Como um dos colaboradores do Curso de Autoconfrontaçã o da B.C.F. -Biblical
Counseling Foundation, não pude conter a surpresa ao ler o artigo “Depressão”
do querido pastor José Infante Jr., na edição de novembro nº 144 do Jornal de
Apoio, onde o amado irmão afirma que a depressão é uma doença.
Este é um conceito que tem se
alastrado no meio evangélico e que compreende a depressão como patologia, ao
invés de entendê-la como algo relacionado ao comportamento, ou seja, não como
causa e sim conseqüência de algo que está acontecendo no íntimo do indivíduo,
seja este de causa biológica ou emocional.[i]
Nas Escrituras, os sentimentos
associados à depressão são descritos como um semblante descaído (Gênesis 4:6),
um espírito abatido (Provérbios 17:22, 18:14), tristeza (Provérbios 15:13),
desespero (Salmo 42:11), um coração quebrantado (Salmo 147:3); fardos pesados
de iniqüidade (Salmo 38:4), luto (Salmo 38:6), peso que faz encurvar (Salmo
38:6), tristeza a ponto de verter lágrimas (Salmo 119:28) ou desfalecimento
(fraqueza ou desmaio) (Efésios 3:13; Hebreus 12:3). No Salmo 38, Davi descreveu
vários sintomas e sentimentos relacionados com "estar deprimido":
Ninguém está completamente imune aos sentimentos depressivos como vemos em I
Coríntios 10:12-13. Muitos personagens bíblicos também experimentaram aquilo
que hoje seria classificado como "depressão" mas o fator que
desencadeou a depressão em suas vidas foi uma ênfase no "eu", que os
conduziu ao pecado e este, por sua vez, é que os conduziu à
"depressão".[ii]
É evidente que, em certos casos,
disfunções orgânicas podem desencadear sintomas depressivos, porém muitos
distúrbios (temporários ou crônicos) comumente definidos como depressão, são de
fato uma conseqüência de hábitos não-bíblicos e ou reações pecaminosas para com
circunstâncias ou pessoas.
O cuidado físico adequado é
essencial para o cumprimento do plano de Deus, conforme I Coríntios 6:20 e
Filipenses 1: 20. É importante submeter-se a um diagnóstico médico sempre que
houver a suspeita de algum problema físico e dar prosseguimento ao tratamento
adequado. No entanto, é importante lembrar que o crente ainda assim será
responsável por responder de forma bíblica diante de qualquer dificuldade
independente de seus sentimentos, segundo o exemplo de Jeremias em Lamentações
3:31-32, e do apóstolo Paulo em II Coríntios 12: 7-10.
Se em meio às dificuldades
físicas o crente agir com responsabilidade (o que inclui buscar assistência
médica apropriada) e praticar o amor bíblico em todos os seus relacionamentos,
o crente agradará a Deus, provará do Seu cuidado amoroso e será fortalecido. Se
tudo isso o crente observar com cuidado, como poderia a depressão estar
presente em sua vida? (Gen. 4:7; Salmos 34:19; 37:23-24; 119:143; 147:6; II
Cor. 12: 9-10; Fil. 2: 3-8; 4:13 e 19; Tiago 1:25).
O artigo “Depressão” sugere
que “... a doença deve ser tratada, na maioria das vezes, com medicamentos
antidepressivos e psicoterapia. ..”. Serão esses métodos bíblicos? É correto
sugerir que um crente procure um psicólogo para tratar do problema de sua alma?
Estas são questões muito
presentes no seio das igrejas locais da atualidade, não só no Brasil, mas em
todo o mundo. O problema é que poucas vezes se tem dado uma resposta bíblica
firme e coerente diante da avalanche de conceitos humanos no exercício do aconselhamento
cristão. Uma advertência de grande contribuição para um posicionamento bíblico
efetivo é o livro Introdução ao Aconselhamento Bíblico de John F.
MacArthur Jr. e Wayne A. Mack, o qual transcrevo um trecho do primeiro
capítulo:
“Em anos recentes, entretanto,
surgiu dentro da Igreja um forte e bastante influente movimento que procura
substituir o aconselhamento bíblico no corpo da Igreja pela 'psicologia cristã'
- técnicas e sabedoria adquiridas a partir de terapias seculares e aplicadas
por profissionais que recebem por seus serviços. Os que têm liderado esse
movimento, via de regra, soam levemente bíblicos. Isto é, eles citam as
Escrituras e misturam idéias teológicas aos ensinamentos de Freud, Rogers,
Jung, ou qualquer escola de psicologia secular que, porventura, sigam. O
movimento em si, entretanto, não está conduzindo a Igreja a uma direção
bíblica. Vem, sim, condicionando os cristãos a pensar no aconselhamento como
algo que deva ser reservado a especialistas bem treinados. Tem aberto a porta para
uma variedade de teorias e terapias extra-bíblicas. Na verdade, tem deixado
muitos com o entendimento de que a Palavra de Deus é incompleta, insuficiente,
obsoleta e incapaz de oferecer ajuda aos mais profundos problemas emocionais e
espirituais das pessoas. Esse movimento tem impelido milhões de cristãos a
buscar ajuda espiritual longe de seus pastores e irmãos na fé, introduzindo- os
nas clínicas psicológicas. Ele tem dado a muitos a impressão de que se adapta a
métodos seculares, o plano de doze passos por exemplo, pode ser mais útil que
os meios espirituais que visam a afastar as pessoas de seus pecados. Resumindo,
ele tem diminuído a confiança da Igreja nas Escrituras, na oração, na comunhão,
e pregação como meios por intermédio dos quais o Espírito de Deus opera para
transformar vidas.”[iii]
O perigo de um desprezo pelas
Escrituras é reforçado pelo irmão J. Adams que, em seu livro Conselheiro
Capaz, aborda com muita propriedade o assunto dos problemas da alma. Adams
procurou respostas na psicologia a fim de aprimorar o ministério de
aconselhamento, no entanto, grande foi sua decepção ao descobrir que a maioria
dos conselheiros cristãos recomendava princípios e métodos antagônicos às suas
convicções evangélicas. Como pastor, Adams não podia admitir tratar do problema
do pecado como se fosse uma doença.[iv]
Um outro autor muito conhecido
no meio evangélico, o irmão Dave Hunt, em seu livro Escapando da Sedução,
escreve:
“Vemos mais uma vez o
triste resultado de interpretar a Bíblia com base em crenças pré-determinadas -
e, infelizmente no caso da psicologia, de crenças a respeito das quais nem mesmo
os "especialistas" conseguem concordar, e que não deram prova de
funcionar (em muitos casos, na verdade, deram prova de não funcionar). A
psicologia cristã é uma tentativa de realizar um ato de equilibrismo, com um pé
na Rocha firme, Jesus Cristo, e o outro na areia movediça do humanismo.”[v]
O amado pastor Infante em seu
livro O Pastor nestes Tempos Difíceis é enfático quanto à sutileza do
pensamento do mundo que se faz de inofensivo e contamina a Igreja. Ele diz:
“Estamos exercendo o
ministério em tempos difíceis, onde os valores invertidos na sociedade adentram
em muitas igrejas. A música, moda, ecumenismo, maçonaria e tantas outras coisas
mundanas são encaradas como coisas inofensivas à sã doutrina. Onde os Atalaias?
A Palavra de Deus condena a imitação das coisas do mundo!”[vi]
É exatamente nesses termos que
a sutileza da idéia que “depressão é uma doença” e que “a psicoterapia não tem
nada de mais e é uma ajuda importante no combate à esse mal” torna-se uma
mancha na suficiência da Palavra no processo de santificação do crente e um
golpe fatal na dependência de Deus e obediência necessária que encontramos no
exemplo das Escrituras:
“6 Como, pois,
recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele, 7 Arraigados e
edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, nela
abundando em ação de graças. 8 Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa
sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens,
segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; 9 Porque nele habita
corporalmente toda a plenitude da divindade;” (Cl 2:6-9 ACF)
Colossenses
2: 6-9
Prof. HUMBERTO ALCANTARA DE
OLIVEIRA
é Bacharel em História pela PUC São Paulo,
Membro da Igreja Batistas Esperança,
professor do S.B.E. e do curso de Autoconfrontação.
[i] BROGER,
John C. . Autoconfrontação - Um Manual de Discipulado em Profundidade. B.C.F. (2 ed.), 1996, p.
318.
[ii] Ibidem, p.321
[iii] MACARTHUR, John F. Jr;. MACK, Wayne A. – Introdução ao
Aconselhamento Bíblico. São Paulo, Hagnos, 2004. Cap. 1, p. 22.
[iv] ADAMS,
Jay E. – Conselheiro Capaz. São José dos Campos, Ed. Fiel , 2003. Contracapa.
[v] HUNT,
Dave. Escapando da Sedução. Porto Alegre, Chamada da Meia Noite, 1994.p. 156.
[vi] INFANTE,
José. O Pastor nestes Tempos Difíceis. Vitória da Conquista, 1ª Igreja Batista
Bíblica Vitória da Conquista, 1999. p.52.
Copiado do site da Associação Brasileira de Conselheiros Bíblicos www.abcb.org.br .
Será que existe "doença mental"?..ou é apenas um conceito que surgiu
com Freud e seus "discípulos"?
Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
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Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.