Seguem abaixo algumas razões (tiradas de
correspondências) que explicam porque vou votar "não".
Muitos evangélicos estão se posicionando "a favor" do
desarmamento. Considero esta posição altamente
equivocada, principalmente quando proclamada como
procedente das Escrituras e como alternativa mandatória
aos cristãos.
Só para citar um único texto (são vários, que
poderíamos explorar), Lucas 22.36-37
deixa claro a validade de legítima defesa pela
utilização de uma arma. Cristo dá uma exortação de
preparo para a continuada jornada na vida que os
discípulos haveriam de empreender após a sucessão dos
fatos que ocorreriam com Jesus.
Nesse sentido ele indica que deve haver preocupação
com provisões e com meios de auto-defesa. O versículo
seguinte (37) expressa, de forma
explícita, que tais recomendações não diziam respeito
aos incidentes que haveriam de acontecer com a prisão de
Jesus. Ou seja: não deveria haver resistência armada à
prisão e contra os soldados, pois nEle importava que se
cumprisse o que já estava predeterminado, conforme
Is 53.12 e tantos outros versos que
falam da morte do Messias entre malfeitores - uma
necessidade à nossa redenção. Mas aos discípulos, não
lhes foi tirado o direito de auto-defesa, como agora o
estado autoritário e messiânica humanista quer fazer
(contando com isso com o coro subserviente de muitos
evangélicos).
Estes versos de Lucas ensinam:
1. Que é apropriado às pessoas se prepararem
adequadamente às suas necessidades. Ou seja, por mais
que saibamos que Deus é Soberano, não é correto
tentarmos a Deus colocando a nós próprios
desnecessariamente sob a sua providência milagrosa.
2. Que a auto-defesa é recurso legítimo tanto quanto
o alimentar e o vestir, principalmente em situações e
regiões onde impera o desgoverno e as autoridades não
cumprem essa finalidade essencial de suas
responsabilidades perante Deus. O texto não ensina a
legitimidade de armar-se para atacar ou agredir - nem a
indivíduos, nem a nações.
A regra é submissão ao estado. Auto-defesa armada é
exceção, mas é exceção legitimada, quando o estado está
ausente e não cumpre suas responsabilidades perante o
doador da autoridade que recebem - Deus.
Não carrego armas e nem peixeira, mas minha
compreensão é a expressa na Confissão de Fé de
Westminster (Catecismo Maior), que transcrevo, abaixo
(ênfases em maiúsculas):
Pergunta 134. Qual é o sexto mandamento?
R: O sexto mandamento é: "não matarás."
Pergunta 135. Quais são os deveres exigidos no sexto mandamento?
R: Os deveres exigidos no sexto mandamento são todo empenho cuidadoso e todos os esforços legítimos para a preservação de nossa vida e a de outros, resistindo a todos os pensamentos e propósitos, subjugando todas as paixões e evitando todas as ocasiões, tentações e práticas que tendem a tirar injustamente a vida de alguém por meio de justa defesa dela contra a violência; por paciência em suportar a mão de Deus; sossego mental, alegria de espírito e uso sóbrio da comida, bebida, remédios, sono, trabalho e recreios; por pensamentos caridosos, amor, compaixão, mansidão, benignidade, bondade, comportamento e palavras pacíficos, brandos e corteses, a longanimidade e prontidão para se reconciliar, suportando pacientemente e perdoando as injúrias, dando bem por mal, CONFORTANDO E SOCORRENDO OS AFLITOS, E PROTEGENDO OS INOCENTES.
Pergunta 136. Quais são os pecados proibidos no sexto mandamento?
R: Os pecados proibidos no sexto mandamento são: o tirar a nossa vida ou a de outrem, EXCETO NO CASO justiça pública, guerra legítima, ou DEFESA NECESSÁRIA; A NEGLIGÊNCIA OU RETIRADA DOS MEIOS LÍCITOS OU NECESSÁRIOS PARA A PRESERVAÇÃO DA VIDA ; a ira pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança; todas as paixões excessivas e cuidados demasiados; o uso imoderado de comida, bebida, trabalho e recreios; as palavras provocadoras, a opressão, a contenda, os espancamentos, os ferimentos e tudo o que tende à destruição da vida de alguém.
Sob esse entendimento, e verificando que o programa
governamental e dos humanistas inconseqüentes de
desarmamento da população NÃO retirará
a arma da mão do meliante (esses pouco se importam com
as leis - pois são, por atividade precípua,
contraventores), o desarmamento contribui
EXATAMENTE CONTRA a preservação da vida e leva
os demais cidadãos a ficarem incapacitados de
SOCORREREM OS AFLITOS E PROTEGEREM OS INOCENTES.
A aprovação do pseudo "desarmamento" levará, portanto, o
governo a ir CONTRA o que a
interpretação da Confissão de Fé preconiza.
Agora, se o "desarmamento" vier a ser aprovado, não
terei arma em minha residência. Interpretarei como uma
medida, da parte de Deus, de que devo - nessa questão,
por imposição da autoridade constituída, estar única e
exclusivamente confiante na proteção divina, sem meios
humanos próximos.
Eu poderia ir contra o governo e esconder a minha
arma, mas se eu vier a fazer isso é porque eu estou
baseando a minha desobediência ao governo em uma
CONJETURA de que poderei (ou meus familiares)
ser atacado e que eu tenha que me defender. Eu não
acredito que o crente deva viver por CONJETURAS,
mas sim por princípios, e o princípio a ser obedecido
será o de submissão à autoridade. Tenho consciência que
existe uma ocasião em que é NECESSÁRIO
obedecer a Deus, e não aos homens, mas isso se dá
APENAS quando a determinação
governamental vem explícita e diretamente CONTRA
uma obrigação que eu tenha para com o meu Deus (como,
por exemplo, deixar de proclamar o evangelho). Ter uma
arma em casa não se enquadra, no meu entendimento, numa
obrigação para com o meu Deus, mas em um direito e
privilégio que ele pode me conceder, sob certas
circunstâncias.
Continuarei achando, caso venha a aprovação, que a
política governamental é equivocada, mas o apóstolo
Pedro manda que obedeçamos não somente às autoridades
justas, mas também às injustas. (1 Pe 2.18).
Só para cristalizar um pouco mais este pensamento, se
houver um plebiscito e o governo, em função dele, vier a
determinar que temos que aceitar homossexuais como
membros das igrejas, deveríamos desobedecer civilmente,
mesmo correndo o risco de termos nossas igrejas
perseguidas e fechadas - mas esse não é o caso com as
armas.
Resumindo, mesmo não andando armado, vou votar contra
o suposto "desarmamento" dos cidadãos de bem, uma vez
que os criminosos continuarão armados. Espero que não
cheguemos a implantar mais essa situação de
desestabilidade e insegurança em nosso país, já tão
marcado pela violência das pessoas sem lei.
Solano Portela
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.