Recentemente, a jornalista Jóice Almeida, da revista Enfoque Gospel, me
entrevistou sobre a questão da pena de morte. Da entrevista completa, só uma parte
muito pequena foi publicada na Enfoque Gospel deste mês. Mas para que o
leitor possa se beneficiar, apresento aqui na íntegra minha entrevista, que
contém respostas que ajudarão na compreensão desse assunto delicado. Abaixo, as
perguntas da jornalista e as minhas respostas:
1) O senhor é a favor ou contra a pena de morte? Por que?
R:
Sou a favor do que a Bíblia prescreve como penalidades sociais para crimes
violentos, porém não sou a favor das tendências atuais, que procuram cada vez
mais livrar criminosos perigosos da pena capital e ao mesmo tempo procuram cada
vez mais aplicá-la aos inocentes, mediante procedimentos de aborto e mesmo
sacrifico de embriões para supostos propósitos terapêuticos.
2) Qual sua opinião sobre a pena de morte?
R:
Minha opinião se baseia na opinião de Deus antes da entrega da Lei à
nação de Israel, onde o próprio Deus declara: “Certamente requererei o vosso
sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de todo o animal o requererei; como
também da mão do homem, e da mão do irmão de cada um requererei a vida do
homem. Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será
derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem.” (Gênesis
3) Acha compatível que um cristão seja a favor dessa condenação?
R:
A pena capital, conforme prescrita na Palavra de Deus, é um instrumento social
de combate e castigo aos crimes violentos. É uma pena prescrita pelo próprio
Deus. Assim, conhecendo bem a Palavra de Deus, um cristão verdadeiro não tem
motivo para achar tal pena incompatível com o que a Palavra de Deus prescreve
como pena para os crimes violentos.
4) A Bíblia indica uma posição contra ou favor da pena de morte?
R:
A posição da Palavra de Deus é bem clara e específica. Quando Deus formou a
nação de Israel, ele deu os Dez Mandamentos, um dos quais diz: “Não matarás”.
Aos que deliberadamente violam essa lei de respeito máximo à vida, Deus
orientou as autoridades a aplicarem o castigo máximo. Aliás, a Bíblia contém
leis diretas para as autoridades lidarem com crimes de assassinato deliberado:
Êxodo
Mas
a posição mais clara encontra-se no Novo Testamento, onde Deus dá ao Estado a
autoridade de usar a espada para combater criminosos violentos. A espada, na
época do Novo Testamento, era um instrumento exclusivo para matar.
5) O assunto é por si só polêmico, mas na sua opinião por que divide
tanto os cristãos?
R:
A opinião dos cristãos muitas vezes se divide por causa da forte influência do
mundo. O clima social liberal hoje no Brasil manda, até mesmo no nome
dos direitos humanos, a aceitação do aborto (pena de morte negativa para os
bebês em gestação) e a rejeição da pena de morte para os crimes violentos. É um
paradoxo incompreensível. Além disso, no nome dos direitos humanos, esse mesmo
clima impõe a aceitação das práticas homossexuais. Daí, um número
crescente de cristãos aceitando tendências sociais como aborto,
homossexualismo, divórcio e rejeitando o padrão bíblico para as autoridades
políticas lidarem com crimes violentos. A cosmovisão secular e liberal vem
moldando gradativamente os cristãos que não têm uma cosmovisão sólida na
Palavra de Deus. O resultado final seria desastroso, onde veríamos indivíduos
que se classificam como cristãos, mas que têm cosmovisão e valores do mundo
secular, em muitas questões importantes, como aborto, homossexualismo,
divórcio, eutanásia, pena capital, clonagem terapêutica com sacrifício de
embriões, etc.
6) Qual a sua opinião sobre o manifesto da Associação Evangélica
Brasileira, divulgado em
R:
Desconheço esse manifesto.
7) O senhor acha que os evangélicos, em geral, são contra esta condenação
por não terem conhecimento aprofundado da Palavra ou de questões éticas?
R:
Veja resposta na pergunta
8) A pena de morte poderia resolver o problema da violência no país? Se
sim, por quê? Se não, qual seria a solução?
R:
É claro que a solução prioritária para a sociedade brasileira é, de longe, o
Evangelho. Enquanto o Evangelho é instrumento do Senhor Jesus mediante a igreja
para abençoar a sociedade, a Palavra de Deus diz que a espada (que
simbolicamente é a autoridade de pena capital que Deus deu ao Estado) é o
instrumento do Estado para lidar com crimes violentos. É um direito que Deus
deu ao Estado. “Porque [o Estado] é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres
o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e
vingador para castigar o que faz o mal.” (Romanos
A
missão da igreja é levar o Evangelho aos maus e aos bons. A missão do Estado é
castigar os maus e elogiar os bons. É assim que Deus estabeleceu a missão de
cada um.
9) O senhor considera que a pena de morte poderia ser um instrumento de
“varredura social”, ou seja, apenas pobres e negros seriam condenados?
R:
Não sei exatamente o que poderia ocorrer, mas a tal varredura social já existe,
pois os pobres e negros são a população mais exposta à pena capital injusta que
os criminosos impõem sobre os civis inocentes. O Brasil tem hoje um problema
monumental de insegurança e mais de
10) Um dos maiores argumentos daqueles que são contra a pena de
morte é que inocentes poderiam ser executados pois a justiça é falha... Como
fica essa questão?
R:
Em todos os sistemas humanos, erros acontecem em todas as esferas o tempo todo.
Mesmo sabendo que o ser humano é irremediavelmente falho, ainda assim Deus
prescreveu a pena capital para crimes violentos e deu ao Estado o direito
exclusivo de executar os indivíduos que cometem crimes violentos, sob os
critérios apresentados pela Palavra de Deus.
11) Outro argumento comumente usado é que grande parte dos países que
adotaram essa punição estão deixando de aplicá-la. Isso comprova que a pena de
morte não é a solução para violência ou que sua aplicação é prejudicial?
R:
Os países que compõem a União Européia são um exemplo nessa questão. A União
Européia proíbe de modo absoluto a aplicação da pena capital para assassinos
culpados, mas não admite, de forma alguma, que se proíba o direito “sagrado” de
matar bebês em gestação por meio do aborto. Aliás, para que uma nação possa
fazer parte da União Européia primeiramente deve rejeitar a pena capital para
os assassinos culpados e deve aceitar o aborto. É preciso observar também que
alguns países da União Européia, como a Holanda e a Bélgica, já permitem
legalmente o assassinato de doentes, deficientes e idosos por meio da eutanásia
— e a União Européia não aplica nenhum tipo de sanção contra a Holanda e a
Bélgica por matarem inocentes. Agora, para que a União Européia tomasse medidas
enérgicas e fulminantes, bastaria que a Holanda ou outro país começasse, em vez
de matar inocentes, a executar assassinos. Assim, os europeus aceitam muito bem
a pena de morte, contanto que não seja aplicada em criminosos violentos.
Sacrificar bebês em gestação, doentes, deficientes e idosos é algo que não
incomoda nem preocupa a insensível mente européia secularizada, mas eliminar
assassinos deixa os europeus completamente horrorizados! Quase nenhum europeu
consegue enxergar a insanidade de suas contradições sociais, morais e éticas.
A
tradição cristã, baseada nos princípios bíblicos, manda respeito máximo à vida
humana inocente e castigo máximo aos assassinos. Não há dúvida do propósito
divino ao estabelecer castigo máximo para os assassinatos deliberados: A pena
capital envia um aviso claríssimo aos que têm a idéia de desrespeitar a
inviolabilidade e valor máximo da vida humana inocente.
A
tradição humanista, secular, liberal, pagã inverte tudo, removendo o respeito
máximo à vida humana inocente e transferindo esse respeito exclusivamente para
onde não convém: os assassinos.
A
cosmovisão liberal secular rejeita a pena capital para os culpados de crimes
violentos e ao mesmo tempo aceita essa mesma pena através do aborto e eutanásia
para pessoas totalmente inocentes — e não vê nada de errado no sacrifico de
embriões para supostos propósitos terapêuticos. Assim, os criminosos são salvos
da pena capital, enquanto os doentes e os bebês em gestação são colocados sob o
peso dessa pena pesada. É assim que age o secularismo liberal: misericórdia
para quem não teve misericórdia e crueldade absoluta para os inocentes.
12) Diante de tanta apologia pela defesa dos direitos humanos e diante
dos ensinamentos bíblicos, como pode se posicionar um cristão que acredita que
somente a punição com a morte pode dar solução a criminosos?
R:
Os grupos de direitos humanos costumam defender o aborto como direito humano
das mulheres. Por exemplo, o Dia Internacional da Mulher (
13) O senhor acredita que existam casos sem solução, já que há indivíduos
doentes e nocivos à sociedade? Ou seja, para esses, somente a morte?
R:
Espiritualmente, a solução é o Evangelho, que poucos aceitam. Socialmente, na
perspectiva bíblica, a solução é mais dura. Deus diz: “Quem
derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque
Deus fez o homem conforme a sua imagem.” (Gênesis
14) É possível que todos devam perdoar e serem perdoados quando o
criminoso estuprou e matou uma criança, por exemplo?
R:
Todos os cristãos são chamados a perdoar. Mas, independente da atitude do
cristão individual, o Estado tem de cumprir seu papel — o papel que Deus lhe
deu de castigar os maus e elogiar os bons.
15) O que o senhor considera como justiça divina e justiça dos homens?
R:
A justiça divina é a intervenção de Deus neste mundo para preencher e corrigir
as lacunas da [in]justiça do homem. Sodoma e Gomorra, com seu dilúvio de
homossexualismo e maldades, são exemplos da justiça de Deus em atividade na
terra. A justiça divina é também sua justiça por vir: tudo o que não foi
julgado e condenado aqui será devidamente julgado e condenado por Deus mais
tarde. Aparentemente, a maioria das questões não resolvidas ou mal resolvidas
na terra será plenamente resolvida por Deus na eternidade. A justiça dos homens
deve-se guiar pelo padrão da justiça divina que se reflete na Palavra de Deus.
16) Como a igreja deve se posicionar sobre o tema?
R: A igreja deve sempre agir conforme a Palavra de Deus. Deve
saber manter uma posição equilibrada diante das distorções de direitos humanos,
condenando a pena de morte do aborto e eutanásia, condenando o sacrifico de
embriões para supostos propósitos terapêuticos e deixando claro o que a própria
Palavra de Deus deixa claro: Deus deu ao Estado o direito de usar a “espada”
contra os criminosos violentos. A igreja deve valorizar e defender a vida onde
o Estado a está condenando (aborto, clonagem terapêutica com o sacrifício de
embriões, eutanásia, etc.) e deve educar o Estado a dirigir a pena de morte não
para os inocentes, mas para os culpados. O Estado deve dizer um vigoroso NÃO ao
aborto. O Estado deve ser ajudado a se libertar de seu desequilíbrio na questão
da valorização da vida dos criminosos violentos e na questão da desvalorização
da vida dos bebês em gestação. O Estado deve parar suas iniciativas de
liberalização da lei do aborto. Essa liberalização nada mais faz do que
valorizar a pena capital para o inocentes.
Uma
das questões mais importantes que devemos considerar é de que maneira o
assassinato de pessoas inocentes, através do aborto legal e da eutanásia, pode
afetar negativamente a sociedade. Deus diz: “Portanto, não profanem com crimes
de sangue a terra onde vocês vivem, pois os assassinatos profanam o país. E
a única maneira de se fazer a cerimônia de purificação da terra onde alguém foi
morto é pela morte do assassino”. (Números
A
Igreja de Jesus Cristo conhece realidades espirituais e terrenas que precisa
transmitir e aplicar na sociedade. Mas de que modo os cristãos, como igreja e
indivíduos, podem realmente fazer uma diferença na sociedade em questões como o
aborto e a eutanásia? Intercedendo pelas pessoas envolvidas e confrontando as
forças espirituais, as leis e as tendências sociais que as favorecem. O Bispo
Robson afirma: “Quando há realmente esse ministério de intercessão e
confrontação, haverá evangelização. É aí que o poder do Evangelho precisa
moldar, transformar e fazer a diferença da cultura”.
17) Acha que há alguma possibilidade de ela ser implantada no Brasil?
R:
Praticamente impossível, por causa das distorções sociais, legais e políticas
reinantes hoje no Brasil. Enquanto a pena de morte do aborto e eutanásia
caminham em passos lentos, com a ajuda dos liberais, para a legalização, os
assassinos se aproveitam de seus “direitos humanos” para continuarem a aplicar
a pena de morte conforme querem na população indefesa. Assim, há pouca
possibilidade de o fracassado Estado brasileiro implantar a pena de morte para
os criminosos violentos, porém há grande possibilidade de o mesmo Estado
implantar de forma mais expansiva a pena de morte nos bebês em gestação. Quanto
aos
Fonte:
www.juliosevero.com.br; www.juliosevero.com
14.04.2007.
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
(Copie e distribua ampla mas gratuitamente, mantendo o nome do autor e pondo link para esta página de http://solascriptura-tt.org)
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.