R. T. Kendall
O que significa “uma vez
salvo, para sempre salvo”? Antes de apresentar vários termos, vou dar a
definição do ensino: qualquer pessoa que, uma [certa] vez,
verdadeiramente creia que Jesus foi ressuscitado dos mortos e que confesse que
Ele é o Senhor [1],
irá para o céu, quando morrer.
Mas, não desejo parar por
aqui. Essa pessoa irá para o céu, quando morrer, independente de quais
obras (ou ausência de obras) [boas ou más] acompanhem tal fé.
Alguns leitores podem ter
ouvido esta expressão: “a perseverança dos santos”, uma frase retirada de uma
confissão de fé, uma declaração denominacional honrada por tantas outras
denominações através do tempo [e já tendo completado mais de 350 anos, pois
data de 1646]: “Aqueles que Deus
aceitou em Seu Amado, e foram efetivamente chamados e santificados pelo Seu
Espírito, não podem, de forma total ou final, decair do estado de graça; mas,
certamente, vão perseverar nele até o fim, e serão eternamente salvos” (Confissão
de Fé de Westminster, XIX:1, “Da Perseverança dos Santos”. [N.T: Confissão
de Fé [Batista] de New Hampshire (1833), é mais explícita: “Cremos que são
crentes legítimos [somente] aqueles que resistem até o fim; que seus
perseverantes vínculos com Cristo é o grande marco que os distingui dos
professos superficiais; que uma especial providência zela por seu bem-estar; e
eles são guardados pelo poder de Deus através da fé para a salvação.”]
A
Segurança do Crente
Muitos de nós temos pensado que a
doutrina da segurança do crente tem, algumas vezes, fugido do nosso controle,
nos tempos modernos. O que alguns
iriam afirmar é que, historicamente, o ensino era conhecido como “a
perseverança dos santos” e não apenas como “uma vez salvo, sempre salvo”. O que
alguns, pois, desejam preservar é a ideia de que é “a perseverança dos santos”
que deve ser ressaltada e não a salvação incondicional de alguns que apenas
afirmam crer.
Sejamos justos e honestos [e
corteses] com relação à preocupação desses [nossos críticos]. Algumas pessoas
aborrecem o tipo superficial de Cristianismo, o qual tem-se tornado comum, nos
dias de hoje. Essas pessoas desejam preservar a piedade dentro do contexto da
fé salvadora (uma frase à qual vou retornar).
Mas, existe outro meio de ver
isso. A maneira pela qual a doutrina clássica da perseverança dos santos é
geralmente aceita pode também ser percebida como levando a uma distorção da
doutrina bíblica da segurança do crente. Pois, se o ensino do qual você está
diligentemente procurando estabelecer sua biblicidade é estritamente [somente]
“perseverança”, ou até mesmo “santidade”, então, de fato, para início [e fim da
argumentação], você não verá sentido algum em se ter a doutrina [doutrina da
segurança da salvação, resumida em “uma vez salvo, para sempre salvo”] [e vai
levantar sua guarda, fechar seus ouvidos, rejeitá-la a priori (sem sequer
examinar se e quão bíblica é), não importa quantas provas apresentemos dela, na
Bíblia. Pode você ser justo e honesto, e reconhecer isso?].
Olhando
a perseverança
Colocando isso de outra maneira, se a
Bíblia indiscutivelmente ensinasse que apenas os que perseveram em santidade
serão salvos, dificilmente haveria qualquer objeção ao ensino. Mas ela não o
faz. Na verdade, isso contraria a bíblia e até mesmo o bom senso: Se, por
exemplo, José Silva parece realmente convertido mas, após alguns anos,
retrocede [para o mundo e os pecados de antes], a primeira coisa que os mais
fieis adeptos da Confissão de Westminster dirão é que, realmente, de modo nenhum ele era salvo.
Por outro lado, se [depois] ele vier a ser restaurado, então eles dirão que,
talvez, ele fosse mesmo um convertido. Mas se [depois] ele novamente vier a
cair, sua conversão é, mais uma vez, posta em dúvida pelos Westminsterianos. E
assim por diante. Desse modo, somente uma pessoa que estivesse vivendo uma vida
piedosa na hora de sua morte é quem poderia, com total segurança, ser
considerada salva.
Se é isso que a Bíblia
ensina, então ela oferece muito pouco propósito ou conforto. Eu apenas voltaria
à visão original do meu próprio passado, para assumir que, embora no primeiro
momento eu tivesse sido salvo simplesmente por confiar na morte de Jesus Cristo
na cruz, depois não teria segurança nenhuma de continuar sendo um salvo, se eu
não perseverasse num estado de vida piedosa, o tempo inteiro. Pensando desse
modo, eu não estaria conseguindo conforto algum pela morte de Jesus (por mais
que eu desejasse tal conforto), pois eu estaria procurando conseguir o
verdadeiro consolo e segurança através de minhas próprias obras. A morte de
Jesus tinha podido me salvar [nos primeiros tempos após minha salvação], mas eu
não devo ficar por demais confiante nisso, se eu não praticar [suficientes]
boas obras, a fim de mostrar que Cristo de fato me salvou.
Existe um sentido em que tudo
que podemos ensinar [sobre salvação] é estabelecido ou é derrubado por Romanos
10:9-10: “A
saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração
creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto
que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz
confissão para a salvação.”
Conforme estes
versos, duas coisas são exigidas, para que alguém seja salvo:
- a primeira é crer de todo o coração que Deus ressuscitou Jesus dentre os
mortos;
- a segunda é confessar Jesus como Senhor [confessar com a boca, crendo no
coração].
Minha definição de “uma vez salvo, para sempre salvo” pode ser dividida em dois [grandes]
títulos.
1)
Qualquer pessoa que, uma [certa] vez, verdadeiramente creia:
ou seja, quem de fato creu. Estas palavras nos levam a quatro ensinos, todos de
imensa importância.
1.a) Qualquer pessoa
Isto indica o que podemos chamar de
oferta graciosa do evangelho, o qual é oferecido a todos porque Jesus provou a
morte por todos: “Vemos,
porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor
do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus,
provasse a morte por todos”. (Hebreus 2:9).
“Porque Deus amou o mundo
de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (João 3:16).
“E o Espírito e a esposa
dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser,
tome de graça da água da vida”. (Apocalipse
22:17).
Se a oferta gratuita do evangelho [a
todos] for minada, mesmo que seja levemente, tudo mais cai aos pedaços. É de
suma importância que a superestrutura do ensino - “uma vez salvo, para sempre salvo” - seja edificada sobre a oferta
gratuita do evangelho [a todos]. O evangelho é para todos, porque Cristo morreu
por todos. É porque Deus amou o “mundo” (Jo 3:16.a), que [o pronome] “todo
aquele [quem quer que seja]” aparece em cena (Jo 3:16.b).
Por outro lado, quem
porventura não crê neste evangelho certamente vai perecer. Conforme
estabelecido em João 3:16, somente o evangelho pode ajudar uma pessoa. Sem ele,
os homens vão perecer, de qualquer maneira. Mas é o “todo aquele [quem
quer que seja]” que [nele] crê que será salvo, não será condenado. Somente quem
olha para Jesus porque crê na sua Palavra, será salvo.
1.b) Uma [certa] vez [basta uma só vez]
“Qualquer pessoa que, UMA
[certa] VEZ [basta uma só vez], verdadeiramente creia”. Suponho ser
isto o que desagrada a muitos. Uma vez apenas, não duas, três ou trezentas
vezes. Uma vez apenas é que a
pessoa precisa crer! Como disse João Calvino,
“basta a menor gota de fé”. E
a pessoa precisa tê-la apenas uma vez. Por que isso? Não é uma grande fé que
salva: é a fé num GRANDE SALVADOR. Só é preciso olhar [com fé] uma única vez
para Aquele que carregou os nossos pecados, para sermos salvos. É Deus Quem dá
a fé. Segundo Charles Spurgeon costumava colocar,“Existe vida em um [único]
olhar ”... “14 E,
como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do
homem seja levantado; 15 Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna.” (João 3:14-15)...
Pode-se ver a partir destes
dois versos que crer é ver. Aqui Jesus aludiu à geração de Israel, que estava
infestada de cobras venenosas. “E Moisés fez uma serpente de
metal, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, picando alguma serpente a
alguém, quando esse OLHAVA para a serpente de metal, vivia.”
(Números 21:9) “... Que todo aquele que vê o Filho, e
crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo
6:40). Mesmo que um cristão olhe para Jesus milhares de vezes, ele não será
mais salvo do que foi antes, quando olhou para Cristo pela primeira vez.
Porque o "uma vez" põe a promessa de Deus em operação efetiva. [N.T.
- Olhar para Jesus, depois da
primeira vez, é avançar no caminho da santidade, um caminho restrito aos que
foram salvos pela fé n’Ele].
1.c) Verdadeiramente
Quem creu,
verdadeiramente, está para sempre salvo. Os israelitas picados pelas cobras
olharam para a serpente de bronze porque acreditavam na palavra de Moisés. Note
que, em João 6:40, está escrito: “Porquanto
a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e
crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”. Todo aquele que crê,
verdadeiramente; não apenas superficialmente. Crer em Jesus é confiar
verdadeiramente na Sua Palavra, a fim de ser salvo “Quem me rejeitar a mim, e
não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho
pregado, essa o há de julgar no último dia”. (João 12:48).
Quando Jesus esteve na Terra,
muitos O viram, mas nem todos creram nEle. É aquele [e somente aquele] que olha
para Jesus porque crê nele e na sua palavra que será salvo. A fé não é apenas a crença numa coleção de
doutrinas, nem uma aceitação passiva das doutrinas da
igreja, ou de um pregador (mesmo quando tais ensinos forem corretos). Paulo
disse: “Se com a tua boca confessares ao Senhor
Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo”. (Romanos
10:9). Há pessoas que gostam de confessar superficialmente: “Jesus é o Senhor!” sem nada tendo
realmente ocorrido em seu coração, mas essa declaração não está impressa em seu
coração. O cerne da questão está precisamente
aqui. Se uma pessoa não creu de todo seu coração - "do fundo do
coração", como poderíamos colocar isso hoje – então ele não é salvo, mas
está ainda no processo de estar sendo convencido [pelo Espírito Santo]. Se ele
pensa ter sido salvo, então isto é mero não entendimento da profundidade do
Evangelho, ou é mera vaidade, é louca presunção sem fundamento bíblico. A
raiz grega da palavra “fé’ no Novo Testamento equivale a “estar persuadido”. Fé
é persuasão [firme e fundamentada].
1.d) Creia
“Qualquer pessoa
que, uma [certa] vez, verdadeiramente creia”. Confie. Nada mais [ou
além, ou ao lado] disso, basta que ele apenas creia, confie.
Não fé mais obras, mas exclusivamente
a fé salvadora, a absoluta
confiança no sacrifício de Cristo na cruz e na Sua ressurreição dos mortos. Não
fé mais obras, mas fé sem
obras [fé independentemente de obras]. Em Efésios 2:8-9, lemos: “Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não
vem das obras, para que ninguém se glorie”. Em Romanos 5:1, lemos: “Tendo sido, pois,
justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”. Em Romanos 4:9-10, lemos: “A fé foi imputada
como justiça a Abraão. Como lhe foi, pois, imputada? Estando na circuncisão ou
na incircuncisão? Não na circuncisão, mas na incircuncisão” (circuncisão é obra).
Em Romanos 3:28, lemos: “Concluímos,
pois, que o homem é justificado PELA FÉ SEM AS OBRAS DA LEI”. Quando qualquer pessoa crê, a
sua fé lhe é imputada como justiça: “Mas,
àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe
é imputada como justiça”. [N.T.
- É
inadmissível que todas as religiões, exceto o Cristianismo bíblico, preguem a
doutrina da fé mais obras,
contrariando a única verdade, que é aquela contida na Palavra de Deus. E muitos
pregadores (ditos evangélicos), que assim fazem, estão com o Livro aberto nas
mãos].
2)
A
Fé Salvadora - Crer que Jesus foi ressuscitado dos mortos
Eu tinha prometido que voltaria à frase “fé
salvadora”. Esta é uma frase muito importante que devemos compreender. Nem toda
fé é salvadora, portanto não garante ao que crê um lugar no céu. Existem
dois ingredientes essenciais que constituem uma fé que salva: 1) A sede,
isto é, a apropriada parte do nosso ser onde exercemos a fé; 2) O objeto
da nossa fé, isto é, o seu recebedor, a pessoa sobre quem depositamos nossa fé.
2.1) A sede da fé
Já tratamos da sede da fé
quando falamos do coração. A
correta sede da fé é o nosso coração. A fé salvadora é exercida e está sentada
no coração do crente. Não na sua cabeça (isto apenas seria assentimento
mental). Nem mesmo no seu desejo. Tanto a cabeça como o desejo fazem parte do
quadro, claro, mas qualquer dos dois (ou mesmo ambos juntos) não bastam para caracterizar
uma fé como fé salvadora.
Uma pessoa pode estar
convencida, na sua mente, da existência de Deus e até ficar o tempo
inteiro louvando-O, sem resultado algum, porque, simplesmente, não foi até Ele
através do único mediador (1 Timóteo 2:5). [Ademais, com maestria de
argumentação lógica e técnicas de persuasão,] você pode ir invencivelmente
encurralando um homem até que ele, pela sã lógica, tenha que admitir que tem
que haver um Deus [e que o homem é pecador e merece o inferno; e que Jesus é o
Salvador; etc.]. Mas podemos relembrar a verdade da expressão “Um homem
convencido contra seu coração, ainda é da mesma opinião.”
E quanto à vontade? Um
homem pode desejar crer que Jesus ressuscitou dentre os mortos. Mas seu desejo,
seu desejo mais fervoroso, não vai salvá-lo. Ele pode ter uma forte motivação.
Ele pode ser totalmente sincero. Ele pode até estar "desejoso para estar
desejoso." Ele pode até tomar o ponto de vista existencial, que é o de
“dar o salto da fé” [no mau sentido da louca filosofia existencialista, o
sentido de se arriscar, fechar os olhos e mergulhar de cabeça, aceitar algo sem
apropriada evidência e até paradoxal, somente “para experimentar e ver se lhe
resulta em uma melhora”]. Ele pode dizer para si mesmo: "Espero que seja
assim como me disseram, e que dê certo." Mas tudo isso pode ficar aquém do
verdadeiro coração, é insuficiente. Ele precisa ter uma profunda motivação e
forte convicção, as quais lhe são concedidas pelo Espírito Santo, que veio ao
mundo para nos conduzir ao verdadeiro objeto da fé, que é Jesus Cristo. Isso
nos leva ao objeto da fé.
2.2) O objeto da Fé
[isto é, o seu recebedor, a pessoa sobre quem depositamos nossa fé]
O objeto da fé salvadora é
crer que Jesus ressuscitou dentre os mortos. Assim, o elemento sobrenatural
entra em foco. Ou se crê na ressurreição de Jesus ou não se crê. Não adianta um
homem tentar jogar jogos consigo mesmo [tentando enganar os outros e mesmo enganar
a si mesmo]. [No fundo de seu coração] ele sabe se, ou não, realmente
crê que Jesus ressuscitou dos mortos [assim sendo declarado ser o Filho de
Deus, e agora, como Deus-Filho, estando assentado à mão direita de Deus-Pai, de
onde está prestes a vir julgar e reinar]. Não é preciso dizer-lhe se ele crê
nisso. Ele crê ou não crê, e ele sabe se, ou não, ele realmente crê. Se
ele não crê [verdadeira e plenamente] na ressurreição de Jesus, não há nada que
irá salvá-lo. Ele pode resolver ser uma pessoa melhor, viver uma vida moral,
respeitar a Lei de Deus, o Seu povo, Sua igreja e Seus ministros. Ele pode até
começar a se sentir arrependido de coisas ruins que ele fez e pode até tentar
reparar e corrigir todos seus erros passados. Ele pode decidir "abandonar
seu pecado." Mas se ele não crê [verdadeira e plenamente] na ressurreição
de Jesus dentre os mortos, ele não pode ser salvo.
O objeto da fé salvadora deve
ser a ressurreição de Cristo. Isto é, que Jesus de Nazaré, o homem que
morreu uma morte horrível na cruz, foi ressuscitado no mesmo corpo que Ele
tinha desde Seu nascimento. Era um corpo espiritual [corpo glorificado], sim.
Mas também era o mesmo corpo [físico]. O túmulo em que havia sido colocado
estava vazio, contendo apenas as longas faixas de tecido e o lenço com que Seu
corpo foi preparado (João 20:7). “E que o lenço, que tinha
estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à
parte.” O Jesus ressuscitado disse a Tomé (que parece
ter ficado um pouco amuado por ter faltado à reunião e não ter podido ver Jesus
quando os discípulos O viram), "Põe aqui o teu dedo, e
vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado” (João
20:27). O que Tomé tinha exigido era, com seus próprios olhos, ver “o sinal dos
cravos" “Disseram-lhe, pois, os outros discípulos:
Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas
mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu
lado, de maneira nenhuma o crerei.” (Jo
20:25 ACF). Ele teve a sua prova. Novamente, meu ponto é este: nós estamos
falando da ressurreição de Jesus no seu mesmo corpo físico de antes. Este
evento histórico - a ressurreição de Jesus de Nazaré dos mortos no terceiro dia
após a Sua crucificação - é o objeto da fé salvadora.
[Se Jesus tivesse morrido e
não tivesse ressuscitado, não poderíamos ser salvos, nem ter esperança alguma “E, se Cristo não
ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também
os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida,
somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Coríntios 15:17-19)]
Mas
alguém certamente vai perguntar: "Por que você não enfatizou como
objeto de fé o confiar na morte de Jesus na cruz?"
Primeiro, Paulo tinha alcançado o
estágio, na epístola aos Romanos, onde o seu argumento para a justificação
somente pela fé estava [completa e perfeitamente apresentado e já] fora de
questão. Sim, de fato ele já tinha afirmado inequivocamente que a morte
de Jesus é o objeto da fé salvadora. Ele disse isso no início de sua
argumentação sobre a natureza da justificação. Nós somos salvos "pela
fé no seu sangue" (Romanos 3:25). Deus
estabeleceu Jesus Cristo como propiciação, mediante a fé em Seu sangue. (Propiciação
é um sinônimo de expiação. Significa simplesmente que Deus foi aplacado pelo
sacrifício de Cristo.) Em outras palavras, então, Paulo já havia afirmado nesta
mesma epístola que o objeto da fé é a morte de Jesus (cf. Romanos 5:9,
10, 11, 17, 18, 19; 6:3, 10; 7:4; 8:3, 34).
A
Ressurreição de Cristo
[Não obstante ao que dissemos logo acima, ao
chegar ao capítulo 10 de Romanos, versos 9 a 10, sumariando tudo,] Paulo
[também] disse que o objeto da fé salvadora é a ressurreição de Jesus. A
razão de ele ter dito assim é que não é preciso ter uma completa e articulada
compreensão da doutrina da justificação pela fé, a fim de ser salvo. [dizemos
que uma pessoa tem uma compreensão articulada se ela, mesmo de improviso, puder
expressá-la fluentemente ante uma comissão de teólogos e receber nota dez] A
doutrina paulina da justificação pela fé é profunda. É tão profunda que se
aprende algo novo quase toda vez que se lê Romanos ou Gálatas. Assim, quando
Paulo chegou ao ponto, em Romanos, de querer fazer o resumo da sua doutrina da
justificação e da natureza da fé, ele colocou sua posição de tal forma que
qualquer pessoa possa ser salva por crer [de todo coração] na ressurreição e na
divindade de Jesus, e por recebê-lO como o seu Senhor [seu dono e controlador].
A obra do Espírito cuida disso. Tudo o que uma pessoa precisa fazer, então, é
verdadeiramente crer que Jesus ressuscitou dos mortos e confessar que Ele é o
Senhor [seu e do universo].
É um lembrete importante que
nós não somos salvos pelo quanto [de perfeita doutrina] nós já sabemos. Este
lembrete é de imensa importância. Não é preciso muito conhecimento [da perfeita
doutrina] para ser salvo. O que importa é se uma obra do Espírito ocorreu. [Ninguém
precisa de erudição alguma para ser salvo. O Espírito Santo é quem nos provê a
fé salvadora.]
Quanto à pessoa que é
convertida ao focar, extasiada, seu olhar sobre a morte de Cristo, ela pode
estar absolutamente certa de que ela também crê na ressurreição de Cristo.
Seria tão impossível crer que a fé no sangue de Cristo salva e também não
acreditar na Sua ressurreição, como seria acreditar na Sua ressurreição e não
ter o benefício do Seu sangue. [Somente quem crê na Sua ressurreição recebe o
valor do sacrifício do sangue por Ele derramado na cruz.]
Ao
Final de Tudo Isto
[QUEM
CRÊ E CONFESSA JESUS COMO SENHOR ESTÁ SALVO... MESMO QUE NÃO QUEIRA,
conforme diria o Dr. Peter Ruckman! O crente que lê e ama Romanos perde todo o
receio de ir para o inferno!]
O homem que já tem um
profundo e aguçado entendimento de doutrinas tais como as da propiciação,
expiação, justificação, imputação de justiça e do perdão pela fé, deve ficar
impaciente diante de quem não tem uma tão grande percepção teológica. Esta
impaciência pode levar a intolerância e, em alguns casos, a julgamentalismo que
questiona se alguém pode verdadeiramente ser um cristão se ele não entende
[suficientemente] tais doutrinas.
Se o grande apóstolo Paulo
pode trabalhar tão arduamente em definir sua doutrina [recebida de Deus] em
vários capítulos da Epístola aos Romanos, esclarecendo, meridianamente, ao
final de tudo isto, que a fé [de todo coração] na ressurreição de Cristo
é que salva o pecador (se ele confessa Cristo como Senhor), então,
seguramente, não podemos nós mesmos suportar sermos tão magnânimos?
“Once Saved, Always Saved” - R. T. Kendall
Tradução,
resumo e adaptação de Mary Schultze, 01/07/2012.
[1] Nota da Tradutora: A condição única, necessária e suficiente, é REALMENTE eu, em um certo instante de minha vida, ter crido, de todo meu ser (mente, coração, alma e espírito), em Cristo, em tudo que Ele disse e está registrado na Palavra de Deus (portanto, eu ter crido em cada letra de toda palavra da Bíblia, toda ela. Eu ter crido que Ele me salvou definitiva e eternamente quando cri, e esta salvação não precisa de nenhuma outra condição ou auxílio para ser recebida ou preservada) e eu ter confessado que Ele é o meu único e total Senhor, portanto é o Deus eterno Todo Poderoso, é o meu único e total dono e controlador. Portanto, não está salvo ninguém (mesmo se ele crê que Jesus foi ressuscitado por Deus e se confessou com seus lábios que Ele é o seu Senhor) que (A) crê que há outros caminhos para o céu, ou (B) crê que parte de sua salvação (ou preservação dela) decorre de ter sido batizado e ser assíduo e frutuoso membro da igreja, observando as ordenanças e liturgias, e praticando um suficiente número e qualidade de certas boas obras, e evitando um suficiente número e qualidade de certas más obras. Não é “fé + obras”, nem “fé + perseverança”, mas “fé, somente fé, sem contribuição de obras nem de perseverança”
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em http://BibliaLTT.org, com ou sem notas.
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.