“Vai bem com teu filho? E ela disse: Vai
bem.” – II Reis 4.26
O assunto do sermão de hoje de manhã será “Salvação Infantil”. Talvez não
ele seja interessante para todos presentes, mas eu não me lembro de ter pregado
sobre este assunto para esta congregação e, além disso, eu estou ansioso para
que as séries impressas [dos sermões pregados nesta Metropolitan Baptist Chruch]
contenham sermões abrangendo o inteiro escopo da Teologia. Eu não creio que haja
um ponto sequer [da Teologia Sistemática] que deveria ser deixado para trás no
nosso ministério, mesmo que ele conceda conforto para apenas uma classe [de
ouvintes e leitores]. Talvez uma grande proporção desta platéia, em algum tempo
ou outro, tenha derramado lágrimas sobre o caixão de criancinhas;-- e talvez,
através desta pregação, consolação seja dada a eles.
[Primeiramente] Geazi perguntou a essa boa Sunamita se estava bem quanto a ela.
Ela estava lamentando o filho que havia morrido, e mesmo assim ela disse
“Vai bem;” ela sentia que sua provação seria
certamente abençoada [no final das contas]. [Geazi também perguntou:]
“Vai bem com teu marido?” Este era velho e avançado
em dias, e estava já no processo de amadurecimento final para a morte, mas ainda
assim ela disse “Sim, vai bem”. Então veio a
pergunta sobre o filho que estava morto em casa, e a pergunta renovaria as suas
dores: “Está tudo bem com a criança?” Ela ainda
disse: “Vai bem”, talvez respondendo assim porque
tinha uma fé que ele logo deveria ser restaurado para ela, e que a ausência
temporária estava bem; ou, eu acho, ela respondeu assim porque estava persuadida
de que, fosse o que fosse que tivesse acontecido com o espírito do seu filho,
ele estava seguro debaixo do cuidado de Deus, ele estava feliz à sombra das Suas
asas. Portanto, não temendo que ele estava perdido, não tendo qualquer suspeita
de que seu filho foi lançado para longe do lugar de gozo — porque tal suspeita
teria impedido ela de dar tal resposta — ela disse “Sim, o meu filho está
morto, mas ‘vai bem’”.
Agora, que toda mãe e todo pai, aqui presentes, saibam com segurança que tudo
está bem com o seu filho, se Deus o tirou de vocês nos dias da infância. Vocês
nunca ouviram a sua declaração de fé (pois ele não era capaz de tal coisa); ele
não foi batizado no Senhor Jesus Cristo, não foi sepultado com Ele em batismo;
não foi capaz de dar aquela “resposta de uma boa
consciência para com Deus;” todavia, vocês podem descansar seguros de que
tudo vai bem com a criança, bem em um sentido mais alto e melhor do que está bem
com vocês mesmos; bem sem limitação, bem sem exceção, bem infinitamente, “bem”
eternamente. Talvez vocês irão dizer “Quais razões temos para crer que tudo vai
bem com o nosso filhinho [já morto]?”
Antes que eu entre nisso eu faria uma observação. Tem sido maliciosamente,
enganosamente e caluniosamente dito a respeito dos Calvinistas, que nós cremos
que algumas crianças [mortas] perecem. Aqueles que fazem esta acusação sabem que
tal denúncia é falsa. Eu não ouso mesmo esperar, embora desejasse assim poder
fazer, que é com ignorância que tais acusadores nos deturpam. Eles impiamente
repetem [e nos atribuem] o que [por nós] tem sido negado mil vezes, o que eles
sabem não é a verdade. No conselho de Calvino para Omit, ele toma [a promessa-
justificativa em] Exo 20:6 “E faço misericórdia a
milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos” [dada
por Deus para] o segundo mandamento [“4 Não farás para ti
imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em
baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não te encurvarás a elas nem
as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a
iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me
odeiam.” (Êx 20:4-5 ACF)] e a interpreta como referindo-se a gerações, e
então ele parece ensinar que crianças que têm ancestrais piedosos [isto é,
verdadeiros salvos], não obstante quão remotamente [na árvore genealógica],
morrendo como crianças são salvas. Isso certamente incluirá [as crianças mortas]
de toda a raça [humana]. Dos Calvinistas modernos, não conheço nenhuma exceção,
mas todos nós esperamos e cremos que todos que morrem quando crianças são
eleitos. Dr. Gill, que tem sido recentemente visto como sendo o padrão de
Calvinismo, e talvez do ultra-Calvinismo, nunca dá a mínima dica em nenhum
momento, nem afirma que qualquer criança tem perecido, mas afirma que isto é um
assunto misterioso e nebuloso, mas que é a sua posição, e ele crê que tem as
Escrituras para justificar, que os natimortos não pereceram, mas foram contados
com os escolhidos de Deus e, portanto, entraram no descanso eterno. Nunca temos
ensinado contrariamente, e quando somos taxados assim eu o rejeito e digo: “Você
pode ter dito assim, mas nós nunca dissemos assim, e você sabe que nunca
dissemos tal. Se você ousar repetir tal difamação de novo, então que a mentira
marque na sua face em escarlata, se você ainda tiver a capacidade de sentir
vergonha”. Nós nunca nem sequer sonhamos com tais coisas. Com poucas e raras
exceções, tão raras que eu nunca ouvi delas a não ser da boca de difamadores,
nunca imaginamos que as crianças que morreram em tenra idade têm perecido, e
temos crido que entrem no paraíso de Deus.
Então, nesta manhã, primeiramente procurarei explicar como cremos que as
criancinhas são salvas; em segundo lugar darei as razões para tal crença;
e depois, em terceiro lugar, buscarei uma aplicação prática do assunto.
I. Primeiramente ... COMO CREMOS QUE AS CRIANÇAS SÃO SALVAS.
Alguns apóiam a idéia do gozo eternal da criancinha na sua inocência. Não
fazemos tal; cremos que a criancinha caiu [em pecado] dentro do primeiro Adão,
“Assim como todos morrem em Adão”. A posteridade
inteira de Adão, infante ou adulta, era representada por ele – ele representou
todos; e, quando ele caiu, caiu em lugar de toda ela [todos caíram dentro dele].
Não houve nenhuma exceção na aliança das obras feito com Adão [e no alcance das
conseqüências de sua queda] a respeito das criancinhas morrendo; e estes que
estavam incluídos em Adão, mesmo que não tinham pecado à semelhança da
transgressão de Adão, têm a sua culpa original. Estes são
“nascidos no pecado e inteiramente em iniqüidade; em pecado são concebidos pelas
suas mães”, assim diz Davi de si mesmo, e (por inferência) de toda a raça
humana. Se são salvas não cremos que seja por inocência natural. Entram no céu
pelo mesmo caminho que entramos; são recebidas no nome de Cristo.
“Ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está
posto”, e não penso nem sonho que haja um fundamento diferente para a
criancinha além do que aquele posto para o adulto. Igualmente, é tão distante
das nossas mentes crer que criancinhas vão ao céu através do batismo —
afirmando, em primeiro lugar, que cremos que aspersão infantil é uma invenção
humana e carnal, um acréscimo à Palavra de Deus, e portanto, ímpia e danosa.
Quando refletimos que [o batismo infantil] é algo pior do que superstição (uma
vez que é introduzido com deliberada intenção de falsificar e enganar), quando
refletimos como as crianças são ensinadas que através de seu batismo tornam-se
filhos de Deus e herdeiros do reino de Deus (o que é a pior mentira criado no
inferno ou expressa em baixo dos céus), nossos ânimos afundam-se por causa dos
aterrorizantes erros que têm sutilmente se introduzido na Igreja pela portinhola
da aspersão infantil. Não! As crianças não são salvas por serem batizadas, pois,
se o fossem, então os seguidores de Edward Bouverie Pusey teriam razão em se
negarem a enterrar as nossas criancinhas se estas morrerem não batizadas. Sim, o
bárbaro tem razão em, como faz até o dia de hoje, mandar os pais para fora do
cemitério de propriedade da sua própria igreja nacional, dizendo que o filho
deles pode decompor-se a céu aberto e que [depois] não será enterrado a não ser
à meia-noite, porque as supersticiosas gotas de água nunca foram aspergidas
sobre a face da criança. Ele tem razão se o batismo torna a criancinha cristã, e
se aquela criança não puder ser salva fora dele. Tão revoltante insulto [a Deus,
Sua Graça, Seu evangelho] deve ser imediatamente evitado pelos cristãos. Se for
arrebatada pela morte, a criancinha estará salva do mesmo modo pelo qual nós
fomos salvos, estará [salva] por razões outras que as de rituais e cerimônias, e
a vontade do homem.
Por qual razão, então, cremos que as criancinhas [mortas] são salvas? Cremos que
uma criancinha [viva] está tão perdida como toda a humanidade, e [totalmente]
condenada pela sentença que disse “no dia em que dela
comeres, certamente morrerás”. Ela é salva por ser eleita. No
escopo da eleição, no livro da vida do Cordeiro, cremos que serão achadas
milhões de almas que só [brevemente] apareceram sobre a terra e depois voaram
para o céu. Todas elas são salvas por terem sido também, como nós, redimidas
pelo precioso sangue de Jesus Cristo. Aquele que derramou Seu sangue para todo
Seu povo, comprou-os com o mesmo preço com o qual redimiu os pais delas e,
portanto, elas são salvas porque Cristo representou-as e sofreu por elas no seu
lugar. São salvas não sem regeneração, pois “aquele
que não nascer de novo” — o texto não designa um homem adulto mas uma
pessoa, qualquer um ser da raça humana — “aquele que não
nascer de novo não pode ver o reino de Deus”. Sem dúvida, numa maneira
misteriosa o Espírito de Deus regenera a alma da criancinha e ela entra na
glória e é feita adequada para ser participante da herança dos santos da luz.
Que isto é possível é comprovado das Escrituras. João, o Batista, foi cheio do
Espírito Santo desde a ventre da sua mãe. Lemos de Jeremias, também, que a mesma
coisa ocorreu a ele; e de Samuel encontramos que ainda criança o Senhor o
chamou. Cremos, portanto, que antes que o intelecto possa funcionar
[plenamente], Deus, o Qual não opera segunda a vontade do homem, nem do sangue,
mas pela agência misteriosa do Seu Espírito Santo, cria na alma da criancinha
uma nova criatura em Cristo Jesus, e então ela entra naquele “repouso
para o povo de Deus”. Pela eleição, pela redenção, pela regeneração, e em
nenhuma outra maneira, a criança entra na glória pela mesmíssima porta pela qual
cada crente em Cristo espera entrar. Se não pudéssemos crer que crianças podiam
ser salvas como os adultos, se fosse necessário propor que a justiça de Deus tem
que ser infringida, ou que o Seu plano da salvação deveria ser ajustado para
responder em particular ao caso [das criancinhas], então estaríamos em dúvida;
mas podemos perceber que é com os mesmos meios, pelo mesmo plano, apoiados no
mesmo fundamento, e através das mesmas agências, que a alma da criancinha
[morta] pode contemplar a face do Salvador na eterna glória, e portanto somos
consolados nesse assunto.
II. Agora tudo isto me leva a notar AS RAZÕES PORQUE CREMOS QUE CRIANCINHAS
SÃO SALVAS.
Primeiramente, temos que deixar bem claro que a nossa convicção [sobre salvação
de crianças] está fundamentada sobre a bondade da natureza de Deus.
Dizemos que a doutrina oposta, que diz que algumas criancinhas perecem e estão
perdidas, é inteiramente repugnante ao entendimento que temos sobre Aquele cujo
nome é Amor. Se tivéssemos um Deus cujo nome era Moloque, se Deus fosse um
tirano arbitrário, sem benevolência ou graça, poderíamos supor algumas
criancinhas sendo lançadas no inferno; mas nosso Deus, que dá sustento aos
filhos dos corvos quando clamam, certamente não achará nenhum regozijo no clamor
e gritos das criancinhas lançadas para longe da Sua presença. Lemos dEle que Ele
é tão bondoso que cuida dos bois, que não teria atada a boca do boi que trilha o
cereal. Sim, Ele cuida do passarinho no seu ninho e não deixaria morrer a mãe
deles enquanto está aninhando os seus pequenos. Ele deu mandamentos e ordenanças
até para as criaturas irracionais. Ele providencia comida para o animal mais
bruto, e também não negligencia nenhuma minhoca mais do que um anjo, e podemos
nós crer que, com tal bondade universal quanto essa, que Ele lançaria a alma da
criancinha, digo eu, seria contrário a tudo que temos lido e crido dEle, que a
nossa fé enfraqueceria diante de uma revelação que afirmaria um fato tão
singularmente excepcional ao grau usual de Seus outros feitos. Temos aprendido
humildemente a submeter-nos à Sua vontade e não nos atreveremos a criticar ou
acusar o SENHOR de tudo; nós confiamos que Ele é justo em tudo que Ele quer
fazer! Portanto, qualquer coisa que é revelada por Ele, aceitaremos; mas Ele
nunca pediu, e eu acho que Ele nunca pedirá de nós, tão desesperada fé quanto
imaginar bondade [de Deus] na miséria eterna de uma criancinha lançada no
inferno. Lembremos que, quando Jonas — o petulante e espontâneo Jonas —
desejou a perdição de Nínive, Deus disse a razão pela qual Nínive não deveria
ser destruída, ou seja, que continha mais de 120 mil criancinhas,--pessoas, Ele
disse, que não sabiam discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda. Se
[Deus] poupou a Nínive, cuja vida mortal seria poupada, pensaria você que as
almas imortais delas [das criancinhas mortas) seriam descartadas
desnecessariamente? Eu deixo tudo ao seu raciocínio. Não é um caso que devemos
ter muitos argumentos. O seu Deus lançaria fora uma criancinha? Se o seu Deus
faria isto, então eu estou feliz em dizer que Ele não é o Deus que eu adoro.
Novamente, cremos que [lançar no inferno a criancinha que morre] seria
grosseiramente inconsistente com o caráter revelado do nosso Senhor Jesus
Cristo. Quando os Seus discípulos impediram os meninos cujos mães ansiosas
Lhe trouxeram, Jesus disse: "Deixai vir os meninos a Mim e
não os impeçais; porque dos tais é o Reino de Deus." Assim Ele nos
ensinou, como John Newton corretamente afirma, que tais como estes meninos
constituem grande parte do Reino de Deus. E, quando consideramos, usando as
melhores estatísticas, que é calculado que mais de um terço da raça humana morre
ainda criança, e quando consideramos aquelas vastas regiões onde prevalece o
infanticídio [e os abortos, naturais ou por assassinato], como nos países pagãos
tais como a China e outros assim, [de modo que] talvez metade da população
mundial morra antes de chegar à idade da razão — [então] a instrução do Salvador
carrega grande força de fato, "dos tais é o reino de Deus".
Se alguns me relembram que o Reino de Deus significa a dispensação da Sua graça
sobre a terra, eu respondo: Sim, é verdade, mas também significa a mesma
dispensação no céu, pois enquanto parte do Reino de Deus está sobre a terra na
igreja, então, desde que a igreja é sempre uma, aquela outra parte da igreja que
já está no alto [céu] também é o reino de Deus. Sabemos que este texto é usado
constantemente como uma [pseudo] prova [da permissão e ordem] de Batismo
[infantil], mas em primeiro lugar, Cristo não batizou estas crianças, pois
"Jesus mesmo não batizava", e também Seus
discípulos não os batizaram, pois eles os impediam de vir e os queriam expulsar
para longe. Então, se Jesus não os batizou, e nem os seus discípulos, quem os
batizou? Este texto não tem mais a ver com batismo do que tem com circuncisão.
Não há a mínima alusão ao batismo no texto ou no contexto. Posso provar a
circuncisão de criancinhas deste texto com a mesma lógica que outros procurem
usá-lo para provar batismo infantil. Contudo, o texto prova isto: que
criancinhas compõem uma grande parte da família de Cristo e que Jesus Cristo tem
amor e amabilidade para com os pequeninos. Quando os meninos clamavam no templo:
Hosana! Ele os reprovou? Não, mas regozijou-se nas infantis exclamações.
"Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste
o perfeito louvor". Este texto também parece afirmar que no céu haverá
"perfeito louvor" dado a Deus pela multidão dos querubins [as criancinhas
mortas] que estavam aqui na terra — aqueles pequeninos acariciados no seio dos
pais — e subitamente [e prematuramente] levados ao céu. Não posso crer que Jesus
diria às criancinhas "Apartai-vos de mim, malditos, para o
fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos"! Eu não posso pensar
que seja possível que Aquele que é amoroso e terno, quando Ele se assentar a
julgar as nações, coloque as criancinhas na Sua esquerda e as bana para sempre
da Sua presença. Como imaginar que Ele poderia dizer às criancinhas
"Tive fome e não me destes de comer; tive sede, e não me
destes de beber; estando nu, não me vestistes, e enfermo, e na prisão, não me
visitastes"? Como poderiam as criancinhas ter feito isto? Se a
maior razão de condenação está nos pecados de [consciente e deliberada] omissão,
então como iria Cristo condenar os infantes e lançá-los na perdição (por um
pecado que as criancinhas não tinham a possibilidade de cometer, por não terem o
poder de fazerem o dever)?
Ademais, pensamos que a natureza da graça [de Deus], se a consideramos,
faz com que seja muito improvável, para não dizer impossível, que uma alma de
uma criancinha [morta] devia ser destruída. O que diz as Escrituras?
"Onde abundou o pecado, superabundou a graça." Tal
verdade não pode ser dita a respeito de uma criancinha lançada na perdição.
Sabemos que Deus é abundantemente gracioso, que tais expressões como
"as riquezas incompreensíveis de Cristo",
"Deus, que é riquíssimo em misericórdia",
"grande em benignidade",
"abundantes riquezas da Sua graça", e outras tais, são verdadeiras sem
exageração e sem hipérbole. Sabemos que Deus é bom para com todos, e que as Suas
misericórdias são sobre todas as Suas obras, e que, na Sua graça, Ele pode fazer
tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos. A graça de
Deus buscou no mundo o pior dos pecadores. Não se desviou do mais vil de todos
os vis. Aquele que se auto-intitulou o maior dos pecadores tornou-se
participante do [banquete do] amor de Cristo. Todo tipo de pecado e blasfêmia
tem sido perdoado ao homem. Ele já salvou perfeitamente os que por Cristo se
chegaram a Ele e, pergunto, será consistente com tal graça que ela deve ignorar
os multidões de multidões de pequeninos que têm a imagem do Adão terrestre, e
não coloque sobre eles a imagem do [Adão] celestial? Eu não posso conceber tal
coisa. Todo aquele que tem provado, experimentado e tocado da graça de Deus,
penso eu, vai instintivamente sentir repugnância e se afastar de qualquer outra
doutrina senão esta: que, muito seguramente, aqueles que morrem como criancinhas
estão salvos.
E, ainda, um dos mais fortes argumentos de sã inferência se acha no fato que as
Escrituras positivamente afirmam que o número das almas salvas, no final das
contas, será muito grande. No livro de Apocalipse, lemos a respeito de uma
multidão a qual ninguém podia contar. O salmista fala dos tais como sendo tão
numerosos com as gotículas de orvalho no ventre da manhã. Muitas passagens
Bíblicas profetizam para Abraão, como o pai dos crentes, uma semente tão
numerosa quanto as estrelas do céu, ou quanto a areia nas praias. Cristo verá o
trabalho da Sua alma e será satisfeito; asseguradamente, não é um pouco que O
satisfará. O poder e a beleza da preciosa redenção incluem a redenção de uma
grande multidão. Em todo lugar nas Escrituras aparece o ensino de que o céu não
será um mundo pequeno, e que a sua população não será como um punhado rabiscado
nos campos de uma grande fazenda, mas que Cristo será glorificado por dez
milhares de dez milhares que foram redimidos pelo Seu sangue. De onde virão
estes? Considerando o mundo geográfico, somente uma pequena parte dele é
usualmente chamada de cristandade! Observe num mapa. Daqueles países que são
considerados como sendo de crentes em Cristo, quão poucos de seus cidadãos
[sequer cogitam em] carregar o nome de crente [verdadeiro]! De quão poucos
poderia ser dito que têm pelo menos uma ligação nominal com a igreja de Cristo?
Entre aqueles membros [ativos] de alguma das [poucas] igrejas [verdadeiras e
fiéis], muitos são hipócritas e não conhecem a verdade! Eu não vejo como
possível (a não ser que o milênio venha muito em breve e que se estenda muito
além de mil anos [e seja muito grandes a taxa de natalidade e a percentagem dos
salvos], eu não entendo como pode ser possível que um número tão grande deve
entrar nos céus a não ser a possibilidade de que as almas das criancinhas
[mortas] constituem sua grande maioria. É uma doce crença para a minha mente que
serão mais os salvos do que os perdidos, pois em todas as coisas a preeminência
será dada a Cristo, portanto por que não nisso também [isto é, no aspecto
quantitativo]? Foi um pensamento de um grande teólogo que talvez naquele dia o
número dos perdidos não será em proporção maior em relação ao número dos salvos
do que, hoje, o número dos criminosos nas penitenciárias não é em maior
proporção em relação a aqueles que estão livres. A minha esperança é que seja
assim. De qualquer modo, não é o meu dever perguntar:
"Senhor, são poucos os que serão salvos?" A porta é estreita, mas o
Senhor sabe trazer milhares por ela sem fazê-la mais larga, e nós não devemos
tentar esbarrar qualquer pessoa por a estreitarmos ainda mais. Sim! Eu sei que
Cristo terá a vitória e que Ele é seguido por hostes inumeráveis, sei que o vil
príncipe do inferno nunca terá tantos seguidores quanto Cristo no Seu triunfo
resplandecente. E, se isto é assim, então as [almas dos que que morrem como]
criancinhas têm que estar salvas, porque, se não estiverem, nós [de algum
modo] temos que fazê-las [crer e] ser salvas [antes de morrerem], porque, de
algum modo, sentimos que elas têm que vir a ser numeradas com os abençoados, e
[irão] morar com Cristo no porvir.
Agora abordemos um ou dois casos incidentais que ocorrem na Escritura, os
quais podem esclarecer este assunto. Você não tem esquecido o caso de Davi. Seu
filho por Bate-Seba teria que morrer como castigo pelo ofensa do pai. Davi orou,
jejuou, e afligiu sua alma, e, no fim, informaram-no de que a criança morrera.
Então ele não jejuou mais, mas disse "Eu irei a ela, porém
ela não voltará para mim." E agora, para onde Davi esperava ir? Para o
céu, dizemo-lo com toda segurança. Então o seu filhinho tem que estar lá, pois
ele disse, "Eu irei a ela." Eu não escuto-o dizendo
a mesma coisa a respeito de Absalão. Ele não se pôs de pé junto ao cadáver de
Absalão e pronunciou "Eu irei a ele", pois não tinha esperança para aquele filho
rebelde. No caso da criancinha, Davi não chorou "quem me
dera que eu morrera por ti." [como fez com Absalão]. Não, ele pode deixar
a alma desta criancinha partir, tendo ele perfeita confiança, pois ele pode
dizer, "Eu irei a ele." "Eu sei," ele poderia ter
dito, "que Ele estabeleceu comigo uma aliança eterna, a qual em tudo é bem
ordenada e guardada, e quando ando pelo vale da sombra da morte não temerei mal
algum porque Tu estás comigo. Irei a meu filho e no Céu seremos reunidos uns com
os outros". Você relembra também aqueles casos que já tenho citado que dizem que
as crianças antes que saíram da madre foram santificadas. Estes casos nos
sugerem que não é impossível que uma criancinha possa ser um participante da
graça [de Deus] ainda sendo um bebê. Também existe a passagem
"Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste
o perfeito louvor?" A saída de Egito foi um símbolo da redenção da
semente escolhida, e você sabe que neste caso os pequeninos foram juntos [com os
adultos que creram e obedeceram e foram tirados da escravidão para a liberdade].
Sim, nem mesmo uma unha foi deixada para trás. Na maior redenção, por que as
crianças não poderiam ajuntar-se no cântico de Moisés e do Cordeiro? Também
existe a passagem em Ezequiel onde quem tem só pouco, devemos apanhar até mesmo
as migalhas e fazer como o nosso Mestre fez, "Recolhei os
pedaços que sobejaram, para que nada se perca." Há uma passagem em
Ezequiel 16.21 onde Deus censura o Seu povo por dar as suas crianças a Moloque,
fazendo-lhes passar pelo fogo, e Ele diz em referência a estes pequeninos,
"E mataste a meus filhos, e os entregaste a elas para os
fazerem passar pelo fogo." Então, esses pequeninos, que morreram nos
braços ardentes de Moloque como criancinhas, eram filhos de Deus. Podemos,
portanto, crer concernente a todos os que dormem nestes primeiros dias de vida,
que Jesus disse deles: “Estas são as minhas crianças.” E que Ele, ainda hoje,
enquanto leva as Suas ovelhas às fontes de água viva, ainda não esquece de
cumprir a Sua própria ordem: “Apascenta os meus cordeiros.”
Sim, ainda hoje Ele carrega os "Seus cordeirinhos no Seu regaço" e, mesmo diante
do trono eterno, Ele não se vergonha de dizer: “Eis-me
aqui, com os filhos que me deu o SENHOR.” Há uma outra passagem nas
Escrituras que penso que pode ser usada. No primeiro capítulo de Deuteronômio,
houve uma ameaça pronunciada sobre os filhos de Israel no deserto, que, com a
exceção de Calebe e Josué, eles nunca veriam a terra prometida; contudo, é dito:
“E vossos meninos, de quem dissestes: Por presa serão; e
vossos filhos, que hoje não conhecem nem o bem nem o mal, eles ali entrarão, e a
eles a darei, e eles a possuirão.” A vocês, pais e mães que não temem a
Deus, que vivem e morrem sem Cristo, eu ousaria dizer, a incredulidade de vocês
não pode barrar seus filhinhos [mortos de entrarem] no Céu, e eu louvo a Deus
por isso. Sim, vocês não podem usar este texto que diz: “A
promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos...a tantos quantos Deus nosso
Senhor chamar”, mas, do mesmo modo como o pecado da geração no deserto
não impediu a próxima geração de entrar na Canaã, assim o pecado de pais
incrédulos não necessariamente será a ruína dos seus filhinhos [mortos], mas
estes serão, pela graça soberana de Deus e pela Sua superabundante misericórdia,
participantes do descanso que Ele tem reservado para Seu povo. Nesta manhã,
entendam que eu não tenho feito distinção entre os filhos de pais piedosos e os
de pais ímpios. Se os filhos morrem na infância, eu não me importo sobre quem é
o pai ou a mãe deles, tais filhos estão salvos. Eu não endosso a teoria de um
líder presbiteriano que supõe que os filhos de pais piedosos terão um lugar
melhor no Céu do que aqueles que por força das circunstâncias vêm de pais
ímpios. Eu não creio em nada disso. Eu não tenho certeza de que há graus nos
céus; e, mesmo se houvesse, eu não tenho certeza de que isso provaria que nossos
filhos têm mais direitos do que os outros. Todas as criancinhas [mortas], sem
exceção, seja lá de quais lombos vieram, alcançarão, não pelo batismo, não pela
fé dos pais, mas simplesmente como todos nós somos salvos pela eleição de Deus,
através do sangue precioso de Cristo, pela influência regeneradora do Espírito
Santo, digo, alcançarão glória e imortalidade, e terão a imagem do [Adão]
celestial , tanto quanto eles têm tido a imagem do [Adão] terrestre.
III. Agora quero aplicar O USO PRÁTICO DESTA DOUTRINA.
Primeiramente, que seja [esta doutrina] um conforto aos pais enlutados.
Você diz que [seu filho] é uma cruz pesada para carregar. Lembre-se, é mais
fácil carregar uma cruz morta do que uma cruz vivente. Carregar uma cruz
vivente é uma verdadeira tribulação, -- ter um filho que é rebelde na sua
infância, violento na sua juventude e depravado na sua maioridade! Ah, quem dera
que tivesse morrido no ventre! Que Deus tivesse impedido que ele visse a luz!
Muitos corações de pais têm sido trazidos à sepultura através das dores [ou
mesmo assassinatos] causadas pelos seus filhos viventes, mas eu penso que nenhum
tem sido trazido através dos seus filhos natimortos, com certeza se os pais
fossem cristãos poderiam ser confortados pelas palavras do apóstolo:
“que não vos entristeçais”. Você gostaria que o seu
filhinho [morto] vivesse [até bem mais tarde]? Ah, se você pudesse ver além do
véu do futuro e ter percebido a vida que ele teria tido! Desejaria que ele
vivesse numa penitenciária? Desejaria que ele amaldiçoasse o Deus do seu pai?
Desejaria que ele tornasse o seu lar desestruturado, e fizesse você molhar o seu
travesseiro com lágrimas, e mandasse você para o seu trabalho diário com suas
mãos pesadas por causa de tristeza? Este poderia ser o caso; mas não é assim,
pois agora seu filho canta diante do trono de Deus. Você sabe de quais desastres
o seu pequeno se livrou? De certo, você já tem tido o suficiente e demasiado [de
dores, desastres, pecados, remorsos]. Este foi nascido de mulher, teria sido de
poucos dias e cheio de problemas, assim como você. Ele escapou destes
sofrimentos, você se lamenta disto? Lembre-se também dos seus próprios pecados e
da profunda tristeza do arrependimento. Se este filho não tivesse morrido, teria
sido um pecador e deveria ter conhecido a amargura da convicção do pecado. Disso
ele escapou; ele regozija-se agora na glória de Deus. Entendendo isso, desejaria
você tê-lo de volta? Pais enlutados, se vocês pudessem por um momento só ver a
sua posteridade lá no Céu, penso que com determinação enxugariam as suas
lágrimas. Lá, entre as vozes doces que cantam o cântico perpétuo, pode ser
ouvido a voz do seu próprio filho – agora um anjo e você a mãe de um cantor que
está diante do trono de Deus. Você não teria resmungado se você tivesse recebido
a promessa de que seu filho seria elevado à posição [e palácio] de um par dos
homens mais ilustres [do país], saiba que ele tem sido elevado [infinitamente]
mais alto do que tudo isso – à elevada posição [entre os filhos do Rei], no céu.
Ele tem recebido a dignidade dos imortais, tem sido vestido em vestimentas
melhores do que as dos reis, e é mais rico e mais abençoado do que se ele
tivesse todas as coroas da terra. Do que então você reclamaria? Um poeta do
passado escreveu uns versos propícios para um epitáfio de criança:
Curta foi minha vida, o meu descanso é maior,
Deus leva mais cedo aqueles que mais ama.
Quem nasce hoje e morre amanhã,
Perde umas horas de gozo, mas anos de tristeza.
Outras mazelas sempre vêm nos torturar,
A morte vem uma vez, e isto para nos aliviar.
De uma vez por todas a morte visitou seu filho e, por isso, ele foi aliviado de
todas estas mazelas, e você pode concluir: disso sabemos, ele é abençoado
supremamente, tem escapado do pecado e dos cuidados e das dores, e com o
Salvador descansa.
“Feliz o nenê” diz Hervey, “que,
Privilegiado pela fé, um labor encurtado e um peso menor,
Recebeu, senão ontem, a dádiva da vida,
E foi ordenado para amanhã ser ceifado pela morte.”
Enquanto um outro diz, olhando para cima, em direção ao céu,
“Que viagem abençoada, que sorte cobiçada,
Sem nenhum conflito, coroado,
Sem dor ter conhecido, só gozo experimentado
Sem [conquistar] fama, renomado.”
Assim é. É louvável estar guerreando e receber [o gozo] no futuro, mas também é
bom receber [o gozo] sem ter que guerrear! É bom cantar o cântico da vitória
depois de ter atravessado o Mar Vermelho com todos os seus terrores, mas
cantar o cântico sem [sofrer] o mar é ainda glorioso! Eu não sei se eu mesmo
preferia a condição de uma criança no céu. Eu creio que é mais nobre ter
suportado a tempestade e ter lutado contra o vento e a chuva. Creio que será
objeto de congratulações por toda a eternidade, para você e para mim, o fato de
que não chegamos ao céu de uma maneira tão fácil, pois esta vida mortal é
transitória como a furada de um alfinete, mas, depois, há a excedentemente
grande glória no porvir. No entanto, mesmo assim, creio que podemos agradecer a
Deus por aqueles pequeninos que não experimentaram os nossos pecados ou as
nossas enfermidades e nem nossas dores, e já entraram no seu descanso eterno.
Assim, o Senhor diz a você, ó "Raquel chorando os seus
filhos, E não querendo ser consolada, porque já não existem." Assim diz o
SENHOR: "Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos; porque há
galardão para o teu trabalho, diz o SENHOR, pois eles voltarão da terra do
inimigo.”
A próxima conclusão, e talvez a mais útil e proveitosa que pode vir deste texto,
é esta: muitos de vocês são pais que têm filhos no céu. Não é uma coisa
desejável que você possa ir para lá também? Será que tenho neste auditório
alguns talvez que não têm nenhuma esperança no porvir? Você tem deixado aquilo
que é além do túmulo para ser tratado num outro dia, você tem dado todo o seu
tempo e preocupações aos cuidados curtos e transitórios desta vida mortal. Mãe,
mãe não convertida, das margens do céu o seu filho acena para você vir ao
paraíso. Pai, pai sem arrependimento, o olhar daquele que antes você olhou com
gozo vê você agora, e os lábios que fracamente te chamaram “pai” mas foram
fechados em silêncio pela morte, podem ser ouvidos como se fossem uma voz mansa,
ainda essa manhã, “Pai, devemos ser para sempre divididos por esse grande abismo
que nenhum homem pode passar?” Não coloca a própria natureza um desejo na sua
alma de poder vir a ser ligado com a vida dos seus próprios filhos? Então pare e
pense! No estado em que você está agora, você não tem esperança para aquilo,
pois seu caminho é pecaminoso, você tem esquecido de Cristo, não se arrependeu
do seu pecado, tem amado mais o salário da iniqüidade [do que a Deus]. Eu
rogo-lhe que você vá ao seu aposento esta manhã e pense da sua [presente]
condição que [se não for mudada] o levará a permanecer separado dos seus
pequeninos, banido para sempre da presença de Deus, lançado
“Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga.”
Se pensar nestes assuntos, talvez o seu coração começará a se mover, e os olhos
podem começar a lacrimejar, e talvez assim o Espírito Santo colocará diante dos
seus olhos a cruz do Salvador, o abençoado Jesus! E, lembre-se, se você voltar o
seu olhar para Ele, viverá; se você [agora] crer nEle de todo o seu coração,
você estará com Ele aonde Ele está, e estará com todos aqueles que já partiram e
a quem o Pai os deu a Ele. Não é necessário que você seja banido de lá. Assinará
você a sua própria maldição e escreverá a sua própria condenação? Não despreze e
jogue fora essa grande salvação, mas [ao contrário,] que a graça de Deus opere
em você para que você a procure, pois assim a achará – que a graça de Deus faça
você bater, porque assim a porta abrirá – que a graça de Deus faça você pedir,
pois aquele que pede, receberá! Ó, que eu possa tomar a você pela mão – talvez
você veio de um sepulcro novinho ou tem deixado o filho em casa já morto e Deus
me fez um mensageiro para você, essa manhã; Ó, que eu possa tomar a você pela
mão e dizer-lhe: “Não podemos trazê-lo de volta, o espírito partiu e não há
retorno para ele, mas você pode segui-lo!” Observe a escada de luz diante de
você! O primeiro grau nessa escada é arrependimento, o próximo é a sua fé em
Cristo, e, quando você ali estiver, já estará bem encaminhado, e não demorará
muito para você ser recebido no portal do Céu por aqueles pequeninos que
partiram antes e que podem saudar-te quando chegares no sublime e eterno lar.
Mais uma lição de instrução e eu não o deterei mais. Que devemos nós dizer aos
pais que têm filhos ainda vivos? Já falamos a respeito daquelas [crianças] que
já partiram. O que diremos a respeito das [crianças] ainda vivas? Talvez eu devo
dizer, "Guardem as suas lágrimas, pais enlutados, para os filhos que vivem.
Vocês pode ir ao pequeno sepulcro, e podem olhar e dizer: 'Este meu filhinho é
salvo; ele descansa eternamente além de qualquer risco de perigo.' Você volta a
estes que estão ao redor da sua mesa e você olha de um a um: 'Estes meus filhos,
muitos dos quais não são convertidos, nada têm de Deus nem de Cristo. Alguns
estão amadurecendo e é claro que os corações deles são como o coração do homem
natural, demasiadamente ímpio." Aí há razão para chorar. Eu oro que vocês [ó
pais] nunca cessem de chorar por eles até que eles cessem de pecar; que nunca
cessem de ter esperança por eles até que cessem de viver; nunca cessem de orar
por eles até que vocês mesmo cessem de respirar. Levem-nos para diante de Deus
nos braços da fé, e não fiquem desapontados porque não são o que você deseja que
eles sejam. Eles serão ganhos ainda, se você apenas tiver fé em Deus. Não pense
que não há esperança. Aquele que salvou a ti pode salvar a eles.
Levem cada um deles, constantemente, ao propiciatório de Deus, e lutem com Ele
dizendo: “Não te deixarei ir, se não me abençoares.”
A promessa é para você e para os seus filho, a tantos quanto o Senhor teu Deus
chamar. Orem, lutem, se esforcem e possa a sorte de vocês ser bendita em verem
salvo o seu lar. Esta foi a palavra que o apóstolo deu ao carcereiro:
“Crê no Senhor Jesus Cristo e será salvo, tu e a tua
casa.” Temos tido muitas provas disso, pois neste batistério tenho
batizado não só o pai e a mãe, mas, em muitos casos, todos os seus filhos
também, um após outro têm sido trazido pela graça [de Deus], pondo sua confiança
em Jesus. Deve ser o desejo do coração de cada pai ver todos seus filhos
pertencerem a Cristo, e ver todos aqueles oriundos dos seus lombos no número das
hostes que cantarão ao redor do trono de Deus. Podemos orar pela fé, pois temos
a promessa disso; podemos orar pela fé, pois há muitos exemplos na Escritura. O
Deus de Abraão é o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, “Ainda
por isso serei solicitado pela casa de Israel, que lho faça”. Solicite
dEle, suplique junto a Ele, vá diante dEle com o poder da fé e sinceridade e
verdadeiramente Ele te ouvirá.
Uma palavra a todos da congregação. Uma criança estava falando, outro dia – e
crianças, às vezes, dizem coisas estranhas – “Papai, eu não posso voltar atrás
[para o que era antes].” Quando foi perguntado o que quis dizer, ele explicou
que ele estava aqui, que já começou a sua vida, e ele percebeu que ele não
poderia cessar de ser – ele não poderia voltar atrás [para o que era antes].
Você e eu podemos dizer o mesmo; aqui estamos; temos crescido, não podemos
voltar a ser crianças como éramos antes; não temos, portanto, aquela porta de
escape. O saudoso John Bunyan, antigamente, desejava ter morrido quando
criancinha. Ele esperava que fosse um descendente de um judeu, pois ele tinha a
idéia de que todos os hebreus seriam salvos.
Aquela porta Deus fechou. Toda porta está fechada para você e para mim, exceto
aquela em nossa frente, e ela tem sobre si o sinal da cruz. Existe aí a
campainha de oração. Escolheremos nós nos desviar daquela para achar uma outra –
um portão de cerimônias, ou de sangue, ou de linhagem? Nunca entraremos por
nenhum outro caminho. Mas há aquela maçaneta [de bater chamando, e de abrir a
porta] de ouro! Pela fé, ó Todo-Poderoso, eu a acionarei agora. “Eu sou o pior
dos pecadores. Tenha misericórdia de mim!” Jesus está aí. “Entre,” diz Ele,
“Entre, bendito do SENHOR; por que estás fora?” Ele me recebe nos Seus braços,
me lava, me veste e me glorifica quando vou a Ele. Serei tão tolo que não entre?
Sim, eu sou assim por natureza – e que tolo sou! Ó Espírito de Deus! Faze-me
sábio para saber o meu perigo e meu refúgio! E agora, pecador, em nome dAquele
que vive, e que foi morto, e que vive para todo o sempre, procure entrar por
aquela porta e faça a sua oração, antes de sair deste santuário: “Ó
Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” Que o Senhor ouça e abençoe, por
amor do Seu nome!
29 de Setembro de 1861
Sermão pregado por C.H. Spurgeon (1834-1892)
Tradução: David, Joy Ellaina e Calvin Gardner, 08/2008.
Todas as citações bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). As ACF
e ARC (ARC idealmente até 1894, no máximo até a edição IBB-1948, não a SBB-1995)
são as únicas Bíblias impressas que o crente deve usar,
pois são boas herdeiras da Bíblia da Reforma (Almeida 1681/1753),
fielmente traduzida somente da Palavra de Deus infalivelmente preservada
(e finalmente impressa, na Reforma, como o Textus Receptus).
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.