A Ira: Um Pecado de Muitos Crentes


Introdução:

A linha que divide a “Ira” como indignação contra a injustiça, a maldade e a violência, da “Ira” como ferramenta de ataque e defesa como expressão de nossa indignação contra pessoas é muito tênue. É muito fácil justificar o mal uso da ira com os motivos de uma indignação justa. Nisso, muitos pecam!

Nem sempre nos sentimos mal ao agirmos de forma iracunda, principalmente se nos classificaram como pessoas coléricas. Para alguns, essa classificação é motivo de glória, mas na verdade o que chamam de temperamento não passa de um terrível defeito de caráter.

Explosões emocionais, gritaria e violência nunca são sinônimos de “indignação”. É sim, um descontrole emocional provocado por uma série de maus hábitos, abuso de autoridade e complexos de inferioridade.

1- “Irai-vos, e não pequeis...”

Ninguém está livre de irar-se! A bíblia diz que Deus se ira! “A Ira de Deus vem contra toda injustiça dos Homens... “. O Senhor recomendou: “Não se ponha o sol sobre a vossa ira”. Dezenas de outros textos atestam para o fato de que irar-se nem sempre tem é algo pecaminoso. Jesus, quando expulsou os cambistas do templo, o fez com profunda indignação pela falta de temor a Deus.

Esse tipo de ira, necessária em determinadas situações, leva a pessoa a agir em favor da verdade, do amor e da justiça. Nunca em defesa própria!

2- “A ira do homem não produz a justiça de Deus”

A ira do homem, todavia, não é um instrumento de justiça. Ela deveria levar o homem a buscar a justiça de Deus. Quando isso não ocorre, o homem tenta fazer justiça própria, dando vazão à sua ira e assim acaba pecando!

Por exemplo: Se nossos filhos nos desobedecem, achamos que é justo “gritar” com eles. Também os irmãos mais velhos julgam ter o direito de “se irar” com os mais novos porque esses não fazem o que eles querem. Há uma seqüência natural dos fatos que se desencadeiam na ira. Primeiro há uma expressão facial de desagrado, depois um semi-cerrar das pálpebras, em seguida um travar das mandíbulas e por fim a explosão verbal seguida de gestos violentos. Tudo isso pode ocorrer em fração de segundos.
A depender de quem é o objeto da ofensa, a coisa pode ser
instantânea!

A mesma pessoa que se ira com alguém, pode não se irar com outra pessoa mesmo que ela faça exatamente o que a primeira tenha feito ou falado! Por quê? É aqui que se define o primeiro sintoma da “ira pecaminosa”. Ela tem endereço certo!
Jesus falou sobre isso quando disse: “Todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raça, será réu diante do Sinédrio; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno”- (Mt 5.22).

É por esse padrão que seremos julgados. O julgamento não é pelo “por quê” da ira mas sim contra quem se ira! O que a ira provoca no irmão determinará o grau de pecaminosidade que há nesse ato.

Muitos de nós nem chegaria a pensar nisso como algo grave, mas Jesus disse que isso pode levar alguém ao inferno! Considera essas pessoas no mesmo grupo dos assassinos. “Se tão somente odiares a teu irmão, no coração já o mataste”.

As cicatrizes que ficam na alma dos que foram vítima da ira de alguém, pode perdurar pela vida toda e algumas nunca se aliviam disso.

São inúmeros os casos de filhos que odeiam seus pais e não conseguem perdoá-los por terem sido vítimas de acessos de ira. Não são poucos os casamentos que se dissolvem porque um dos cônjuges não conseguia se controlar. Há inimizades profundas entre irmãos do mesmo sangue que, por não serem ajudados na infância e adolescência, vivem separados e solitários.
Deus condena sim a ira! Da mesma forma que os “mansos herdarão a terra”, diz que os “iracundos são passíveis do inferno”. Não podemos tratar da ira como um pecado sem valor.

Quando alguém tem que usar gritos para se fazer ouvir, já perdeu o direito de falar! Jesus disse: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”.

“Não saia de tua boca nenhuma palavra torpe, mas somente a que edifique.”

3- “Enganoso é o coração”.

Muitos justificam sua ira pelas “boas” intenções do coração! Mas, pode vir algo bom do coração? A Bíblia diz que o coração é engano, perverso e corrupto! É desse coração que surgem os homicídios, os adultérios, a maledicência. É no coração onde se peca primeiro! A boca fala do que está cheio o coração.

Quando uma pessoa esbraveja, grita e explode em ira, revela como está o coração. Ele pode até mesmo se controlar em diversas situações, mas uma vez em “suposta liberdade”, lá vem o coração carnal determinando o comportamento.

O coração pode ser considerado como um “covil de ladrões”. Ali estão os maus pensamentos, as más intenções e tudo se inicia ali. É uma fonte de veneno mortífero. Cada vez que alguém é atingido por aquele veneno, uma parte dele morre! Morre a esperança, a fé, o amor, a bondade...

Pode haver algo bom atrás de nossas palavras ásperas, violentas e furiosas? Não passamos de hipócritas querendo dar um colorido diferente na nossa carnalidade. Fingimos quando dizemos que queremos o bem das pessoas, que fazemos aquilo por amor. Pura hipocrisia! Se nossas palavras ofendem, magoam e ferem como pode isso ajudar alguém?

O que ocorre realmente é que queremos extravasar a nossa contrariedade e ira. Nos iramos porque a ação das pessoas vem contra nossos interesses, nossos direitos, nossas vontades, nossas opiniões, nossos planos, etc...

“Uma pessoa irada é como uma taça cheia de veneno, quem dela beber, morrerá!”

4- Temos que encarar a ira como pecado!

Corre-se o perigo de ficar racionalizando o pecado! Ao querer achar um motivo justo, podemos estar caindo na armadilha do diabo. Precisamos agir radicalmente contra isso. Não nos permitir irar-se em hipótese alguma. Não podemos admitir que um discípulo de Jesus não consiga se auto-controlar. É exatamente para isso que recebemos o Espírito Santo. Um dos frutos do Espírito é: Domínio próprio!

Jesus transformou um Moisés assassino o homem mais manso, mais do que todos os homens”. Não fará isso por nós? O caminho é sempre o mesmo: Cruz!

Paulo disse: “Estou crucificado com Cristo e não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim”. Vive? Se Cristo vive em nós é óbvio que se manifestará a mansidão e a humildade!

Também escreveu: “Rogo-vos, como prisioneiro do Senhor, que andeis de modo digno da vocação com que fostes chamados, com toda humildade e mansidão, suportando-vos uns aos outros em amor” – Ef 4.1-2.


Roberto Carlos
www.operegrino.com

 



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