[Sua Perfeita, Providencial Preservação. Os Massoretas. O Textus Receptus.]
Entre outras coisas, a bondade de Deus é manifestada na provisão das Escrituras.
As Escrituras são Deus falando conosco; Deus se comunicando com Sua criatura. E
qual é a maior prova de bondade se não a comunicação de um ser com o outro?
Deus nos deu a Bíblia para ser nossa orientadora e reguladora em tudo aquilo que
precisamos crer e fazer. A escrita e disseminação deste Livro abençoado formam um
argumento sólido a favor da bondade de Deus: Ela [a Bíblia] é projetada para
ganhar a afeição do homem necessitado, para que ele seja unido pela fé a um Deus
de bênçãos eternas e de riquezas incomensuráveis.
A Bíblia fala às nossas necessidades mais profundas; não oferece respostas
convenientes ou soluções artificiais. O remédio oferecido é radical e genuíno; é
eficaz e seu poder transforma a alma. As dúvidas do homem são resolvidas perante
as Escrituras; suas intemperanças são curadas; nenhuma condição adversa está
além do conforto e do bálsamo das Escrituras.
Em sua escrita, a Bíblia segue um estilo tal que é compreendido quando todos os
usos da linguagem são apropriadamente empregados. Deus é condescendente para
conosco, para nos falar sobre Sua salvação que culminou na revelação de Seu
Filho, Jesus.
As Escrituras são, e sempre serão, relevantes para todos nós, em todas as
gerações: “Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e
estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.”
(1Co 10:11 ACF). Foi
entregue aos israelitas, porém a bondade divina tinha como intenção que também
fosse entregue aos gentios. Os antigos escritos dos profetas tinham tal
propósito e, mais ainda, os posteriores escritos dos apóstolos.
Assim, antes mesmo de nascermos, Deus, em Sua bondade, pensou em nós e nos preparou Seus escritos. Ele escreveu tudo o que é necessário para nossa instrução,
para sermos reprovados e corrigidos e treinados nos caminhos da justiça. Ele nos
deu uma luz para o nosso caminho, uma lâmpada para os nossos pés.
Pela Sua bondade, Deus selou a verdade nas Escrituras, por meio de Seu mover
eficaz sobre a multidão dos homens. Ele a tornou a “Palavra da regeneração”
(Tiago 1:18), para que possamos ter vida por meio dela.
Sua bondade é ainda mais revelada na preservação das Escrituras. Ele não apenas
nos deu as Escrituras, com também as guardou contra corrupções, de modo que ainda
produza Seu claro som [exatamente tão perfeito como foi dado pela primeira vez]; preparando-nos para a batalha contra nossos inimigos
espirituais e nos fazendo ainda mais preparados para andar com o nosso Deus em
humildade e mansidão.
Desde o tempo antigo, quando as Escrituras começaram a ser dadas à igreja, a
nação judia (entre os quais o verdadeiro Israel seria encontrado) foi
encarregada de cuidar das Escrituras, preservá-las e disseminá-las. Segundo a
Bíblia, os hebreus ficaram encarregados de serem os guardiões e copistas da
Palavra de Deus.
É importante ressaltar que, de todos os muitos privilégios que poderiam ser
enumerados a favor dos judeus, Paulo menciona apenas um em Romanos 3:2:
“Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as
palavras de Deus lhe foram confiadas.” Muitas
outras vantagens são depois realçadas em Romanos 9:4,5 (principalmente por ser o
Messias um israelita!), contudo, historicamente, quando o povo da aliança de
Deus estava antecipando o seu Messias, a grande e maravilhosa vantagem que eles
tinham era a de serem o recipiente da Palavra profética inspirada.
Os judeus sabiam disso e celebraram essa realidade: Ele revela a sua palavra a
Jacó, os seus estatutos e as suas ordenanças a Israel. Não fez assim a nenhuma
das outras nações; e, quanto às suas ordenanças, elas não as conhecem. Louvai ao
Senhor! (Salmos 147:19,20)
Considerando a grande responsabilidade que tinham, os judeus foram instruídos
nada acrescentar ou diminuir da Palavra de Deus. “Não
acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis
os mandamentos do SENHOR vosso Deus, que eu vos mando.” (Deuteronômio 4:2
ACF; cf. Provérbios 30:5,6). Até mesmo o Novo Testamento foi escrito por homens judeus! E a Igreja Cristã
recebeu esta rica herança deles, ficando subentendido que nós, hoje, precisamos
estar extremamente atentos à manutenção da pureza da Palavra de Deus.
O Escriba encarava a sua função de copiar as Escrituras com muita atenção e
diligência, plenamente consciente do seu chamado. Os passos abaixo eram seguidos
na preparação do pergaminho e do próprio escriba, para nela copiar a Palavra. O
Talmude nos ensina as seguintes regras:
1. O pergaminho tinha de ser preparado e dedicado a Deus. Eles tinham de estar limpos e adequados para receberem a Palavra escrita de Deus.
2. A tinta utilizada era sempre preta (a cor mais escura e distinta). Era preparada de acordo com uma receita especial e (inacreditavelmente) usada apenas para a confecção de cópias das Escrituras. Pode ser sempre percebida a consciência que tinham os escribas de se estarem fazendo algo tão singular e de conseqüências insuplantavelmente importantes.
3. Quando o escriba ocupava seu lugar para o trabalho, as palavras escritas não podiam ser duplicadas por memorização mesmo que, muitas vezes, ele conhecesse de cor muitas passagens das Escrituras. Ele tinha de copiá-las a partir de uma cópia autêntica que tinha diante de seus olhos. E, enquanto escrevia, ele tinha de pronunciar cada palavra em voz alta.
4. Ele era obrigado a limpar a caneta toda vez que tivesse de escrever, em hebraico, a palavra para Deus. Isso assegurava a distingüibilidade e clareza da escrita dela; também, a reverência que esses homens tinham por Deus e Sua Palavra é impressionante.
5. Caso um só erro fosse cometido numa folha ela seria condenada [e imediata e totalmente destruída]. Se três erros fossem encontrados em qualquer página, todo o manuscrito seria condenado [e imediata e totalmente destruído]. Após sua conclusão num prazo de trinta dias o rolo de pergaminho era revisado quanto à sua perfeita precisão.
6. Cada palavra e cada letra era contada e anotada. Isso assegurava a constância na escrita sem acrescentar ou pular nenhuma palavra [ou letra] [isto é, a milésima cópia seria perfeitamente igual ao escrito original, quando ele foi dado pela primeira vez].
7. Uma coluna em um pergaminho tinha de incluir, pelo menos, quarenta e oito linhas, sem exceder sessenta. As palavras e letras tinham um espaçamento específico, e nenhuma palavra podia encostar em outra (para evitar confusão na leitura e possíveis erros em futuras cópias a partir do manuscrito que acabou de ser feito).
[Adicionado por Hélio: Ordem do Escriba Massoreta do 1o. Século, Ismael, a Seu
Filho:
"Meu filho, tem todo cuidado no teu trabalho porque é o trabalho do céu. Não aconteça que erres, quer omitindo quer adicionando um iota, e, assim, causes a perdição do inteiro mundo."
(Citado em Natan Ausubel, "Sofer," em The Book of Jewish Knowledge (New York: Crown, 1964), página 420.))]
Sim, computando-se tudo, algumas destas regras podem soar exageradas e extremas,
ao descrente. Para
o estudante da Bíblia, no entanto, elas apenas manifestam com que sentimento de sagrado
dever os escribas executavam o seu ofício. Nós temos todas as razões para
acreditar que a Palavra, originalmente dada a Moisés e aos profetas subseqüentes
foi mantida pura pela supervisora providência de Deus ao usar os judeus para
preservar Sua infalível Palavra.
Como aprendemos da História, precisamos nos tornar cada vez mais responsáveis e
responsabilizados-cobrados pela maneira como estamos transmitindo as Escrituras às
gerações futuras. Nós somos, hoje, apenas um elo da corrente. Do mesmo modo como os judeus
foram fiéis [na perfeita preservação de cada pixel de cada tracinho de cada
letra] (mesmo falhando eles em muitas outras áreas), nós precisamos
cultivar este senso de reverência à Palavra de Deus.
A Palavra de Deus não pode sofrer nenhum grau de violência de nenhuma
intensidade nem em
nenhum sentido. Tem de ser mantida
pura. Nenhuma alteração no texto é para ser tolerada; precisamos levantar nossas
vozes em protesto contra qualquer um que, de um jeito ou de outro, tente alterar
as Escrituras [mesmo que pareça “minimamente e rarissimamente”].
1. Isto é feito quando o Texto Recebido (Textus Receptus) e o Texto Massorético são desafiados como sendo a Palavra [perfeitamente inspirada e perfeitamente] preservada.
2. Mais uma vez, quando traduções são feitas a partir de textos corrompidos. Precisamos mostrar a gravidade e irresponsabilidade de tal proceder.
3. Paráfrases e Bíblias Readers Digest (resumidas) seriam um ultraje para os judeus do tempo antigo. O fato disso proliferar no nosso meio, nos dias atuais, não significa que são aceitas pelo Senhor. Não podemos ficar em silêncio.
4. A igreja deve cultivar a erudição, devoção e fé para que os textos originais [o Texto Recebido (Textus Receptus) e o Texto Massorético] sejam preservados e mantidos como a fonte de todas as traduções. Tais eruditos têm de estar equipados para responder aos ataques de infidelidade à Palavra de Deus.
5. A reverência dos judeus à Palavra de Deus deve nos ensinar a sermos tão reverentes quanto eles, defendendo a plenária e verbal inspiração da Bíblia e tornando-a disponível a todos, na forma pura e inalterada dela. Não temos o direto de fazer nenhuma “modificação para aperfeiçoamento” sobre ela. Como Deus nos deu, assim devemos mantê-la.
É a Bíblia a Palavra de Deus, ou ela simplesmente, aqui e acolá, contém uma
mensagem da parte dEle, à medida que uma passagem possa nos tocar pessoalmente?
Neo-ortodoxos popularizaram tal idéia banal de que a Bíblia não é inerrante,
assim fortemente implicando que Deus é mentiroso como o homem. Os neo-ortodoxos
insistem que, uma vez que a Bíblia foi escrita por meros homens, cheios de
defeitos e falhas, então necessariamente o resultado final, que é a Bíblia, tem
que conter erros. Ainda assim, ela nos é de algum valor, afirmam eles; pois quando você a
lê, se algum conceito ou pensamento lhe impactar, daí, então, ela [se torna] a
Palavra de Deus para você.
Qual é o maior perigo em tal argumento? Basicamente, ele equivale a isso: o
homem fica livre para escolher [aquilo de que gosta e acha ter se tornado a
Palavra de Deus para ele], fica livre para formular sua própria religião; para
ser senhor acima da Palavra do Senhor; para a rejeitar e a aceitar de acordo com
seus próprios caprichos. Aqueles que defendem a sã doutrina precisam lutar a
favor da verdade fundamental de que a Bíblia É a Palavra de Deus, realmente,
verdadeiramente, plenamente, verbalmente e, assim, TODA a Bíblia é para nosso
proveito.
Isto é até exemplificado pelo próprio Cristo: uma citação do Antigo Testamento
foi para Ele o fim de toda controvérsia quando Ele citou o livro de Gênesis para
defender a monogamia para a vida toda; citou Êxodo para provar que há vida após
a morte e haverá uma ressurreição; e citou um Salmo [82:6] relativamente desconhecido
[pelos Seus inimigos] para
argumentar a favor de Sua própria divindade (“Respondeu-lhes
Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses?” João 10:34
ACF)
Os apóstolos, bem como os [demais] escritores do Novo Testamento, citaram quase todos os
livros do Antigo Testamento e nunca sugeriram que algumas partes fossem de maior
valor do que outras.
A Bíblia tem que ser rejeitada aceita como um todo ou rejeitada como um todo. Se uma parte é rejeitada,
o resto também é. Ela é um conjunto integral, a [única e completa] mensagem de um Deus vivo e
verdadeiro.
O homem, conseqüentemente, não pode presidir sobre a Bíblia e ditar o que é bom
[inspirado] para mim, e o que não o é; mais precisamente, a Bíblia é suprema e
tem de moldar nossa vida, nossa fé e a nossa conduta.
autor: Paul Mizzi
tradutora: Sabrina Norbert del Gardo
[Hélio, visando maiores explicações, adicionou o que está entre colchetes]
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.