por E.W. Bullinger
Em GÊNESIS compreenderemos o registro da Criação (Cap.I) pois veremos
nela a contrapartida de nossa nova criação em Jesus Cristo (II Cor, v. 17). Naquela luz que brilha nas trevas (Gen I, 2 e 3) veremos a luz
que “... resplandeceu resplandeceu em nossos corações,
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face [ou pessoa] de Jesus
Cristo.” (II Cor, IV, 6). Nem se imagina que aqueles que nada sabem
sobre essa luz espiritual da Nova Criação possam saber sobre a luz que foi
criada no primeiro dia, conforme revelada no registro da antiga criação {Nota
1} . O homem natural só vê um mito e uma fábula das mulheres velhas no
registro da Criação, e parece preferir realmente a corrupção babilônica da
verdade primitiva. Esses “... andam como também os
outros gentios, na vaidade da sua mente. Entenebrecidos no entendimento,
separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu
coração;” (Ef IV 17,18). Ai daqueles que seguem seus líderes cegos, pois
“ambos cairão no abismo” que prepararam para si
mesmos por seu conhecimentos carnal e sabedoria mundana. No Criador veremos
Cristo (João I, 3 – Col I, 16).
No primeiro Adão veremos o último Adão (I Cor XV 45; Rom V, 14). No primeiro homem
veremos “o segundo homem, o SENHOR, é do céu” (I
Cor XV, 47).
Na “semente da Mulher” (Gen III, 15) veremos o vindouro filho de Abraão, o
filho de David, o Filho do homem, o Filho de Deus, enquanto aqueles que estão
nas trevas de Roma vêem uma Criança sem indefesa, ou um homem morto e uma
mulher viva – a Virgem Maria. Tendo corrompido sua Versão Autorizada Vulgata (em Gen III, 15) Nota 2 , para torná-la o fundamento de sua blasfêmia.
No escudo de Abraão veremos a Palavra Viva, vindo, falando e revelando-Se a ele
(Cap XV, 1. João VIII 56).
Em Isaac veremos Cristo, a verdadeira semente de Abraão (Rom IX,7. Gal III, 16). Na Anunciação da Mãe (Gen XVIII, 10. Lucas I,30-33), a
miraculosa concepção (Gen XVIII, 14. Lucas I, 35) e o nome dado antes de
nascer (Gen XVII,19. Mat I,21. Lucas I,31; II, 21). No projetar da
morte de um, vemos o prenúncio da morte do outro, dois mil anos antes e na
mesma montanha, Moriá. E este Monte, não selecionado ao acaso ou por
conveniência (pois foram três dias de jornada), mas indicado pelo Divino
conselho como o local do futuro altar da oferta queimada (Gen XXII,2. I Cron XXI,28; XXII,1. 2 Cron III,1). Na madeira colocada
sobre os ombros de Isaac (Gen XXIII,6) e não carregada pelos servos ou
jumentos, nós veremos a Ele que foi obrigado a carregar Sua Cruz (João XIX,17).
Em José, a quem se fez a pergunta: “Deveras reinarás
tu, pois, sobre nós?” [37:8], vemos Aquele de quem Seus irmãos falaram
depois: “... não queremos que este homem reine
sobre nós.” (Lucas XIX,14). Mas vemos os sofrimentos dAquele [que foi]
seguido pela glória, como certamente veremos a glória do verdadeiro José
seguindo Seus sofrimentos na plenitude do tempo (1 Ped I,11), de cuja glória seremos
testemunhas e participantes (1 Ped IV,13; V,1).
Não devemos perseguir este grande assunto ou princípio em todos os detalhes, embora
não tenhamos tocado a sua borda, mesmo no livro de Gênesis. Como o Senhor Jesus
começou em Moisés, nós apenas esboçamos um começo e temos que deixar nossos
leitores seguirem aonde indicamos o caminho.
Devemos, no entanto, indicar um ou dois pontos essenciais dos outros livros do
Antigo Testamento.
ÊXODO nos conta sobre o sofrimento e a glória de Moisés, como Gênesis o
faz com José, e em ambos vemos o tipo de sofrimentos e glória de Cristo. Os
sofrimentos de José começaram com sua rejeição, seu próprio irmão perguntando “Deveras reinarás tu, pois, sobre nós? Ou deveras terás tu
domínio sobre nós?” (Gen XXXVII,8). Os
sofrimentos de Moisés começaram com sua rejeição e a pergunta feita por um dos
dois varões hebreus [que contendiam] – “Quem te tem
posto a ti por governante e juiz sobre nós?” (Ex II,14).
Em tudo isso vemos a rejeição de Cristo por uma pergunta similar, o
pensamento dos seus corações sendo colocado em seus lábios, na parábola, quando
“Mas os seus concidadãos odiavam-no, e mandaram após
ele embaixadores, dizendo: Não queremos que este reine sobre nós” (Lucas
XIX,14).
Mas o problema nos três casos é o mesmo. Cada um deles é verdadeiro, como foi
dito de Moisés: “A este Moisés, ao qual haviam negado,
dizendo: Quem te constituiu príncipe e juiz? a este enviou Deus como príncipe e
libertador, pela mão do anjo que lhe aparecera na sarça.” (Atos VII,35).
Mesmo assim, Deus certamente “E envie ele a Jesus
Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até aos
tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus
santos profetas, desde o princípio.” (Atos III 20,21).
Então, desde cedo, em Gênesis e Êxodo, temos o grande assunto dos sofrimentos e
da glória de Cristo mais que pré-anunciado (1 Ped I,11; IV,13; V,1. Lucas XXIV,26).
Êxodo também nos fala de Cristo como o verdadeiro Cordeiro Pascal (I Cor
, 7-8), como o verdadeiro Sacerdote (Ex XXX,10. Heb v 4,5) e o verdadeiro
Tabernáculo que o Senhor erigiu e não os homens (Heb IX)
LEVÍTICO nos dá, nas ofertas, uma visão quádrupla da Morte de Cristo (a Ofertas
pelo Pecado e a Oferta pelas Transgressões sendo reconhecidas como uma [só e
mesma visão]), como os Evangelhos nos dão uma visão quádrupla de Sua vida.
NÚMEROS prenuncia que o Filho do Homem vem para ser exaltado (cap. XXI,9. João III,14-15). A Rocha (cap.XX, 11. I Cor X,4). O Maná que
os alimentou (cap. XI, 7-9. Deut.VIII, 2-3. João VI,57-58). E a futura
estrela que surgiria “de Jacó” (cap XXIV,17. Lucas I,78. II
Ped I, 19. Apoc II,28 e XXII,16).
DEUTERONÔMIO revela o vindouro Profeta “como
tu [comoMoisés]” (cap XVIII,18. Atos VII 23-26).
A Rocha e Refúgio de Seu povo (cap XXXII,4. XXXIII, 27).
JOSUÉ conta sobre o “Capitão do Exército do Senhor” (cap V,13-15. Heb II,10. XII,2) que triunfará sobre Seus adversários.
Enquanto a corda escarlate de Raabe (cap II 12-20) conta dos Seus sofrimentos e
precioso sangue que será derramado e preservará Seu povo no dia vindouro de Sua
guerra.
JUÍZES conta sobre o Anjo da Aliança cujo nome é “Secreto”, isto é,
“Maravilhoso” (cap. XIII, 18-margem. Compare com Isaias
IX,6, onde a palavra é a mesma.)
RUTE revela o tipo de nosso Parente-Redentor, o verdadeiro Boaz e a pergunta
do cap II,10 é respondida em Prov XI,15).
SAMUEL revela os “sofrimentos” e a rejeição de David, que se tornou um
“Salvador” e um “Capitão” dos seus seguidores (I Sam XXII, 1-2), prenunciando o
Filho de David e o Senhor de David, a “Raiz e a Descendência de Davi” (Apo XXII,16).
REIS nos mostra a “glória que se seguiria” e o “maior que Salomão”
(Mat XII,42). O “maior que o Templo” (Mat Xii,6), onde tudo fala de Sua glória
(Sl XXIX,9 e margem).
CRÔNICAS revela Cristo como o “Filho do Rei”, resgatado “dentre os
mortos”, oculto na Casa de Deus, para ser manifesto no devido tempo, “como Jeová
havia dito” (II Cron XXII,10 – XXIII,3).
ESDRAS fala de um “prego num lugar seguro” (cap IX,8), que, de acordo
com Isaias XXII,23, é [palavra] usada referindo-se a Eliaquim, que tipifica
Cristo.
NEEMIAS fala-nos do “pão do Céu” e “água saída da Rocha” (cap IX, 15,
20), que em outro lugar são usados como típicos de Cristo (João VI,57-58. I Cor X,4).
ESTER vê a semente preservada que, na plenitude dos tempos, nasceria no
mundo. Seu nome está lá, embora oculto, {Nota 3}, mas Sua vontade e
poder são manifestos vencendo todos os inimigos, a despeito da lei inalterável dos
Medas e Persas.
JÓ O revela como seu “Protetor” (cap IX,33) e como seu “Redentor” vindo
novamente à terra (cap XIX 25-27).
OS SALMOS estão cheios do Cristo. Vemos Sua humilhação e sofrimentos e
morte (Sl XXII), Sua ressurreição (Sl XVI), Sua unção como Profeta com lábios
cheios de Graça (Sl XLV. Lucss IV,22). Como Sacerdote da ordem
de Melquisedeque (Sl ex. Heb V,6. VI,20. VII, 17,21). Como Rei entronizado sobre
nós (Sl II). E Seu reino estabelecido na terra (Sl CIII; CXLV), e etc.).
PROVÉRBIOS revela Cristo como a “Sabedoria de Deus” (cap VIII. I Cor I,24). O “Caminho” e a “Luz” do Seu povo (cap IV 18). A
“Segurança” que defende Seu povo enquanto [são] estrangeiros (cap XI,15; Rom
V,8-10. Ef II,12. I Pedro II,11). A “torre forte” para onde o
reto corre e é salvo (cap XVIII,10). O amigo que ama em todo tempo e o
irmão nascido para a adversidade (cap XVII,17).
ECLESIASTES fala de “um homem entre mil achei
eu” no meio de tudo que é vaidade e vergonha de espírito (cap VII,28).
O CÂNTICO DOS CÂNTICOS revela-O como o verdadeiro e fiel Pastor, Amante
e Noivo da Noiva, a qual permaneceu constante para Ele a despeito de toda a realesca
grandeza e grosseiras lisonjas de Salomão.
ISAIAS está cheio dos sofrimentos e glórias de Cristo. Ele é o “desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e
formado em pesares” (cap LIII,5). Ferido por
nossas transgressões, oprimido, afligido e trazido como cordeiro ao matador,
cortado da terra dos viventes (cap LIII,2-9). E ainda a
glória O seguirá. “Ele verá o trabalho de Sua alma e
ficará satisfeito” (cap.LIII,11). Ele será a “Luz”
do Seu povo (cap LX,1,2. Mat IV,16). “Deus Forte”
(cap.IX,6. Mat XXVIII,18). O Poço da Salvação (cap XII,3). O Rei que “reinará em retidão” (cap XXXII,1,2). O Ramo de
Jeová, belo e glorioso (cap IV,2)
JEREMIAS conta sobre “o Ramo Justo” e “Jeová nossa Justiça” (cap XXIII 5,6). Do “Ramo Justo”
e Rei que reinará e prosperará (capXXXIII,15).
EZEQUIEL revela-O como o verdadeiro Pastor (cap XXXIV,23) e o “Príncipe”
(cap XXXVII,25). A “Planta da Renome” (cap XXXIV,29) e “Jeová Shamá” (cap
XLVIII,35).
DANIEL O revela como “a Pedra” se torna a Cabeça de esquina (cap.II,34. Sl CXVIII,22. Isa VIII,14; XXVIII,16. Mat XXI,42-44. Atos IV. I
Pedro II 4-6). Também o Filho do Homem (cap VII 13,16) e “Messias o
Príncipe (cap IX,24).
Ele é o verdadeiro Davi de OSÉIAS (iii,5), o Filho que veio do
Egito (XI,1)
Em JOEL, “Deus habitando em Sião” (cap
III,17)
Em AMÓS, o Edificador do Tabernáculo de David (cap IX,11. Atos
XV,16-17).
Em OBADIAS, “Libertador do Monte Sião (v.17).
A “Salvação” de JONAS (cap II,9). O “Sinal” da Ressurreição de Cristo (Mat
XII,39-41).
Em MIQUÉIAS, o que “Rompe”, “Rei” e “Senhor” (cap II,13. V,2e5).
Em NAUM, “O Baluarte nos Problemas” (cap I,7)
Em HABACUQUE, “Alegria” e “Confiança” (cap III, 17,18).
Em SOFONIAS, “Poderoso Deus no meio de Sião” (cap III,17).
Em AGEU, O “Desejo de todas as nações” (cap II,7).
Em ZACARIAS, o Pastor Golpeado. O Homem, Companheiro de Jeová (cap
XIII,7). O “Descendente Servo de Jeová” (cap III,8). “O Homem cujo nome é o
Descendente” (cap VI,12).
Em MALAQUIAS, O “Mensageiro da Aliança” (cap.III,1). O Refinador dos
Filhos de Levi (cap III,3), o “Sol da Justiça” (cap IV,2).
Assim, a “Palavra” de Deus tem um [só e] grande assunto.
Este grande assunto que pervade tudo é Cristo e tudo o mais que tem relação com
Ele. Ele é o “início e o fim” das Escrituras, como de tudo que está em torno.
Portanto, a Palavra de Deus, no seu fim, mostra como o começo opera todas as
coisas [até o pleno êxito], de modo que aquilo a que somos apresentados em
Gênesis, é completado em Apocalipse.
A primeira rebelião de Satanás ocorre entre o primeiro e o segundo versos do
primeiro capítulo de Gênesis {Nota da Tradutora} e sua rebelião
final é vista em Apocalipse XX,7-9. Sua condenação é pronunciada em Gên III,15 e é cumprida em Apoc XX,10.
Temos a Criação primal, “o mundo como era então”, em Gên I,1 (II Pedro III,6). “Os Céus e a Terra como são agora”, em Gên I,2m etc. (II Pedro III,7). E “Os Novos Céus e a Nova Terra”, em Apoc VVI,1 (II Pedro III,13).
Temos “noite” em Gên I,1 e vemos “nenhuma noite lá” em Apoc XXII,5
Temos o “mar” em Gên I,10; e “não mais o mar”, em Ap XXI,1.
Temos o “sol e lua” em Gên I,16-17; e “não mais necessários o sol ou a lua”, em Ap XXI,23; XXII,5.
Temos a introdução do arrependimento e sofrimento e morte em Gên III,16-17; e “Não mais morte, nem arrependimento nem choro” em Ap XXI,4.
Temos a “maldição” pronunciada em Gên III,17 e “não mais maldições” em Ap XXII,3.
Temos a expulsão do Paraíso e a Árvore da Vida em Gên III,22-24; e o bem-vindo de volta e o “direito a ele” em Ap XXII,2.
Isto será suficiente (4) para mostrar a unidade da “Palavra” como um todo e para
estimular os estudiosos da Bíblia a estudá-la ainda mais, na linha deste grande
princípio fundamental;
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Notas de rodapé:
1. Embora a recente descoberta do Radium esteja começando a abrir nossos olhos
e a mostrar como a luz pode existir sem o sol.
2. Onde o Hebraico masculino é mal representado como feminino e assim, como Dr.
Pusey disse, está o fundamento da Mariolatria e a base da Imaculada Conceição.
3. Veja o nome de Jeová no Livro de Ester, em Quatro Acrósticos, pelo mesmo autor.
4. Mais exemplos serão encontrados no “Apocalipse ou o Dia do Senhor”,
republicado como “Comentário sobre o Apocalipse”, pela Editora Kregel, pgs. 58,59.
{Nota da Tradutora: o único ponto fraco da teologia de Bullinger parece ter
sido o aderir à Teoria da Brecha ou do Intervalo (Gap Theory), tão prevalente
nos seus dias, quando os crentes se intimidaram com mentiras da Evolução
Geológica, etc., e pensaram que elas eram verdade. Veja notas de bons sites e
livros de Criacionismo Bíblico, que destroem não só a Teoria da Evolução, mas
também a Gap Theory}
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autor: E.W. Bullinger
tradutora: Jeanne Borgerth Duarte Rangel
Somente use Bíblias traduzidas do Texto Tradicional (aquele perfeitamente preservado por Deus em ininterrupto uso por fieis): BKJ-1611 ou LTT (Bíblia Literal do Texto Tradicional, com notas para estudo) na bvloja.com.br. Ou ACF, da SBTB.