Trinitarian
Bible Society
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William Tyndale House
Fonte Original: http://c.ymcdn.com/sites/www.tbsbibles.org/resource/collection/156A9AA2-2086-4C4E-BE0A-08A4508415DA/The-Last-Twelve-Verses-of-Mark-16.pdf
Traduzido por Ícaro Alencar De Oliveira, nov. 2017
Na Revised Version de 1881 [e na Almeida Revista e Atualizada], um espaço é
deixado entre o final do versículo 8 de Marcos capítulo 16 e o início do
versículo 9, e uma nota marginal diz: "Os dois manuscritos gregos mais
antigos e algumas outras autoridades omitem do verso 9 ao fim. Algumas outras
autoridades têm um final diferente para o Evangelho". Muitas versões
mais recentes têm uma nota semelhante e, como resultado, muitos leitores
modernos estão inclinados a assumir que esses versículos são falsos.
Desde a época da segunda edição de Griesbach do Novo Testamento (1806), tem
sido cada vez mais a moda entre os eruditos bíblicos de questionar a
autenticidade de Marcos 16:9-20. Foi alegado que o testemunho dos manuscritos
gregos e dos primeiros escritores cristãos torna impossível considerar estes
versos como de Marcos. Também se argumentou que a diferença de vocabulário e
estilo leva à mesma conclusão.
Sugere-se que a última porção do Evangelho tenha sido perdida em tempos
primitivos e que o presente final foi adicionado posteriormente por outra mão.
Antes de Griesbach, os estudiosos deixaram esses versículos no texto e
defenderam sua autenticidade, ex.: Mill 1707, Bengel 1734, Wetstein 1751 e
Alter 1787. Birch 1788 levantou a questão, mas manteve os versos em seu texto;
Matthaei 1788 os defendeu com força.
Griesbach sugeriu que, antes do final do século II, o término atual foi
adicionado por um escritor desconhecido e que toda uma família de manuscritos
descendeu dessa fonte. Outras cópias existiam, de acordo com Griesbach, sem
esses versos e deram origem ao grupo de manuscritos em que o Evangelho termina
com as palavras "porque temiam". Na sua opinião, apenas essas cópias
representavam o texto autêntico.
Hug 1808 e Scholz 1830 defenderam a autenticidade dos versos rejeitados por
Griesbach. Lachmann adotou o princípio de confiar em um pequeno grupo dos
manuscritos mais antigos (não obstante o caráter insatisfatório dessas
testemunhas), e desconsiderando todas as evidências posteriores. Seu texto
apareceu em 1842 sem os versos em disputa porque os versos não eram encontrados
no Códice do Vaticano e em algumas outras cópias antigas. Ele foi seguido por
Tischendorf, Tregelles e Dean Alford. Tregelles não contestaria a inspiração
dos versos, mas negava que fossem parte do Evangelho original – uma posição
impossível [de se manter].
O Arcebispo Thompson em seu Bible Dictionary [Dicionário Bíblico], T. S.
Green em sua Developed Criticism [Criticismo Desenvolvido], o Prof.
Norton em sua Genuineness of the Gospels [Genuinidade dos Evangelhos], o
Prof. Westcott em sua Introduction to the Study of the Gospels
[Introdução ao Estudo dos Evangelhos], e Meyer em seu Critical Commentary
[Comentário Crítico] negam a autenticidade desses versículos. Seu exemplo foi
seguido por muitos estudiosos do século XX, e seu veredicto hostil foi aceito
sem dúvida por muitos que professam serem cristãos evangélicos [ou batistas]
com respeito reverente pela inspiração e autoridade das Sagradas Escrituras.
Um reexame da evidência demonstra que o veredicto é errado e que os versos em
disputa têm abundantemente direito ao seu lugar no Evangelho segundo Marcos. É
evidente que algum copista do terceiro século deixou uma cópia de Marcos
inacabada e que a cópia imperfeita tornou-se a fonte do pequeno número de
cópias defeituosas que foram preservadas em nossos tempos. A grande maioria dos
manuscritos contém os versos em questão.
Além de alguns fragmentos, nossos manuscritos mais antigos são do século IV,
mas os escritos de cem ou mais escritores de um período muito anterior estão
disponíveis para testemunhar o conteúdo das cópias do Novo Testamento muito mais
anteriores do que qualquer manuscrito grego que agora possuem. Temos
comparativamente poucas cópias do Novo Testamento no período de 300 a 600 d.C.,
mas cerca de duzentos escritores daquele período citam dos manuscritos então em
existência porém os tais não sobreviveram.
É verdade que muitos desses escritores citam vagamente e de memória, mas mesmo
uma alusão muito geral a esses versículos seria uma prova suficiente de que o
escritor antigo conhecia as palavras e as encontrou em cópias em uso. Essas alusões
são encontradas:
nos escritos de Papias 100 d.C.
Justino Mártir em 151 d.C. cita o último verso num período de cinquenta anos da
morte do último dos Apóstolos.
Irineu cita e comenta sobre o versículo 19, em 180 d.C.
Hipólito cita os versos 17 e 18, no período de 190-227 d.C.
Vicentius citou os versículos 17 e 18 no Sétimo Concílio de Cartago, em 256
d.C., na presença de oitenta e sete bispos africanos
cerca de 150 anos depois, Agostinho citou a mesma passagem.
o "Evangelho de Nicodemos", do século III, contém os versículos 15,
16, 17, 18.
as "Constituições Apostólicas", dos séculos III e IV, citam o verso
16 tal e qual jaz no Texto Recebido.
Eusébio, em 325 d.C., estava familiarizado com os últimos doze versos.
a Homilia de Afraates, em 337 d.C., cita os versículos 16, 17, 18.
Ambrósio, arcebispo de Milão, em 374-97 d.C., cita os versículos 15, 16, 17, 18
e 20.
Crisóstomo, em 400 d.C., cita os versos 19 e 20 e acrescenta: "Este é o
fim do Evangelho".
Jerônimo, em 331-420 d.C., retém a passagem disputada.
Nestório, o herege, cita o versículo 20.
Cirilo de Alexandria aceita a citação e comenta sobre ela, em algum tempo antes
de 430 d.C.
Vítor de Antioquia, em 425, dá testemunho enfático da genuinidade dessa
passagem.
Essas autoridades pertencem a todas as partes da igreja primitiva e várias
delas são de data mais antiga do que os nossos manuscritos mais antigos [os
corrompidos, rasurados, rejeitados e divergentes entre si: Sinaiticus e
Vaticanus].
Os críticos modernos citam Gregório [quando este citou] de Hésiquio, Severo de
Antioquia, Eusébio, Vitor de Antioquia e Jerônimo como hostis a Marcos 16:9-20.
Mas Gregório e Severo apenas citam as palavras de Hésiquio; Vítor cita Eusébio
e o refuta; e Jerônimo apenas traduz, mas não aprova as palavras de Eusébio.
Nós ficamos assim apenas com Eusébio [o único desses que parece ter sido
contrário aos 12 versos], e um exame de seu testemunho indica que ele não negou
que as palavras em disputa estavam em muitos manuscritos de seu tempo. Eusébio
mencionou que, devido às aparentes discrepâncias entre as partes finais dos
Evangelhos, algumas pessoas estavam inclinadas a excluir o versículo final de
Marcos. Vítor afirma claramente que as palavras deveriam ser encontradas na
cópia palestina de Marcos.
O
Novo Testamento foi traduzido em um período muito anterior [aos ataques de
Eusébio] para o sírio, o latim, o gótico, o egípcio, etc. Algumas dessas
traduções foram feitas a partir de cópias gregas mais antigas que as que
qualquer um de nós já possuímos [os corrompidos, rasurados, rejeitados e
divergentes entre si: Sinaiticus e Vaticanus]. Eles podem, portanto, nos dizer
o que os estudiosos encontraram em seu Novo Testamento antes do tempo de nossos
manuscritos mais antigos [os corrompidos, rasurados, rejeitados e divergentes
entre si: Sinaiticus e Vaticanus]. Na Peshita Síria do século II, o Sírio
Curetoniano do século III, o sírio Filoxeniano do século V, o latim antigo de
Jerônimo do séc. IV, o antigo latim do séc. II, o gótico do IV, o egípcio do IV
ou V, o tebaico do séc. III, algumas cópias do armênio do século V - em todas
essas traduções antigas, temos evidências de que os tradutores encontraram os
versos em disputa incluídos nas cópias gregas disponíveis para eles. A maioria
dessas traduções antigas foram feitas muito antes das cópias do Vaticano e do
Sinaiticus serem escritas. As cópias gregas usadas pelos tradutores nos séculos
II e III continham os últimos doze versos, enquanto as cópias gregas usadas
pelos copistas do Vaticanus e do Sinaiticus no século IV estavam incompletas.
A grande maioria dos manuscritos contém as palavras em disputa, mas duas cópias
muito antigas as omitem, ou seja, Codex Vaticanus e Codex Sinaiticus, ambos do
século IV. Um estudioso do século XIX examinou vinte antigos manuscritos
unciais e cerca de seiscentos cursivos e encontrou apenas esses dois em
desacordo com o Texto Recebido.
O Códice Alexandrinus e o Codex C, talvez cinquenta anos mais tarde do que o
Vaticanus e o Sinaiticus contêm esses versículos. O Códice Beza (D), muitas
vezes de acordo com os dois manuscritos defeituosos, aqui se afasta deles e
inclui os versos. É claro que os manuscritos do Sinai e do Vaticano exibem um
texto mutilado neste lugar, como fazem em muitas outras passagens.
Estes dois manuscritos, embora antigos, são, em muitos aspectos, defeituosos e
não confiáveis, escritos descuidadamente com numerosas omissões. O Manuscrito
do Vaticano somente nos Evangelhos omite palavras e sentenças quase mil e quinhentas
vezes; a maior parte destas omissões é encontrada em Marcos. O Códice
Sinaiticus é abundante com "erros de vista e de escrita, até certo ponto
não incomparáveis, mas felizmente incomuns em documentos de primeira
importância"[i].
Estes dois documentos exibem sinais de origem comum em uma cópia defeituosa
anterior.
TESTEMUNHAS FALSAS
A cópia do Vaticano pára no final do versículo 8, mas o copista deixou um
espaço em branco suficiente para acomodar os versos que faltavam. Parece
provável que o copista soubesse que havia uma parte faltando na cópia diante
dele.
Na cópia do Sinai, a página dupla que contém o final de Marcos e o início de
Lucas foi removida em uma data anterior e substituída pelos quatro lados
reescritos de modo a excluir Marcos 16:9-20 [sem deixar rastros demasiadamente
evidente de um grande espaço em branco]. Ao aumentar ligeiramente o tamanho das
letras e espaços, o escritor conseguiu ampliar sua versão abreviada até o topo
da coluna anterior a Lucas 1. Ele completou o restante de sua última linha com
um floreado ornamental para garantir que nenhuma adição pudesse ser feita sem
ficar imediatamente evidente. Tischendorf, o descobridor do Códice do Sinai,
alegou que essas páginas foram escritas pelo copista do manuscrito do Vaticano.
A evidência faz não mais do que indicar que alguns primeiros manuscritos
terminaram dessa maneira, mas que os próprios copistas estavam conscientes da
omissão. Estes dois manuscritos [Vaticanus e Sinaiticus] são testemunhas falsas
[conscientes de suas falsidades].
NOTAS EM CÓPIAS ANTIGAS
Os críticos nos asseguram que muitos manuscritos antigos contêm uma nota
indicando que Marcos 16:9-20 estava ausente em muitas outras cópias. Os
eruditos foram achados citando seus predecessores sem verificar sua precisão.
Assim, Tregelles alega que, em vinte e cinco cópias, uma nota indica que esses
versículos estão faltando nas cópias mais corretas. Esta afirmação
parece ter sido citada em segunda mão por Griesbach e Scholz 1830. Scholz citou
falsamente Griesbach, e Griesbach citou falsamente Wetstein 1751 e Birch.
Por exemplo, Scholz copia Griesbach, que diz que dois manuscritos em Roma têm
um asterisco contra Marcos 16:9-20. As investigações mostram que não há um
asterisco, mas um símbolo que remete o leitor para uma nota em outra página,
onde existe uma marca similar, onde fica plenamente claro que a passagem é genuína.
Há também uma nota, indicando que o texto foi coletado com as cópias antigas e
aprovadas em Jerusalém.
Scholz diz que os Códices 23, 34, 39 e 41 contêm uma nota de Severo de
Antioquia de que as "cópias mais precisas terminam no verso 8".
Outros seguiram cegamente. O Codex 23 [simplesmente] não possui tal nota. O
Codex 41 tem uma nota para o efeito oposto - que as cópias mais precisas contêm
os versos. Os Códices 34 e 39 [simplesmente] não possuem essa nota. Quando
Tischendorf, Tregelles e seus sucessores e imitadores nos dizem que trinta
manuscritos contêm uma nota que lança a dúvida em Marcos 16:9-20, estão
repetindo os erros dos outros. A maioria dos manuscritos referidos contém uma
nota confirmando a inclusão dos versos. Os críticos não podem fornecer provas
de que o Evangelho segundo Marcos, em deixando as mãos de seu autor, era
imperfeito ou inacabado.
O ARGUMENTO DE ESTILO E VOCABULÁRIO
Alguns estudiosos modernos nos dizem que as características de estilo e
vocabulário de Marcos estão ausentes desta passagem. Eles estão inteiramente
errados. É presunçoso arriscar uma avaliação do estilo de um escritor à partir
de doze versos, especialmente se o assunto for exclusivo e não puder ser
comparado com parágrafos anteriores sobre o mesmo tópico. Por exemplo, os cinco
primeiros versículos de Lucas são diferentes de qualquer coisa no resto do seu
Evangelho; o mesmo pode ser dito sobre os cinco primeiros versos de João.
Nenhum crítico está qualificado para julgar tais evidências sinuosas.
Os críticos imaginam que a mudança da descrição detalhada para notas breves
ligeiramente vinculadas em Marcos 16:9-20 indica uma mudança de autoria. Por
quê? Certamente, um escritor que poderia dar uma descrição detalhada de um
milagre poderia dar uma breve sinopse dos eventos após a Crucificação, quando
havia muitos assuntos muito diferentes a serem abordados. Na verdade, é
possível demonstrar grandes semelhanças de estilo entre Marcos 16:9-20 e Marcos
1:9-20.
1) Alford nos aponta para 16:9 πρὡτῃ
σαββἁτου (prote sabbatou) em
referência ao primeiro dia da semana em comparação com μιᾶς
σαββάτων (mias sabbaton) em
16:2. Mas quando comparamos isso com Lucas 6:1,2,5,6,7 e 9 encontramos quatro
vezes para σαββάτων (sabbaton),
duas vezes τά σάββατα (ta
sabbata), duas vezes para σαββάτων
(sabbaton), duas vezes ἡ ἡμέρα τῶν
σαββάτων (he hemera tou sabbatou),
uma vez τά σάββατα (ta sabbata).
Casos similares poderiam ser multiplicados à vontade.
Também deve ser notado que μία τῶν
σαββάτων (mias sabbaton) de Marcos 16:2
ocorre apenas uma vez em cada Evangelho. Era uma expressão comum na Palestina,
mas não tão comum em Roma e em outros lugares. Pensa-se que Marcos escreveu seu
relato em Roma e parece provável que ele tenha sido movido pelo Espírito para
usar ambas as expressões, uma que elucida a outra.
2) 16:9 "da qual tinha expulsado sete demônios". É
salientado que Maria Madalena foi mencionada três vezes sem essa afirmação e
que o escritor provavelmente tirou isso de Lucas 8:2 - mas a ordem é diferente
em Lucas e Lucas foi escrito depois de Marcos. Compare com João 20:[2], onde
João se menciona sem comentar como o "outro discípulo a quem Jesus amava"
e, em seguida, no 20. O versículo 20 acrescenta "e que na ceia se
recostara também sobre o seu peito". Ninguém sugere que João [21]:20
seja espúrio por esse motivo.
3) 16:10, 12 e 15:
πορεύεσθαι (poreuesthai)
ocorre três vezes em 16:9-20 (partindo, iam, ide), mas em nenhum outro lugar em
Marcos. Por conseguinte, nos dizem que esta porção não poderia ter sido escrita
por Marcos. Mas Marcos usa formas compostas deste verbo vinte e quatro vezes em
comparação com um total de dezenove em Mateus, Lucas e João juntos. O uso da
palavra nestes três versos no final do capítulo 16 deve ser considerado como
prova de sua autenticidade.
4) 16:15 "a toda criatura". Os críticos dizem que este
grego é paulino – mas Paulo o apresenta apenas uma vez, em Romanos 8:22. Então,
por que Marcos não deveria apresentar uma vez em 16:15? A palavra usada para
‘criatura’ é usada por Marcos em 10:6 e 13:19 e não [é usada] por Mateus, Lucas
nem João. Sua presença aqui prova a autenticidade da passagem.
5) 16:19, 20: "o Senhor". Diz-se que isto é estranho a
Marcos e, portanto, é espúrio. Mas Marcos o chama de "Jesus Cristo"
apenas uma vez em Marcos 1:1. O mesmo se aplica a Mateus e João, mas ninguém
duvida da autenticidade desses capítulos porque eles contêm uma expressão
única.
6) 16:19 "foi recebido". Este verbo grego que nos é
dito que não ocorre em nenhum outro lugar nos Evangelhos. Mas Marcos usa setenta
e quatro verbos que não são encontrados em nenhum outro lugar nos Evangelhos e
este é um deles. Em qualquer caso, Marcos está descrevendo algo que não foi
referido anteriormente e a palavra é apropriada para a ascensão do nosso
Senhor.
7) A ausência de εὐθὲως eutheds
(logo, imediatamente) e πάλιν palin
(novamente), ambos frequentes em Marcos, é citado como evidência de que esta
parcela é espúria. Este argumento é inútil, pois "imediatamente" é
encontrado doze vezes no capítulo 1, seis vezes no capítulo 5, cinco vezes nos
capítulos 4 e 6, etc., mas apenas uma vez nos capítulos 3, 8, 10 e 15 e nenhuma
vez nos capítulos 12, 13 e 16.
"Novamente" é visto seis vezes no capítulo 14, cinco vezes no
capítulo 10, etc., mas apenas uma vez nos capítulos 4 e 5 e nenhuma nos
capítulos 1, 6, 9, 13 e 16. Devemos rejeitar todos estes capítulos porque eles
não contêm essas pequenas palavras? Os críticos não sugerem que devamos, mas
insistem em que rejeitemos Marcos 16:9-20 com evidências tão sem sentido.
AS PALAVRAS CARACTERÍSTICAS DE MARCOS ENCONTRADAS NESTES VERSOS
8) "manhã" em 16:9: Marcos usa essa palavra grega seis
vezes, muito mais frequentemente do que Mateus ou João. Lucas nunca a usa.
9) "pregai o Evangelho" em 16:15: Marcos e Mateus usam
a expressão quatro vezes, Lucas e João nenhuma.
‘Pregar’ (κηρύσσειν kerussein):
Marcos traz duas vezes mais do que Mateus e três vezes com mais frequência que
Lucas.
‘Evangelho’ (εὐαγγελίῳ evangelio):
Marcos traz duas vezes mais que Mateus.
10) "manifestou-se"
(φανεροῦται phanerousthai)
em 16:12, 14: usado também por Marcos em 4:22, mas nunca por Mateus ou Lucas.
11) "dureza do coração" em 16:14: nunca usado por Lucas
ou João, por Mateus apenas uma vez, por Marcos duas vezes, incluindo este
verso.
12) "por todas as partes"
(πανταχοῦ pantachou) em 16:20:
nunca usado por Mateus ou João, apenas uma vez por Lucas, duas vezes por
Marcos, incluindo este verso. Ele também usa uma palavra relacionada, em 1:45.
13) "e sararão" (καλῶς ἕξουσιν
kalos exousin) é característico de Marcos.
14) "será condenado"
(κατακρίνω katakrino não
κρίνω krino): a forma simples é frequentemente
usada pelo outros evangelistas, vinte e oito vezes, mas nunca por Marcos, que
usa a forma composta do verbo mais comum do que todos os outros. Assim, é
encontrado em 16:16 e é característico de Marcos.
Outros casos podem ser dados, mas estes são suficientes para demonstrar que os
argumentos de estilo e vocabulário contra a autenticidade são destituídos de
fundamentos. A evidência prova a autenticidade da passagem.
COMPARAÇÃO ENTRE MARCOS 16:9-20 E 1:9-20
Existe
um paralelismo essencial entre Marcos 16:9-20 e Marcos 1:9-20 – a manifestação
do Senhor ao mundo, a vitória sobre Satanás, os dons do Espírito Santo, a
pregação do Evangelho, o Reino de Deus, o chamado ao ministério – uma indicação
que o Espírito Santo era o Autor do fim, bem como do início do Evangelho, e que
Marcos era o escritor de ambos.
OS LECIONÁRIOS
Em tempos muito primitivos era a prática marcar as porções dos evangelhos
nomeadas para serem lidas no culto público. É evidente que, antes do Concílio
de Niceia, as cópias dos Evangelhos assim marcadas e incluindo os versos em
disputa estavam em uso em todo o mundo cristão e que esses doze versos foram
designados para serem lidos nos dias que comemoram a ressurreição e a ascensão.
Muitas cópias foram escritas especialmente para leitura pública e outras cópias
comuns tiveram uma nota adicionada na margem antes e depois de cada leitura.
Por exemplo, em algumas cópias antigas de Lucas, há uma nota na margem instruindo
o leitor público a omitir os versículos 43 e 44 do capítulo 22 ao ler a lição
para a terça-feira após "Sexagesima" porque esses versículos foram
lidos após Mateus 26:39 como parte da aula para a quinta-feira antes da Páscoa.
Como resultado, esses versículos de Lucas 22 são omitidos em algumas cópias. Em
muitas cópias antigas marcadas para leitura pública, a palavra grega para
‘princípio’ (ἀρχῇ arche) aparece em forma
abreviada na margem ou no texto em tinta vermelha onde a lição começa, e telos
(fim) em vermelho no final da lição; por exemplo, em Marcos 14:41 lemos "...
basta, a hora chegou ...". O códice D do século IV e vários outros leem: "basta,
o fim e a hora chegaram ...". A nota marginal telos ‘o fim’
indicou que a lição a ser lida deve terminar após o versículo 42, mas o copista
colocou a nota no texto do versículo 41 e estabeleceu um exemplo que outros
seguiram.
É provável que uma cópia anterior de Marcos incluiu todo o capítulo 16 com uma
nota marginal após o versículo 8 para indicar que a lição para o segundo
domingo após a Páscoa deve terminar lá. Um copista mais tarde interpretou mal a
nota marginal como significando que todo o Evangelho terminou no versículo 8 e
que as palavras restantes não faziam parte do Evangelho. Este erro foi repetido
em várias cópias, das quais os manuscritos defeituosos já mencionados são
espécimes.
No Códice 24 há muito poucas notas, mas claramente escritas após o versículo 8,
encontramos o telos e novamente telos depois do verso 20.
INFLUÊNCIA DE ORÍGENES
O comentário de Eusébio apenas significava que algumas cópias não tinham os
versos 9-20, que a maioria das cópias tinha telos "o fim" após
o versículo 8 (assim como o versículo 20) e que algumas pessoas estavam prontas
para resolver o problema das aparentes discrepâncias entre Marcos e os outros
evangelistas, rejeitando o lecionário em que os versos disputados são
encontrados. Eusébio provavelmente tomou emprestado essa sugestão dos escritos
anteriores de Orígenes, o qual aparentemente estava familiarizado com manuscritos
defeituosos, como as cópias do Vaticano e do Sinai.
A EXPLICAÇÃO MAIS PROVÁVEL
Algumas cópias antigas do quatro evangelho os põem na ordem Mateus, João,
Lucas, Marcos. Isto é encontrado no Códice Beza (D) e em vários outros [manuscritos].
Se, em qualquer momento, uma dessas cópias tivesse Marcos 16:8 ao pé da penúltima
página, e os versos restantes [9-20] na última página, essa porção [9-20] teria
sido a mais exposta a danos e perdas. Se a palavra telos foi escrita
após o versículo 8 em tal cópia [significando o final da leitura em um
determinado dia], um copista posterior concluiria que ele tinha todo o
Evangelho diante de si e deixaria a nova cópia sem o seu próprio final [9-20].
RESUMO
1)
Embora muitos estudiosos do século XIX e XX rejeitem esses versículos, estamos
mais preocupados em saber o que os leitores encontraram em seus Novos Testamentos
nos séculos I, II, III e IV, e há evidências esmagadoras de que os versos foram
incluídos em cópias mais antigas.
2) As duas cópias mais antigas agora sobreviventes não são
representantes confiáveis do texto da Sagrada Escritura usado nos tempos primitivos,
e nesta passagem eles exibem um texto mutilado.
3) A maioria das cópias antigas, a maioria dos escritores antigos e a
maioria das traduções antigas atestam a autenticidade desses versículos.
4) Os argumentos do estilo e do vocabulário, longe de levar à rejeição
desses versículos, realmente confirmam sua autenticidade.
5) Existem explicações simples e óbvias para a ausência desses
versículos de algumas cópias antigas. Esses incluem:
a) A antiga inserção da palavra "fim" após uma leitura do
lecionário [planejada para um certo dia do ano].
b) A antiga ordem dos Evangelhos, com Marcos por último, deixava a
última página vulnerável [a ser perdida].
CONCLUSÃO
Esses
versos em disputa fazem parte da Santa Palavra de Deus inspirada e devem ser
recebidos com reverência por toda a igreja de Deus.
Na sua determinação de defender a superioridade das cópias do Vaticano e do
Sinai, os eruditos bíblicos dos séculos XIX e XX elevaram estes documentos a um
trono de autoridade suprema, com o resultado de que estes últimos doze versos
são conservados nas versões modernas apenas como [se fossem] um adição tardia e
espúria ao texto original.
Nós defendemos um terreno infinitamente mais firme quando insistimos que todo o
Evangelho de Marcos – desde o primeiro versículo do primeiro capítulo até o
final do versículo 20 do capítulo 16 – foi dado por inspiração de Deus e deve
ser respeitado como parte integrante da revelação divina.
Trinitarian Bible Society
Fonte Original: http://c.ymcdn.com/sites/www.tbsbibles.org/resource/collection/156A9AA2-2086-4C4E-BE0A-08A4508415DA/The-Last-Twelve-Verses-of-Mark-16.pdf
Traduzido por Ícaro Alencar de Oliveira em 22/11/2017.
Rio Branco-Acre
[Hélio
adicionou algumas explicações entre colchetes]
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.