“Assim diz o SENHOR . . . todas
as palavras que te mandei que lhes dissesses; não omitas nenhuma palavra”
(Jeremias 26:2—ACF). Neste versículo constata-se a importância que
Deus dá a cada uma de suas palavras enviando o profeta Jeremias para proclamar a
Sua Palavra. Para entendermos por que cada palavra, cada letra é importante para
Deus, temos primeiramente que entender como Ele se revela ou se comunica com o
homem.
Teologicamente, revelação é Deus dando nova informação ao
homem sobre Si mesmo e sobre a Sua vontade. É necessário que Deus se manifeste,
pois o homem é um ser carnal e Deus é Espiritual. Evidencia-se em Salmos 19 que
Deus se revela de uma forma geral, ou natural, (versículos 1 a 7) e também de
uma forma especial (versículos 8 ao 14).
A revelação geral é vista na própria natureza (Salmos
19:1), na preservação do mundo (Hebreus 1:3), na providência divina (Provérbios
16:9) e na consciência humana (Romanos 1:19; 2:15). Esta revelação é dada a
todos e embora não seja o suficiente para conhecer a Deus intimamente é
suficiente para que o homem saiba que Ele existe. Mas para conhecê-Lo é
necessário a revelação especial.
Revelação especial é Deus falando com o homem. No Antigo
Testamento, Deus comunicou-Se diretamente através de sonhos, visões, teofanias,
anjos e dos profetas (Gênesis 3:8; Hebreus 1:1). Comunicou-Se através dos
milagres (1 Reis 18:38), pela Encarnação (João 1:14) e hoje se comunica através
das Escrituras (2 Timóteo 3:16). O que foi revelado foi escrito e isto se chama
inspiração.
Inspiração é o homem escrevendo o que Deus revelou. Em 2
Timóteo 3:16 lemos que “Toda a Escritura é divinamente inspirada . . .”. A
palavra em grego traduzida como Escritura nesta passagem é a palavra graphe,
de onde vem a palavra grafia, ou escrita. Já a palavra grega traduzida como
inspirada nesta passagem é a palavra theopneustos, que é composta por
duas palavras: theo, que traduzida é Deus, e pneustos, que
traduzida é sopro. Portanto, theopneustos literalmente quer dizer “sopro
de Deus”. Podemos dizer então que tudo o que foi “escrito” (as Escrituras) foi
dado pelo “sopro de Deus”. Portanto, o que Deus “soprou” foram palavras (graphe).
Cada palavra, cada letra é importante para Deus.
Jesus disse: “Até que o céu e a terra passem, nem um jota
ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido” (Mateus 5:18—ACF). Em
Gálatas 3:16, Paulo baseia uma doutrina inteira sobre uma única letra, quando
diz: “As promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: E às
descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua
descendência, que é Cristo.” Cada palavra, cada letra das Escrituras foi
inspirada por Deus e é “. . . proveitosa para ensinar, para redargüir, para
corrigir, para instruir em justiça” (2 Timóteo 3:16b).
Em Apocalipse 22:18 e 19, João escreve um alerta veemente
contra aqueles que omitem ou acrescentam alguma palavra quando diz:
”Porque eu
testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se
alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que
estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta
profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das
coisas que estão escritas neste livro.” As doutrinas da revelação e da
inspiração nada seriam sem a doutrina da preservação das Escrituras.
Jesus disse: “O céu e a terra passarão, mas as minhas
palavras não hão de passar” (Mateus 24:35). As evidências comprovam que Deus tem
cuidado da Sua Palavra através dos séculos, embora não tenhamos mais
os originais (autógrafos). Existem mais de 5,000 manuscritos e partes de
manuscritos que concordam entre si, o chamado Texto Bizantino (em sua forma
impressa ele se chama Textus Receptus [TR], ou o Texto Recebido, termo
que surgiu com a impressão do Novo Testamento Grego de Elzivir em 1633). Este
foi o texto usado pela Igreja durante quase dois mil anos e é o texto Grego do
Novo Testamento que os reformadores usaram no século XVI e XVII para traduzir a
Bíblia nos principais idiomas, inclusive para o Português. Mas dois homens,
B.F. Wescott e F.J.A. Hort rejeitaram este texto e decidiram criar um novo texto
Grego baseado em aparatos críticos. Lançaram em 1881 o seu Novo Testamento que
veio a ser chamado de Texto Crítico (TC).
Versões modernas da Bíblia, que surgiram após o
lançamento do Novo Testamento Crítico de Westcott e Hort, omitem o equivalente
[em extensão] a
1 e 2 Pedro. Palavras como sangue (Colossenses 1:14), arrependimento (Marcos
2:17) e Cristo (Filipenses 4:13) somem do texto. O TC varia do TR em 5,337
lugares.
A Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil nasceu em 1968
com o objetivo de continuar a publicar a versão Corrigida, que estava sob ameaça
de não ser mais publicada pelas principais sociedades bíblicas da época. Deu-se
início então a uma revisão do texto para retirar arcaísmos e influências do
Texto Crítico que foram introduzidas na Bíblia. O que seria o trabalho de um ano
acabou levando 26 anos. A Bíblia completa foi lançada em 1994 sob o nome
Almeida Corrigida Fiel. (A revisão do Novo Testamento foi completada anos
antes e adotada pelos Gideões, que anualmente distribuem cerca de 7 milhões de
exemplares no Brasil.)
Ao longo dos séculos Deus tem comunicado ao homem de
várias formas, mas nestes últimos tempos Ele se revela através de Sua Palavra.
Cada palavra, cada letra é importante e “. . . proveitosa para ensinar, para
redargüir, para corrigir, para instruir em justiça” (2 Timóteo 3:16b). “Assim
diz o SENHOR . . . todas as palavras que te mandei que lhes dissesses; não
omitas nenhuma palavra” (Jeremias 26:2—ACF).
Harold Ralph Gilmer
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.