Loraine Boettner (falecido)
Grande parte da oposição à
doutrina da Trindade [Três pessoas distintas dentro de uma unicidade da
divindade] surgiu por causa de um mal-entendido do que isto realmente
significa. Nós não afirmamos que um Deus
é três deuses, nem que uma pessoa é três pessoas, nem que três Deuses são um
Deus. Deus não é três no mesmo
sentido em que Ele é um.
Afirmar que Ele é [qualquer
das 3 coisas acima] seria, de fato, tornar a doutrina aquilo que os Unitarianos
estão sempre gostando de declarar que ela seja, [isto é,] um absurdo
matemático. Afirmamos sim que dentro do
uma "substância" divina, ou "essência" [divina], existem
três centros mutuamente relacionados (ainda que distintos) do conhecimento,
consciência, amor e vontade.
"Substância" ou
"essência" é o que os diferentes membros da Divindade têm em comum,
são os atributos e poderes inerentes [exclusivos e identificatórios] da
Deidade; "pessoa" é aquilo em que eles diferem. No entanto, enquanto há três
centros de conhecimento, consciência, amor e vontade, cada uma das Pessoas
possui em totalidade, [possui toda] a uma indivisível e incorpórea substância
da Deidade, no [fato] que os atributos e poderes lhes são inerentes, e,
portanto, [as Pessoas] possuem os mesmos infinitos conhecimento, sabedoria,
poder, santidade, justiça, bondade e verdade.
Elas [as Pessoas] [sempre, sem
nenhum segundo ou milímetro de exceção] trabalham juntos ou co-operam com tão
perfeitas harmonia e unidade que estamos justificados em dizer que o Deus
Triúno [Único e Trino, ao mesmo tempo] trabalha com uma mente e uma vontade. O que uma [pessoa] sabe, as
outras sabem, o que uma deseja é o desejo das outras pessoas, e que uma quer,
os outros querem.
Independência e auto-existência
não são atributos das pessoas individuais, mas do Deus Triúno [Único e Trino,
ao mesmo tempo], daí não há três vontades independentes, mas três vontades
dependente, se assim podemos dizer, cada uma das quais é exercida para a honra
e glória e felicidade das outras duas.
Podemos ilustrar a natureza da
Trindade [Três pessoas distintas dentro de uma unicidade da divindade]
parcialmente da seguinte maneira: um banco ou ferrovia, por exemplo, pertence e
é operado não por um indivíduo, mas por muitos funcionários, acionistas, e os
trabalhadores, que têm uma comunidade de interesses; todavia, não hesitamos em
falar da corporação, no singular, dizendo que o First National Bank deseja
fazer este investimento, ou que a Pennsylvania Railroad se opõe à passagem de
uma determinada peça de legislação pelo Congresso.
As decisões tomadas pelo
conselho de administração expressam os desejos e propósitos da corporação como
um todo. Da mesma forma, embora
acreditamos que há três pessoas distintas na Divindade, falamos de Deus, no
singular, e Lhe aplicamos os pronomes Ele, Ele e Seu. Ao pensarmos neste mistério
devemos lembrar que os processos de nosso próprio pensamento, sentimento e
vontade em nossas personalidades puramente humana permanecem um completo
mistério para nós.
É também a ser destacado que,
desde a encarnação o Cristo [que já existia desde a eternidade passada] passou
a também pensar e sentir vontade de uma forma humana, embora a união do Divino
e da atividade psicológica humana dentro da pessoa divino-humana, tal como a
unidade das Pessoas dentro da Divindade, é incompreensível para nós. O erro dos Unitarianos é que
enquanto eles construir uma doutrina da unidade Divina eles o fazem à custa da
personalidade Divina.
Eles olham para o Pai, Filho e
Espírito Santo como [apenas] três sucessivos aspectos ou modos nos quais Deus
se revela, comparável ao de um homem que é conhecido em sua própria família
como pai, no mundo dos negócios como um banqueiro, e na igreja como um ancião. Tal visão nos dá apenas uma Trindade modal. Qualquer declaração
doutrinária [de uma pessoa ou igreja] que não estabeleça tanto a unidade da
Divindade como as três [distintas] pessoas [dentro dessa Divindade] fica aquém
do ensino da Escritura.
Uma vez que as três Pessoas da
Santíssima Trindade possuem a mesma (identicamente e numericamente) substância
ou essência, e desde que os atributos são inerentes e inseparáveis da
substância ou essência, segue-se que todos os atributos divinos têm que ser
possuído igualmente por cada uma das três Pessoas e que as três Pessoas devem
ser consubstanciais, co-iguais e co-eternas. Cada um é verdadeiramente
Deus, exercendo o mesmo poder, participando igualmente da glória divina, e com
direito à mesma adoração.
Quando a palavra
"Pai" é usada em nossas orações, como por exemplo na oração do
Senhor, ela não se refere exclusivamente à primeira pessoa da Trindade, mas as
três Pessoas como um [único] Deus. O Deus Triúno [Único e Trino, ao mesmo tempo] é nosso Pai. A doutrina da Trindade não
pode levar a Ter-teísmo [crença em três deuses diferentes, o que é absurdo
contraditório e é politeísmo pagão], porque, enquanto há três Pessoas na
Divindade, há apenas uma substância ou essência, e, portanto, não há senão um
único Deus.
É mais um caso de uma [única]
substância da vida, de uma [única] Deidade [o único eterno, o único criador de
tudo que existe, o único possuidor de todo conhecimento, de todo poder, etc.]
existindo conscientemente como três Pessoas. As três Pessoas estão
relacionadas com a substância divina não como três indivíduos de sua espécie
(tal como Abraão, Isaac e Jacó são [completos e independentes exemplares] da
natureza humana), pois elas são um só Deus, não uma tríade, mas uma Trindade
[Três pessoas distintas dentro de uma unicidade da divindade]. Na mais íntima profundidade de
seu ser, elas [as três Pessoas] são inerentemente e inescapavelmente uma
[unidade, ou melhor, uma só Divindade].
Que cada uma das Pessoas da
Trindade [Três pessoas distintas dentro de uma unicidade da divindade] possui em
totalidade a mesma [numericamente falando] substância é comprovado por
versículos bíblicos como os seguintes: “Porque
nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade;” (Cl 2:9 ACF)
“Eu e o Pai somos um.” (Jo 10:30 ACF)
“Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa
das mesmas obras.” (Jo 14:11 ACF)
“Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes
imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” (2Co 5:19
ACF)
|Autor: Loraine Boettner (falecido)
Traduzido por Valdenira N.M. Silva
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em http://BibliaLTT.org, com ou sem notas.
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