tradução: David, Joy Ellaina e Calvin Gardner, 08/2008.



 



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