Kelson Mota T. Oliveira
"E o verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1:14)
O tópico sobre a humanidade de
Jesus não é tão discutido quanto a sua divindade, mas seu estudo é tão
importante quanto este. Que Jesus é Deus, todos os cristãos sinceros concordam
e entendem, contudo a idéia da sua humanidade, ainda que aceita, não é
corretamente entendida, e poucas vezes ensinada.
O credo cristão formula a
natureza de Jesus como sendo plenamente Deus e plenamente Homem. Ou seja, o
Deus encarnado assumiu completamente a humanidade, tornando-se passível das
mesmas limitações físicas e psicológicas comuns a todos os homens. Uma vez que
estávamos separados de Deus pelo pecado, foi necessário que o próprio Deus
encarnasse para que pudéssemos voltar a ter novamente comunhão com Ele. Dessa
forma, a genuinidade da divindade de Cristo garante a eficácia de sua obra
realizada na cruz, e a realidade de sua humanidade garante que sua morte é
aplicável a todos os seres humanos.
Vejamos o que a Bíblia tem a
nos ensinar sobre o aspecto humano da natureza de Cristo.
1. O Testemunho das Escrituras Sobre a Humanidade de Jesus
Há indicações claras na Bíblia que Jesus era uma pessoa plenamente humana, sujeito a todas as limitações comuns à raça humana, mas sem pecado. Como tal nasceu como todo ser humano nasce. Embora sua concepção tenha sido diferente, uma vez que não houve a participação de um ser humano masculino, todos os outros estágios de crescimento foram idênticos ao de qualquer ser humano normal, tanto física como intelectual e emocional. Também no sentido psicológico, era genuinamente humano, pois pensava, raciocinava, se emocionava, como todo ser humano normal.
1.1. Sua Natureza Física.
1.2. Sua Natureza Psicológica e
Intelectual
2. Jesus, Plenamente Homem,
Totalmente Singular
Pelos tópicos acima está claro que Jesus assumiu completamente a humanidade, sujeito a todos os reveses que o estado de humanidade poderia lhe trazer, contudo Jesus não um homem qualquer, igual a todos os homens. Vários fatos em sua vida mostram essa santa singularidade:
2.1. O Nascimento Virginal
Jesus nasceu como todos os
homens, no entanto sua concepção no ventre de Maria foi de origem divina, sem
a participação do componente sexual masculino (Mt 1:18-25; Lc 1:26-38).
Teologicamente chamamos a isso de concepção virginal. Maria era virgem na
época da concepção e assim continuou até o momento do nascimento de Jesus. As
Escrituras deixam muito claro que José não teve qualquer intercurso com Maria
antes do nascimento de Jesus (Mt 1:25).
A influência sobrenatural do
Espírito Santo é que tornou possível a geração de Jesus no ventre de Maria.
Isso não significa que Jesus é o resultado de uma relação de Deus com Maria,
longe de nós tal idéia. O que Deus fez foi providenciar, por uma criação
especial, tanto o componente humano ordinariamente suprido pelo macho (e assim
o nascimento ser virginal) como um fator divino ( e assim a encarnação).
Assim, o nascimento de Jesus nos aponta algumas verdades essenciais no
cristianismo:
2.2. A Impecabilidade de Jesus
Outra prova da singularidade de Jesus como homem é o fato de não ter pecado: "...antes foi ele (Jesus) tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado."(Hb 4:15)
A Bíblia mostra Jesus como um
sumo sacerdote totalmente sem mancha e feito mais alto que os céus (Hb 7:26;
9:14). Pedro nos ensina que Jesus é o Santo de Deus (Jo 6:69) e que não
cometeu pecado (II Pe 2:2). O que está de acordo com a afirmações de João, que
em Jesus não existe pecado (I Jo 3:5), e as de Paulo que Cristo não conheceu
pecado (II Co 5:21).
Mesmo as
acusações de blasfêmia feitas a Jesus pelos judeus são infundadas (Lc 5:21),
uma vez que Ele sendo Deus tinha pleno poder para perdoar os pecados. E mesmo
algumas pessoas da época deixaram bem claro a inocência de Jesus:
- A esposa de Pilatos (Mt 27:19): "Não te envolvas com o sangue deste
justo".
- O ladrão na cruz (Lc 23:41): "este nenhum mal fez".
-
Judas, o traidor (Mt 27:4): "Pequei, traindo sangue inocente".
A Bíblia deixa claro portanto a
impecabilidade de Jesus, mas isso não invalida as tentações que sofreu como
algo de somenos. Foram as tentações genuínas, e embora Jesus pudesse pecar [Hélio discorda, ver
CristologiaADoutrinaDeusFilho-CursoHelio.htm e Kenosis-EsvaziamentoDeCristoFp2-5-11-Helio.htm]
,
era certo que não pecaria. Entretanto alguém poderia levantar a questão: uma
pessoa que não pode cair ao ser tentado, de fato experimentou a tentação? Um
famoso comentarista bíblico, Leon Morris, argumenta que uma pessoa que resiste
até o fim conhece todo o poder da tentação. Dessa forma a impecabilidade
aponta para uma tentação muito mais intensa que estamos geralmente acostumados
a pensar e sentir. Diz Morris que "O homem que cede a certa tentação
não sente todo o seu poder".
Uma outra pergunta que fica no
ar é: se Jesus não pecou, Ele era realmente humano? Se respondermos não,
estaremos incorrendo em gravíssima heresia, pois estamos dizendo em outras
palavras que Deus criou o homem naturalmente pecador e portanto Ele é a causa
do pecado e o criador de uma natureza má e corrompida. O Senhor é puro de
olhos, Ele sequer pode contemplar o pecado (Hc 1:13), quanto mais ser a causa
intencional de seres corrompidos pelo mesmo pecado. Não, a resposta não só não
é este como a pergunta está formulada de maneira errada, pois estamos de certa
forma perguntando se Jesus é tão humano quanto nós. O correto é perguntar:
Somos tão humanos quanto
Jesus? Esta pergunta nos remete a verdade que não temos a humanidade
em toda a sua plenitude. Não somos seres humanos genuinamente puros, assim
como Jesus o foi. Do ponto de vista bíblico só houve três seres humanos
completamente humanos: Adão e Eva (antes da Queda), e Jesus. Todo o restante
da humanidade é apenas uma sombra da humanidade original. Nossa humanidade é
totalmente conspurcada pelo pecado que tenazmente nos assedia. Somos versões
inferiores da versão adâmica original. Dessa maneira Jesus não só é humano
como nós, como também é mais humano. É sua humanidade que deve ser padrão para
nós e não o inverso.
2.3. A Unidade na Pessoa de Jesus
Jesus é também singular no que
diz respeito a sua pessoa. Sendo Ele Deus perfeito e Homem perfeito, não é
duas pessoas ao mesmo tempo. Ainda que seja de difícil compreensão a
unificação do ser divino com o ser humano em um único ser, Jesus nos é
apresentado dessa maneira nas páginas do NT.
A falta de referências bíblicas
sobre uma dualidade existente na pessoa de Jesus já é claro indicativo que há
uma unidade em torno de sua Pessoa. No entanto há textos claros sobre a
deidade e a humanidade de Jesus reunidas em um único ser (Jo 1:14; Gl 4:4; I
Tm 3:16; I Co 2:8).
A fé cristã enuncia este mistério desde o século cinco
da seguinte forma:
"Um só e mesmo Cristo, Filho Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, indivisíveis e inseparáveis; a distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, mas pelo contrário, as propriedades de cada pessoa e natureza permanecem intactas concorrendo para formar uma só Pessoa..."
Jesus ao assumir a forma humana,
adquire atributos humanos, mas não desiste de sua natureza divina (Fp 2: 6,7).
Quando Paulo fala em Fp que Jesus se esvaziou assumindo a forma de servo, é da
posição de igualdade com Deus que Jesus se esvazia e não da natureza divina.
Assim Jesus se submete funcionalmente ao Pai e ao Espírito Santo no período da
encarnação. Mantém todos os atributos divinos (Cl 2:9), mas os submete
voluntária e humildemente ao Pai, não fazendo uso deles a não ser que seja
esta a vontade dAquele que o enviou.
Também deve ficar claro que
Jesus não era em algumas ocasiões humano e noutras divino, e nem mesmo um
terceiro ser resultante da fusão das duas naturezas. Seus atos sempre foram
humanos e divinos ao mesmo tempo. Dessa maneira a humanidade e a divindade são
conhecidas de forma mais completa em Jesus Cristo. Não existe melhor fonte
para conhecermos como deveria ser o ser humano do que olharmos para Jesus. Ele
é o novo Adão e nEle somos feitos novas criaturas, segundo a vontade de Deus
(Jo 1:12; II Co 5:17). Mas Cristo também é nossa melhor fonte para
conhecermos como e quem é Deus, pois Ele nos revela de forma mais plena
possível o Pai:
"Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou" (Jo 1:8).
"Se vós me tivésseis conhecido, conheceríes também a meu Pai. Desde agora o conheceis e o tendes visto. Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim, vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?" (Jo 14: 8,90).
Jesus, Nosso Senhor, é alguém
totalmente singular entre todas as pessoas que viveram e viverão na face da
terra. Ele é o perfeito humano, sem pecado, dependente da vontade do Pai e
submisso a ela. É também verdadeiro Deus, em honra, majestade e poder, que
assumiu a humanidade e do homem teve compaixão a ponto de morrer por ele, de
forma que este fosse liberto do pecado, para que pudesse viver como filho de
Deus. Sua obra e propósito eterno foram e serão plenamente cumpridas. Louvado
seja o Senhor por ter enviado seu Filho a mundo, para que fosse salvo todo
aquele que nEle crê.
Ao Deus
triúno na pessoa do Senhor Jesus seja a glória, a majestade e a honra, antes
de todas as eras, e agora, e por todo os séculos. Amém!
Qualquer dúvida ou esclarecimento, entre em contacto comigo:
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Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).
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